Novo Plano Safra e reinvenção do agro diante de um cenário de preços incomodam setor

Visando proporcionar novas possibilidades para as próximas safras de grãos, os organizadores de eventos do agro, têm apresentado sugestões para aliviar o descontentamento do setor que vive um momento desconfortável no aspecto de preços.
A soja que chegou a R$ 190, está na média de R$ 120 a saca e o milho caiu pela metade em relação ao ano passado (semana 18 a 25 de junho).
Vários fatores influenciam nas quedas e no final das contas, ficam as dores de cabeça em relação aos próximos plantios, em especial o da soja que em Mato Grosso começa em setembro.
O vice-presidente da Acrimat (Associação dos Criadores de Gado em Mato Grosso), Fernando Conte, entende que a baixa do milho favorece pontualmente alguns segmentos como os de confinamento ou terminação a pasto. Contudo, aumenta a concorrência com outras proteínas.
“Se pensarmos no consumidor final, que bom que tem várias opções e uma expectativa de aumento no consumo. Mas olhando da porteira para dentro sob a avaliação do nosso setor, quando cai o preço do milho, devem cair também do porco e do frango, que de certa forma concorrem com o gado. Lembrando que nem todo o nosso gado é confinado; logo, o milho influencia, mas não impacta muito”, detalha o líder classista e pecuarista na região de Juara.
Em longo prazo, a turma da botina acredita na influência da Ferrogrão, ferrovia que deve ligar Sinop a Miritituba/PA. Os trens vão levar grãos e trazer insumos, algo que ainda demora um pouco para começar, mas denota esperanças, segundo o diretor técnico da Acrimat, Chico Manzi.
“Somos referência na produção e temos uma estrutura de logística com atraso de 40 anos, o que atrapalha o escoamento, aumentando os custos. Felizmente, a ferrovia começa a ir além do projeto, logo vamos ter essa realidade aos nossos olhos”, disse Manzi.
Em curto prazo, os agricultores estão de olho nos custos das próximas safras. Isso passa pelos insumos e uma das alternativas são os produtos biológicos, atualmente bem aceitos pelo mercado e por pesquisadores que reconhecem a eficiência, ao mesmo tempo em que recomendam novas pesquisas.
O engenheiro agrônomo, Ricardo Luiz, que recentemente palestrou no Show Rural em Colíder, aponta para o uso consorciado de químicos e biológicos.
“Eu sou favorável aos biológicos, eles estão consagrados por exemplo, no combate a insetos, lagartas e outras situações. Contudo, são relativamente novos e para outras pragas e doenças já tem novas pesquisas visando testá-los. Penso que podem conviver de forma equilibrada com os químicos”, entende o palestrante.
De olho na motivação do setor, o palestrante e um dos principais articulistas do agro, José Luiz Tejon, fala que o Plano Safra, previsto para ser anunciado nesta terça (27), pode chegar à casa de R$ 800 bilhões. Ele defende novos valores para a armazenagem e o seguro rural. Independente disso, lembra que o setor é mais forte do que o momento pelo qual está passando.
“Vocês já viveram algo parecido, os políticos sempre foram inferiores a vocês. O agro sempre é mais forte do que qualquer governo, acreditem”, argumentou Tejon em palestra para produtores rurais em Colíder.