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1980
Luiz Roberto Paschoal - Beto da H2O Piscinas

TRAZENDO REFRESCO PARA O CALOR DO NORTÃO
Com a mesma idade da cidade que o acolheu ainda menino, Luiz Roberto Paschoal, conhecido como o Beto da H2O Piscinas, trabalhou em uma peixaria junto com seu saudoso pai, foi despachante de bagagens na TABA, cinegrafista de televisão e vendedor de material de construção e mármores. Quando decidiu empreender, viu um mercado pouco explorado, mas que no futuro se tornaria fundamental para amenizar as altas e constantes temperaturas do Norte de Mato Grosso
O pioneirismo e o empreendedorismo geralmente andam juntos, e ambos testam a capacidade de resiliência de quem arrisca em ambas. A maioria das histórias de sucesso percorre uma trajetória de inúmeras dificuldades, precisando muitas vezes se reinventar pelo caminho. Beto da H2O Piscinas e a esposa Giza Paschoal vieram de regiões diferentes do país, cada qual com sua expectativa, mas um dia se encontraram e deram início àquela que seria uma das mais conceituadas empresas no ramo de construção de piscinas não apenas de Sinop, mas de toda a região Norte de Mato Grosso e que atualmente executa obras em outros estados: a H2O Piscinas.
Luiz Roberto Paschoal (Beto) nasceu em 26 de janeiro de 1974, na cidade de Assis Chateaubriand (PR). Seus pais Luzilde Paschoal e Valentina Ida Olini Paschoal eram plantadores de café e hortelã, época em que a cultura cafeeira era vasta naquela região do Médio Oeste paranaense. Alguns anos após o nascimento de Beto, em 1979, o pai veio conhecer o Mato Grosso e gostou da região onde começava a se erguer a cidade de Cláudia. Acabou comprando uma área de terra, e no ano seguinte, trouxe toda a família para o Nortão
A mudança aconteceu principalmente porque a área de terra na qual a família residia no Paraná era pequena e o pai vinha enfrentando dificuldades econômicas, vendo-se diante da alternativa de buscar um lugar novo para ampliar as atividades, se reerguer e melhorar a vida da família. “Os valores da terra eram bem maiores no Paraná, então com a venda da propriedade lá foi possível comprar uma quantidade bem maior de terra aqui no Mato Grosso, naquela época, principalmente as áreas oferecidas pela Colonizadora”, conta Beto.
Como Beto saiu ainda criança de Assis Chateaubriand (PR), não tem muitas lembranças daquela cidade, mas ainda se recorda da viagem – partiram de lá no dia de seu aniversário, junto com outras famílias em três caminhões, em meio aos móveis, latas de banha e o “galo de briga”, com comida para se alimentarem ao longo da grande jornada. Além dos pais, os irmãos deles enfrentaram a estrada, em grande parte ainda sem asfalto.
Foram 16 dias de trajeto entre o Paraná e a região de Sinop, chegando aqui em 12 de fevereiro de 1980. Na época, dois dos irmãos vieram junto e os outros dois ficaram, porque já eram casados – vieram algum tempo depois. O percurso trilhado até Sinop não foi fácil, mas ele recorda que chegaram na cidade e alugaram uma casa de madeira próximo à Escola Nilza de Oliveira Pipino. “Meu pai começou a trabalhar com carpintaria e construía casas para as pessoas. O terreno que meu pai comprou era na zona rural, e aí a Colonizadora dava um terreno na cidade para construir. Foi nesse terreno que a casa em que moramos por muitos anos foi construída”, acrescenta o empresário.
Para Beto foi uma aventura a chegada na nova morada, e além da pouca idade, como estava com os pais ele confessa que não sentia tanta falta, mesmo que os irmãos, com mais idade à época, tivessem tido outras impressões. “Eu, apesar de paranaense de nascimento, me considero mato-grossense, porque aqui fiz amizades, cresci e hoje aos 50 anos de idade foi realmente a terra na qual morei praticamente morei a vida toda”, comenta.
