Linha do Tempo, Sinop 50 anos
USE AS SETAS PARA
NAVEGAR ENTRE OS ANOS
1970
1971
1972
1973
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
Deixe sua Sugestão
Envie para nós fotos e dados históricos para enriquecer nossa Linha do Tempo.
1984
Colégio CAD

ENCHENDO O FUTURO DE GENTE SABIDA
A primeira escola particular de Sinop começou como uma creche, suprindo a demanda por educação infantil; com os anos, evoluiu para um colégio e depois para uma cooperativa. Com mais de 40 anos de história, o Colégio CAD atinge sua maturidade como uma das mais relevantes instituições de ensino do Norte de Mato Grosso
O ano é 1981. Sinop era um município de fato há apenas 2 anos e sequer havia eleito seu primeiro prefeito. As crianças da cidade eram matriculadas no Colégio Nilza de Oliveira Pipino, construído pela Colonizadora Sinop e administrado pelo Governo do Estado. Isso para quem tinha 7 anos de idade. Para os menores, não havia escolinha, nem mesmo creche para aprender ou simplesmente ficar enquanto os pais trabalhavam.
Duas mulheres decidem fazer algo para preencher esse vazio. Olga Ribeiro Gomes, uma educadora, e Célia Gaudêncio Martins, psicóloga e com um “jeito para os negócios”, se unem para fundar a primeira instituição de ensino privado de Sinop: a Escolinha Gente Sabida.
A casa de Olga, que ficava na Rua das Tamareiras nº 713, foi adaptada para receber as crianças. Embora o endereço atualmente esteja praticamente no centro da cidade, em 1981 estava no limite da urbanidade. Por isso, era comum ver Célia dirigindo uma caminhonete que fazia as vezes de lotação, buscando as crianças em casa para estudar.
A cada ano, mais crianças entravam na escolinha, e as que já estavam, permaneciam. Logo, a casa de Olga estava cheia. Em 1984, a educadora decide seguir outro caminho que não fosse o de dona de escola. Célia então assume aquela Gente Sabida, fazendo investimentos. Em um terreno na Rua das Aroeiras, no centro, constrói um prédio, que nas décadas seguintes seria uma incubadora de instituições de ensino. Foi nesse imóvel, um dos poucos com 40 anos de idade que ainda continuam em pé em Sinop, que iniciaram a Faculdade Fasipe (a primeira particular de Sinop) e a Escola Estadual Cleufa Hubner, que só conheceu sua sede própria em 2024.
Na nova estrutura, a Gente Sabida ia perdendo a cara de creche e ganhando corpo de escola. À medida que novas turmas eram formadas, um puxadinho era feito. A cada dia se investia mais em estrutura – e também em gente.
Em 1986, Célia viu a filha da sua vizinha brincando com crianças. A moça de 15 anos de idade mostrava desenvoltura com os pequenos. Nem precisou currículo. Célia chamou a garota para trabalhar em sua escola. A jovem em questão era Loreni Ludwig de Souza, que começou na Gente Sabida como atendente e se mantém na instituição até os dias de hoje, sendo a atual diretora financeira do Colégio CAD. “Foi o meu primeiro emprego. Eu lembro que a Escola tinha 3 salas de aula com pré-escolar e maternal, mas também já tinha alunos da 1ª a 3ª série do fundamental”, conta Loreni.
A cada final de ano os alunos concluíam uma série e permaneciam na escola, o que obrigava a instituição a abrir uma nova classe. Quando chegou em 1988, os mais velhos já achavam o nome Gente Sabida infantil demais. Os estudantes se reuniram e pediram para que a escola fosse rebatizada. Sugestões foram colhidas junto à comunidade escolar e a Gente Sabida passou a se chamar OESP (Organização Estudantil de Sinop).
Com o nome mais “adulto”, a escola foi crescendo. O barracão de uma loja de ferragens que ficava ao lado da instituição foi alugado e o espaço foi transformado em uma quadra de esportes. E novos funcionários foram chegando. No quadro de contratados, em 1990, estava a professora Solange Scatambuli Walker, que é a atual diretora-geral do Colégio CAD.
O final da década de 80 e início dos anos 90 não foi um período fácil para quem operava com a educação privada. Com a economia instável, todo Brasil sofria os impactos dos constantes reajustes inflacionários, que no pico chegaram à casa de 81% ao mês. Em abril de 1990, a inflação acumulada dos últimos 12 meses era de 6.821%. Ou seja, se a mensalidade do ano passado fosse R$ 30,00, a desse ano deveria ser mais de R$ 2.000,00. Mas, na prática, o que acontecia é que as mensalidades acabavam sendo reajustadas a cada mês, impactando no planejamento das famílias e fazendo muitas desistirem de investir na educação privada dos filhos. Além disso, novas instituições particulares começavam a chegar na cidade.
Foi nesse ambiente de negócios que Célia reflete sobre o futuro da sua escola. Financeiramente, não fazia mais sentido para ela; no entanto, havia uma história envolvida e um desejo de perpetuar a empresa que fundou. Ela então começa a pesquisar sobre o modelo cooperativista. Talvez com um sistema integrado dos funcionários, partilhando responsabilidades e resultados, o colégio pudesse sobreviver ao ingrato momento econômico.
Em 1992, Célia migra o seu colégio para o cooperativismo. Nasce então a Coopes/OESP (Cooperativa de Trabalho dos Educadores de Sinop). Do diretor da escola ao zelador, todos que quiseram foram integrados como cooperados – sendo parcialmente donos do negócio. No total, 30 funcionários se tornaram associados. “Ou a gente assumia a escola ou a Célia iria fechar e estaríamos todos sem emprego. Então, cada um buscou sua coragem, com a esperança de que poderíamos fazer uma educação diferente”, lembra Loreni.
Célia entrega toda a estrutura, o nome e a cooperativa de educação rodando, em troca de 15% da receita da instituição. Nessa época, o OESP tinha cerca de 420 alunos, desde os 2 anos de idade até o 3º ano do Ensino Médio. Solange se afasta do colégio nesse momento de transição, mas 2 anos depois retorna para os quadros, em 1994.
Foi nesse ano que o Plano Real entrou em vigor, trazendo estabilidade monetária e estancando a onda inflacionária. O novo cenário econômico permite que a instituição cresça e se fortaleça. Em 1995, o prédio do Coopes/OESP pouco lembrava sua estrutura original. Mais salas e repartições foram sendo construídas para absorver a demanda. “Parecia um labirinto de corredores e salas”, conta Loreni. Na parte da manhã, estudavam os mais velhos, da 6ª série ao 3º ano do Ensino Médio. À tarde, o ensino fundamental e a educação infantil.
Precisando crescer e já sem ter espaço, a Coopes/OESP procura por um novo terreno. A Colonizadora Sinop estava começando a abrir o Jardim Maringá, que se tornaria um bairro das elites locais nos próximos 10 anos. Os diretores procuram a empresa que fundou Sinop e conseguem uma reunião com Ênio Pipino. Nela, falam da história da escola, narram o progresso e as contribuições que deram para cidade, enfatizam o modelo cooperativista e apresentam um projeto para uma nova sede. O pai fundador de Sinop sente que o pleito é justo e se compromete a doar 6 terrenos para a nova escola.
Dias depois, Ênio viaja para Bebedouro, no interior de São Paulo e morre, no dia 16 de junho de 1995. Nenhum documento foi lavrado no dia da conversa com os diretores do OESP. Entre o luto, a reorganização na direção da empresa e o tempo que o processo demorou, o acordo se perdeu, sobrando apenas a memória de uma conversa informal.
Mas o OESP continuava precisando de espaço. Em 1996, tenta uma nova negociação com a Colonizadora, que não enxuga o preço, mas dilata as parcelas. A escola mira 10 terrenos, formando uma área de 6,8 mil metros quadrados. Por cada lote, a Colonizadora cobrou R$ 14.200,00. Ou seja, a cooperativa acabava de contrair uma conta de R$ 142.000,00, na época era um valor pesado. Infelizmente, a instituição não conseguiu financiamento com o banco. Todo o dinheiro teve que sair do bolso dos cooperados.
Muitos não conseguiram e acabaram se desligando da cooperativa e voltando apenas a serem funcionários da escola. Dos 30 cooperados iniciais, restaram 21 associados. “Foi suado para pagar. Tiveram meses em que os associados não receberam nada de salário. Tudo foi para pagar os lotes”, conta Solange.
Depois de 4 anos pagando os lotes, o grupo começa a construir sua nova sede. As obras começam no ano 2000, com o projeto para construir o térreo e o primeiro piso, com 9 salas de aula. Era apenas o primeiro bloco de um projeto maior, que foi sendo feito em etapas. “Quando os pais atrasavam mensalidade e ficavam devendo, às vezes negociávamos permutando material de construção para obra”, revela Loreni.
No começo dos anos 2000, Sinop teve uma forte onda migratória, aumentando a população da cidade e também o número de alunos no OESP. No ano de 2001, a instituição inaugurou a primeira parte da sua sede própria. Com 550 alunos, a escola divide suas turmas entre o prédio antigo e o novo, usando os dois espaços.
Em 2003, a obra é enfim concluída e o prédio no centro da cidade é desativado, passando a ser a Fasipe. Nesse mesmo ano, Célia volta a fazer parte da cooperativa, ajudando a superar as dificuldades financeiras e também resgatando seu vínculo com a instituição de ensino que criou.
É também em 2003 que o colégio recebe seu novo e derradeiro nome. Em 1998, um trágico acidente de trânsito ceifou a vida de uma professora que lecionava na instituição e seus filhos que estudavam nela. Em uma homenagem solidária e genuína, os cooperados decidem chamar o Colégio de Cristhiane Archer Dal’Bosco. Com as iniciais da professora em memória, nasce o Colégio CAD.
Tempos depois, a sigla foi ressignificada, a fim de manter o nome atualizado e alinhado com os valores da instituição. No ano de 2020, CAD passou a ser o acrônimo de Colégio Avançado de Desenvolvimento Educacional. A homenagem e a marca que se tornou conhecida ainda estão lá, mas agora as letras da sigla expressam em resumo o que é a instituição.
Atualmente, em 2024, o CAD atende em média 850 alunos, desde a Educação Infantil até a conclusão do Ensino Médio e Pré-vestibular. Os 10 terrenos do Jardim Maringá foram preenchidos com uma estrutura ampla, que conta com 25 salas de aula, duas salas de apoio pedagógico, laboratório de ciências e informática, um auditório com capacidade para 130 pessoas, biblioteca, sala de dança, 5 salas de orientação e coordenação, 3 saguões, quadras poliesportivas, duas cantinas, um ginásio oficial, campo de futebol, playground, piscina e um minizoológico – além de toda a parte administrativa.
E não é apenas sobre o prédio, mas sobre o que se faz dentro dele. O CAD é pioneiro no ensino bilíngue, aplicando a prática desde 2016. Os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental fazem uma avaliação de Cambridge para testar o inglês aprendido e a aprovação é de 100%. “Dos alunos do CAD que fazem o Enem, 98% conseguem pontuação para entrar na faculdade. Normalmente, alguns de nossos alunos estão entre as maiores notas”, comenta Solange.
