Investimentos bilionários consolidam poder econômico

Investimentos bilionários consolidam poder econômico
Agropecuária, serviços, indústria: Sinop preparada para saltar de cidade de médio para grande porte.
As primeiras famílias que migraram para a Sinop, no início da década de 70, participaram ativamente das primeiras cadeias econômicas, sendo o setor madeireiro o mais importante – e mais duradouro, perdurando até hoje. Afinal, por razões lógicas, parte da densa Floresta Amazônica precisava ser retirada para que uma nova cidade surgisse no coração de Mato Grosso.
Por anos, o setor foi o principal propulsor da economia local, atraindo ramos correlacionados, especialmente comércio, fortalecendo a contínua chegada de migrantes para aqui trabalhar.
Houve tentativas pouco sucedidas no plantio de café, arroz, mandioca, entre outras culturas. Bem, milho, soja e algodão, entre outras commodities, se destacaram e permaneceram. A pecuária também cresceu, aproveitando-se das pastagens oriundas do ciclo de culturas.
Em um ritmo interessante, a cidade crescia. Mas as crises econômicas vividas pelo país refletiam em Sinop. Pontualmente, entre os anos de 2004 e 2008, o baque causado pela conhecida ‘crise da madeira’ afetou toda a engrenagem, deixando dúvidas no ar se havia capacidade de o município se reerguer e se reinventar. E se reinventou.
A atual gestora municipal (2017-2020) é pioneira. Rosana Tereza Martinelli ainda era uma menina quando chegou a Sinop em 1973, um ano antes da fundação. Inclusive, ela estava presente no ato, em 14 de setembro de 1974.
A consolidação como polo educacional, de saúde e de prestação de serviços, juntando-se à agropecuária cada vez mais fortalecida, abriram a possibilidade de a industrialização ser a mola propulsora da vez – talvez um dos setores ainda pouco explorados na Sinop que almeja voos maiores do que aqueles que já vemos neste ano de 2020. É possível projetar o futuro? Aqui, dá sinais de ser muito positivo e gera expectativas.
FERTILIZANTES E ETANOL DE MILHO
Se estamos na era das grandes indústrias, é importante destacar as mais recentes.
Localizada em uma área de 150 hectares às margens da BR-163, na entrada sul de Sinop, a Inpasa Agroindustrial investiu em torno de R$ 600 milhões na unidade, cuja planta tem capacidade instalada de produzir 1,5 milhão de litros de etanol por dia, consumindo 3 mil toneladas de milho a cada 24 horas. A matéria-prima vem do próprio município e dos circunvizinhos.
É por isso que o município como um todo trabalha forte em sua industrialização, sendo necessário olhar para todos os vetores de crescimento. Nos últimos anos, a maior conquista foi a vinda da Inpasa, uma empresa que criou, direta e indiretamente, centenas de vagas de empregos, gera energia e contribuiu para estabilizar o preço do milho na região – que oferece também subprodutos, como é o caso do DDG.
Duas gigantes do mercado aproveitaram o embalo da industrialização para fincarem raiz em Sinop. A Fertilizantes Tocantins inaugurou em 2018 sua quinta unidade, desta vez escolhendo o Mato Grosso como forma de minimizar as dificuldades impostas pela logística.
A nova fábrica possui dois equipamentos de produção, sendo um de elementos simples e outro de misturas e segue critérios rigorosos de qualidade. Foram investidos R$ 62,4 milhões para a construção da planta de 20,6 mil m².
A próxima indústria no mesmo ramo é a Fertipar Fertilizantes, cuja planta foi construída em uma área às margens da MT-220 – acesso a Juara –, a 17 km do centro da cidade. A previsão de investimentos gira em torno de R$ 50 milhões, com a geração de 100 empregos diretos e 300 indiretos. A capacidade é de produzir, em um primeiro momento, 4 mil toneladas de fertilizantes por dia.
PORTO SECO
E FERROGRÃO
Com futuras instalações em Sinop, a Estação Aduaneira do Interior (EADI), chamada de Porto Seco, é um terminal controlado pela Receita Federal do Brasil, no qual são executadas operações de movimentação, armazenagem e despacho de mercadorias e de bagagem. Estes portos do interior foram criados como alternativa logística para desafogar as zonas primárias (portos e aeroportos). Em Mato Grosso, até o momento, Cuiabá é a única cidade que dispõe de um porto desta natureza.
A instalação do Porto Seco vai facilitar o desembaraço das mercadorias, movimentar a economia e trazer agilidade, tanto na importação quanto exportação. Será um marco revolucionário de Sinop. A Administração Municipal ainda aguarda a liberação por parte da Receita para lançar o processo licitatório.
Outra importante vertente para o desenvolvimento socioeconômico da região será a instalação da EF-170, a Ferrogrão, ferrovia que ligará Sinop a Miritituba/PA. O processo de concessão foi protocolado em julho pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Bastante aguardada por investidores e empresários de diversos segmentos, especialmente do agronegócio, a Ferrogrão será uma das principais do país. Espera-se investimento superior a R$ 8,4 bilhões no projeto de concessão. Com 933 km de extensão, será responsável pelo escoamento da produção de milho, soja e farelo de soja. Está previsto também o transporte de óleo de soja, fertilizantes, açúcar, etanol e até derivados do petróleo.
