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1992
Marcelino Wrzsciz

TRILHANDO O CAMINHO SOB CONTROLLE
Vindo de uma família humilde, que lavrou a terra no Sul do país para a própria subsistência, Marcelino entendeu desde muito cedo que o trabalho seria a única maneira para prosperar. Está na labuta desde os 12 anos de idade, estudou e trabalhou muito – até quase ver o sol nascer, às vezes, e encontrou na contabilidade o rumo certo para construir sua história
As primeiras décadas de Sinop são marcadas por gente que veio construir, tanto suas vidas quanto uma cidade. A busca por melhores condições era o principal motivador para arrastar pais, mães e filhos, oriundos em sua maioria do Sul do país, para regiões em expansão país afora. Aqui, iniciaram praticamente do zero, e hoje são reconhecidos pelo trabalho prestado em suas empresas e seus lares.
Marcelino Leocadio Wrzsciz é um desses personagens, que veio de família humilde e precisou ralar muito, desde muito cedo, para hoje poder se orgulhar do que construiu. Nascido no dia 19 de junho de 1982, em Francisco Beltrão, no Paraná, é o segundo dos três filhos de Manoel Wrzsciz e Melânia Maleski Wrzsciz. Moravam em uma pequena chácara, de aproximadamente 3 alqueires, onde plantavam e tiravam leite das poucas vacas existentes na propriedade. As dificuldades não eram notadas por Marcelino, mas a família nunca passou necessidades. Ainda no Sul, Marcelino e o irmão mais velho, Marcos Antônio, iniciaram os estudos, mas a continuidade ainda seria bem longe dali.
Buscando alternativas para prosperar, Manoel decidiu levar a família, anos depois, para o estado de Rondônia, onde lá permaneceram morando por pouco mais de um ano. Marcelino conta que tem pouca – quase nenhuma – recordação de lá. O Mato Grosso, anteriormente ‘pulado’ pelos Wrzsciz, entrou no radar quando o pai de Marcelino visitou uma cunhada (irmã de sua mãe), que residia em Sinop. “Ele veio passear e até acabou achando trabalho, ficando por aqui uns dias. Ele trabalhava cortando madeira, achou a cidade interessante e foi nos buscar”, conta.
Em meados de 1992, Marcelino chega em uma Sinop ainda em formação, com muito mato alto, inúmeras ruas de terra – que significa pó na seca e lama na chuva. Com ‘uma mão na frente e outra atrás’, a primeira residência da família foi de favor na casa da tia, localizada no Jardim Imperial, aos fundos da UNEMAT. Mas essa estadia durou apenas alguns dias. “Meus pais conseguiram emprego num sítio na comunidade Branca de Neve e a gente foi morar lá”.
No local, a família repetiu o que fazia no Paraná. Mas pelo menos, agora, os irmãos tinham condições para estudar. Essa era a primeira conquista em solo mato-grossense. “Íamos para a escola a cavalo, ela ficava distante uns seis quilômetros de casa. E para nós tudo era diversão”.
Por estar ‘atrasado’ em relação à média, Marcelino ingressou na antiga 1ª série com 9 anos de idade, e estudou em uma sala de aula onde alunos de outras turmas aprendiam todos juntos – eram quatro fileiras de cadeiras, cada fileira era uma série –, com uma só professora. Mas o sentimento de pertencimento àquela comunidade já aflorava naquele menino do sítio. “A gente limpava a escola, ajudava a fazer o lanche, era tudo muito bacana – e algo impensável nos dias atuais”.
A família permaneceu pouco mais de um ano na Branca de Neve, até que os pais encontram uma casa no centro da cidade. Marcelino então cursou até a 5ª série na Escola Ênio Pipino, mais próxima de casa; depois, foi para a Escola Osvaldo Paula para estudar até a 8ª; na Escola Nilza de Oliveira Pipino concluiu o ensino médio. Nessa época, começou a trabalhar quando tinha entre 11 e 12 anos de idade. A situação continuava no limite, e os filhos precisaram ajudar a trazer dinheiro. “Eu entendia o que estava acontecendo, era consciente da necessidade. Aí foi quando comecei a vender picolé na rua. Fiquei nessa atividade por quase um ano”.
Marcelino abdicou de uma adolescência normal. Ele e o irmão arrumaram trabalho em uma pizzaria – o primeiro estabelecimento comercial fixado na Praça Plínio Callegaro. As proprietárias eram filhas do dono do sítio em que a família conseguiu seu primeiro emprego em Sinop. Começou à beira da pia, lavando pratos e panelas, mas o conhecimento que tinha atrás de um fogão seria primordial. “Certo dia, a cozinheira faltou e eu assumi o posto. Fiquei ali por oito anos, aprendi a preparar porções, pizzas, à la carte. Trabalhava à noite e estudava durante o dia, não era fácil conciliar. Eu via meus amigos brincando, crescendo e sendo adolescentes que fazem coisas de adolescente, mas nós precisávamos trabalhar. Eu não reclamo, pois foi isso que me fez maduro desde muito cedo”, reflete Marcelino.