O material didático é do Sistema Positivo de Ensino, método reconhecido nacionalmente. O diferencial é a aplicação. O CAD acredita que o professor é o principal multiplicador do conhecimento dos alunos e como tal precisa estar bem estruturado e remunerado. A sociedade, que acabou sendo diluída para 12 membros, administra 79 funcionários, sendo 45 professores. Alguns deles mais longevos que a própria mobília da instituição. Como é o caso da professora Aparecida Terezinha Trüglio, que além de sócia do CAD, trabalha com alfabetização dos alunos. Com uma vocação ímpar, aos 60 anos de idade, Terezinha ensina crianças a decodificarem símbolos e entenderem seus significados. “Temos pais que aprenderam a ler com a professora Terezinha e agora seus filhos estão fazendo o mesmo caminho”, conta Solange.
Um dos pontos cruciais da filosofia de ensino do CAD é de que a educação não é restrita à sala de aula. Como diz Solange, a criança vai crescer e precisa compreender a sociedade que a cerca, para assim lidar melhor com as adversidades que se apresentarão ao longo da sua jornada. Um exemplo é o projeto de cunho solidário desenvolvido regularmente pelo colégio. Em uma espécie de gincana, os estudantes arrecadam donativos que serão entregues às populações mais carentes. “É uma forma de mostrar que tem outro mundo, que não é exatamente igual ao que o aluno vive”, comenta a diretora.
O envolvimento com a sociedade não se resume a uma ação social. Ao longo de um ano letivo no CAD são realizadas 5 mostras de conhecimento – um jeito mais proveitoso de abordar a tradicional Feira de Ciências. Cada ação dessas permite a interação coletiva da comunidade escolar.
O mesmo vale para a parte esportiva. O CAD tem escolinhas de futebol, xadrez, basquete, vôlei e handebol, e esses alunos competem com outros times da cidade – e até de fora. O colégio já abriu programas de bolsas para tentar somar com a educação de alunos com bom desempenho esportivo.
E, ao mesmo tempo, também se mostra pronto para desenvolver aqueles que precisam de uma atenção extra. O Colégio dispõe de professores auxiliares para colaborar nas salas de aula com alunos que possuam necessidades especiais. É uma escola aberta e próxima da família. “No passado, o conhecimento foi algo elitizado, de difícil acesso para as pessoas. Depois se universalizou e quase ao mesmo tempo se banalizou. À medida que parece ser fácil acessar o conhecimento, a educação vem se tornando menos valorizada. No CAD entendemos que o futuro será das pessoas que sabem fazer, sabem como encarar um problema e responder da melhor forma. E isso é algo que se desenvolve na escolarização de base”, avalia Solange.
Nesses mais de 40 anos que o CAD existe, Sinop se tornou a 4ª maior cidade de Mato Grosso, polo de uma região economicamente forte e desenvolvida. Outras instituições de ensino privadas se estabeleceram – com ou sem marca famosa, grandes ou exclusivistas. Diante de tudo isso, como o CAD ainda consegue ser relevante no cenário da educação local?
Para a diretora do Colégio, a resposta está na essência. “Quem faz o CAD são pessoas de Sinop, que entendem como é a cidade e que ajudaram a construí-la. Houve anos em que apenas um aluno estava matriculado no 3º ano do Ensino Médio. Mesmo assim mantivemos a classe, ensinando para esse único aluno. Ao longo do tempo, nosso colégio enfrentou muitas adversidades, todas quantas Sinop enfrentou, e mesmo assim mantivemos nossa filosofia. O olhar que temos para nossos alunos é com uma formação integral, não necessariamente em tempo integral, mas completa, como ser humano. O legado do CAD é deixar uma educação que seja eficaz para Sinop, e nesse sentido, sempre estivemos na vanguarda. Transmitimos o conhecimento, e principalmente como usá-lo com ética e dentro da legalidade”, reflete Solange.
É com esse conjunto de valores e métodos que se enche o futuro de uma cidade com Gente Sabida.
1984
Sindusmad

SINDUSMAD: O GUARDIÃO DA FLORESTA COMPLETA 40 ANOS
Em 1980, empresários do setor de base florestal de Sinop se reuniram e criaram a Amim, precursora do Sindicato, com o objetivo de organizar e reivindicar melhorias para o setor. Com o passar dos anos, a entidade multiplicou sua importância e incorporou à sua pauta diversas outras áreas de atuação, sendo uma das mais notórias de todo o Mato Grosso
Junto com Sinop, o Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado do Mato Grosso (Sindusmad) nascia despretensiosamente já na década de 1970, quando os primeiros donos de serrarias entenderam que a produção da madeira deveria ter uma maneira eficaz de escoamento. Pois bem, coube ao 9º BEC esta função. Mais de 1,5 mil homens envolvidos na obra de abertura da rodovia, de 1971 a 1976, se dispuseram a cumprir as metas do Exército em relação à BR-163.
A preocupação em industrializar compeliu os poucos que ali estavam a se organizar em torno de um objetivo comum: fazer com que a energia elétrica chegasse para que a cidade, bem como as serrarias, pudesse funcionar.
Assim surgiu a Associação dos Madeireiros do Interior de Mato Grosso (Amim), primeiro lastro de organização do setor para que o Sindusmad, 40 anos mais tarde, assumisse a posição de referência em organização e representatividade do segmento florestal brasileiro. O idealizador da Amim? Aloísio Pereira de Barros, à época, chefe comercial da Cemat (Centrais Elétricas de Mato Grosso).
Sugeriu a alguns empresários do setor que fosse criada uma associação para cobrar do Governo do Estado a energização de Sinop. Dentre os nomes que participaram deste início destacam-se o do primeiro presidente da Amim, José Carlos Haas, e os companheiros de fundação, Ervino Gebauer, Erno Reschk e Carlos Alberto Petruza.
Voos mais altos precisaram ser alçados
Se transformar em sindicato, alguns anos depois, daria à entidade maior representatividade junto à Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e recursos para mantê-la. Otacílio Borges Canavarros, então presidente da Fiemt, foi o principal incentivador para que a associação viesse a se tornar o quinto sindicato do Sistema Federação das Indústrias de Mato Grosso.
Desta forma, em 1984, a Amim se transforma em associação profissional e tem início o processo para a fundação do sindicato. Seu presidente, Valdemar Antoniolli, foi o primeiro de 11 gestores que liderariam 40 anos de grandes ações em favor do setor madeireiro, em 13 mandatos. Junto à mais difícil tarefa a ser enfrentada por qualquer presidente que viria à sua frente - que foi a criação do sindicato - a pauta de madeira foi uma das grandes bandeiras da diretoria de Antoniolli.
No ano de 1992 o empresário Luiz Fávero assume a presidência do Sindusmad e sua diretoria marca a ampliação da base sindical e a criação da sigla Sindusmad. A grande conquista do linhão de energia também acontece em sua gestão, bem como a escola do Sesi e a construção do Sesi Clube. A primeira sede da entidade, na Rua dos Lírios; a implantação de um posto do Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal (IBDF), hoje Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a criação da superintendência da Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso (Sefaz) também foram conquistas da gestão Fávero.
A terceira e quarta diretorias foram geridas por Gaspar Zambiazi, que conquistou junto ao Governo do Estado o redirecionamento de 10% da arrecadação de ICMS sobre a madeira da região para a construção da sede do Corpo de Bombeiros, obra esta gerida pelo Sindusmad, que manteve a corporação por seis meses após a inauguração.
Em 1998 assume a presidência, Nereu Pasini, que anos mais tarde viria a presidir o Sistema Fiemt. À frente do Sindusmad, fez com que a feira Promadeira fosse transferida de Cuiabá para Sinop. Pasini lançou a pedra fundamental da sede própria do Sindusmad e inaugurou a sede do Corpo de Bombeiros. A descentralização do Ibama; o Programa Promadeira e o protesto que reuniu mais de 12 mil pessoas contra a falta de autorização de transporte de madeira também foram marcas de sua gestão.
Sidnei Bellincanta assume a presidência em 2006 e em sua gestão Sinop recebeu o segundo maior laboratório de tecnologia da madeira do Brasil. A presença constante da diretoria na região foi importante chancela da gestão em busca do fortalecimento sindical e também com a criação do Centro das Indústria Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem), vindo de ideias que nasceram dentro da diretoria liderada por Bellincanta com o intuito de unificar os objetivos dos sindicatos madeireiros do Estado num único centro.
Em 2004, aos 36 anos, assume o mais jovem presidente do Sindusmad, Jaldes Langer. Dois fatos importantes marcaram sua gestão: a Operação Curupira e a transferência das funções do Ibama para o Estado, com a criação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). A Operação Curupira, com um aparato cinematográfico, impactou negativamente o segmento na mídia nacional com o foco exclusivo no setor de base florestal e não nos que desmatavam. A diretoria também sediou as edições 2004 e 2006 da feira Promadeira. Seus companheiros de diretoria são unânimes: “Jaldes foi o presidente certo para o momento certo. Geriu as crises com a diplomacia que o setor necessitava naquele momento”.
Nos seis anos que se seguiram, o Sindusmad teve à frente o presidente José Eduardo Pinto, que tinha como meta mostrar à sociedade a verdadeira imagem do setor madeireiro. A gestão teve início com a força-tarefa contra os efeitos da Operação Guilhotina. Em 2008 a diretoria representou o segmento na Operação Arco de Fogo. Algumas ações importantes marcaram o período como o lançamento do documentário Floresta em Pé: com Manejo é Possível; a edição 2008 da feira Promadeira, a inauguração do Pavilhão Nereu Pasini e do Memorial Guardiões da Floresta; o lançamento do Livro A Saga dos Guardiões da Floresta; o Encontro de Jornalistas do Setor de Base Florestal e a desobrigação da classificação da madeira em Mato Grosso.
Em 2013 a décima diretoria do Sindusmad é então liderada pelo presidente Gleisson Omar Tagliari. Sua gestão é pautada em três eixos: atendimento aos associados; representatividade junto ao governo, secretarias e instituições e fortalecimento da marca Sindusmad.
A gestão 2016-2019 teve na liderança da diretoria empresário o Sigfrid Kirsch, que esteve à frente de grandes marcos como a descentralização do Encontro dos Madeireiros; elaboração em conjunto com o Cipem da Norma Técnica do Corpo de Bombeiros (NTCB) 045/2018 para isentar as empresas do setor de base florestal da obrigatoriedade de execução de instalação de hidrante nos projetos de prevenção e combate a incêndios e pânico; questões sociais relacionadas a diversas entidades e participação em três edições do Florestal Tech.
Já no período desafiador da pandemia de Covid-19 o Sindusmad foi liderado por Wilson José Volkweis que, ao assumir o triênio com seus companheiros de diretoria, tinha como grande e principal foco o fortalecimento do associativismo empresarial por meio de novos associados, maior união entre todos os membros do setor de base florestal e cooperação entre todos.
Apesar de sérias restrições em todos os âmbitos, a grande marca da gestão Volkweis foi a qualificação de mão de obra da indústria madeireira, uma importante demanda do setor. Foram diversos cursos ministrados aos colaboradores em parceria com o Serviço Nacional da Indústria (Senai), proporcionando melhor qualidade dos produtos e processos de industrialização.
