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Economia

Pavimentação da BR-158 é aguardada com ansiedade para melhorar logística

Publicado em 27 de Outubro de 2023 ás 06:55 , por DA REPORTAGEM COM CANAL RURAL
Expectativa com o novo contorno é que asfalto traga desenvolvimento econômico para a região – Foto: Pedro Silvestre

A logística segue sendo um dos grandes desafios da agropecuária em Mato Grosso. No estado dono do maior rebanho bovino e da maior produção de grãos do país, escoar o que sai do campo envolve custos elevados e muita habilidade dos motoristas que percorrem estradas de chão.

Uma destas estradas é a BR-158, na região Nordeste, que ainda tem um trecho de 120 km sem asfalto. Além da baixa visibilidade causada pela poeira, os motoristas que passam pela rodovia ainda enfrentam buracos e pontes de madeira.

“Às vezes aquilo que já está uma coisa forçada aqui, acaba de quebrar. E aquilo que você pensa que nunca vai quebrar, quebra aqui. Hoje por medo de assalto ninguém para para dar a mão um ao outro. Você tem que ir na sorte mesmo. Ponta de pedra, parafuso. Tudo dá prejuízo. Você não vê o que está debaixo da poeira. Você só vai ver depois que parar o caminhão”, comenta o caminhoneiro Dione de Oliveira Ulbinski.

Não bastasse a falta de infraestrutura, os motoristas que passam pela BR-158 ainda enfrentam dificuldades quanto a comunicação até mesmo para pedir “socorro”.

“É pneu. É pino. Não tem o que fazer. Não tem internet, borracharia é um ponto ou outro. É muito difícil. Pode pagar o frete que for, que ninguém quer vir. Muito ruim de andar. Não compensa. Um percurso que é para durar um dia, você leva três, quatro dias ou até mais. Isso quando não chove. Se chover não anda”, pontua o caminhoneiro Victor Hugo dos Santos Teixeira Martins.

A BR-158 conta quase 3 mil km de extensão e liga o sul ao norte do país. Em Mato Grosso, tem início em Barra do Garças e vai até Vila Rica, na divisa com o Pará. São 800 km, dos quais 120 km são de terra.

O trecho em questão corta a terra indígena Maraiwatséde, o que impediu a chegada do asfalto e atrasou o desenvolvimento logístico da região. “Eu trabalho na rodovia desde 1982 e eu amo o que eu faço. Sou apaixonado por isso. Mas, hoje quanto vem para cá o corpo já não ajuda mais. E aqui não tem condições. Aqui tem hora que dá vontade de largar o caminhão. Abandonar e ir embora”, diz o caminhoneiro Cláudio Frezze sobre o desanimo de passar pela BR-158.

Na avaliação dos Xavantes, a pavimentação de tais 120 km da BR-158 causaria danos ambientais. O impasse durou anos, até que em 2020 o Governo Federal oficializou o contorno da reserva como o novo traçado da rodovia. O trajeto passa pelos municípios de Bom Jesus do Araguaia, Serra Nova Dourada e Alto Boa Vista. No novo traçado são 195 km divididos em dois lotes.

“Se fizer isso, para nós será um alívio. Vamos ter uma vida boa, porque vai melhorar muito para a gente”, destaca o caminhoneiro Jonas Luiz Pereira. “Se ganha tempo. Os animais não sofrem. A pavimentação para nós aqui será excelente”, completa o também motorista Pedro Sérgio Rosa Lima.

No fim de setembro, o Governo Federal assinou a ordem de serviço para a pavimentação dos 12 primeiros km do trajeto. O investimento previsto é de aproximadamente R$ 40 milhões.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirma que a BR-158 é um projeto importante para o Brasil. 

“Conseguimos a aprovação do primeiro trecho da BR-158. O segundo e o terceiro trechos já estão em fase finais de aprovação, também. Estamos numa sequência de trabalho que vem dando resultado. Isso vai trazer competitividade, vai trazer agilidade no transporte da safra e, mais que isso, cidadania àquela população do estado de Mato Grosso”.

O avanço logístico anima o setor produtivo, que acredita na expansão da agropecuária na região. A expectativa, conforme o gerente da Grespan Agro, Vasconcelos Ascoli, é que novas empresas também se instalem na região.

“Vai abranger cinco, seis municípios que não eram atingidos pela ligação asfáltica. Vindo essa rodovia, além de ampliar a área plantada, vai diminuir os custos de produção e vai fazer com que novas empresas venham a se instalar em nossa região”.

Conforme o produtor Igor Garruti, com o asfalto se possível levar a produção até os portos do Arco Norte. “Os municípios que fazem parte do Vale dos Esquecidos hoje, que tem muita área degradada, pasto degradado, com a chegada do progresso eu acho que vai melhorar muito e aumentar a produção de soja na região, elevando a qualidade de vida de todas as cidades que serão beneficiadas”, frisa o agricultor Claudemir Müller.

A promessa de pavimentação no contorno da BR-158 alimenta, também, a esperança de melhora na receita dos municípios contemplados pelo trajeto. A expectativa de empresários e prefeitura é a de que a movimentação na estrada aqueça o comércio, elevando o nível de arrecadação na região.

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