Tudo isso é importante porque Sinop está muito bem localizada estrategicamente, possibilitando o desenvolvimento – de agora e nos próximos anos. Por isso, a Ferrogrão será fundamental neste processo.
SERVIÇO E COMÉRCIO
Somente em 2019, Sinop recebeu grandes grupos, como o Colégio Marista Santo Antônio, da Rede Marista; a confirmação de investimentos do grupo Pão de Açúcar – com o Assaí, localizado na região próxima ao viaduto da Av. Júlio Campos/Av. Alexandre Ferronato; inauguração das lojas Pernambucanas e Magazine Luiza; da rede de fast food Burger King; liberação de voos da GOL Linhas Aéreas; e a nova Faculdade de Tecnologia (Fastech).
No ramo imobiliário, foi anunciado também ano passado a vinda do grupo baiano 2MS, que está investindo R$ 120 milhões em 672 apartamentos, localizados no Residencial Florença.
SHOPPING SINOP
Apesar de não fazer parte do setor industriário, mas ter contribuído fortemente para o aquecimento do mesmo, o Shopping Sinop promete ser um divisor de águas na cidade. Com localização estratégica, próximo à BR-163, o Shopping está sendo edificado em uma região de grande movimento diário e área domiciliar em expansão. O empreendimento terá uma área de 22.950 m², 9 âncoras, 4 megalojas, 109 lojas satélites, 4 salas de cinema, 2 restaurantes, 16 fastfood e estacionamento com 1.205 vagas.
O projeto utiliza modernos recursos sustentáveis, visando a redução dos custos condominiais: cobertura com sistema TPO, vidros low-e insulados, iluminação 100% led e luz natural, reaproveitamento de águas pluviais, equipamentos com eficiência energética e fachada com painéis isotérmicos reduzindo assim o consumo de energia.
Muito aguardado pela população do Nortão, o Shopping Sinop tem inauguração prevista para o primeiro semestre do ano que vem.
O QUE VEM POR AÍ?
Em termos de espaço territorial, Sinop tem como preocupação a expansão ordenada, respeitando as demarcações feitas inicialmente na década de 70 e que hoje respeitam as diretrizes impostas pelos planos executores.
Provavelmente para 2021, há a previsão da construção de um centro de tecnologia no agronegócio, através de uma estatal chinesa, representada no Brasil pelo grupo Instiel, cujos investimentos beiram os 10 bilhões de dólares, gerando pelo menos 400 empregos diretos. A empresa alugou área onde o empreendimento será instalado, nas proximidades da Avenida Bruno Martini.
A confirmação foi feita ainda em dezembro do ano passado. À época, o executivo do grupo, Cleverson Santos, explicou que os produtores rurais de Mato Grosso poderão dobrar a lucratividade. “Vamos trazer uma estrutura grande, crédito internacional e pensamos em instalar um banco internacional aqui para facilitar para o produtor. Temos a possível instalação de uma indústria de tratores, mas o primeiro foco é o agronegócio. O produtor certamente irá, no mínimo, dobrar a lucratividade que tem hoje”.
Mas para que a industrialização seja crescente, hoje concentrada nos extremos norte e sul da BR-163, é preciso investimentos em outros setores que virão a contribuir, oferecendo facilidade no escoamento e por meio de mão de obra qualificada.
Na logística, diversos bairros e condomínios que surgiram às margens da rodovia estadual MT-140, sentido Santa Carmem, fizeram o fluxo veicular se intensificar, obrigando um novo planejamento – está prevista a duplicação do trecho urbano, especialmente por conta da presença do Residencial Nico Baracat, composto por 1.440 apartamentos e que deve ter uma população de quase 5 mil pessoas.
Na educação, há de concreto a futura instalação do campus avançado do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) no Residencial Iguatemi. A atual estrutura, localizada na Rua das Avencas, atende menos de 500 alunos. Já a nova deverá receber pelo menos 2 mil estudantes.
A perspectiva de crescimento de Sinop é fantástica, porque em um ano marcado pela pandemia do novo coronavírus foram abertas quase 1,1 mil novas empresas, entre pequenas, médias e grandes. Temos aqui um desenvolvimento dinâmico, impulsionado pela construção civil.
Dados do Município

Sinop é um município brasileiro distante 479 km da capital Cuiabá, localizado no interior do estado de Mato Grosso, região Centro-Oeste. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sua população foi estimada em 146.005, em 2020, porém, dados municipais apontam para mais de 195 mil habitantes.
O município possui a 5ª maior economia com PIB de R$ 5.626.287.120 (aproximadamente R$ 5,62 bilhões).
Localizada no eixo da BR-163, a Capital do Nortão é polo em educação (17 mil estudantes) e em saúde (possui inúmeras especialidades médicas). O estudo “Melhores Cidades para Fazer Negócios”, da revista Exame, aponta o município na 33ª posição em todo o país (2019). Sua força econômica está baseada nos setores de serviço (que movimenta R$ 3,3 bilhões), industrial (R$ 496,2 milhões) e agropecuário (R$ 265,9 milhões). A abertura de novas empresas mais que dobrou nos últimos 10 anos, sendo que de janeiro a junho (2020), 1.233 empresas registraram seu CNPJ.
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