E quem diria que 40 anos depois do primeiro presidente, Valdemar Antoniolli, assumir o Sindusmad, seu sobrinho, Felipe Antoliolli, seria o jovem presidente a celebrar as quatro décadas de fundação do importante sindicato.
A linhagem familiar iniciou liderando os esforços do setor florestal e, em 27 de julho de 2023, Felipe Antoniolli, o 11º presidente do Sindusmad, assumiu a diretoria da instituição.
Presidentes e mandatos
VALDEMAR ANTONIOLLI – 1º presidente (1986-1989)
O primeiro presidente do já constituído Sindusmad, Valdemar Antoniolli, liderou a diretoria que consolidou as primeiras conquistas do setor florestal em Sinop organizado em forma de sindicato. Ele também foi o último presidente a Amin.
Reconhecendo e dando sequência às demandas da extinta Amin, pautas como busca de energia elétrica, abertura de estradas e qualificação de mão-de-obra foram as principais bandeiras da primeira gestão. “Naquela época os madeireiros reunidos tinham grande representatividade junto ao Governo do Estado”, conta o primeiro presidente.
A pauta da madeira foi um dos primeiros entraves que a classe industrial tratou com o governo estadual. Antoniolli relata que as pautas determinadas pela Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz) eram muito além do valor nominal de mercado já naquela época. Antoniolli conta que havia uma resistência por parte dos integrantes da Amim para que a associação fosse transformada em sindicato. Muitos acreditavam que a entidade perderia força e que sua representatividade era suficiente para as demandas do setor.
No entanto, Antoniolli enquanto presidente da Amim foi convidado pelo então presidente da Fiemt, Otacílio Canavarros, para conhecer a importância de integrar o Sistema Fiemt, partindo do princípio que a nova formação faria com que o sindicato participasse da pirâmide da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Passaríamos a ter um retorno financeiro das nossas contribuições sindical e confederativa e isso seria importante para o caixa do Sindicato”, considera o ex-presidente.
Já no início da década de 1980 o Serviço Social da Indústria (Sesi) mantinha em Sinop um posto de atendimento, no qual atendia o médico Adenir Barbosa. Com a necessidade de estender serviços de saúde e segurança aos trabalhadores da indústria madeireira, Antoniolli solicitou a Canavarros uma unidade padrão do Sesi para a cidade, o que ocorreu ainda na primeira gestão do Sindusmad.
O contador Acir de Lima, que na época da criação do Sindusmad prestava serviços para a Coimal Madeiras, de Valdemar Antoniolli, também foi voluntário na criação do Sindusmad e sempre se manteve ativo nas ações da entidade. A implementação do Senai viria ser efetivada na gestão seguinte.
O principal motivo da solicitação pela instalação do Senai foi a dificuldade de qualificação de mão-de-obra. À época da instalação do Senai a unidade estava destinada a ser construída na cidade de Cáceres, mas o Sindusmad lutou junto à Fiemt para que se estabelecesse na sua cidade-sede.
Na cadeia produtiva da madeira um dos maiores empecilhos para o setor eram as dificuldades no escoamento das cargas, que se dava por estradas de chão – leia-se, na recém-inaugurada BR-163. A primeira diretoria também foi fundamental na Convenção Coletiva do Trabalho (CCT) dos trabalhadores da indústria madeireira.
LUIZ CARLOS FÁVERO – 2º Presidente (1990-1992)
Em 21 de agosto de 1990 foi eleita e empossada a segunda diretoria do Sindusmad que, presidida pelo empresário madeireiro Luiz Carlos Fávero, ficaria à frente da entidade até 21 de julho de 1992. Naquela oportunidade, os associados ao Sindusmad reuniram-se para eleger e dar posse à nova diretoria, bem como, votar para que a base sindical fosse ampliada, pois até então somente a cidade de Sinop constava no Estatuto do Sindusmad, apesar de outras cidades em seu entorno já serem atendidas. Ainda nesta assembleia ficou instituída a cobrança de mensalidades para a manutenção da entidade.
Foi também na gestão Fávero que o nome da instituição foi simplificado. O nome até então era Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias, Madeiras Compensadas e Laminadas, Aglomerados e Chapas de Fibra de Madeira de Sinop e foi simplificado para Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado de Mato Grosso (Sindusmad).
O empresário recorda com carinho os anos de dedicação ao Sindusmad na companhia de outros idealistas do setor madeireiro e, segundo ele, uma de suas melhores lembranças é a inauguração da Escola Rogéria Amato. No início da década de 1990, a cidade de Sinop ainda não contava com estrutura suficiente para atender a diversas áreas. A educação também era penalizada com a insuficiência de recursos do jovem município.
O então presidente do Sindusmad buscou junto à Fiemt meios para que uma escola do Sesi fosse instalada em Sinop para atender aos filhos dos empresários e colaboradores das indústrias madeireiras. A escola do Sesi foi implantada e atendia alunos nos primeiros anos da vida escolar. Mantida pelo Sesi com toda a estrutura, inclusive com merenda escolar, professores e demais cargos administrativos, atendia gratuitamente aos alunos.
Fávero conta que o então presidente da Fiemt, Ari Wojcik, realizou uma reunião de diretoria da Fiemt em Sinop, tendo se consolidado a primeira reunião da Fiemt na cidade. A programação coincidiu com a data em que acontecia a feira agropecuária de Sinop, a Exponop e, desde então, o Sindusmad já montava seu estande para receber associados.
Na oportunidade, o presidente da CNI, Mário Amato, também acompanhou a comitiva da Fiemt à reunião em Sinop. Da reunião da Fiemt em Sinop participaram o prefeito Adenir Barbosa e o colonizador Ênio Pipino. Durante esta reunião Fávero solicitou ao presidente da Fiemt e também ao da CNI que viabilizassem a construção do Sesi Clube em Sinop. Wojcik disse então que era para Fávero providenciar o projeto porque ele estava disposto a entregar a obra ainda em seu mandato.
Sobre a escola, o presidente da Fiemt explicou a Fávero que a instituição não dispunha de recursos para a implantação, no entanto, a CNI poderia realizar o projeto. Fávero, aproveitando a visita de Amato a Sinop, lhe contou do projeto e, recorda que estas foram as palavras do presidente da CNI: “Faz o projeto e me manda, vamos construir esta escola”.
O projeto arquitetônico foi feito por Sadao Watanabe. Tão logo os recursos para a obra chegaram e foram geridos pelo Sindusmad, bem como toda a estruturação. Em homenagem ao então presidente da CNI, a diretoria do Sindusmad resolveu que o nome da escola seria Rogéria Amato, esposa de Mário. Ela o acompanhou na inauguração da unidade educacional.
O segundo presidente do Sindusmad conta que o sindicato não tinha uma sede e funcionava em uma das salas de sua empresa. Quando o sindicato foi se fortalecendo e ganhando visibilidade a diretoria entendeu que seria necessário ter uma sede para as reuniões e eventos diversos.
A primeira sede então foi ao lado do então Posto Caiçara. Tempo depois o sindicato alugou uma sala e comprou um telefone. O novo endereço era na Rua dos Lírios. A diretoria liderada por Fávero também inaugurou as unidades do Sesi e Senai em Sinop, que foram solicitadas pela diretoria anterior, a de Valdemar Antoniolli.
Outra conquista do mandato desta diretoria foi a emissão de documentos de transporte de madeira na cidade de Sinop. Na época, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), hoje Ibama, mantinha escritório em Cuiabá. Sempre que os empresários precisavam emitir suas licenças para transporte de madeira tinham que se deslocar à Capital do Estado. Há que se considerar aqui as dificuldades de transporte naquela época, devido à não pavimentação da BR-163.
Relembra Fávero que neste período não havia chegado o telefone em Sinop e a forma de se comunicar com urgência era via rádio amador. A exemplo da união de trabalho entre os empresários e o IBDF, na primeira Exponop o estande do Sindusmad foi junto com o estande do instituto. A construção da primeira sede do posto do Ibama em Sinop também foi coordenada pelo Sindusmad, que geria os recursos a serem aplicados na obra.
No mesmo período coincidiu a mudança da sede para a Rua dos Lírios. Com a arrecadação das mensalidades já era possível custear o funcionário, aluguel e telefone. Conta também que os primeiros móveis do Sindusmad foram doados pelo associado Hélio Edgar Enzweiler. O primeiro fax foi doado pela Fiemt, que na época fez a compra de vários desses equipamentos em Manaus.
Luiz Fávero recorda que a falta da energia elétrica sempre foi a grande deficiência do setor no período em que se iniciava a cidade de Sinop. “Dependíamos dos motores da Centrais Elétricas Mato-grossenses (Cemat). Mas a potência era insuficiente para atender o pátio da indústria e a população de Sinop. Trabalhávamos em sistema de rodízio. Com isso algumas empresas só trabalhavam depois das 18h”, disse Fávero explicando que um tempo depois o rodízio era por regiões da cidade. Por isso muitas empresas operavam noite adentro para aproveitar a energia. Com o tempo cada empresa foi comprando seu próprio gerador.
Sobre a pauta da madeira, Fávero relembra que a Sefaz já naquela época propunha valores altíssimos em todas as categorias. Em relação a isso, outra conquista da entidade foi a criação de uma superintendência da Sefaz em Sinop, que tinha como superintendente regional o servidor Dulcindo Dias Neves.
GASPAR ZAMBIAZI – 3º Presidente (1992-1995 e 1995-1998)
Gaspar Zambiazi foi eleito presidente do Sindusmad no ano de 1992. O terceiro presidente da entidade atuou por oito anos à frente do sindicato. Na época, havia aproximadamente 1,6 mil indústrias madeireiras na base territorial do Sindusmad e o setor movimentava U$ 90 milhões de receita bruta nos municípios de Apiacás, Alta Floresta, Carmem, Claudia, Colíder, Itaúba, Marcelândia, Paranaíta, Sorriso, Tapurah e Vera.
Algumas realizações à frente do Sindusmad: negociou com Governo do Estado a redução de 10% sobre a arrecadação do ICMS da madeira, assim construiu a unidade do Corpo de Bombeiros de Sinop. Em 1994, consegue acordo com a Sefaz modificando a legislação do aproveitamento da madeira.
Lutou para o Estado atender prazos regimentais; adotar o sistema de conta gráfica para a apuração de custo; lutou por delegação de poderes aos postos de arrecadação das estradas; eliminação da bitributação para contribuintes da mesma atividade econômica; estabelecimento de portaria que, uma vez multado o contribuinte emissor do documento fiscal fosse fiel depositário da mercadoria; criação da delegacia da receita estadual; edição de lista de preço mínimo condizente com a realidade e diminuição da pauta da madeira.
NEREU PASINI – 4º presidente (1998-2001)
Em novembro de 1979, o então prefeito de Verê (PR), Nereu Pasini, conheceu Sinop. Participou ativamente da vida sindical do setor em todo o estado, sendo presença unânime nos fatos históricos. Pasini destaca ainda que muitas dificuldades atingiram o setor, que sempre foi lutador e competente para vencê-las e lembra que o setor deslanchou após o asfaltamento da BR-163, de Cuiabá a Sinop. Nessa época, houve um grande aumento de indústrias do setor de base florestal sendo implantadas na cidade. “O volume de negócios aumentou muito e a indústria madeireira era responsável por mais de 80% da atividade econômica das cidades da região norte, fazendo com que muitas outras atividades surgissem, transformando completamente a região”, recorda.