A rotina na pizzaria ia até próximo da meia-noite. Em alguns períodos, Marcelino estudou na parte da tarde, mas quando era necessário ir para a turma matutina, o cansaço pesava. Além disso, a madrugada na Sinop dos anos 90 ainda assustava aquele garoto, que evitava pedalar sozinho de volta para casa. “Às vezes, eu esperava os garçons concluírem a parte deles (do serviço), mas aqueles que moravam perto de casa gostavam de parar nos botecos e ‘tomar umas’. Eu ficava com eles lá até 3h, 4h. Enquanto eles estavam bebendo, em dormia sentado à mesa!”, relembra. “Chegava com o sol quase nascendo”.
As antigas proprietárias da pizzaria pretendiam focar no outro empreendimento da família, também no ramo de alimentação, e propuzeram o negócio. Com o dinheiro do acerto e mais o restante parcelado em 36 vezes, Marcelino foi de responsável pela cozinha a dono da pizzaria. Mas como todo empresário que se faz grande através dos desafios, ele decidiu encarar a empreita, mesmo com medo. Agora, a responsabilidade de arcar com as compras e as contas e pagar os funcionários era dele. “Eu penso que por tudo o que eu já tinha passado, aquilo era fichinha. Tudo o que a gente vai fazer de novo gera um certo desconforto, e é natural esse medo, mas eu aprendi que se não encarar, você não faz acontecer”.
Após aqueles anos atrás do balcão, ele e o irmão decidiram vender o empreendimento. Empresário com experiência, Marcelino tinha apenas 20 anos quando resolveu parar um pouco para pensar o que fazer da vida dali em diante. No fim das contas, a habilidade e destreza na cozinha o levaram novamente para uma pizzaria – voltando como funcionário. No local, próximo à Caixa Econômica, foram mais cinco anos de experiência antes de retornar, dessa vez em definitivo, à função de patrão. Para isso, precisava se preparar em outro nível.
Somar e multiplicar
Com 22 anos de idade, Marcelino sabia que trabalhar era essencial, mas estudar era primordial. Por isso, uma graduação seria um bom atalho para novas possibilidades. E uma universidade pública era sua única opção. Para quem precisava trabalhar de domingo a domingo, pagar uma mensalidade em uma instituição de ensino superior privada era um luxo distante para ele.
A UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) ainda embrionava um campus em Sinop. Para atrair interessados, abriu vestibular para os cursos de Biologia, Educação Física e Ciências Contábeis. Este último foi o que chamou a atenção de Marcelino. Ele fazia parte das chamadas ‘turmas especiais’, cujos professores vinham periodicamente para o Nortão, com opções para estudar manhã ou noite, sendo as aulas ministradas em um prédio alugado, distante do que viria a ser a sede da universidade. “Eu gostava do curso, ali consegui me desenvolver muito bem. Ao contrário do que as pessoas pensam, contabilidade não é apenas números, fórmulas e contas: é mais uma ciência social do que cálculo em si. E eu tinha a percepção de que se eu estudasse, ia melhorar minha vida. Tanto que nunca desisti, comecei já um pouco tarde, e desde então nunca parei de estudar”.
O fechamento da pizzaria não representou o fim das atividades de Marcelino nesse ramo. Ele entendeu que era algo próspero e lucrativo. Afinal, quem é que não gosta de uma pizza quentinha, entregue no portão da sua casa? Foi assim, focando especialmente no delivery e em uma entrega rápida, que nasceu a Pizzaria Papaléguas, no Jardim Jequitibás, em parceria dessa vez com o irmão mais novo, Moacir. O nome faz referência ao desenho da Warner Bros. O negócio começou no final de 2008 e perdurou por mais de 12 anos. No começo, eram apenas os dois dividindo todas as tarefas. “Eu fazia pizza, atendia balcão e ele fazia as entregas. No final, a pizzaria já estava bem conhecida, a gente produzia entre 200 a 300 pizzas por noite, em torno de 150 entregas. Era bem movimentada, especialmente aos fins de semana. Contávamos já com um número entre 12 e 15 funcionários. Mas era desgastante, não tinha sábado, domingo nem feriado”, relembra. É também entre 2008 e 2009 que Marcelino se forma em Ciências Contábeis.
A pizzaria, negócio que abriu junto com o irmão, era sua principal fonte de renda, enquanto galgava oportunidades na área contábil. O primeiro estágio foi em um escritório de contabilidade. Marcelino se ofereceu para trabalhar sem remuneração – o objetivo era realmente aprender na prática, algo que a faculdade não ofertava o suficiente. Entretanto, apenas um mês depois de pintar a oportunidade, já estava contratado por outro escritório, onde permaneceu por um ano.
Mas a independência era mais chamativa. O tempo atendendo clientes de variados setores dispertou em Marcelino o desejo de abrir seu próprio negócio. Em junho de 2011, em sociedade com uma colega dos tempos de graduação, eles montaram a GW Contabilidade (G de Geuda, sobrenome de Franciele; e W de Wrzsciz). “Mas só ficamos alguns meses com esse nome, depois alteramos para Controlle Contabilidade. Percebemos que usar as iniciais poderia não ser muito fácil de os clientes decorarem”. A primeira opção seria Controler (uma modalidade de trabalho presente na contabilidade), mas já havia registro do nome. A alternativa, então, foi dobrar o L e retirar o R.
