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1994
Família Chiarello

EM SE PLANTANDO, TUDO DÁ
Após trocar os caminhões por tratores, uma família busca por terras onde possa plantar mais e encontra no Norte do Mato Grosso o lugar ideal para construir o seu Vale do Verde
“Nesta terra, em se plantando, tudo dá”. Esse é um trecho da carta escrita por Pero Vaz de Caminha, endereçada ao Rei de Portugal, Dom Manuel, repostando o achado da comitiva lusitana no ano de 1500. O relato parte do punho de um homem que saiu de um país com poucas terras, viajou por caravelas e se deparou com uma farta floresta de pau-brasil. Ainda assim, guardou espaço na sua carta para destacar o quão próspero poderia ser esse novo mundo se a terra fosse semeada.
Portugal colonizou o Brasil, chegou logo ao Mato Grosso, mas se limitou a arrancar o ouro do solo. A frase de Pero Vaz, que parecia esquecida no tempo, passou a fazer sentido quando outros brasileiros promoveram no cerrado mato-grossense o seu próprio descobrimento. Pessoas que descobriram que nas vastas terras, em se plantando, tudo dá. Não apenas grãos, mas também sonhos.
O Norte de Mato Grosso corresponde a quase 5 vezes o território de Portugal, uma porção de terra que passou os primeiros 4 séculos sendo subutilizada. Foi nesse chão que brotaram histórias de sucesso, como do Grupo Vale do Verde.
Neri José Chiarello, chamado por todos apenas de Zeca, nasceu em 1964, na cidade de Getúlio Vargas, no interior do Rio Grande do Sul, município que desde o século passado era rota do gado que saia dos pampas gaúchos para abastecer São Paulo.
Em 1983, aos 19 anos, o filho de agricultor decidiu empreender junto a seu tio em uma distribuidora regional da Skol na cidade, vendendo a bebida que vinha do sudoeste nos arredores de Getúlio Vargas.
No ano de 1987, ele deixou o Sul do país para explorar o Centro-Oeste. O destino era a cidade de Rio Verde, em Goiás, onde abriria junto com a família Prante uma transportadora. Na época ele namorava Luciani Prante, com quem se casaria 3 anos depois.
Luciani era uma jovem na faculdade, cursando Agronomia. A graduação parecia ser um presságio da nova direção que os negócios da família tomariam. Então, um ano depois de abrir a transportadora, o negócio foi vendido. Os três caminhões foram trocados por 150 hectares de terras prontas para o plantio no interior de Rio Verde.
Na safra 1988/1989, Zeca, junto com a família Prante, plantou soja nas novas terras. A área, talvez considerada grande se comparada com as pequenas propriedades do Sul do país, media o equivalente a dois módulos rurais de Mato Grosso, daqueles destinados para uma família, nos projetos de reforma Agrária do Incra. A lavoura produziu bem, serviu de laboratório para os aspirantes a sojicultores, mas, acima de tudo, instigou a ambição por plantar mais. “Começamos a ouvir sobre as terras no Mato Grosso e como algumas pessoas estavam se desfazendo de suas propriedades para plantar na região Norte do estado. Na época, um hectare de terra em Goiás dava para comprar 12 hectares em Mato Grosso nessa região de Sorriso e Sinop”, lembra Zeca.
Com a primeira safra colhida e negociada, optaram por vender a propriedade em Goiás e compraram 6 mil hectares em Sorriso. A área 40 vezes maior começou a ser trabalhada em parcelas. No dia 17 junho de 1989, um sábado à noite, Zeca e mais 4 funcionários chegaram em Sorriso, em uma F-4000. Naquele ano, a sociedade plantou 600 hectares – uma fração de 10% da área total, mas 4 vezes maior do que a primeira lavoura em Rio Verde. A diferença não estava apenas no tamanho do projeto, mas também nas adversidades. A terra no Norte de Mato Grosso era “bruta”, não estava pronta para o plantio. “O crédito não existia. Só um pouco com o Banco do Brasil e ainda assim com dificuldade. A terra em si não tinha valor. Valia muito pouco como garantia”, lembra Zeca.