Algumas realizações a frente do Sindusmad: Inauguração do Corpo de Bombeiros; luta para redução de ICMS a madeira; Descentralização do Ibama; Programa Promadeira; Feira Promadeira em Sinop; protesto, que em 2001, reuniu 12 mil pessoas contra a falta de Autorização para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs), demora na análise de planos de manejo, falta de funcionários no Ibama, servidores despreparados. Na época, o setor madeireiro arrecadava 55% do ICMS em Sinop e empregava 10 mil pessoas.
SIDNEI BELINCANTA – 5º Presidente (2001-2004)
No dia 22 de julho de 2001, foi eleito o quinto presidente do Sindusmad, Sidnei Ari Bellincanta. Durante sua gestão, houve muitos problemas com fiscalização e documentação; por outro lado, no mandato de Bellicanta, Sinop recebeu o segundo maior laboratório de tecnologia da madeira do Brasil, com investimento de R$ 650 mil.
Algumas realizações à frente do Sindusmad: isenção da TSE; busca de novos filiados em toda região. Em seu mandato o Sindusmad chegou ao número de 240 madeireiras associadas; campanhas de conscientização sobre o uso de EPIs; incorporação de novos municípios à base territorial do sindicato; luta pela reposição florestal; convênio com a Caixa Econômica Federal para empréstimo para capital de giro às empresas madeireiras; instalação de câmaras setoriais; visita da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva: presidente entregou documento reivindicando a desburocratização da ATPFs; construção da nova sede do Sindusmad; conscientização dos madeireiros para diminuírem as cargas em prol da conservação de estradas; realização do Workshop Transparência florestal; negociações com Ministério da Casa Civil sobre dificuldades com o Ibama.
Um dos grandes avanços do Sindusmad rumo ao convencimento da importância do associativismo junto à categoria dos empresários da madeira foi o êxito junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) em seu pedido de isenção da Taxa de Serviços Estaduais a todos os associados ao Sindusmad.
JALDES LANGER – 6º Presidente (2004-2007)
O presidente que assumiu o Sindusmad em 2004 com perfil técnico, foi o que passou por uma das maiores crises institucionais pelas quais o setor de base florestal atravessou: a Operação Curupira, que em 02 de junho de 2005 prendeu 102 pessoas – entre madeireiros, fiscais do Ibama e outros funcionários públicos – acusadas de colocar abaixo quase dois milhões de metros cúbicos de madeira em troca de propinas e lucro fácil entre 2003 e 2005. A Operação foi desencadeada sigilosamente em 2004 pela Polícia Federal. Segundo Langer, a diretoria 2004-2007 iniciou a gestão na sede nova do Sindusmad, inaugurada pela gestão anterior, de Sidnei Bellincanta (julho de 2004).
A Operação Curupira foi um dos principais pontos que impactou o setor em 2005. Langer recorda que quem produzia legalmente na Amazônia foi tão impactado quanto quem era ilegal.
Algumas realizações à frente do Sindusmad: assinatura do convênio entre governo do Estado e Ibama para a gestão ambiental no Estado através da Sema, antiga reivindicação do setor; Promadeira 2004 e 2006 em Sinop, com empresários de vários países, fomentando o setor e o comércio local; orientação para empresas que trabalhassem com reposição florestal para aderir ao Programa de Certificação Florestal – Smartwood; visita de grupo de 20 empresários à Bolívia para ampliar as relações comerciais com o país; dia de campo no Projeto Jamanxim com ênfase ao manejo florestal.
JOSÉ EDUARDO PINTO – 7º Presidente (2007-2010 e 2010-2013)
A diretoria que assumiu o maior sindicato patronal madeireiro do Estado de Mato Grosso em 2007, liderada pelo presidente José Eduardo Pinto, tinha como meta principal mostrar a verdadeira imagem do setor florestal deste Estado. E para colher os frutos deste trabalho foram muitas as discussões, negociações, enfrentamentos. Tudo com um único objetivo: fortalecer o segmento e defender o empresário que apostou e ainda aposta no setor florestal.
Foram duas diretorias lideradas pelo empresário José Eduardo Pinto, com o foco no desenvolvimento do setor, que ouviram as demandas da classe e buscaram soluções. Com equipe técnica sempre engajada em com o foco na expansão da entidade, reuniões, palestras, fóruns, feiras e tantos outros eventos foram realizados ao longo desse período.
Para dar início aos trabalhos, agosto de 2007 foi marcado pela posse da diretoria de número oito do Sindusmad e, logo no início, uma força-tarefa foi realizada em busca de liberar projetos de manejo frente aos efeitos negativos da Operação Guilhotina. Já 2008, tem início com a Operação Arco de Fogo, instaurada pela Força Nacional, Polícia Federal e Ibama. Tendo a forma de atuação questionada na época, hoje o segmento já comemora o cancelamento dos autos de infração que pesavam sobre algumas empresas, provando o que o setor defendeu na época. Em maio do mesmo ano, o Sindusmad provocou audiência pública com uma comissão de senadores reivindicando mais respeito com a região norte de Mato Grosso. Mais de duas mil pessoas se reuniram no evento em busca de soluções do governo federal.
Na Exponop, o Sindusmad lançou a cartilha para que magistrados conhecessem o processo de industrialização e processamento da madeira, visando esclarecer dúvidas sobre os acidentes de trabalho.
Ainda em 2008 Sinop sediou a quinta edição da feira Promadeira, uma vitrine do setor florestal para o Estado, contemplando espaço para negócios, salão de móveis, feira de máquinas e equipamentos, além de rodadas de negócios. Discussões sobre pauta da madeira, convenção coletiva do trabalho, busca de maior qualidade no atendimento ao associado, desoneração e tantos outros aspectos também foram debatidos.
A grande conquista do setor naquele período foi a alteração da Lei do Fethab, um pedido do segmento florestal ao Governo do Estado, passando a ser cobrado somente uma vez na cadeia compreendida da extração à industrialização.
O ano terminou de forma histórica, com o lançamento do documentário “Floresta em Pé: Com Manejo é Possível!”, produzido por este sindicato. Seu conteúdo foi apresentado no COP 15 (Conferência Internacional do Clima, em Copenhagen), pelo presidente José Eduardo e o vice, Jaldes Langer.
9ª DIRETORIA DO SINDUSMAD – Presidente: José Eduardo Pinto
A 8ª edição da Feira Promadeira bateu todos os recordes, atraindo grande público e possibilitando uma visão empresarial importante do setor florestal. Ainda no período, o Sindusmad inaugurou o Memorial Guardiões da Floresta, a exposição que reunia principais fatos e personagens que compuseram a história do segmento no estado.
A boa gestão também levou à inauguração do Pavilhão Nereu Pasini. Ainda nesses dias de festividades, tomou posse a nova diretoria do Sindusmad, eleita para o triênio 2010/2013. O ano de 2012 foi marcado com uma série de novas realizações e planejamento para expansão sindical. A primeira foi reunir Sema, Sefaz, Indea e IBAMA no 1º Seminário Tira-Dúvidas; teve ainda participação efetiva no 1º Fórum de Sustentabilidade de Mato Grosso, onde tem cadeira em sua diretoria.
Foram também ações importantes do mandato: o Projeto Ciclo de Corte; a participação do Sindusmad em todas as edições do Encontro Nacional da Indústria; doação de dois banheiros para a unidade local do Indea; curso de identificação de madeiras; campanha de arrecadação para desabrigados por um grande incêndio em Marcelândia, dentre outras.
GLEISSON OMAR TAGLIARI – 8º Presidente (2013-2016)
Em 28 de maio de 2013 foi eleita a décima diretoria do Sindusmad, liderada pelo empresário Gleisson Omar Tagliari. A primeira ação da diretoria foi a premiação dos vencedores do Concurso de Redação e Desenho Florestal, promovido em parceria com o Cipem. Ainda em 2013, o Sindusmad solicitou à Fiemt a realização em Sinop do curso ‘Como reduzir a sua tarifa de energia elétrica.
Em dezembro do mesmo ano o Sindusmad recebeu o Prêmio Qualidade, pela publicação do livro “A Saga dos Guardiões da Floresta”, de autoria da jornalista Cristiane Oliveira, então executiva da entidade. Participam da solenidade de premiação a autora e pelo diretor Sindusmad e então presidente do Fundo de Apoio à Madeira (Famad), Jaldes Langer.
A primeira fase do estudo sobre ciclo de corte em Sinop, que teve início na primeira gestão de José Eduardo Pinto, foi concluído pela Embrapa em agosto de 2013. No fim de março, o estudo sobre ciclo de corte em Sinop foi destaque em uma revista científica internacional. O artigo apresentou que, com uma extração bem planejada para evitar dano à floresta, um ciclo inicial de 25 anos seria suficiente para recuperação de 30 m³ na área em estudo. O ano em que o Sindusmad comemorou seus 30 anos foi marcado por uma série de ações de fortalecimento da marca.
Dentre as principais atividades para alcançar este objetivo, o sindicato realizou cinco edições do Encontro dos Madeireiros, eventos bimestrais com o objetivo de reunir empresários do setor em uma espécie de bate-papo sobre o setor. A Festa do Trabalhador da Indústria também fez parte das ações de fortalecimento da marca Sindusmad. Mais de 40 mil pessoas participaram do evento na área externa do Estádio Gigante do Norte, que foi realizado em parceria com o Sesi em homenagem aos trabalhadores pelo dia internacional do trabalho – 1º de maio.
O ‘Multiação’, iniciativa do setor empresarial com o objetivo de disponibilizar gratuitamente à população diversos serviços de saúde, educação, empreendedorismo, cidadania, orientação jurídica e cultura, acontecia em Cuiabá, mas no mandato de Tagliari, o projeto começou a acontecer também em Sinop.
Na cidade, a primeira edição atendeu mais de 5,8 mil pessoas no bairro São Cristóvão. Mais de 6,5 mil atendimentos foram computados no segundo Multiação Sinop, no Bairro Boa Esperança. A terceira edição ocorreu no Jardim Imperial, no mesmo dia em que o Sindusmad realizou seu evento em comemoração aos 30 anos de fundação. A inovação em Sinop, diferente de Cuiabá e Rondonópolis, veio com o casamento comunitário. 98 casais formalizaram a união durante o evento.
SIGFRID KIRSH – 9º Presidente (2016-2019)
A gestão 2016-2019 teve na liderança da diretoria empresário o Sigfrid Kirsch que esteve à frente de grandes marcos como a descentralização do Encontro dos Madeireiros; elaboração em conjunto com o CIPEM da Norma Técnica do Corpo de Bombeiros (NTCB) 045/2018; questões sociais relacionadas a diversas entidades; participação em três edições do Florestal Tech; fortalecimento da parceria com a Embrapa Florestas; duas edições do Curso de Secagem de Madeira; visita técnica do Ibama às indústrias madeireiras locais; Dia na Floresta, promovido pelo CIPEM, em Sinop, apresentando o manejo florestal sustentável; fortalecimento do projeto Cartão Indústria; realização de diversos cursos e capacitações ao setor, bem como, forte atuação dos conselhos Associativo e de Relações Trabalhistas.
