Nascida rica, Boa Esperança do Norte terá suas primeiras eleições neste ano

O 142º município de Mato Grosso nasce abastado, herdando terras de duas superpotências no agronegócio, e neste ano poderá realizar oficialmente sua primeira eleição.
Boa Esperança do Norte foi criada após uma batalha jurídica de mais de duas décadas.
Cercada de soja por todos os lados, o mais novo município do país deverá se tornar em poucos anos em uma das mais ricas cidades do agronegócio no estado.
Próxima à rodovia MT-140, ela incorporará áreas em plena produção de Sorriso e Nova Ubiratã, ambas potências do agro (figuram na 1ª e 6ª posições, respectivamente) entre os municípios mais ricos do segmento no país.
Maior produtor de grãos do Brasil e Capital Nacional do Agronegócio, Sorriso cederá cerca de 20% do total da área da nova cidade, enquanto a Nova Ubiratã, que foi à Justiça em 2000 contra a emancipação, caberá os outros 80%.
Vice-prefeito de Sorriso, Gerson Bicego (PL) diz que a cidade apoiou a proposta de emancipação pelo potencial que Boa Esperança tem, por já estar consolidada e também pela dificuldade que a distância do distrito até a sede causa para a manutenção dos serviços públicos.
“Sorriso vai ficar com 580 mil hectares de soja, para 110 mil habitantes. Eles [Boa Esperança] vão ficar com quase 300 mil hectares para 7 mil habitantes. Então você imagine a potencialidade que vai ter o município”, disse Bicego.
Essa área de 300 mil hectares já é consolidada e, além de soja, a futura cidade produz milho, algodão e feijão e tem visto o desenvolvimento da pecuária, numa área total de 480 mil hectares.
A estimativa com a emancipação é a de que Nova Ubiratã perderá algo entre R$ 20 milhões e R$ 21 milhões anualmente em impostos.
Bicego admite: Nova Ubiratã sentirá mais os efeitos que Sorriso. “A briga está ali [no tamanho da área a ser cedida]”.
Segundo o subprefeito de Boa Esperança, Calebe Francio, desde o anúncio da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pela emancipação, ele tem recebido ligações de outros distritos em busca de informações para tentativas de também serem transformados em municípios.
Porém, tem desestimulado os interessados. “É um caso esporádico. Hoje não há regulamentação do Governo Federal. [Quando me procuram] digo ‘calma, gente, é uma realidade diferente’”, afirma ele, que aguarda um acórdão do STF sobre os próximos passos para a instalação de Boa Esperança.
‘EMANCIPAR SIM, SEPARAR NÃO’
Os moradores, de forma geral, são favoráveis à emancipação. Na principal avenida, há pinturas com os dizeres “Emancipar sim, separar não”.
A futura cidade apresenta diversos gargalos: muitas ruas de terra, apenas uma operadora de celular que realmente ‘pega’ (TIM), um único posto de combustíveis.
Entretanto, pelo menos já conta com cartório, dois bancos. O mais importante: tem potencialidade para se tornar uma cidade atrativa em múltiplas frentes.
“Fomos obrigados a viver esses 23 anos em meio às dificuldades, então solidificamos nossa sociedade. O comércio ficou forte, nossa agricultura ficou de ponta e até as próprias lideranças políticas hoje têm a maturidade, é um senso muito grande de união aqui”, disse.
Ainda distrito, quando tornar-se município efetivamente, terá incorporados dois distritos, Piratininga e Água Limpa, hoje integrantes de Nova Ubiratã.
Em outubro, Boa Esperança do Norte poderá realizar suas primeiras eleições municipais, elegendo prefeito, vice-prefeito e vereadores.
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