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Nova Mutum

A CIDADE PROFETIZADA

Publicado em 22 de Outubro de 2019 ás 10:28

A CIDADE PROFETIZADA

“Jaudylândia”. Sem saber ao certo como seria a grafia desta palavra, é possível imaginar se tomarmos como base o sobrenome de um dos primeiros moradores de Nova Mutum, quando esta ainda sequer era um embrião de cidade na Floresta Amazônica de Mato Grosso.

Ainda antes de José Aparecido Ribeiro pisar em solo mato-grossense, por volta da década de 50 Jorge Rachid Jaudy, um libanês mascate, já dava notícias de propriedade de uma área chamada “Gleba Iracema”, em uma região quase no centro de Mato Grosso, onde viveu com a família antes de se aventurar pelos seringais de Rondônia.

Registros das memórias vivas do povo mutuense contam que ‘os Rachid’ tinham o plano de fazer uma cidade, a uns 12 km distância de onde hoje está Nova Mutum, se chamaria Jaudylândia. 

Porém, seus planos foram refeitos e ao buscar pela borracha rondoniense, em 1966, os Rachid venderam os 169 mil hectares de suas terras àquele que, anos mais tarde, seria o que colonizou um dos municípios em mais larga expansão do Estado. Passamos então de Jaudylândia...para Nova Mutum.

Acompanhado de um grupo de empresários paulistas, José Antônio Ribeiro comprou as terras que ainda pertenciam ao município de Diamantino e conseguiu, junto à Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), aprovação de um projeto agropecuário para executar em uma das primeiras fazendas implantadas na região.

De início, era uma experimentação, parte do plano do Governo Federal de expandir a fronteira agrícola do País e desenvolver a região amazônica, o velho conhecido lema: “Integrar para não Entregar”. 

Para essa fazenda, a Mutum Agropecuária, parecia tudo bem programado, no papel, para o Governo. Um projeto de pecuária em área de 120 mil hectares, sendo 54 mil hectares de pastagens e 60 mil hectares para reservas florestais, restando 56 mil hectares para futuras ampliações. Simples assim: cria, recria e engorda de bovinos, divididos em dois grandes núcleos, o Arinos e o Mutum. 

Mas o colonizador era visionário!

Ao vir de São Paulo para Mato Grosso, viu a imensidão das áreas. Quando passou da Baixada Cuiabana, uma região de montanhas, de difícil cultivo, se deparou com um vasto planalto e previu praticamente como um profeta: “O Planalto Central do Brasil se tornará o maior produtor de grãos do mundo”, disse durante uma entrevista ao Globo Rural, em 1986.

E não é que a profecia se concretiza!

Aquele grupo de paulistas viu que naquele planalto as possibilidades eram infinitas. Ainda faltava a facilidade de acesso, mas essa viria anos depois com a conclusão da BR-163 ligando Cuiabá a Santarém no Pará. Como disse José Aparecido Ribeiro, “essa ligação mudou o polo da agricultura do País”. Isso porque possibilitaria uma economia de cinco mil quilômetros de frete marítimo em relação ao Sul do Brasil, permitindo a produção de grãos para exportação.

E a cidade que o pioneiro cuidou como um filho, se desenvolveu e voou para o mundo.

EXPLOSÃO NUMÉRICA

Os números de Nova Mutum impressionam e colocam o município em posição superior ao Estado e até mesmo ao Brasil.

A revisão do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018 apontou que o cidadão mutuense parece viver acima da média. O PIB per capita foi de R$ 71.101,06, maior que o de Sorriso (R$ 68.132,44), considerada a capital do agronegócio; e duas vezes o de Sinop (R$ 38.499,31), a maior cidade da região Norte de Mato Grosso.

Pois bem, esses números apontam que o povo mutuense é o 13º com melhor qualidade de vida do Estado. Claro que essa nem sempre é uma suposição real, mesmo apesar de o PIB per capita do município ser mais que o dobro do Brasil, mas pode ser considerada se levarmos em conta os altos pontos de qualidade de vida resultantes das medições como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que será retratado ainda nesta edição. Com apenas 31 anos de idade e seus pouca mais de 45 mil habitantes, o município ocupa a nona posição do ranking estadual do Produto Interno Bruto (PIB), conforme dados de 2016 do IBGE. Ou seja, naquele ano o PIB bateu os R$ 2.927.799,45 milhões.

Um crescimento médio anual, desde de 2010 até 2015, de 18%. Acima do apresentado em Mato Grosso (14%) e no Brasil (9%). O que demonstra mais claramente esse crescimento é o valor adicionado bruto a cada setor da economia mutuense. E neste caso, a agropecuária coloca o município como o 6º do Estado com maior PIB e 9º entre todos os municípios brasileiros. O que demonstra mais claramente esse crescimento é o valor adicionado bruto a cada setor da economia mutuense. E neste caso, a agropecuária coloca o município como o 6º do Estado com maior PIB e 9º entre todos os municípios brasileiros. Nova Mutum saiu da 22ª posição dos municípios brasileiros com maior PIB da agricultura em 2015 e em 2016 aparece entre as dez cidades do Brasil que mais produzem, ocupando a 9ª posição com seus R$ 893.162,78 mil produzidos a partir dos vastos campos de soja, milho e algodão e das grandes criações de bovino, ave e suíno. Nova Mutum fecha um conjunto das cinco cidades mato-grossenses que são a 'graxa' que faz rodar a engrenagem econômica do País a partir do setor agropecuário.