Destaque aqui para a decisão inédita em que o Comando Geral do Corpo de Bombeiros elaborou a primeira norma técnica no Brasil específica para o setor de base florestal em todo o Estado, juntamente com o Sindusmad e CIPEM, oferecendo possibilidade de isentar as empresas do setor de base florestal da obrigatoriedade de execução de instalação de hidrante nos projetos de prevenção e combate a incêndios e pânico.
O Encontro dos Madeireiros foi realizado em Sinop, Santa Carmem e Marcelândia, onde foram debatidas melhorias para o segmento. No ano de 2017, pela primeira vez o Sindusmad saiu de Sinop e foi para as cidades adjacentes oferecendo a oportunidade de agregar aos madeireiros em seus locais de origem. As ações sociais foram um importante ponto de atenção da gestão Kirsh, com doações de madeiras, arrecadação de alimentos e de dinheiro, mobilizações em prol de tratamentos de saúde e patrocínio de atletas.
O Sindusmad também esteve presente na primeira edição do Florestal Tech, no Centro de Eventos Pantanal, em Cuiabá, assim como os demais sindicatos empresariais madeireiros do Estado. Mais de 20 empresários associados ao Sindusmad participaram do evento, tanto como participantes dos eventos técnicos, quanto expondo seus produtos. O presidente avaliou o evento, “o primeiro passo foi dado. O caminho é esse. Conseguimos apresentar o quanto o segmento está trabalhando e se organizando junto aos órgãos de controle, a exemplo da Sema. Considero ainda que foi excelente a participação de diretores e associados”.
WILSON JOSÉ VOLKWEIS – 10º Presidente (2019-2023)
Wilson José Volkweis assumiu a 13ª diretoria do Sindusmad em 3 de agosto de 2019 com a meta de promover ainda mais a união entre associados e a sustentabilidade. A gestão – assim como o mundo todo – foi surpreendida pela pandemia de Covid-19. No entanto, não foi obstáculo para o sindicato fortalecer ainda mais suas bases através de capacitações para qualificar a mão-de-obra das indústrias e consolidando a união entre os associados.
Prova disso é que, apesar do fantasma do Coronavírus, o trabalho de excelência se manteve na entidade, prova disso é que sua equipe técnica recebeu a premiação Excelência em Gestão Sindical. A diretoria esteve nas bases! O Encontro dos Madeireiros da gestão aconteceu em Itaúba com o objetivo de reunir, integrar e fortalecer o setor de base florestal do município.
Para Volkweis, uma das metas de sua gestão foi levar de forma descentralizada a atuação do sindicato. “Esse foi um dos nossos principais objetivos, fortalecendo a integração de informações e amizade”, enfatizou.
Ainda em 2019, o sindicato foi representado pelo diretor Gleisson Omar Tagliari na 55ª Conferência da ITTO – International Tropical Timber Organization, na África Ocidental, especificamente em Lomé, capital da República do Togo. Chega 2020 e a pandemia do Coronavírus trouxe insegurança para o país, preocupando o setor com as ameaças de uma crise econômica. No entanto, através de medidas de prevenção e biossegurança, as empresas associadas ao Sindusmad continuaram em funcionamento.
O Sindusmad distribuiu um total de 11 mil unidades de máscaras, atendendo as necessidades de cada colaborador das madeireiras associadas, e desta forma alcançando mais de 140 empresas de Sinop e região.
Um show de prêmios com mais de 40 itens e o leilão de duas cargas de toras foram promovidos em prol da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Sinop. A Campanha Biomassa do Amor, organizada Sindicato, em parceria com a Inpasa e a Vitale, arrecadou 3.582 metros estéreos de cavaco e lenha, o que resultou na doação de R$ 238.830,00, em prol do Hospital do Amor.
Pela ação, a Câmara Municipal de Sinop certificou o Sindusmad com uma Moção de Aplauso. No período, o Sindusmad fez também a entrega de R$ 30 mil para o Centro Social Menino Jesus. O montante foi resultado do leilão de três cargas de madeira e doações espontâneas que totalizaram R$ 100 mil.
Ah, neste período o Sindusmad recebeu o certificado de propriedade e de uso exclusivo da marca “Guardiões da Floresta”, na modalidade na marca de produto/serviço. O certificado é concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e tem validade de 10 anos. A marca “Guardiões da Floresta” remete ao setor de base florestal, o qual é o maior defensor da floresta em pé.
Um marco inédito! O Sindusmad alcançou 180 empresas associadas! A EAL Madeiras, no município de Itaúba, foi a 180ª associada.
FELIPE ANTONIOLLI – 11º Presidente (2023-2025)
“Ser presidente do Sindusmad quando ele faz 40 anos, sem dúvida, é motivo de alegria. É continuar o legado deixado pelos presidentes que já passaram por todos esses anos e relembrar todo o trabalho e os desafios que eles venceram para criar este sindicato e fortalecer o setor”.
Gratidão. Este é sentimento que o 11º presidente do Sindusmad, Felipe Antoniolli, abraça a entidade em suas quatro décadas. “É uma honra participar do maior sindicato patronal de base florestal do Brasil, representando 29 municípios e mais de 180 associados”.
Antoniolli destaca que participar deste ciclo é uma forma de retribuir ao setor tudo que ele proporcionou para sua família e para os associados de Sinop e região. Ele destaca que os desafios econômicos, tributários, políticos, setoriais e ambientais são enfrentados com muita responsabilidade por cada membro da diretoria. “São muitas competências tanto na diretoria unida, quanto no quadro de associados. É uma gestão participativa, com pessoas de excelência”.
Para o presidente, a grande problemática enfrentada pelo segmento atualmente é a recessão de mercado que está afetando diretamente aos empresários associados. Além disso, ele considera outra questão fundamental a ser combatida: a imagem imposta ao setor florestal. “Querem nos apresentar como vilões, quando na verdade somos os verdadeiros guardiões da floresta. Queremos continuar trabalhando com o manejo florestal sustentável e fomenta-lo, mostrando ao mundo que somos os verdadeiros guardiões da floresta e mantemos a floresta em pé”.
Sobre as metas do mandato, vê como primordial a continuidade ao trabalho realizado pelas diretorias anteriores, com a meta de estar junto ao associado e, mesmo em época de crise, lhes trazer tranquilidade. “Queremos levar suporte, entender as particularidades de cada associado, fazer visitas in loco, continuar com a capacitação da mão de obra, fomentar o uso da madeira nativa nos outros estados do país, incentivar a exportação, apresentar à sociedade a real necessidade do manejo florestal sustentável”, disse, ao concluir: “São várias metas e, com certeza, seremos cada vez mais agentes que se reinventam a cada novo desafio”.
1984
Valdir José Wagner

A EVOLUÇÃO DA PROPAGANDA NO COMÉRCIO
Catarinense de Saudades, Valdir José Wagner acompanhou a evolução na comunicação visual do comércio do Norte do Mato Grosso. Das simples pinturas de letreiros as mais modernas fachadas, a WH Comunicação Visual começou bem pequena e hoje tem grandes marcas como seus principais clientes
De ajudante na pintura de letreiros e fachadas a empresário no mercado de comunicação visual. Essa é a história de Valdir José Wagner, que nasceu em Saudades, no Oeste Catarinense, no dia 30 de maio de 1968. Ele é o mais velho de uma família brasileira de quatro irmãos com descendência alemã. Filho do caminhoneiro Leopoldo Wagner e da dona do lar Maria Wagner, Valdir começou a vender picolé, verduras e manga pelas ruas da cidade com apenas 12 anos. Depois, conseguiu emprego de ajudante de vidraçaria, onde ficou até os 16 anos.
Em 1984, o pai é convidado por um amigo para conhecer o interior do Mato Grosso. Arrumou um serviço em Sinop para fazer fossas sépticas na Mafasa. A primeira viagem foi bastante desconfortável: sentado em uma cadeira dentro da carroceria de um caminhão – algo que, nos dias de hoje, diante à fiscalização e o frenesi das rodovias, seria no mínimo perigoso. Pouco depois, ajeita outro emprego, dessa vez como o primeiro motorista de ônibus da Transinop. Decidido a ficar na cidade, retorna a Pinhalzinho, três meses antes de iniciar no novo trabalho, somente para buscar a família de caminhão.
Aos 16 anos de idade, Valdir pisa em Sinop pela primeira vez no dia 16 de setembro de 1984. O período ainda era de seca, prevendo as vultuosas chuvas que se afloram dali em diante. Mesmo assim, a viagem levou de quatro a cinco dias. Na época, a BR-163 era uma estrada de terra e havia muitos desvios. O estado de Mato Grosso crescia, junto com o movimento nas rodovias, o que exigia constantemente obras de infraestrutura.
Nos primeiros dias, Valdir se sentiu um tanto perdido. Afinal, leva-se um tempo para uma plena adaptação em uma nova região, especialmente com clima e pessoas tão diferentes dos que ele vivia em Santa Catarina. A experiência que adquiriu nos bicos foram fundamentais para que, com o trabalho, ele se distraísse e acumulasse uns trocados. Leopoldo, que já tinha alguns conhecidos na cidade, aproveita para indicar o filho em uma empresa de veículos. O proprietário, então, absorve o rapaz, que vai trabalhar de manobrista e lavador de carros.
Chegando naquele estabelecimento, entretanto, Leopoldo conheceu o pintor Osvaldo Shiguemoto. Talvez, outra vaga animasse mais o jovem Valdir. Shiguemoto coloca Valdir na garupa de uma moto e o leva a uma padaria. O homem havia riscado as letras que compõem o letreiro daquele ponto, e pergunta se Valdir saberia pintar. “As primeiras letras ficaram um pouco tremidas. Mas já no segundo serviço de pintura de letreiro, já fiz tudo sozinho, o que convenceu o pintor a me contratar”, conta.
Então, Valdir trabalhou dessa forma por cerca de três meses. Depois, passou a comissionado para Shiguemoto e ficou nessa condição por mais dois anos. Em 1986, inclusive, Valdir fez as faixas para a recepção do então presidente João Batista Figueiredo, que era venerado pelos sinopenses à época. “Respeito tinha não só porque ele era militar, mas porque trouxe a BR-163 e outras benfeitorias, e por isso Sinop foi em peso ver ele”, lembra.
Naquela época, aos sábados, o point dos mais jovens era a Avenida Governador Júlio Campos. Foi aí que, no final dos anos 80, Valdir conheceu Zenir Goularte Wagner, uma paranaense de Toledo, cuja família se mudara de Cuiabá para Sinop, aproveitando a boa produtividade da terra. Os pais de Zenir, porém, permaneceram pouco tempo em Sinop e logo retornaram para a Capital. Zenir e a irmãos, por outro lado, seguiram na cidade. Os jovens começaram a namorar e não demorou muito para se casarem. Entretanto, a semana que era para ser de celebração e felicidade, acaba se tornando uma coceira na cabeça de Valdir, que é demitido pelo então chefe. Determinado, ela decide: ‘agora, eu serei meu patrão’.