O início foi tímido, como acontece com toda empresa que almeja crescer. O cliente número 1 foi a Chácara Bico Doce, primeira empresa que o escritório constituiu. O segundo era um tio da sócia Franciele. O terceiro, a Finne Brindes, que fez o serviço de instalação da fachada da Controlle e já aproveitou para migrar sua contabilidade. Em meio a tantos outros escritórios existentes na cidade, a Controlle precisava de um diferencial para se destacar. E foi aí que o bom atendimento, herdado dos tempos atrás de um balcão de pizzaria, falou mais alto. “Eu divulgava o escritório através de cartões de visita e no ‘boca a boca’, prospectando novas empresas indicadas pelos que se tornavam clientes. Precisávamos prestar um atendimento de qualidade, que realmente resolvesse o problema da cliente e de sua empresa”. Atualmente, os cartões digitais enviados por Marcelino são mera formalidade: os novos clientes chegam por indicação.
A tranquilidade dentro da empresa, que dependendo do ramo é sinal de preocupação, na Constrolle representa constância de um trabalho eficiente. Isso fica evidente através do relato de gente que adentrou pela porta do escritório tomado pelo desespero e preocupação. “A pessoa chega ansiosa, achando que vai acabar o mundo, e mesmo eu percebendo que o problema é grande, tentamos entender toda a situação e o contexto para tomar ações imediatas. Conseguimos contornar, encontramos a solução e a pessoa sai agradecida. Algum tempo depois retorna como cliente, trazendo a contabilidade da sua empresa para cá”.
Durante alguns anos, Marcelino se dividiu entre a pizzaria e o escritório. Enquanto a primeira se estabilizava, o segundo crescia, demandando maior dedicação. Com o tempo, tornou-se mais vital sua presença na contabilidade do que pensando em quantos quilos de farinha, de ingredientes e de refrigerantes e bebidas precisaria para tocar a semana na pizzaria.
Mais tempo no escritório e menos na pizzaria significava poder aproveitar os raros momentos vagos. Mesmo pouco assíduo a noitadas, foi em um baile no São Cristóvão que se encontrou com Daniela Benedetti – eles já trocavam mensagens pelo Facebook, rede social onde se conheceram. Depois daquela noite dançante, nunca mais se separaram. Foram 6 anos de namoro, até que se casaram em 2015. No ano seguinte, nasce Heitor. Após um hiato, Henry vem ao mundo em 2022, e na sequência, em 2023, é a vez de Estela.
Casado e com uma família para cuidar, era preciso dar mais atenção ao lar. Por isso, em 2018, Marcelino e Moacir decidem encerrar os trabalhos na Papaléguas, vendendo a estrutura física com o ponto comercial (mobiliário, fornos, utensílios, entre outros equipamentos). Dois anos depois, ele compra a parte da sócia no escritório, que se tornara mãe de três meninas e almejava dedicar mais tempo a elas.
Hoje, a Controlle executa os serviços de contabilidade básica, abertura e fechamento e manutenção do CNPJ. “Fazemos a parte contábil, de departamento pessoal, de registro de funcionários, admissão ou demissão e departamento fiscal”. A equipe é composta por 16 colaboradores que atendem mais de 250 clientes ativos, especialmente do comércio, serviços e indústria.
Para quem lida diariamente com números, Marcelino investe em algo que não se conta em uma calculadora. Depois de se formar em contabilidade, seguiu estudando. Especializou-se em Controladoria e Finanças (2012) e ainda encarou a graduação em Direito. “Eu sempre tive gosto e curiosidade para entender as leis. Eu queria conciliar as duas áreas, mas por enquanto permaneci apenas com o escritório depois que minha sócia saiu. Porém, eu ainda almejo atuar na área, especialmente direito tributário”, revelou.
O próximo passo é construir a sede próprio da Controlle Contabilidade. A previsão é para daqui, no máximo, 3 anos, o escritório esteja atendendo em novo entedereço. Enquanto projeta o futuro, Marcelino olha para o passado e entende a grandeza da cidade que o acolheu. “Sinop é uma cidade próspera, espetacular, que cresce a passos largos. Eu cheguei aqui com 9 anos de idade, e hoje há regiões que eu nunca conheci, tamanha a velocidade que ela se expande. Em hipótese alguma me vejo fora daqui. Mesmo não tendo nascido aqui, considero Sinop minha casa”, finalizou.
Enquanto isso, Marcelino aproveita com a família bem próxima os louros de todo suor e sacrifício que viveu desde muito cedo. O que este vendedor de picolé, lavador de pratos, pizzaiolo, empresário e contador (e quem sabe, um dia, doutor das leis) vivenciou, não se consegue dimencionar em números. E foi mantendo o controle da situação que Marcelino Wrzsciz abriu com as próprias mãos uma trilha de sucesso.