A ideia era crescer a cada ano, mas não foi o que aconteceu de imediato. Já na safra seguinte, em 1990, ao invés de 4 funcionários, apenas 3 foram contratados. Os 600 hectares do primeiro plantio foram encolhidos pela metade. Com 300 hectares e menos gente trabalhando, os donos da terra se revezavam em todas as funções, plantando, colhendo e transportando os grãos. “Foi uma pequena crise, com uma produção que não deu muito bem, seguido de uma queda nos preços, mas isso não nos desmotivou”, conta Zeca.
Luciani fazia valer seu diploma no desafio de domar o cerrado. Além do suporte com conhecimento, trabalhava de forma ativa na produção. No ano de 1991, quando voltava da lavoura com seu cachorro de estimação, ela sofreu um grave acidente de carro. Luciani ficou muito ferida e o animal morreu. Ela teve que ser levada de avião para Cuiabá, já que na região não havia atendimento médico adequado à situação. “Foi um momento muito difícil”, relembra Zeca.
Luciani se recuperou, e tempos depois voltou às atividades. Os anos seguintes foram bem mais prósperos. O grupo conseguiu encaixar uma sequência de quatro boas safras. A área em Sorriso foi sendo aberta, aumentando a produção a cada ano, e também com ganhos em produtividade, em razão do domínio do solo e do avanço nas tecnologias em sementes e insumos. No ano de 1994, o grupo comprou a primeira área em Sinop.
Localizada na MT-220, a terra que hoje guarda um importante Armazém da Vale do Verde era composta por 12,9 mil hectares cobertos por floresta. Hoje, plenamente produtiva, esta área era apenas uma aposta. Zeca lembra que seu preço era de 7,4 sacas de soja por hectare.
Olhar o passado e comparar com o presente pode levar a uma percepção incorreta dos fatos. Alguns podem pensar que Zeca – e também a família Prante – apenas tiveram sorte de estar no lugar certo, na hora certa. Não é bem assim. Essa área da MT-220 hoje é uma joia do agronegócio, 75 km distante da cidade de Sinop, com asfalto passando na frente da porteira, um grande complexo de armazenagem e alta produtividade em 3 diferentes culturas, além da pecuária. Mas quando ela foi adquirida em 1994, o grupo levou 4 anos para começar a abrir e semear naquela terra.
Com a nova propriedade sendo aberta a partir de 1998, Zeca e Lucieni se mudaram para Sinop no ano seguinte. Foram necessários 10 anos para que a área na MT-220 fosse completamente aberta – respeitando os percentuais de área de preservação permanente e buscando compensação para as áreas de reserva legal. Foi nesse período que nasceram as duas filhas do casal: Camila, em 2000, e Mariana, em 2005.
Enquanto ampliavam sua área plantada, o grupo apostou na diversificação dos negócios. Construíram unidades de armazenagem e passaram a receber grãos de outros produtores. O que era uma estratégia de negócio acabou sendo uma salvaguarda para o setor produtivo no seu momento de transição.
No ano de 2005, o Norte de Mato Grosso foi aplacado pela Operação Curupira, movida pelo Ibama, Polícia Federal e Ministério Público. A ação impactou o setor de base florestal, fazendo com que muitos proprietários de áreas rurais abandonassem o segmento. Com as commodities valorizadas no mercado internacional e um dólar atrativo, o mato que fornecia matéria-prima para as agora desativadas madeireiras foi convertido em lavoura. Arroz na primeira e até na segunda safra, soja e milho nas demais.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) era o melhor comprador de arroz, que também sofreu uma crise naquele ano com a subclassificação da variedade Cirad. Como medida de fomento e segurança alimentar, o Governo Federal implantou prêmio de produção, tanto para o arroz como para o milho, a fim de compensar a queda no preço de venda dos grãos. “Credenciamos nosso armazém junto à Conab, ampliando assim o espaço de armazenagem desses alimentos e também oferecendo um preço melhor ao produtor. Ter a comercialização de grãos como atividade paralela foi um diferencial para nosso grupo”, explica Zeca.