Um pequeno passo antes do grande empreendimento
Sem emprego fixo, Valdir então começou a trabalhar por conta. Nos primeiros serviços, ia até os clientes a pé. Depois, comprou uma bicicleta. Além da pintura de letreiros e fachadas, ele e a esposa começaram a fazer serviços pontuais de serigrafia, trabalhando às vezes até durante a madrugada. Ele também fazia uniformes e camisetas de promoção. “Na época de campanha [política] era muito bom, porque poucos faziam isso em Sinop, e a gente aproveitava para faturar nesse período”.
Aos poucos, Valdir foi ganhando a confiança dos clientes, todos comerciantes da cidade. Para performar sua credibilidade, batiza a empresa simplesmente como Valdir Pinturas. No início, os layouts, segundo ele, eram feitos ‘de cabeça’, sem muito planejamento prévio. Aos poucos, passou a desenhar a fachada para o cliente num papel, baseando-se em pesquisas de modelos que colhia através de livros e revistas.
Em 1990, Valdir compra o primeiro computador, com memória de 32k. Como não estava habituado à tecnologia, precisou fazer aulas para aprender como manuseá-lo. Pouco tempo depois, adquire a primeira impressora. Era ele próprio, inclusive, quem ficava até de madrugada imprimindo as cópias. Naquele mesmo ano, o irmão começa a trabalhar com ele na empresa, onde ficaria até 2021.
Na época em que fazia letreiros, Valdir e um funcionário foram à cidade de Vera executar um serviço em um supermercado em uma Quinta-Feira Santa. Como não tinha carro na época, o pintor pediu carona ao colaborador. Entretanto, Amauri não quis leva-lo de volta, pois queria que o patrão fosse com ele fazer um letreiro em um mercado no município de Feliz Natal no dia seguinte. Valdir não queria ir, pois tinha prometido passar o feriado de Sexta-Feira Santa com a família. Então, ele decide ir embora em um caminhão de entrega. “Mas no meio do caminho, à noite, o caminhão atolou. Então, de qualquer forma acabei não trabalhando na Sexta-Feira Santa”, lembra Valdir, que até hoje ri da situação.
No início dos anos 90, o ramo de atuação de Valdir ia se diversificando. Os letreiros para o comércio se ampliaram para as competições de motocross, eventos que atraiam centenas de pessoas. Para a disputa de um desses torneios, certa vez, chegaram alguns ônibus em Sinop com letreiros diferentes. Ele, então, se interessou pela novidade e perguntou para um piloto, Cássio Garcia, onde haviam sido feitos os letreiros daqueles ônibus. Assim, descobriu que os adesivos plotados eram produzidos por uma empresa de Florianópolis (SC).
Mais alguns anos se passam até Valdir Wagner conseguir comprar um computador. Nesse ínterim, ele também desejava adquirir a máquina de plotagem. Para viabilizar o negócio, abre sociedade com o empresário Neudi Hoffmann. Então, a Valdir Pinturas muda o nome para WH Arte Visual – cujas letras fazem alusão aos sobrenomes dos sócios. A WH inicia fazendo os letreiros de uma frota de caminhões.
A parceria com Hoffmann dura apenas dois, mas o nome permanece. O sócio já possuía outras empresas em diferentes ramos, como imobiliária e construtora, em Novo Progresso (PA), acabou saindo do negócio.
Mesmo após a saída de Hoffmann, em 1992, Valdir manteve o nome WH, que já estava conhecido na região. Como precisava fazer banners, decidiu pela compra de máquinas de impressão digital, as primeiras a chegarem em Sinop. Naquele período, a WH Arte Visual, que estava localizada na rua das Nogueiras, já estava consolidada no mercado. Durante as eleições municipais daquele ano, as máquinas da WH eram as únicas da cidade que faziam a impressão digital de adesivos de propaganda política.
No dia 22 de dezembro de 1992, nasce o primogênito de Valdir e Zenir: Eduardo Cristian Wagner. Nessa época, Valdir já trabalhava sozinho. Locomovia-se de bicicleta para pintar, fazia placas, letreiros e fachadas. Conseguia fiado junto a Setembrino e Dalton Martini latas de tinta de 225 ml e um pincel. Feito o serviço, voltava às lojas e os pagava. Assim, foi fazendo vários serviços e contrata um ajudante.
Em 27 de fevereiro de 1997, nasce Rafael Henrique Wagner, o segundo filho do casal. No mesmo ano, Valdir queria investir na plotagem de recorte e pede a opinião do amigo e cliente Edilson Macedo, da JMD Urbanismo, que o incentivou. “Ele passou pra mim os caminhões do Caiçara para eu fazer os letreiros. O Aguineu, da Petro Campo, também me ajudou muito nessa época. Foi aí que começamos a fazer plotagens”, conta ele, que acaba se tornando o precursor da plotagem de recorte na região Norte do Mato Grosso.
No ano seguinte, a WH também se torna a pioneira em impressão de banner na região, quando adquiriram a CROMA (Impressão de Banner à Base d´Água). Em 1999, nasce o terceiro filho de Valdir, Daniel Alexandre Wagner, em 27 de julho.
Além da família, a WH Arte Visual também continua crescendo, e em 2000 a empresa compra a máquina DGI, que fazia impressão solvente para grandes formatos.
Em 2001, Valdir contrata Eliane para ser sua secretária, que está até hoje no quadro de funcionários. Aliás, essa é uma das satisfações do empresário ter colaboradores tão longínquos. Segundo Valdir, cerca de 60% de seus funcionários trabalham na empresa há mais de 15 anos. “O pessoal mais antigo aconselha os mais novos a não sair [da empresa]. Isso é raro atualmente no mercado”, ressalta.
Valdir, então, começou a se interessar pelo investimento em outras áreas. Em 2009, conseguiu uma representação da Rotoplast, empresa de climatizadores evaporativos e repassou os cuidados para seu cunhado, Adriano Paiva.
Já no ano seguinte, a WH Arte Visual muda o nome para WH Comunicação Visual para ‘se adequar aos novos tempos’. Nesse meio tempo, eles continuaram se destacando durante os períodos eleitorais. “As eleições ajudaram muito a gente crescer. Conforme a cidade foi mudando, a gente viu a necessidade de abrir uma serralheria junto. Até então, era só fachada, letreiro que a gente fazia”, lembra Valdir.
Devido a essa necessidade, Valdir resolve abrir uma serralheria associada à WH Comunicação Visual, junto com o empresário Júlio Gasques. Então, a empresa muda de endereço para a Rua dos Manacás. Porém, após dois anos, Júlio deixa a sociedade. Para lhe ajudar na administração da empresa, então, Valdir traz a irmã Marisete para cuidar do departamento financeiro. “A sede permaneceu por 18 anos no centro da cidade e ficou por 17 anos na [rua dos] Manacás, tendo permanecido um pequeno período em ambas”, conta Valdir.
Em 2019, a WH Comunicação Visual muda toda a sua estrutura para um lugar maior, na Avenida Abel Dal Bosco. Dois anos depois, já formado em Psicologia, Eduardo Wagner, filho mais velho de Valdir, passa a trabalhar na empresa com o pai. Logo após se formar, o primogênito havia residido em Portugal para cursar mestrado em Antropologia. Depois, retorna ao Brasil para desenvolver a pesquisa antropológica. A princípio, seu plano era retornar para a Europa. Porém, a pandemia da Covid-19 muda os planos e ele é chamado para atender em unidades hospitalares.
Enquanto Eduardo trabalha na WH ao lado do pai, Rafael é engenheiro mecânico, formado pela UFMT de Rondonópolis. Já o filho caçula, Daniel, é médico formado há um ano e também mora em Sinop.
Com mais de 30 anos no mercado, a WH já conta com uma grande carteira de clientes. “Tem época do ano em que se vende pouco, até março. Mas como a gente tem uma carteira (de clientes) de muitos anos, nunca faltou serviço”, explica Valdir.
Dentre os clientes mais importantes estão a rede de lojas Martinello, há mais de 20 anos, a JMD Urbanismo, a Chevrolet Vianorte, o Machado Supermercados e a Dipagro. “Há bastante rotatividade, mas nós temos clientes permanentes. Outros, fazem serviços pontuais e, algum tempo depois, retornam com a gente”, afirma Valdir.
Além desses clientes, o empresário explica que há outros que procuram a WH com mais frequência, principalmente para a colocação de outdoors. “São os clientes que contratam os promocionais, como é o caso dos outdoors. Esses são clientes quinzenais, mensais, trimestrais, semestrais, anuais”. Valdir lembra que foi ele quem trouxe o primeiro painel digital para Sinop.
Aliás, os outdoors produzidos pela WH são comercializados no modelo de painéis, mídias que oferecem espaço para um anunciante no mesmo ponto. Segundo Eduardo, os outdoors têm uma vantagem importante em relação à propaganda nas mídias sociais. “Como a mídia digital já está saturada, o outdoor sai desse espaço e é algo concreto que está ali à mostra, sem muita concorrência”, afirma.
A WH Comunicação Visual, em mais de três décadas, já executou serviços em 13 estados brasileiros e em mais de mil cidades no território nacional. A WH tem em seu portifólio, por exemplo, o pórtico do Hamoa Resort Residencial Rio Verde (GO); o pórtico e a parte interna do condomínio Alameda das Cores Residencial Sinop; a fachada em volta de um posto de saúde em Nova Mutum. “Os serviços maiores fazemos todos por indicação”, diz Valdir.
Embora já seja conhecido em toda a região e até em outros cantos do Brasil, Valdir demonstra gratidão por Sinop. “Nunca vi uma cidade melhor do que aqui. Tem algumas parecidas, como Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum. Mas Sinop tem um diferencial bem grande das outras, é a mais miscigenada de pessoas, de cultura. Chegamos em outras cidades até pela nossa procedência, mas é difícil. Porém, quando os clientes confiam e te indicam, facilita muito”, ressalta Valdir.
Em relação ao futuro de Sinop, Valdir aposta na força do povo para que a cidade continue prosperando e torce pela vinda de novas indústrias. “Nos anos anteriores, todo mundo esperava que Sinop fosse quebrar. Mas, independentemente da administração, seja municipal, estadual ou federal, o povo daqui é forte e batalhador. Por outro lado, precisamos de mais empresas grandes, indústrias para agregar ainda mais o valor, e que os funcionários consigam salários melhores pra atrair mais gente qualificada pra cá”, conclui ele, que sempre buscou a valorizar os profissionais que estão há mais tempo em sua empresa.
São reflexões de quem, do simples ao sofisticado, mudou a paisagem da cidade através dos letreiros.
1984
Paulo Cezar de Oliveira

DESBRAVANDO O NORTÃO COM UNHAS E DENTES
Como um leão, Paulinho apostou na garra e na perseverança para conquistar o seu território e ao mesmo tempo formar seu bando. Esse corretor de imóveis, que também é um artífice dos bastidores da política, descobriu que o segredo do progresso está em agregar
“As pessoas costumam dizer, quando saem de casa para trabalhar, que precisam matar um leão por dia e deixar outro amarrado para o dia seguinte. Eu não. Eu saio de casa porque tenho meus leões para tratar”. A fala é do corretor de imóveis, proprietário e fundador da Vileal Imóveis, Paulo Cezar de Oliveira.