Em relação aos estudos, frequentou a escola da qual era vizinho até a antiga 8ª série e depois foi para o segundo grau, em outra instituição. Entre a adolescência e a juventude relembra que afora os estudos a rotina era jogar bola de segunda a segunda, pois iam pela manhã para a escola e quando chegava de volta em casa era apenas almoçar e já começar a pelada, pois na época todos se conheciam e por esse motivo, tudo era bastante tranquilo.
Mas, em 1985, aos 11 anos de idade, uma fatalidade aconteceu na vida do Beto: a mãe veio a falecer por ocasião de uma úlcera, não diagnosticada de forma correta (o tratamento inicial fora de hepatite). O estado de saúde foi se agravando. Quando chegou ao hospital em Sinop, os médicos notaram a gravidade e ela foi transferida com urgência para Cuiabá, onde fez cirurgia. Porém, entrou em coma e após alguns dias veio a óbito.
A vida tinha que continuar e apesar do sofrimento familiar ele se recorda que até os 16 anos os compromissos continuavam a ser a escola e o futebol, mas no intervalo entre os dois trabalhava em determinados momentos na Peixaria Sinomar, estabelecimento aberto pelo pai. “Eu ajudava muito ele ali no comércio, vendendo peixes, buscando a mercadoria em Nobres e outros lugares para atender aos clientes. Depois da escola ficava um tempo ajudando nas vendas e depois ia para o futebol”, acrescenta.
Com relação às terras que foram o principal motivo para a vinda do Paraná, praticamente toda a área foi aos poucos sendo vendida, primeiro para custear o tratamento de saúde do próprio pai, depois da mãe e por fim, com as sobras algumas casas foram compradas como forma de investimento.
Com a chegada da juventude e os compromissos aumentando, Beto buscou outras atividades. Com 17 anos de idade, começou a trabalhar em uma empresa de turismo, sendo funcionário da SinopTur, que representava a empresa aérea TABA (Transportes Aéreos da Bacia Amazônica S.A), onde ficou por cerca de 3 anos. Tinha como funções despachar os passageiros na pista (onde hoje é o Aeroporto de Sinop), tirando passagens para a agência, acompanhando e encaminhado os passageiros nos dias de voo.
A escala na época era basicamente Belém – Santarém – Altamira – Itaituba (no Pará) e Alta Floresta, Sinop e Cuiabá. Depois, ele retornava. Outra linha fazia Cuiabá, Sinop, Alta Floresta (ida e volta), isso ano de 1990. Ainda foi convidado para trabalhar em Cuiabá, na mesma empresa, mas não aceitou, pois se considerava muito novo e não queria se mudar de perto da família. Outra proposta, agora para trabalhar em banco também foi feita, mas por não ter curso superior não deu certo. “Talvez se tivesse faculdade teria virado bancário e não estaria aqui”, considera.
E como nenhuma dessas opções deu certo, quando os representantes da TABA deixaram o negócio, outras pessoas assumiram e ele acabou saindo dois anos depois da chegada dos novos patrões. “Nesse período, o avião que fazia a rota já era um Fokker 100, que comportava o dobro de passageiros, em torno de 100 pessoas, sempre com muitas pessoas. Faltava lugar e tinha até lista de espera, mesmo que os preços das passagens valessem ouro”, relembra.
Depois destes anos no ramo da aviação, uma nova oportunidade surgiu e aceitou trabalhar na televisão, ocupando funções de estúdio, na parte técnica. “Passava comercial, principalmente cuidando das propagandas que ainda eram gravadas, mas isso proporcionou que tempos depois fosse para a Prefeitura trabalhar na Assessoria de Imprensa na função de cinegrafista”, comenta.