1992
Comunidade Brígida - Ascrub

ACENDENDO O ESPÍRITO DE COMUNIDADE
Ao longo dos últimos 32 anos, a Comunidade Brígida se tornou um símbolo de resgate do movimento comunitário rural, unindo famílias em torno da educação, da fé e do lazer, alçando conquistas e se tornando relevante para a cultura e para o turismo de Sinop. Enquanto o modelo de comunidade rural parece caminhar para a decadência, a Comunidade Brígida se mantém sólida, com jovens continuando o trabalho dos pioneiros, ressignificando a função social dessa associação de famílias do campo
Se perguntarmos a uma pessoa aleatória sobre a Comunidade Brígida em Sinop, é provável que ela responda duas coisas: “é aquela da churrasqueira gigante”. Ou então: “é onde acontece o Baile do Chopp”. A construção monumental para assar carne e a festa que serve mais de 15 mil litros de cerveja são os feitos mais populares – e também mais recentes – dessa comunidade rural, mas não expressam o que a Brígida representa para Sinop ou para as pessoas que nela vivem. O local da churrasqueira gigante e do Baile do Chopp, uma estrutura com barracões, uma capela e um campo de futebol, cercados de lavoura, distante 4 quilômetros do centro comercial da 4ª maior cidade de Mato Grosso, é, na verdade, um reduto do sentimento que une famílias que há muito tempo vivem nesse chão. E não por acaso, a primeira Sinopense nasceu na Comunidade Brígida.
A história dessa tradicional agremiação rural remonta ao início de Sinop. No ano de 1972, a Colonizadora Sinop começava a vender suas primeiras áreas no Norte de Mato Grosso. Quem comprasse uma propriedade rural, ganhava um lote na cidade. Mas a vida, cultura e ambição desses primeiros migrantes não era urbana. A busca era por terras para plantar.
E foi pensando em produzir café em uma área maior que Arlindo Joanucci e sua esposa, Ernestina Furlan Joanucci, embarcaram na proposta da Colonizadora. Compraram uma terra em Sinop, e com os filhos vieram desbravar o Norte de Mato Grosso. Chegaram em junho de 1973, com dois caminhões de mudança, trazendo mudas de plantas, sementes, animais e ferramentas. Acamparam em um terreno no centro de Sinop, próximo de onde fica atualmente o Supermercado Machado. E lá, de forma improvisada, ficaram por 6 meses. Isso porque a família não conseguia chegar nas terras que comprou. A Colonizadora ainda não havia feito as demarcações topográficas da porção descrita apenas como “Bairro Angélica”.
Depois de alguns meses, as áreas foram cortadas e a Colonizadora abriu a Estrada Brígida, que anos depois, em 1983, daria o nome à Escola Municipal Rural Brígida. Naquela época, as escolas rurais recebiam o nome da respectiva estrada, a qual ficava localizada entre as estradas Silvana e Brígida. Como já existia uma escola com o nome Silvana, esta seria batizada como Rural Brígida. Em 1992, como Associação Comunitária Brígida (Ascrub).
Com a trilha da Estrada Brígida aberta e também da Estrada Silvana, os Joanucci podiam ocupar a terra que compraram. E era preciso formar o novo lar. José, filho de Arlindo, veio com sua esposa Antônia na viajem em comitiva familiar. Ela estava grávida, e no dia 19 de outubro de 1973 deu à luz a Luciana Joanucci, a primeira pessoa nascida na cidade de Sinop. Essa construção cronológica significativa da chegada das famílias que vem a seguir é contada no livro “Comunidade Rural Brígida: Uma história de Bravura, Trabalho, União e Fé”, da escritora Dr.ª Marlete Dacroce, a qual residiu na Brígida por muitos anos e conheceu a fundo a história registrando a saga e o pioneirismo na obra em 2020.
Arlindo e a família começaram a abrir então cerca de 30 hectares às margens da Estrada Brígida para formar o Sítio São José. A lógica era derrubar o mato e queimar. Por inexperiência, em uma das empreitas, acabou cercado pelo fogo. Um círculo de brasas e labaredas, bem menos simpático do que o da churrasqueira gigante, quase ceifou a vida do primeiro morador da Comunidade Brígida. Arlindo teve que atravessar o incêndio para sobreviver. Suas botas queimaram e seus pés ficaram recobertos de bolhas.
Nessa área aberta hoje sítio Barro Petro, a família construiu uma casa, cavou um poço e plantou árvores frutíferas, incluindo uma castanheira. Essa foi à primeira ocupação na Comunidade Brígida. O pomar, inclusive a castanheira, persistem até os dias de hoje, sendo uma romântica mancha verde em meio a lavouras de soja e milho. Bem menos poéticas eram as primeiras noites no “barraco” do Sítio São José. O sono era interrompido por esturros de onças, que arranhavam as paredes de madeira.
Em 1974, a segunda família chega à porção de terra. Manoel Nunes e sua esposa Luiza Porto Nunes, se mudaram para Sinop com seus 10 filhos. Eles compraram uma área de terra às margens da Estrada Silvana. Acabaram sendo acolhidos pelo vizinho Arlindo, que ajudou a família a se instalar. Os Nunes ficam instalados na cidade enquanto abriam sua propriedade rural, se mudando para a Brígida em 1976. Na terra, Manoel plantou 10 mil mudas de café e viu a sua plantação ser afogada pela água das chuvas.
Aos poucos, novas famílias começavam a ocupar aquela região. No ano de 1976, Valdir e Jandira Taffarel vieram para Sinop com os 3 filhos. Começaram a erguer uma casa na área central, onde se estabeleceram. Meses depois, um médico chegava à cidade. Era Adenir Alves Barbosa – que no futuro se tornaria prefeito de Sinop. Adenir queria abrir um hospital e um laboratório na cidade e propõe locar a casa dos Taffarel. Com 6 meses de aluguel adiantado, Valdir faz um pequeno barraco e começa a abrir sua área na Comunidade Brígida. Os filhos, com idade entre e 3 e 11 anos, ficaram na casa de parentes conhecidos, na cidade, para estudar. Valdir pretendia criar porcos no Norte de Mato Grosso, mas viu que era inviável. Assim como a maioria, tentou o café, sem sucesso, depois a mandioca e, por fim, arroz.