O ditado popular, de matar um leão por dia, é uma analogia ao esforço diário que uma vida próspera exige. Mas Paulinho não quer a extinção dos leões, e sim a conservação. A frase do empresário remete aos dois grandes felinos, estampados na fachada da imobiliária, e também espalhados em quadros e referências dentro do seu negócio. O animal, explica ele, foi adotado como marca em razão da garra em lutar e da perseverança que o leão representa. “Nasci em agosto, então sou do signo de Leão. Além disso, sou evangélico e de uma família evangélica, então a simbologia do Leão de Judá sempre foi algo marcante desde minha infância”, comenta o empresário. O Novo Testamento, mais especificamente no livro de Apocalipse, refere-se a Jesus como o Leão de Judá.
Mas para que o peso e a imponência dos leões dourados da Vileal não sejam confundidos como uma expressão de soberba, e sim uma celebração de vitória, é preciso entender a história do começo.
Filho de Jandir José de Oliveira e Maria da Luz Marques de Oliveira, e irmão do meio do mais velho Marcelo Horácio de Oliveira e do caçula Edson Luiz de Oliveira, Paulo Cezar nasceu em 5 de agosto de 1975, em São Lourenço do Oeste, uma pequena cidade no Oeste de Santa Catarina. Seu pai trabalhava com caminhão e operando trator. Sua mãe dona de casa vinha de uma família de agricultores. Quando tinha apenas 2 anos de idade, sua família cruzou a divisa, indo morar em Pato Branco, no Paraná. Seu pai havia recebido uma proposta de emprego na madeireira que pertencia a Eurides Ceni – sim, o pai do famoso ex-goleiro do São Paulo.
Por 3 anos, o pai de Paulinho trabalhou com a extração e transporte de madeira no Paraná. Vendo que as matas da região estavam cada vez menos abundantes, Eurides compra uma grande área de terra no Norte de Mato Grosso, no vilarejo batizado de Santa Carmem. O madeireiro pergunta aos seus funcionários quem gostaria de tentar a sorte nesse novo chão.
Em 1980, dentro de um caminhão que transportava madeira, membros de 6 famílias diferentes deixavam o Paraná dispostos a desbravar o Norte de Mato Grosso. Debaixo da lona que cobriam a carroceria estavam algumas ferramentas, um pouco de mobília, comida e água para a viagem, além de Paulinho, sua mãe e mais dois irmãos. “Antes de sair fizeram um monte de carne na lata, frita e conservada na banha, para a viagem. Quando passávamos por um posto da polícia, tínhamos que nos esconder. De Cuiabá pra frente parávamos na beira da estrada para cozinhar e dormir. Foram 5 dias de viagem”, lembra Paulinho.
Na época, o acesso era pela cidade de Vera, preferida no projeto da Colonizadora. Era preciso passar por Vera para chegar em Santa Carmem e depois em Sinop. Quando desembarcaram na fazenda de Eurides, havia apenas uma casa, que era do mateiro que estava demarcando a propriedade, além de umas 10 ou 12 vacas.
Nos primeiros 30 dias a família morou no caminhão. Os homens que estavam na comitiva iam serrando as madeiras do mato, fazendo tábuas e então construindo as casas. A primeira a ficar pronta foi a da sua mãe, que cozinhava para todos. Ferramentas, pregos e mantimentos chegavam até eles através dos caminhões, que viajavam carregados de tora para abastecer as serrarias em Sinop e também no Paraná, de onde voltavam com os insumos. O comércio local era minúsculo.
O assentamento se estabeleceu com umas 10 casas. Uma escola foi montada na fazenda. Na mesma sala de aula, 3 séries diferentes recebiam o ensino de forma simultânea. “A professora dividia a lousa em 3 partes”, comenta Paulinho. O acesso a frutas e verduras melhorou quando diversos sitiantes começaram a se estabelecer na região, motivados pela Sinop Agroquímica, uma indústria de etanol produzido a partir da mandioca. Ainda menino, Paulinho ia ajudar os sitiantes a colher mandioca e carregar os caminhões, na unha, quase como um boia fria, para ganhar um trocado. “A gente ouvia o caminhão chegando a uns 15 quilômetros de distância. Eram uns brutos, barulhentos, movidos a álcool”, ri o empresário.
Com o plano nacional de “Integrar para não entregar”, implantado pelo regime militar para ocupar a Amazônia Legal, o Exército começou a abrir a BR-163, deixando Vera fora do eixo e atravessando Sinop ao meio, passando pela frente da Agroquímica. Essa mudança na logística fez com que a atividade madeireira fosse “mais forte” em Sinop. Com uma proposta para trabalhar na Madenorte, sua família se mudou para cidade no ano de 1984. O pai trabalhava na indústria e a família morava em uma das casas junto à madeireira. Tempos depois se mudaram para Madeireira Coimal, onde viveram por 8 anos.
Menino na cidade, Paulinho tentou encontrar uma forma de ganhar um dinheiro. Começou vendendo picolé, mas o lucro de uma tarde de serviço mal bancava os dois gelados que chupava. Então pediu para sua mãe fazer salgados, que eram levados em uma caixa, junto com o carrinho. Depois de um tempo, agregou ao seu “negócio” uma caixa de engraxate.
O “mix” tinha um propósito: se adequar ao mercado. Paulinho conta que na época as pessoas não tinham dinheiro, propriamente dito, então vender de casa em casa não dava resultado. Quem tinha algum dinheiro eram os caminhoneiros que estavam de passagem. Mas muita gente tinha “orelha de jegue”.
A orelha de jegue nada mais era do que vales e contravales, que acabavam funcionando no comércio local como uma moeda paralela. Tudo começava com uma empresa grande, como uma madeireira, que emitia uma promissória – um vale – para um funcionário. Essa pessoa ia até o mercado e gastava uma parte. O troco vinha como uma “orelha de jegue”, um contravale agora emitido pelo supermercado. Então, o sujeito pegava a orelha e conseguia gastar em outro lugar. Se sobrasse um valor, uma nova orelha era emitida por esse comércio. Esses vales eram aceitos desde a loja de roupa até a oficina. Dava inclusive para pagar o ingresso do baile e as cervejas com uma orelha. Talvez até o dízimo. “Só com o picolé era difícil receber com orelha de jegue, porque não tinha como dar um vale de volta. Então eu oferecia o salgado, a engraxada no sapato e o picolé. Então a pessoa comprava um salgado para ela e para alguém que tivesse perto, dava um picolé pra molecada e engraxava a bota, até dar o valor do vale”, comenta Paulinho.
Com as “orelhas de jegue”, Paulinho conseguia fazer dinheiro e comprar suas coisinhas. Na época ele estudava na Escola Olímpio João Pissinatti Guerra, no antigo bairro operário, agora chamado de Jardim Primaveras. “Alguns colegas da escola ficavam tirando sarro, me chamando de picolezeiro. Mas quando chegava a hora do lanche, eu tinha um dinheirinho para comer na cantina, tomar um refrigerante. Aí eles vinham me pedir um pouco. Eu falava: ‘quer? Vai vender picolé’”, lembra Paulinho em tom divertido.
Quando tinha 14 anos de idade conseguiu seu primeiro emprego formal, em uma metalúrgica que pertencia a Ivo Rosanelli. A empresa fabricava principalmente exaustores para indústrias madeireiras. Ele conciliava o trabalho com os estudos e foi nos corredores da Escola Pissinatti que conheceu a companheira da sua vida.
Silvia Villar Borges tinha 14 anos quando começou a namorar com Paulinho, que tinha 16 para 17. Suas histórias eram bastante parecidas. Sua família havia saído de Palotina, no interior do Paraná, quando tinha apenas um ano de idade. Família humilde, de trabalhadores, que também buscaram no Mato Grosso um futuro melhor. Depois de 4 anos eles se casaram.
Nesse tempo, Paulinho havia saído da metalúrgica para servir o Tiro de Guerra. Era a primeira turma arregimentada pelo grupamento do Exército, que na época não tinha nem sede própria. As atividades do TG eram junto ao “colégio dos padres”, da Paróquia São Camilo, onde hoje funciona um colégio privado, o Regina Pacis. Quando não estava de farda, Paulinho segurava o escudo de solda, trabalhando como soldador na empresa de balsas de navegação Nova Fronteira, de propriedade do finado Valdir Dorner, sócio de Roberto Dorner, hoje prefeito de Sinop.
Foi nesse ano, mas não ali, que Paulinho começou a colocar um pé na política. O interesse já havia sido despertado antes. Quando ainda nem tinha título de eleitor, um vizinho, o professor Gilmar Machado, se candidatou a vereador e passou na sua casa pedindo apoio. Espontaneamente, Paulinho saiu espalhando cartazes e santinhos do candidato, a troco de nada, por pura boa vontade.
Mas, em 1996, ele fez parte da equipe de campanha do então candidato a prefeito, Adenir Barbosa, que tentava voltar para a Prefeitura após seu primeiro mandato, entre os anos de 1989 e 1992. Elpídio Moretti, um advogado que presidiu a OAB de Sinop, também era proprietário da Imobiliária Vila Rica. Com desejo de ser vereador, Moretti fez uma contratação dupla: chamou Paulinho para trabalhar na imobiliária e para fazer a sua campanha. Começava nesse momento a jornada como corretor imobiliário – com dois “leões” para cuidar: vender lote e conseguir voto, tanto para o advogado, quanto para o médico que queria ser prefeito novamente. A campanha foi vitoriosa, ambos foram eleitos. Após a posse, Adenir chamou Paulinho para sua equipe de governo, exercendo a função de instrutor da Guarda Mirim.
A Guarda Mirim era um programa da Prefeitura, voltado para amparar jovens e adolescentes, com o objetivo de promover atividades que dessem alguma ocupação aos estudantes no contraturno da escola, evitando que os menores ficassem na rua. O básico eram as instruções de Ordem Cívica, como cantar o hino, hastear a bandeira e fazer a ordem unidade militar. Mas também havia cursos profissionalizantes, palestras, fanfarra e atividades esportivas, além de um programa de inserção no mercado de trabalho. Era uma época em que quase toda empresa tinha um “office-boy”, para fazer a correria de bancos, pagamentos e recebimentos. A Prefeitura e a Câmara intermediavam a contratação e a empresa recebia um jovem, fardado tipo militar, para trabalhar na sua equipe. Este trabalho se dava em conjunto com Rotary Club e Lions Club, formados por diretorias e presidente da Guarda Mirim, o qual ofereciam suporte jurídico, psicológico, alimentação, palestras, e cursos aos jovens mirins, além de parceria com a Secretaria de Ação Social, Conselho Tutelar e Polícia Militar. Os meninos que mais se destacavam nos estudos disciplina, educação, e comprometimento com a entidade eram enviados para entrevistas nas empresas e órgãos públicos. “Chegamos a ter 120 alunos da Guarda Mirim empregados, fora os que participavam das outras atividades. Vários empresários e pessoas de destaque da cidade hoje passaram pela Guarda Mirim e isso nos dá bastante felicidade e orgulho”, pontua Paulinho.