RIQUEZA QUE VEM DA TERRA

Tudo conforme previsto pelo pioneiro do município. Hoje é a agropecuária que sustenta grande parte da economia do município, ficando atrás somente do setor de serviços que, apesar de deixar Nova Mutum em 9º no ranking estadual, produz R$ 983.774,28. Além de ter sido o que apresentou menor queda desde 2010. Enquanto a agropecuária representava 24% da economia do município em 2010, atingindo o pico de 35% em 2012 e hoje tem uma parcela de 23%, os serviços se mantiveram na casa dos 38%, reduzindo a 35% e hoje detém quase metade da fatia econômica, somando 40% de participação.

Os demais setores levantados pelo IBGE são a indústria, hoje com 20% da economia do município, administração (8%) e impostos (8%).

Mas esse dado não torna menos importante o papel da agropecuária para o desenvolvimento do município. Por estar localizada em uma posição estratégica, quase no centro do Estado e também da América do Sul, além de atrair pessoas de diversas regiões em busca de oportunidades, Nova Mutum tem à sua disposição vias de escoamento para todos os pontos do Brasil, o que permite exportar em larga escala o que o agro produz em seus quase 800 mil hectares de área produtiva, distribuídos em seus 660 empreendimentos, desde os pequenos até às gigantescas fazendas onde perdemos a vista no horizonte verde de plantações.

MUNDIALMENTE CONSUMIDO

É justamente essas diversas vias de escoamento de Nova Mutum que faz com que seus produtores, empresas, indústrias e trabalhadores proporcionem o crescimento do consumo de sua produção por chineses, tailandeses, indianos, indonésios e até egípcios ou mesmo tunisianos com seus 0,15% de participação. Ocorre que enquanto no ano passado o município exportou 22% a menos que em 2017, tendo alcançado as cifras de 523,93 milhões de dólares, somente no primeiro semestre de 2019, já saiu de Mutum mundo afora mais da metade do que saiu durante todo o ano de 2018 – US$ 372,01 milhões – um acréscimo de 31,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Números do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços colocam o município na 7ª posição do ranking estadual com participação de 4,7% de tudo que Mato Grosso exporta. Com seus somente 18 exportadores, hoje Nova Mutum é o 64º município que mais exporta no Brasil. O crescimento foi gigantesco desde 2008. Nos últimos dez anos o município exportou quase 300% mais, passando de US$ 176 milhões em 2008 para US$ 523 milhões no ano passado. 

OLEAGINOSA DOMINANTE

De janeiro a junho de 2019 a soja dominou o mercado exterior de Nova Mutum, respondendo por 84% de tudo que saiu, sendo 57% triturada, 24% em tortas ou outros resíduos sólidos da extração do óleo e 3,5% em óleo. O milho respondeu por 6,4% da exportação nesse período, menos que o algodão, que obteve participação de 8,4%.

Ainda, a cadeia produtiva animal teve sua parcela de participação do dinheiro movimentado na economia mutuense, com 1,089% do que foi exportado sendo de carne suína, incluindo suas miudezas. Enquanto a exportação da soja aumenta, de lá para cá também crescem os montantes importados. Quase cem por cento do que Nova Mutum trouxe do mundo é de fertilizantes. Afinal de contas, para produzir tanto grão é preciso adubar a terra cada vez mais.

MADE IN MUTUM

Obviamente que não é esse o carimbo dos produtos que saem de Nova Mutum. Mas vale relacionar com o mais conhecido selo dos produtos importados para o Brasil: “made in China”. Isso porque este é o maior consumidor da produção mutuense, absorvendo sozinho um quarto (26%) do que sai daqui. Atrás da China temos Tailândia (13%) e Vietnã (11%) como grandes consumidores de nossos grãos e carnes. Na contramão, não somos tão parceiros dos chineses. Poderíamos dizer até que temos armamento russo para defender nossas plantações das pragas. Isso porque 55% do fertilizante que é importado para Nova Mutum tem origem na Rússia, outros 32% em Israel e somente 6,5% é chinês.

Números que levam o município a ser o 8º do Estado a mais importar produtos, com somente oito CNPJs, respondendo por 3,2% do que entra em Mato Grosso advindo de solos estrangeiros. No ranking nacional, Nova Mutum não tem uma participação tão expressiva quanto para exportar, está na 247% posição. Ainda assim, ao avaliarmos o crescimento desde quando ainda poderia ser 'Jaudylândia', percebemos que Nova Mutum é uma jovem, na flor da idade, com o gás e a coragem que o passar dos 30 anos proporciona a uma mulher ou um homem que amadureceu e decidiu fazer mais por si, buscando cada vez mais crescimento. Nova Mutum tem potencial para isso, e quem o fará será seu povo, que cuida da cidade como se fosse um filho, assim como desejava seu fundador, José Aparecido Ribeiro

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Dados do Município

NOVA MUTUM

 

Nova Mutum é um município brasileiro no interior do estado de Mato Grosso, região Centro-Oeste.  De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua população foi estimada em 46.813, em 2020 – dados municipais apontam que seja mais de 60 mil habitantes.

O município possui a 8° maior economia com PIB de R$ 2.783.980.890 (R$ 2,78 bilhões).

Grande parte da sua economia é voltada para a agricultura, sendo o segundo maior município produtor de grãos de Mato Grosso e um dos maiores do Brasil. Com uma área de 410 mil hectares de soja plantada, é o 3º maior exportador do estado e 41º do país. Mutum é a 8ª cidade do Brasil no ranking indicador econômico, quesito “comercio exterior”, e 28ª colocada no indicador social, quesito “saúde”, entre os melhores municípios do Brasil para se viver com população até 50 mil habitantes.

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