Ficou na função pública por cerca de dois anos e diante da experiência que adquirira ao longo dos anos anteriores se transferiu para a TV Centro América (afiliada Globo em Mato Grosso), onde atuou como câmera de estúdio e cinegrafista no comercial. Ali permaneceu entre os anos de 1995 e 1996, quando uma nova fase teve início: ele casou, usando segundo ele o terno de um apresentador de TV à época, o Luis Fernando, apresentador do jornal. “O terno na verdade era da televisão, mas ele que usava e daí me emprestou”, revela.
O namoro, que culminou em casamento, começara justamente quando ele ainda trabalhava na Prefeitura, durante a última noite de um movimentado Carnaval. Foi ali que ele conheceu Giza. Em fevereiro de 1995, ela veio do estado do Ceará, onde morava com a família na região de Orós (famosa por ser a terra natal do cantor Fagner). Nascida em uma família com outros 11 irmãos, chegou a Sinop depois que uma das irmãs veio, convidou os demais e assim sucessivamente foram chegando.
Sobre o encontro, ele recorda: “eu estava filmando o Carnaval na praça, ela tinha acabado de chegar do Nordeste e na primeira noite nos vimos, mas fomos paquerar somente no último dia. Tinha um amigo meu que trabalhava na Rádio Celeste (cunhado dela), que estava cobrindo o Carnaval pela rádio e nos apresentou”, revela. O curioso é que, após o casamento, o casal nunca mais foi a um Carnaval. Depois disso, Beto deixou o emprego na Prefeitura e iniciou na TVCA, onde ficou até o final de 1996, quando a emissora mudou a direção e ele, juntamente com outros profissionais, foram demitidos.
Na época então, foi preciso passar por uma nova ‘virada de chave’. A esposa já trabalhava no Grupo Dorane, onde iniciou como auxiliar de crediário e até sair, cerca de 17 anos depois, havia chegado à chefia de compras de todo o grupo. Ao mesmo tempo ele foi trabalhar como vendedor de material para construção em uma loja que era de propriedade dos irmãos.
Naquela função permaneceu até o início de 1999, quando recebeu outra proposta de emprego, para trabalhar com venda de granito e mármore. Como os irmãos tinham a intenção de dissolver a sociedade e fechar a empresa na qual ele trabalhava, isso facilitou para que mudasse de empresa, mas continuasse na atividade de vendas. Lá permaneceu por mais algum tempo, e depois disso os ventos novamente mudaram o rumo das velas.
Emerge a H2O
A ideia de montar um empreendimento próprio surgiu nos fundos da empresa de mármores na qual trabalhava, em um fim de tarde, conversando com um colega vendedor. “Quando eu disse que tinha um dinheiro para investir, ele falou sobre o segmento de piscinas, algo praticamente sem concorrência no mercado e bastante rentável. Mas me disse também que tinha conhecimento sobre o produto e os serviços, mas não tinha dinheiro. Falei para ele que seria possível fazermos uma composição”, comenta.
No entanto, o capital para que iniciasse as atividades na futura empresa não foi guardado dos empregos iniciais e nem do anterior com os irmãos, mas sim da rescisão trabalhista ainda da TV. Naquele período, inclusive, foi que ele construiu até mesmo a primeira casa, devido ao bom salário que os funcionários da época recebiam, bem como permutas – benefícios que sabia aproveitar para ir investindo aos poucos.
Mas a ideia ainda ficou em gestação por algum tempo, apenas com planos, mas nada de ser colocada em prática. Entretanto, aos poucos divulgando as intenções. Até que um dia solicitaram à dupla um orçamento para a construção de uma piscina, com quase 100 metros. “Nós apresentamos um valor de R$ 50 mil e ganhamos do nosso concorrente, que pedira R$ 80 mil. Mas o cliente disse que faria conosco se aceitássemos R$ 35 mil pelo serviço e somente após a conclusão da obra. Nós aceitamos”, afirma. Com o negócio fechado, o jeito era cumprir o combinado. Nascia assim, em 2001, a H2O Piscinas.