Foi na época que atuava como instrutor da Guarda, no ano de 1997, que nasceu seu primeiro filho, Lucas Borges de Oliveira. O mandato de Adenir terminou, e com ele a Guarda Mirim. A política já havia aberto a porta do mercado imobiliário para Paulinho, que trabalhou na Dias Imobiliária, nome dado para a Vila Rica após Moretti vender a empresa.
Em um desses hiatos, entre um trabalho e outro, Tião, um amigo de Paulinho, o chamou para ajudar a montar uma fábrica de calhas, na cidade de Cláudia. A ideia era ficar uns 30 dias. “Eu ficava na casa do Tião, mas não queria atrapalhar o convívio dele com a esposa e as duas crianças. Então saí uma noite para comer alguma coisa e não encontrei nenhum lugar vendendo lanche. Decidi que iria abrir um”, conta Paulinho.
Ele voltou para Sinop e comprou um desses carrinhos de lanche. A pequena venda começou oferecendo cachorro-quente, xis e pipoca de micro-ondas – que virou uma febre. O nome dado foi Paulinho Lanches, mas depois o negócio teve que ser rebatizado. “Fui contratar um cara para trabalhar na lanchonete, um sujeito muito simples, e ele me perguntou: ‘eu vou poder comer lanche?’ Eu disse que daria um lanche e um refrigerante por noite, além da diária. Ele era magrinho, mas comia tanto, que eu dizia que o bucho dele ia até a canela. Comecei a chamar ele de buchudo e pegou. Logo, o pessoal que ia na lanchonete dizia: ‘vamos lá no Buchudo’. Tive que mudar o nome”, diverte-se Paulinho.
Depois de 4 meses, a agora rebatizada “Buxudo Lanches” – com X mesmo – estava vendendo mais de 1,5 mil lanches no final de semana. Silvia, sua esposa, estava trabalhando no Palácio dos Esportes e pediu demissão para se mudar para Cláudia. A nova residência da família foi comprada em troca de uma moto. “O negócio foi bem, cresceu e depois de um ano abri mais um carrinho de lanche em Sinop, no Jardim Primaveras”, explica Paulinho.
Foi nessa época, no ano de 2001, que nasceu a filha do casal, Luana Borges de Oliveira. Paulinho intercalava o negócio do lanche com sua atividade como corretor. Na época da política, voltava a ser recrutado. Em 2002, ele foi chamado para fazer a campanha do Garotinho, um vereador de Sinop, empresário do setor madeireiro, que estava concorrendo a deputado federal.
O lanche de Cláudia acabou sendo vendido e o de Sinop fechado. Buscando novas fronteiras, abriu um negócio em Juara. Em um ponto bom da cidade, com um prédio bem vistoso, ele montou o Buxudo Lanches. Paulinho teve um curto tempo como “estrangeiro” em Juara. Começou a se relacionar com a comunidade no seu entorno. Comprava seus insumos com os fornecedores locais, convidando-os para comer seu lanche. Participava dos eventos, até mesmo na tribo indígena local. Essa amizade lhe rendeu um fornecimento de peixes que usou para começar a servir caldos. “Do lado da lanchonete tinha um mototáxi. Eu fui conversar com eles e propor que fizessem uma parceria, entregando os lanches que o pessoal pedia, já avisando o cliente que teria que dar a parte do moto-boy”, conta Paulinho, que acabou emulando no início dos anos 2000 o que hoje a gente vê sendo amplamente utilizado por aplicativos como o iFood.
O Buxudo fez jus ao nome e ficou enorme. Grande o suficiente para deixar o concorrente vazio. O comércio do outro lado da rua era tocado pelo filho de um empresário local, que chegou para Paulinho e fez uma proposta de compra. “Eu não queria vender. Mas ele apenas me pediu para dar um preço”, comenta. Além do dinheiro, a proposta tinha uma condição: ficar 3 meses ensinando o filho a como fazer o negócio dar certo.
Acabava ali a vida de chapeiro. Paulinho vendeu o negócio e voltou para Sinop, se dedicando à profissão de corretor na Dias Imobiliária. Depois, chegou à Colonizadora Sinop, empresa que fundou a cidade e que ostentava o posto de melhor lugar para um corretor trabalhar. “Eu estava trabalhando na Colonizadora quando chegou o Ademir Brunetto perguntando de mim. Ele chegou e disse que queria me contratar, falando para eu dar um valor. Nós combinamos um valor, acima do que eu recebia na época, apertamos as mãos e começamos o projeto”, relembra Paulinho.
A proposta de Brunetto foi similar àquela que recebeu de Moretti. Brunetto tinha negócios agropecuários, queria penetrar no mercado imobiliário de Sinop e sua aspiração era concorrer a deputado estadual. Paulinho seria o seu “coringa”, jogando nas duas posições. E se fortalecendo em ambas.
Depois do ciclo com Brunetto, Paulinho voltou para Colonizadora Sinop e teve uma passagem pela Gralha Azul Imobiliária. Foi acumulando patrimônio com terrenos e também clientes. Ele possuía uns 10 imóveis alugados e uma vasta carteira de clientes que pediam para que abrisse uma imobiliária para cuidar das locações. De forma natural, Paulinho viu sua empresa nascendo antes mesmo do CNPJ ser emitido. No ano de 2015, ele funda a Vileal Imóveis. “Vendi quase tudo o que tinha para montar a empresa e não me arrependo. Quando decidimos fazer o prédio, vendi meu carro, depois outro, e no fim estávamos eu e minha esposa andando de Biz. Todo sacrifício valeu a pena”, argumenta Paulinho.
A fachada do imponente imóvel localizado na Avenida das Itaúbas recebeu os dois leões – símbolo muito parecido ao que o casal usava quando fazia o Ministério do Teatro, um grupo da igreja evangélica que encenava parábolas bíblicas para comunidade. A sede ficou pronta no final de 2019, início de 2020, o que acabou impedindo uma grande festa de inauguração em função da pandemia. Mas isso não atrapalhou o sucesso da empresa, que já estava com uma sólida carteira de clientes e sendo importante na comercialização de grandes empreendimentos imobiliários da cidade de Sinop.
Paulinho se tornou Perito Imobiliário e depois, em setembro de 2023, Delegado Regional do CRECI (Conselho Regional de Corretores de Imóveis). “Eu acredito que a função de um delegado do CRECI é ajudar a fortalecer a categoria, a fazer o segmento se desenvolver porque assim a cidade avança também. Hoje, Sinop tem mais de 1,3 mil corretores ativos trabalhando. É uma categoria expressiva que precisa ser representada pela sua entidade de classe e respeitada pela importância que tem na sociedade. Tudo de progresso em uma cidade passa pelo mercado imobiliário, ou seja, pela mão de um corretor”, defende Paulinho.
A Vileal acabou absorvendo seus dois filhos, que trabalham ativamente na empresa. Lucas administra a parte de comunicação e publicidade da imobiliária. Luana, a parte de locações. Silvia, sua grande paixão, companheira e sócio, é a atual secretária de Administração da Prefeitura de Sinop – faz mais de 15 anos que ela trabalha no Paço Municipal, apesar das trocas de gestão em diferentes grupos políticos. “É muito respeitada e conhecida como uma funcionária pública exemplar”, destaca Paulinho.
E por falar em política, Paulinho nunca deixou de exercitar esse seu lado. Ao longo dos últimos anos trabalhou nas campanhas de Antônio Contini e Juarez Costa (nos dois mandatos para prefeito deste); na eleição de Silvano Amaral como deputado estadual; de Rosana Martinelli para prefeita de Sinop; e, em 2020, para Roberto Dorner, seu antigo patrão e atual prefeito. Todos projetos eleitoralmente exitosos. “Já ouvi algumas pessoas perguntando em que lado [da política] eu vou estar, porque é o que vai ganhar”, brinca Paulinho.
O empresário costuma dizer que trata a campanha política como uma “Copa do Mundo”. Uma vez encerrada a disputa para ver quem vence, terminam as rivalidades e começa o momento de construir e agregar, de forma coletiva. Ele também acredita que, para o político, a campanha é o momento em que o candidato se aproxima da comunidade, mas quem faz política deve se manter constantemente em contato. “Eu estou sempre em contato com as pessoas da nossa comunidade. Participo das festividades, dos eventos esportivos, das ações comunitárias... estou junto quando elas precisam pedir uma melhoria para seu bairro ao Poder Público. Então, quando chega a campanha, é natural que essas pessoas queiram ajudar”, ressalta o empresário.
Dessa forma, Paulinho conseguiu agregar em torno de si uma “base política” que independe de partido. O segredo, explica, é pensar que o ciclo não termina quando o candidato é eleito, apenas recomeça, gerando uma ação de retribuição. “Quando a política não servir para melhorar a comunidade, eu paro de fazer”, afirma.
“Hoje remeto a lembrança de um passado recente, onde na batalha da sobrevivência e visão empreendedora de um futuro melhor para nós e para nossa geração, tivemos alegrias e tristezas, conquistas e perdas. Em Sinop, cresci, casei, formei família, fiz amigos e sinto que contribuímos para gerar empregos e realizar sonhos”, rememora Paulinho, que completa os agradecimentos: “Tenho agradecimentos especiais a fazer, como à Câmara de Sinop, especialmente ao vereador Adenilson Rocha, por conceder o Título de Cidadão Sinopense; à Assembleia Legislativa, especialmente ao deputado Valdir Barranco, pelo Título de Cidadão Mato-grossense, duas das maiores honras que podemos receber pelos serviços prestados à nossa cidade”.
O sentimento que move essa ideia não é hipócrita ou ufanista. No cerne dessa questão está um sinopense que amassou o barro, viveu as agruras dessa cidade ao longo do tempo e que acredita que as oportunidades que Sinop oferece hoje devem estar ao alcance daqueles que batalharam para construir. “Na hora de beber água limpa quem vai tomar é alguém que não amassou o barro? Sinop hoje tem tudo, é uma cidade com qualidade de vida, oportunidade de progresso, com uma economia rica e que não para de crescer. Considero a minha cidade, o lugar que eu ajudei a construir, assim como muitos outros. O desafio dos pioneiros que abriram essa terra agora é preparar os seus filhos para que eles estudem e evoluam, porque Sinop vai ser cada vez mais cobiçada por pessoas de todo Brasil e do mundo”, provoca o empresário.
Há um pouco de espírito do Leão nessa filosofia de Paulinho: defender o território, agregar o bando e lutar com garra, de preferência com o rugido afetuoso de um vendedor.
1984
Segunda visita do presidente João Figueiredo

INAUGURAÇÕES
-
Sinop recebe a segunda visita do presidente João Batista Figueiredo, que veio participar das solenidades de inauguração do asfalto da BR-163, trecho Sinop – Posto Gil
-
Outro evento importante foi a realização da 1ª Exposição Feira de Sinop – EXPONOP, na área do antigo estádio municipal de futebol, onde atualmente se encontram as instalações SENAI e do SINDUSMAD
-
Neste ano, foi instalada em Sinop a Delegacia Regional de Educação e Cultura, órgão do Estado que passou a atender vários Municípios do Norte de Mato Grosso. O primeiro delegado foi Luiz Erardi Ferreira dos Santos
-
Em 1984, Sinop comemora 10 anos de fundação, com um desfile cívico, realizado na Avenida dos Mognos (atual Gov. Júlio Campos)