Ainda em 1976, também chega à comunidade Laudino e Maria Omissolo. Durante um curto período, Laudino residiu e trabalhou na Suíça, até receber um chamado do seu irmão, em Santa Catarina, para empreender com o plantio de café na recém aberta Sinop.
Em 1977, Arlindo Cavenaghi e seus 5 filhos, que estavam em Sinop desde 1973, começam a abrir uma área na Brígida. Reinaldo e Claudina Cichaseski fazem o mesmo no ano seguinte. Em 1979, Otelino Silva e Joventina de Oliveira se fixam na localidade. No mesmo ano, os irmãos Ivo, Pedro e Bento Boton abrem uma grande área no que viria a ser a Estrada Pedro Oscip e plantam 32 mil pés de café.
No ano de 1980, chegam Aurélio e Gema Pietro Biasi. Darci e Angélica Dacroce se mudam no mesmo ano. Darci começa a criar gado de leite (o primeiro vendedor de leite de Sinop) e, anos depois, lidera a união entre os moradores da comunidade para a construção da Escola (1983) e para a instalação da rede de energia elétrica trifásica – implantada e mantida por um consórcio de proprietários de terra até o ano de 2005.
Darci foi uma das lideranças precursoras na construção da escola da Comunidade. Com 5 filhos, além dos 7 filhos do caseiro do sítio a família Padilha Pinto –, os pioneiros viam seus rebentos tendo que percorrer uma estrada de terra, por um túnel de mata fechada, para chegar à escola Municipal Rural Silvana. Até 1983, todas as crianças dessa região precisavam percorrer cerca de 9 km até a Comunidade 11 de Julho para conseguir estudar. A volta para casa, geralmente de bicicleta, ocorria no cair da noite, com toda sorte de perigos vindos da Floresta Amazônica. Darci Dacroce, então procura o primeiro prefeito eleito de Sinop, Geraldino Dal Maso. Uma reunião é marcada na casa de Valdir Taffarel. Essa é a primeira vez que os membros da Comunidade Brígida se reúnem formalmente em torno de uma causa. A comunidade pede uma escola para seus filhos e o prefeito solicita contrapartida. Darci Dacroce doa o terreno para a Escola. Os moradores se comprometem a fazer a limpeza do mato, doam toras e transportam para serem serradas em tábuas e barrotes. A família Pietro Biasi, que trabalhava com carpintaria, assume a construção. A Prefeitura se compromete com a doação de cimento, areia e tijolos para a fundação, além de portas, janelas e a tinta para pintar as paredes de madeira e teto que seriam erguidos pelos Pietro Biasi. A Prefeitura também arcaria com o salário da professora e com os ingredientes para a merenda escolar. Mas era preciso encontrar uma professora na comunidade.
Ter pedagogia era um luxo para a época. A maioria dos professores da cidade não tinham essa graduação. A exigência era de que fosse alguém maior de idade e que se comprometesse a continuar estudando – ou seja, em fazer segundo grau com magistério. A filha de Darci Dacroce, Marlete Dacroce Zago, que tinha 18 anos e a 8ª série concluída, foi recrutada como professora. Ela percorre as famílias da comunidade, matricula as crianças, e no dia 15 de março de 1984 inicia as aulas na escola da Comunidade. Em uma única sala, alunos da 1ª a 4ª série recebiam a lição em uma lousa com 1,5 metro de largura. Até o fim da unidade escolar, no ano de 1993, 89 alunos passaram por aquelas cadeiras. A escola se torna o centro à embrionária da comunidade, sendo um ponto de encontro das crianças e dos pais, seja por conta da educação, da recreação ou da fé. Ao lado da escola, Rois Zago, então esposo de Marlete e goleiro nas horas vagas, fez um campo de futebol onde os peladeiros da Brígida se reuniam. Uma vez por mês, o Padre Firmino vinha ministrar a missa na escola, que até então era utilizada como igreja.
Nos anos seguintes, mais famílias começam a ocupar essa porção de Sinop que um dia viria a se chamar Comunidade Rural Brígida. Cada novo migrante que chegava era acolhido por quem estava. Alguns dos primeiros moradores acabaram vendendo suas propriedades ou arrendando para vizinhos ou para terceiros.
No ano de 1985, uma porção de terra, ainda coberta por mato, começa a ser aberta. Era a propriedade de Tranquilo e Luisa Pasuch. No ano de 1972, Tranquilo veio até Sinop e viu as primeiras ruas sendo abertas. Na pequena clareira em meio à floresta, onde hoje fica o centro da cidade, ele observou um pé de tomate que nasceu sem ser plantado. Teve então uma pequena epifania, acreditando que essa seria a terra próspera onde deveria viver. Tranquilo compra sem ver uma área, no tal bairro Angélica, em 1972. Mas pouco tempo depois de voltar para casa, sua esposa engravida e eles decidem adiar a vinda para Norte de Mato Grosso.