Disposição e vontade não faltavam; o capital para esta obra ele tinha, e assim construíram o que fora ajustado. Daí em diante a sequência de trabalhos começou a surgir e estava entrando no mercado uma nova empresa que em breve seria conhecida como a H2O Piscinas, para Sinop, para a região e até para outros estados.
Com o passar do tempo – e a propaganda ‘boca a boca’ sendo feita –, outros clientes foram surgindo. E após a execução da primeira obra, que demorou cerca de 60 dias para ficar pronta, os negócios cresceram até com certa rapidez. Beto recorda que o responsável pela construção, Juarez Afonso Vieira, veio de Dourados (MS) para executar o primeiro trabalho e acabou permanecendo na empresa por 15 anos. “Hoje ele já voltou para a cidade natal e montou a sua própria empresa no segmento”, confirma.
Com os negócios indo de vento em popa, Beto montava no Gol G3 e percorria todas as obras acompanhando os trabalhos, fazia orçamentos, vendia, enfim, ele e o sócio se desdobravam. Mas ainda assim a empresa com uma sede começou a existir de fato, somente no de 2004, ou seja, cerca de quatro anos depois de fundada na prática. ‘Trabalhamos uns seis meses nos fundos do quintal de casa, um pequeno escritório, depois consegui uma pequena salinha em região mais centralizada, no ano de 2005 e viemos nos instalar aqui do lado da atual sede, que foi construída somente nove anos depois disso”, explica o empreendedor.
Mas como descrito no início, nem sempre uma história de sucesso é feita apenas de coisas boas e fáceis. Quando tudo parecia e ia sim realmente bem, um imprevisto com a sociedade ocorreu: no final de 2003, Luiz viajou de férias e quando voltou o sócio tinha deixado a H2O literalmente ‘na mão. Abandonou a empresa, abriu outra e, claro, parte do lucro desapareceu.
Além de ficar com a obrigação de entregar as obras que estavam em andamento, algo em torno de 12 piscinas, ficou também sem capital. “Só tinha os cheques para cumprir os compromissos já assumidos. Mas precisava continuar e nem tinha tempo para ficar deprimido. Fui trabalhando, honrando os compromissos e então sozinho, no final daquele ano já estava dando risada”, recorda o então empreendedor solitário como ficara.
No total estima que naquele ano entregou em torno de 35 unidades, o que possibilitou se recuperar e voltar a deslanchar no mercado. “Em fevereiro de 2004 eu estava chorando as pitangas, mas em dezembro daquele mesmo ano eu estava dando pulos de alegria”, acrescenta. E quanto ao ex-sócio? Ah, este em menos de 12 meses faliu, fechou as portas do negócio que tinha aberto e foi embora. Mas antes disso, ainda tivera a coragem de cobrar dinheiro pela participação em uma das obras que ainda precisavam ser entregues na época, uma piscina semiolímpica.
Com mais um ciclo encerrado e diante de uma nova etapa que começara naquele ano de 2004, a história da H2O continuou. Em um mercado em ampliação, ultrapassando os limites de Sinop para Nova Mutum, Alta Floresta, Juara, entre outros, Beto começa a executar obras em grandes condomínios fechados. O primeiro deles foi o Carpe Diem Resort Residencial, da JMD Urbanismo, um dos mais imponentes da cidade. No total, mais de mil metros quadrados de piscina, com toboáguas, playground aquático e escorregadores. Os próprios estudos realizados na área de gestão e relacionamento com os diversos públicos de mercado o ajudaram em angariar esta e outras obras que viriam a somar ao know-how da H2O.
