Bom dia, Sexta Feira 29 de Março de 2024

Noroeste de Mato Grosso

O AGRO EM CAMPO NOVO

Publicado em 01 de Abril de 2021 ás 14:22 , por A pecuária como terceira safra

A pecuária como terceira safra

 

Presidente do Sindicato Rural aponta a criação bovina logo após colheita de soja e milho safrinha como opção para o produtor

 

A integração lavoura-pecuária (ILP) ou sistema agropastoril – uma das vertentes de estudo que agrega também a floresta ILPF) – tem sido bastante utilizada pelos produtores rurais de Campo Novo do Parecis. O avanço das técnicas está sendo feito em áreas usadas anteriormente apenas para o pasto.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Campo Novo, Jonas Marcelo Iapp, alguns agricultores colhem soja e milho e aproveitam para soltar o gado na área, que engorda com restos da safrinha e com capim, milheto e sorgo.

“Cada produtor tem uma estratégia, conforme o tamanho da área, relevo e clima predominante na região. Se a área pode ser inteiramente mecanizada ou não. Alguns produtores estão utilizando pastagens antigas e degradadas, fazendo a correção necessária do solo e plantando soja, na sequência milho safrinha com brachiaria, voltando com o gado na resteva do milho com brachiaria, instalando assim a terceira safra”, destaca Iapp.

Além de ser um dos maiores produtores de soja e milho de Mato Grosso, a técnica integrativa tem tudo para transformar Campo Novo em um dos maiores municípios criadores de gado do estado.

“É um dos principais desafios dos produtores: aumentar a produtividade utilizando a mesma extensão de área. Com esse manejo que está sendo implementado, muitos espaços pouco intensificados se tornaram mais produtivos, melhorando o solo e deixando-o propício para o plantio de soja, milho e pecuária”, explica.

Pesquisas sobre integração lavoura-pecuária são realizadas há mais de 20 anos, com estudos em São Paulo e Goiás, que se viram facilmente adaptados para Mato Grosso. Conforme Jonas, ainda há áreas não consolidadas, que permitem a experimentação em vista a melhorar a produtividade.

 

DESAFIOS DO PRODUTOR

A área a ser semeada em Campo Novo do Parecis nesta temporada 2020/2021 está estimada em 364 mil hectares, tendo como um dos principais entraves do produtor o clima e o déficit hídrico do início do plantio. Vale destacar que, em um ano com longos períodos de estiagem e chuvas irregulares, houve necessidade de replantio.

Segundo dados do Sindicato Rural, o replantio atingiu pelo menos 10,92 mil hectares – quando ainda mais da metade da área havia sido plantada. “Alguns produtores desistiram de plantar soja, vão plantar algodão, porque infelizmente houve perdas com replante sendo feito sobre replante. Mas vale ressaltar que nessas últimas semanas as chuvas caíram com maior frequência, recuperando um pouco as plantações que corriam risco de serem perdidas. O clima foi, nesta safra, o maior problema que enfrentamos, junto com a pandemia”, afirma Jonas Iapp.

Aliás, a respeito das consequências da Covid-19, parte do mercado consumidor foi impactada, mas a produção ainda apresentou números expressivos. “O pico da pandemia aconteceu justamente no período da colheita do milho safrinha. Foi-se adaptando, cumprindo normas e regras, mas demos um jeito de continuar trabalhando”.

 

LOGÍSTICA PARA O PACÍFICO

Apesar de estar localizada na intersecção das rodovias BR-364 e MT-235, a logística da região Noroeste ainda continua sendo algo, no ponto de vista dos produtores, que precisa melhorar. O frete rodoviário encarece a produção, e entre as saídas estão as hidrovias – através de Cáceres e dos portos do Norte – e as ferrovias, especialmente no que tange ao corredor que ligaria a região ao Oceano Pacífico.

Uma das alternativas seria a construção da Ferrovia Bioceânica, entre Brasil e Peru, que chegou a ter estudo básico, elaborado por um grupo chinês, apresentado ao Governo Federal. Entretanto, o projeto sofreu embaraços devido a postura do governo peruano, que decidiu não investir na obra neste momento. O trecho, que ligaria a região Centro-Oeste ao Oceano Atlântico, considerado mais fácil de ser construído, é visto como importante para o escoamento da produção de grãos e minérios.

O trabalho na parte brasileira seria feito em três etapas: primeiro concluindo a Ferrovia Oeste-Leste (Fiol), comunicando o Centro-Oeste e o Oceano Atlântico; depois, levando a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO), de Campinorte/GO a Porto Velho/RO; e por último, chegar ao Acre.

“Essa é uma pauta bastante interessante, que pode ser colocada em prática em alguns anos, porque qualquer uma dessas ferrovias atenderia a região. A capacidade de transporte por ferrovia é muito maior, pode rodar 24 horas sem parar”, lembra o presidente do sindicato.

Tudo girando em torno do investimento, como em qualquer empresa. “Se você tem maior retorno, investe mais. Produzindo mais e tendo mais retorno, vai reinvestir. É essa intensificação que o mundo busca para não precisar ampliar a área de plantio e aumentar a produção na mesma área. Esta é uma capacidade que Mato Grosso tem”, conclui.

Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.