Luisa Pasuch dá à luz a um menino, que Tranquilo batiza como Ênio, em homenagem ao Colonizador Ênio Pipino, fundador de Sinop. Em 1985, com os pequenos crescidos, Tranquilo volta para o Mato Grosso e começa a abrir suas terras na Brígida. Em 1987, toda a família se muda e fixa residência na propriedade. Era um sítio de 60 hectares. “A gente trouxe umas 25 vacas de leite, eu tinha 13 anos de idade e com uma bicicleta fazia a entrega de leite na cidade, lembra” Ênio Pasuch.
Ao longo dos anos 80 e começo dos anos 90, mais famílias foram chegando e a comunidade foi criando corpo. As famílias, majoritariamente católicas, se reuniam também pela fé. Na escola, começavam as primeiras turmas de catequese. Nas novenas, louvam Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que se torna padroeira da comunidade.
Nessa época, a Comunidade Brígida já existia em sua essência, como uma associação de pessoas de um mesmo local, que partilhavam momentos de suas vidas, dividiam as mesmas dificuldades e frustrações, interagiam com sua fé e se apoiavam.
A maioridade da comunidade
Em 1992, produtores da Comunidade Brígida poderiam ter acesso a programas de fomento à agricultura familiar, dos governos federal e estadual. Embora fossem uma comunidade rural de fato, não eram de direito. Então, os moradores começam a ser organizar para formalizar a entidade. Beno Kaiser (em memória), um agrônomo da Empaer (Empresa Mato-grossense de Pesquisa Agrícola e Extensão Rural), encampa toda a burocracia para criar a associação da comunidade. E os moradores fazem a mobilização. Rois Zago puxa a frente, entrando em contato com as famílias. Havia cerca de 30 famílias com áreas na região da Brígida em 1992, das quais 15 entram na associação. O estatuto, da forma que Beno montou seguindo as normas da época, exigia ao menos 15 membros na diretoria. Zago havia conseguido reunir 14. Então, Ênio Pasuch, o jovem que recebeu seu nome em homenagem ao colonizador, se emancipa para poder ser o 15º membro da diretoria. E assim, no dia 7 de março de 1992, é fundada a ASCRUB (Associação Comunitária Rural Brígida).
Zago foi o primeiro presidente. Com a associação, as famílias da comunidade conseguem receber da Prefeitura adubos, sementes, hora máquina e mudas frutíferas. Um novo ciclo produtivo começa a se desencadear.
Em 1994, Osmar Welter assume a presidência da entidade e Ênio é posto como tesoureiro da entidade. Até então, as reuniões da comunidade aconteciam na escola. A associação começa almejar ter sua própria sede para fazer uma festa da comunidade, ter um ponto de encontro e um espaço para suas práticas esportivas. No ano de 1995, Osmar Welter, Italvino Omizzolo e Pedro Paulo Volkweis procuram Valdir Taffarel e pedem ao pioneiro que doe uma área para a associação construir a sua sede. “Eu tinha visto no Sul o que virou as comunidades. Depois de um tempo, caiam no abandono e a área virava um capoeirão. Eu disse para eles o que pensava sobre a comunidade ter uma área. Eles então me chamaram para fazer parte da diretoria. Eu disse: ‘se é pra fazer parte da diretoria, aí mesmo que eu não dou a terra’”, comentou Valdir, em entrevista para a Fator MT em março de 2024.
Mas Valdir doou. Ele entregou 1,7 hectare da sua propriedade para a Comunidade Brígida fazer sua primeira sede. A preocupação com o abandono não foi deixada de lado. A doação tinha uma cláusula de reversão: caso o terreno fosse abandonado, voltava para Taffarel. No espaço, a comunidade ergueu um barracão de 15 x 25 metros, fez um campo de futebol e uma cancha de bocha. No dia 2 de julho de 1995, o barracão foi inaugurado com o primeiro almoço da comunidade, um churrasco para 700 pessoas. Em março de 2024, o espaço foi oficialmente batizado de “Barracão Cultural Valdir Taffarel”, em homenagem à família pioneira que doou a área.
Como o churrasco de inauguração, feito de forma improvisada, a Associação percebeu que precisaria de uma churrasqueira para os próximos eventos. Em uma visita à Comunidade Navegantes, em Sorriso, também localizada na zona rural, o ex-presidente Osmar, o presidente Italvino, o então tesoureiro Ênio Pasuch e outros membros da diretoria conhecem uma churrasqueira de alvenaria redonda, e decidem replicar o projeto na comunidade. Assim, em 1996, começa a ser construída a primeira churrasqueira redonda da Brígida, com 10 metros de diâmetro.
É também em 1996 que Italvino Omizzolo assume a presidência da Ascrub. Em 1998, Osmar Welter volta para o cargo. Seguindo a mudança de diretoria a cada 2 anos e a alternância na presidência, Ênio Pasuch assume a associação no ano 2000. Nesses últimos anos, os torneios de futebol foram uma das marcas da Comunidade Brígida. “O auge dos torneios de futebol ocorreu no ano de 2001. Colocamos uma novilha no primeiro prêmio. A competição atraia equipes e jogadores de toda cidade. Nesse ano, registramos 104 equipes, em uma competição de apenas um final de semana. Começava de manhã cedo e terminava à noite”, conta Ênio.