A parceria com a JMD surgiu em uma conversa com o sócio proprietário da empresa, Edilson Macedo. O empresário perguntou se Beto topava o desafio de ser o responsável pela implantação dos complexos aquáticos dos empreendimentos que viriam. “Ali, ele me deu um voto de confiança. Eu disse que trabalhava melhor sob pressão. Entregamos tudo conforme o combinado, e o resultado foi a entrega das piscinas, com 1.200 metros de lâmina d’água”. Além do Carpe Diem, a H2O assumiu os projetos de execução do Hamoa Resort Residencial Alta Floresta (primeira grande obra fora de Sinop), do Hamoa Resort Residencial Rio Verde, na cidade goiana, ambos empreendimentos da JMD, além do Lóris Residence Spa Resort, da Incorpore Incorporadora e Loteadora e Tambem o Oasis da Amazonia Resort a Beira do Alagado da Usina do Rio Teles Pires do Grupo EXPAND Empreendimentos com mais 4.500 metros quadrados de Piscinas.
Nessa época, a H2O ia ampliando seu mercado. Beto recorre a Giza para trabalhar com ele. E parte do crescimento da marca ele deve à esposa. “A nossa empresa é o que é hoje, no sentido de loja, por causa dela, senão eu estaria ainda ali do lado, só trabalhando nas construções, e nem a sede própria teria. Minha preocupação era vender e construir. Não vendia nem um balde de cloro. Por exemplo, a primeira compra que fizemos foram apenas 10 baldes, eu tinha medo de vencer a validade do produto. Hoje, vendemos mil baldes por mês. Isso é mérito dela”, frisa Beto.
A compra do terreno da sede também uma conquista que ele credita à esposa, pois quando foi colocado à venda, ele não quis comprar. Mas, por sugestão dela resolveu ficar com a área e algum tempo depois, no dia 27 de março de 2013, inaugurou a sede própria da H2O, que atualmente possui cerca de 300 metros quadrados de loja, além de um depósito com outros 450 metros quadrados.
Beto define seu negócio após todo este tempo no mercado como “uma empresa que constrói piscinas”, algo que desde o princípio esteve na essência e lembrando que no início ele próprio fazia tudo. Atualmente são mais de 30 colaboradores, os quais são responsáveis pela entrega anual de uma média entre 60 a 70 unidades. A exceção ficou por conta justamente durante a pandemia. O período que para muitos empresários pesou negativamente, para a H20 foi sinônimo de lucratividade. “As pessoas permaneceram mais tempo em casa, aproveitando o tempo vago para fazer melhorias nas próprias residências, investir em ideias que estavam paradas e iniciar novas obras, independente do pessimismo daquele momento”. Segundo Luiz, entre 2020 e 2021, foram mais de 110 obras entregues em cada ano.
A avaliação do empresário é que atualmente em Sinop, nos grandes bairros, no mínimo em torno de 30% das residências tenham piscinas, entre as construídas e as de fibra, que são apenas instaladas. Este último produto ele não vende mais, apesar de ter trabalhado cerca de quatro anos com representação. Por passar problemas relacionados à qualidade do que era oferecido e à falta de garantia da indústria, Beto preferiu manter a credibilidade e o nome da empresa que fundou. “Ao longo desses 23 anos, sempre lideramos o mercado, inovando e trabalhando da melhor forma possível. Passamos por situações nas quais o produto não foi garantido como deveria, e isso me desanimou. Por isso abandonei o segmento”, relata.
Com relação ao estilo de vida que leva no contexto econômico, Beto da H2O se classifica uma pessoa sem extravagâncias, e o mesmo diz em relação à esposa Giza. Segundo ele, praticamente tudo o que conquistaram sempre foi com o trabalho e rendimentos da loja, porém, grande parte do que sempre ganharam procuraram reinvestir no próprio negócio. “Nunca tive salário aqui e nem minha esposa. Pegamos daqui somente aquilo que precisamos e não gastamos mais do que é necessário”, ressalta.
A saúde, no entanto, também o fez passar por momentos difíceis ao longo de alguns destes períodos. O empresário relembra que em 2003, aos 29 anos de idade descobriu que tinha diabetes, mas não fez muita conta a progressão da doença. Não tratou e não seguiu regras ou dieta nutricional. “Pelo contrário, tomava pelo menos dois litros de refrigerante por dia, além de comer muito doce”.
“Como é uma doença silenciosa, isso me levou a um infarto em 22 de dezembro de 2017. Eu tinha entregado uma piscina, saí da obra e fui para casa almoçar. Após o almoço tirei um cochilo e quando acordei comecei a passar mal, praticamente nem aguentei sair de casa. Consegui chegar até no carro”, comenta. Seguiu para o Hospital Santo Antônio e foi atendido pelo Dr. Frederico, a quem agradece por não o ter liberado porque se isso tivesse ocorrido poderia não estar vivo. Ali fez todos os exames necessários e ficou internado em observação, mas ainda naquela noite teve que ser transferido para a UTI, pois segundo o médico ele estava infartado.
Fez um cateterismo no próprio hospital e na noite de 24 de dezembro, véspera do Natal foi transferido para Cuiabá, onde devido às festas de fim de ano, não pôde passar por cirurgia, o que veio a ocorrer somente no dia 3 de janeiro de 2018. Mas, apesar de todos os procedimentos, nem tudo foi feito a contento. Mais tarde, quando sua médica, Drª. Audrey Barbosa, assumiu o tratamento após o seu retorno da cirurgia em Cuiabá, feita de urgência no fim de ano, descobriu que seria necessário implantar stents. “Eu tenho 12 implantados atualmente e estamos aí, vivos. Voltei às atividades físicas, tênis, pilates, diminui o ritmo de trabalho da minha vida e seguimos – em grande parte, graças à Dr.ª Audrey”, agradece Beto.
Hoje, passados 7 anos, o empresário classifica a condição de saúde como boa e confessa que praticamente não sentiu medo ao longo de todo este processo, com exceção de duas vezes nas quais teve crise, nos finais de ano de 2021 e 2022, quando teve que tomar medicamentos, frequentar psicólogo. “Mas depois saí do remédio e 2023 passei tranquilo. Agora vou começar a fazer os check-ups todos e espero que esteja tudo bem”, considera.
O empresário e a esposa são bastante religiosos e isso o ajudou a construir sua história bem como a passar pelas dificuldades, tanto econômicas quanto na saúde, tanto que considera algo essencial para uma vida equilibrada. Ele participa de acampamentos religiosos, encontros de casais e afirma que o terço mariano está sempre à mão, principalmente quando aguarda os procedimentos médicos, inclusive os cirúrgicos. Integram também a Pastoral Familiar e o Conselho Paroquial da Paróquia São Camilo.
O relacionamento familiar inclusive, com a esposa a qual é companheira de trabalho, também é um fator que agrega muito. “É claro que há diferenças, algumas discussões, mas ao final a harmonia prevalece e sempre temos assuntos para conversar, em que pese trabalhar, tirar férias juntos e enfim, conviver sempre”, comenta. Ele afirma ainda que a história de ambos, um sem o outro seria um nada, pois sempre estiveram juntos e ainda acrescenta que “ela foi muito importante, segurando essa barra com meu problema de saúde”.
Em mais de duas décadas de atuação com essa história construindo piscinas o empresário considera que deve ter entregado em torno de 2,5 mil piscinas para diversos tipos de público, algo bem misto e que atinge praticamente todas as classes. A empresa é atualmente a mais antiga em atuação no mercado regional, sem mudança de direção, sendo que a concorrente, que já mudou de dono fora iniciada cerca de 7 anos antes. Um marco na história da cidade que completa meio século de fundação em 2024 e mostra que faz parte do contexto econômico e social, sobretudo proporcionando o lazer através das obras que entrega.
A respeito do desenvolvimento da cidade, Beto avalia que Sinop é um lugar diferenciado, um paraíso, pois apesar das crises pela qual o país passa, isso parece não ser sentido na região e chega apenas uma ‘marolinha’. E mesmo quando é, a capacidade de reinvenção, como uma ‘fênix’ pode ser vista de forma direta e basta avaliar o passado, quando o ciclo da madeira praticamente chegou ao fim, veio a atividade agropecuária, daí saiu para o mercado de consumo, viramos polos educacional e médico, a prestação de serviços.