Nesses anos, Jadir Taffarel, filho de Valdir, era o grande “cartola” dos torneios. Ele organizava as competições, inscrevia as equipes, fazia os chaveamentos e contratava arbitragem. “O campo, a cerca e a iluminação foi tudo feito em mutirão com a comunidade. O futebol na Brígida é uma marca desde o começo da comunidade. Ainda nos anos 70, fizemos um campo no lado do secador da nossa família. Depois foi para o campo do Zago. Montávamos equipes para disputar nos outros campos da cidade, era o lazer que tinha na época”, comenta Jadir.
No ano de 2002, Jaime Langer assume a presidência da comunidade. Em 2004, Ênio retorna para o cargo dando início a uma era que duraria por 20 anos. Em 2005, com a crise do setor madeireiro provocado por uma onda de operações ambientais, os torneios de futebol começaram a encolher. Boa parte das equipes eram de funcionários de madeireiras. Com o esporte em baixa, a comunidade começou a se organizar para erguer sua capela. No espaço ao lado do campo de futebol foi construída a Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, inaugurada no dia 2 de outubro de 2005. É nesse oratório, com 9 fileiras duplas de bancos de madeira, que a comunidade se reúne até os dias de hoje para professar sua fé.
A terra doada por Taffarel não virou matagal. Além do 1,7 hectare doado, a comunidade foi comprando mais áreas no entorno, e em 2024 detém 8 hectares para sua sede. As atividades promovidas pela associação atraíram a sociedade local, que pelo menos duas vezes ao ano visitava a Brígida em suas festas. O desafio da diretoria era conseguir emplacar mais datas no calendário, tornando a comunidade ainda mais ativa.
Em 2007, a Banda Alma Latina veio tocar um baile no salão do São Cristóvão em Sinop. Ênio e outros membros da associação foram no baile, conheceram o pessoal da banda e acabaram fechando um evento na Comunidade Brígida para o dia 3 de agosto. Era uma sexta-feira. Tinha tudo para dar errado, mas não deu. Mais de 440 pessoas foram ao Baile na Brígida. Os músicos acabaram passando mais uns dias na comunidade até rumar para seu novo compromisso. Nesse tempo, um dos membros da banda conversou com Ênio. “Ele me disse: ‘por que vocês não fazem um baile do Chopp, tipo uma Oktoberfest?’. Eu levei a ideia para a diretoria. Não tivemos em nenhum momento a pretensão de chamar de Oktoberfest, mas um Baile do Chopp era algo que dava para fazer”, conta Ênio.
Em maio do ano seguinte, o contato comercial da banda ligou para a associação oferecendo o show, que foi fechado para outubro daquele ano. Nascia ali o Baile do Chopp da Brígida. Membros da associação viajaram para festas similares, buscando entender como realizar esse evento. Pesquisaram sobre camarotes, sobre a mecânica e a logística para servir o chope e que tipo de estrutura precisavam. No dia 18 de outubro de 2008, a Comunidade Brígida realiza então o seu 1º Baile do Chopp, servindo 4,2 mil litros da bebida.
O evento é um sucesso e passa a fazer parte do calendário de eventos da comunidade. A cada ano, a estrutura era ampliada. Em 2013, a festa chega a marca de 15,3 mil litros de chope, com um público de 7 mil pessoas. “Gente de toda região e até de outros estados vêm para o Baile do Chopp. É um evento que mexe com a cidade”, pontua Ênio.
Imaginem 7 mil pessoas se afunilando pela Estrada Brígida para chegar até a comunidade? A festa levou pessoas para a vila rural e logo ficou claro que era preciso investir em estrutura. No ano de 1999, Jadir Taffarel leva à Prefeitura a proposta de se abrir uma nova via – a futura Estrada Pedro Oscip. Porém, foram 14 anos de luta para que, apenas em 2013, no mandato do então prefeito Juarez Costa, houvesse a concretização do projeto. A Prefeitura cedeu maquinário e funcionários, e em contrapartida os moradores contribuíram com a estrutura da galeria, onde foi construída uma ponte de 12,5 metros de largura sobre o Rio Curupy. Mas para isso, foi necessário também a contribuição de duas famílias. Os entes de Pedro Oscip (já falecido à época) doaram a área para a passagem da estrada de um lado do rio, em direção ao centro da cidade, enquanto Clóvis Roseguini doou a área do outro lado, sentido Brígida. Já no final de 2020, no mandato da então prefeita Rosana Martinelli, inicia-se o processo de asfaltamento. A Prefeitura entrou com base e sub-base, maquinário e funcionários, enquanto coube à Comunidade arrecadar fundos para a pavimentação asfáltica.
Ainda em 2020, a Brígida incluiu no seu calendário de eventos um almoço comunitário para a APAE. Antes disso, em 2018, emplacam a Festa do Porco Desossado, evento que se tornou tradicional, juntamente com o Baile do Chopp.
Com o sucesso dos eventos, os barracões da Brígida foram sendo ampliados e toda a estrutura da comunidade foi sendo reforçada. Em 2023, a churrasqueira de 10 metros de diâmetro já era pequena. Foi preciso fazer uma nova. A associação decide que a churrasqueira redonda é uma das marcas da comunidade e repete o projeto de 1996 em maior escala. Dessa vez com 19 metros de diâmetro e 6,5 metros de altura. A nova churrasqueira erguida na sede da comunidade tem 60 metros de circunferência – ou seja, mais de meio quarteirão de boca para assar carne. “Na inauguração da churrasqueira assamos 1.500 quilos de carne. Não é o máximo. Dá para fazer mais”, aponta Ênio.