“E assim, os mais antigos fizeram a grande diferença e são pessoas raízes, que foram para cima, trabalharam e apesar de sofrerem conquistaram as coisas, não por sorte, mas pelo suor”, considera. Ele próprio se baseia na história de vida que o trouxe até aqui, falando não apenas de Sinop, mas de diversas cidades, sendo que, no entanto, a própria cidade que escolheu para viver é um polo que centraliza a grande maioria das atividades e tem a economia bastante fortalecida por todas essas questões já elencadas.
Para o futuro, além de ver a formação do filho Luiz Eduardo, de 24 anos, em Medicina ainda neste ano e acompanhar o crescimento da filha Maria Valentina, de 9 anos, ele afirma que está tirando “o pé do acelerador”, aproveitando mais a vida em família e principalmente cuidando mais da saúde. Até já investe em atividades diferentes, como o gado que mais recentemente veio tomando espaço em uma área de terra que adquiriu em Guarantã do Norte. “Nunca imaginei que seria um criador, mas também não vejo essa área como uma fonte de renda permanente. Na verdade, é um hobby, uma paixão que sempre tive”. Para Beto, os momentos no campo trazem tranquilidade e prazer. “Sou um cara mais ‘urbano’, mas é o meu filho que é mais apaixonado pela pecuária, pelo mato e por pescaria do que eu!”.
Hoje, a H2O Piscinas é referência no segmento de piscinas, aquecedores e móveis para áreas de lazer, e isso graças à resiliência e visão empreendedora de Beto e Giza, que trouxeram inovação e modernidade para refrescar a vida de muita gente.
1980
Visita do presidente João Batista Figueiredo a Sinop

POPULAÇÃO DE SINOP
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O Censo apontou uma população de 12.232 habitantes em Sinop em 1980
FIGUEIREDO VEM A SINOP
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No ano de 1980, a agora cidade de Sinop recebe, pela 1ª vez em sua curta história, a visita de um presidente da República
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João Batista de Oliveira Figueiredo pousou no antigo aeroporto, onde ele e sua comitiva foram recepcionados pela população na entrada principal da cidade
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Nesta visita a Sinop, Figueiredo conheceu no escritório da Colonizadora o projeto agrícola, comercial e industrial que estava em implantação na Gleba Celeste e as instalações da Agro Química Industrial (projeto inédito no Brasil).
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A população apresentou um pedido ao presidente para que o Governo Federal instalasse uma rede telefônica que possibilitasse a comunicação de Sinop com outras regiões do Brasil
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O pedido foi atendido, e além dele, o presidente determinou também, ao Ministério das Comunicações, a instalação de uma emissora de rádio e uma de televisão, determinação que foi cumprida no ano seguinte
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Entre o final de 1979 e início de 1980, a a população de Sinop enfrentou sérias dificuldades em razão do excesso de chuvas que ocorreu na época e que acabaram bloqueando vários pontos da BR-163, rodovia que liga a cidade a ouras regiões, e que ainda não era asfaltada
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Em razão dos bloqueios da BR-163, o Governo Federal se viu obrigado a enviar diversas vezes aviões da FAB para socorrer a população com produtos de primeira necessidade como alimentos, medicamentos e material de limpeza
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No dia 20 de dezembro de 1980, ocorreu a Formatura da 1ª Turma do Ensino Médio de Sinop, com celebração de missa pelo padre João Salarini, na Igreja Santo Antônio e logo após a missa, foi realizada a solenidade de entrega dos certificados de conclusão de Curso
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À noite, foi realizado o baile de formatura nas dependências do Centro Esportivo Enio Pipino (Pipininho), que ficava ao lado da igreja