O feito deu notoriedade nacional à comunidade. Notícias sobre a churrasqueira gigante percorreram o país e o exterior, ganhando espaço em grandes veículos de comunicação. A associação, inclusive, ingressou com um pedido de homologação junto ao Guiness Book (O Livro dos Recordes) como a maior churrasqueira do mundo.
Junto com essa fornalha vem toda uma estrutura. A comunidade conta com câmaras frias, açougue e uma ampla cozinha com capacidade para 40 pessoas trabalharem simultaneamente. A visão atual da comunidade é posicionar a Brígida como um local apto a receber grandes eventos, tanto do circuito nacional como internacional, explorando o setor turístico, especialmente com visitações à churrasqueira gigante a às propriedades onde se desenvolve a agricultura familiar.
Mas essa é uma missão para a nova geração. Em março de 2024, Ênio concluiu seu ciclo de 22 anos na presidência da Ascrub. No seu lugar assumiu Bruna Pasuch, sua nora, uma jovem de 24 anos de idade, que desde 2015 atua na comunidade e é a primeira mulher eleita presidente da Brígida. Sua ascensão não é solitária. Bruna encabeça uma diretoria formada majoritariamente por jovens. São pessoas que, nos últimos 5 anos, começaram a fazer o movimento regresso do êxodo rural: saíram do campo para estudar e trabalhar na cidade, e agora estão retornando à comunidade em busca de qualidade de vida, identificação pessoal e sensação de pertencimento. “Nessa nova fase, a Associação busca se reconhecer como uma entidade de utilidade pública, com toda a importância social que tem para comunidade, mas também como um agente gerador e difusor de cultura, da economia criativa, parceira das causas sociais e indutora do turismo”, declarou Bruna.
Nos seus 32 anos de existência, a Comunidade está longe de ser um matagal ou mesmo de um clube da terceira idade. Com cerca de 70 famílias associadas, membros atuantes e uma vizinhança engajada, a associação é o coração de uma comunidade rural com mais de 160 famílias residentes, que seguem sendo do campo, mesmo estando na borda da quarta maior economia de Mato Grosso.
1992
Primeiro prédio da UFMT em Sinop

UFMT EM SINOP
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No dia 9 de setembro ano de 1992, na semana das comemorações dos 18 anos de fundação de Sinop, ocorreu a instalação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), no prédio do antigo Seminário São Camilo. No local, atualmente se encontra o Colégio Regina Pacis
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A solenidade de instalação da UFMT em Sinop contou com a presença do Reitor da Universidade, Augusto Frederico Muller, professores da instituição, do colonizador Enio Pipino, do prefeito Adenir Alves Barbosa, do prof. Abilio Camilo Fernandez Neto, 1º Diretor da Instituição em Sinop, do prof. Luiz Erardi, Coodenador Regional do Programa UNESTADO da UFMT, vereadores e outras autoridades
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Na área localizada na Avenida Brasília, atual avenida Alexandre Ferronato, doada pela Colonizadora para a instalação do Campus da UFMT, foi realizada a solenidade do lançamento da pedra fundamental e da assinatura de doação da área
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A Instituição iniciou suas atividades educacionais em Sinop oferecendo alguns cursos de pós-graduação somente no ano seguinte
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Os primeiros cursos superiores em nível de graduação foram Geografia, Educação Física e Ciências Contábeis
AEROCLUBE DE SINOP
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Um grupo de entusiastas e apaixonados por aviação foi responsável pela concretização do Aeroclube de Sinop, o primeiro homologado no estado
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Entre os membros do grupo destacam-se o piloto e empresário Antônio Carlos Martins; o então juiz da Comarca de Sinop, Dr. Elinaldo Veloso Gomes (in memorian); o Promotor de Justiça da Comarca, Paulo Prado; os empresários ‘Parafuso’ e Fernando; o arquiteto Alfredo Clodoaldo de Oliveira Neto; entre outros
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A primeira diretoria constituída teve como primeiro presidente Antônio Carlos Martins
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O próximo passo era a viabilização da entidade, bem como homologação de uma pista de pouso e decolagem
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A equipe precisou buscar diversos setores ligados à aeronáutica, tanto em Brasília quanto no Rio de Janeiro, para conseguir a documentação e homologar tanto o Aeroclube quanto a pista do Aeroporto Municipal de Sinop
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O Aeroclube ainda receberia duas aeronaves de treinamento modelo Aero Boero, benefício que se concretizou graças a uma parceria entre os governos brasileiro e argentino
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O Brasil enviara ao país vizinho aeronaves modelo “Tucano”, fabricados pela Embraer, recebendo em troca os Boeros, que seriam então repassados a aeroclubes de todo o país
CULTURA E MAIS OBRAS
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Outro grande evento ocorrido em 1992, durante as comemorações do aniversário de Sinop, foi a realização a 6ª Noite Cultural de Sinop, nas dependências da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB)
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No ano de 1992, o prédio próprio do Fórum de Sinop é inaugurado, e com o passar dos anos, em razão do acelerado crescimento da cidade e da Comarca, passa por ampliações e mudanças na sua fachada