Era bom para os negócios e também para a coletividade. Armazéns da iniciativa privada, como esses da Vale do Verde, davam um suporte estrutural para um agronegócio que cresceu muito mais rápido do que sua capacidade de armazenagem. Esse déficit entre produção e capacidade estática demorou mais de uma década para chegar perto da equalização. Sem armazéns, essa riqueza do Norte de Mato Grosso apodreceria nas lavouras ou na estrada.
A Vale do Verde cresceu e se tornou um ícone do agronegócio, com uma marca conhecida e respeitada. Além de Zeca e Luciani, integravam o grupo os irmãos Daniel e Renato, que juntos construíram um legado suficiente para mudar seus destinos. Em 2018, Daniel escolhe sair da sociedade para tocar sua parte nos negócios. Três anos depois, um acidente de trânsito na MT-220 ceifa a vida de Renato, ocasionando uma segunda cisão no grupo. Hoje, os negócios conhecidos como Vale do Verde estão apenas com a família Chiarello.
A empresa tem 3 campos principais de atuação. O principal é a parte comercial, formada pela atividade de compra de grãos e a venda de insumos e fertilizantes. Na sequência vem a produção agrícola, com soja, algodão e milho. A empresa ainda desenvolve uma pecuária de corte com gado. “A Vale do Verde se tornou uma empresa grande porque se preocupou com a qualidade dos insumos que oferece e com as pessoas que compõem nossa equipe. O maior patrimônio da empresa é a nossa equipe e nossos clientes. É um privilégio ver quem trabalha conosco e a quem atendemos”, comenta Zeca.
Em 2023, cerca de 160 pessoas trabalhavam diretamente na Vale do Verde em seus diferentes setores. Alguns com 30 anos de registro na Carteira de Trabalho. Na parte de comercialização, a empresa comercializa sementes e insumos de alta tecnologia, colaborando com o progresso do setor produtivo. Com duas unidades de armazenagem, a empresa tem uma capacidade estática para 252 mil toneladas de grãos.
Camila, a filha mais velha do casal, se formou em Direito e começou a combinar o ‘tailleur’ com a botina. Seu ingresso nos negócios da Vale do Verde marcam o início da sucessão familiar.
Para além do campo, Luciani ainda deu sua contribuição na cidade. No ano de 2005, ela fundou a APAMS (Associação de Proteção aos Animais do Município de Sinop), a mais importante entidade e que se tornou referência no resgate, recuperação e tratamento de animais abandonados, defendendo a adoção responsável. A entidade cumpre o papel de centro de zoonoses que a cidade ainda não tem.
Para Zeca, fazer esse retrospecto histórico deixa claro o quanto Sinop prosperou e quantas pessoas tiveram nessa cidade uma oportunidade de crescer. “Sinop é uma metrópole que anda sozinha, não depende de uma capital. Quando cheguei no Mato Grosso, dependíamos de Cuiabá para tudo: serviços, produtos, remédios, especialistas... Hoje temos tudo aqui. Ainda tem muito a crescer e também precisa de muita gente boa”, reflete Zeca, que embora nunca tenha se alçado à política, sempre acompanhou as lideranças do setor público com uma distância segura.
O empresário acredita que Sinop deve pensar grande e buscar se estruturar levando em conta a velocidade que cresce. Parece uma dica genérica, mas não é exatamente o que a Vale do Verde fez ao longo da sua trajetória?
1994
Alessandro Salles Silva e Marcos Eduardo Ravazzi - Accion

SINERGIA EM AÇÃO
Um arquiteto paulista e um engenheiro paranaense entraram e saíram da faculdade nos mesmos anos, e apostaram em suas profissões longe de suas respectivas cidades natais. Em busca de objetivos comuns desde o início da parceria, estão próximos de completar 30 anos juntos na Accion Construtora
Um engenheiro estudioso e apaixonado por números que veio do Paraná e um arquiteto comunicativo, da ‘turma do fundão’, vindo do interior de São Paulo. Eram dois jovens recém-formados, completamente distintos um do outro, mas que compartilhavam os mesmos desejos e sonhos. Um precisava do projeto do outro. Ambos precisaram manter seus relacionamentos à distância para se estabeleceram em Mato Grosso. Diferenças e semelhanças entrelaçadas em busca do mesmo objetivo. Essa é a história dos sócios proprietários da Accion.
Filho de Jácomo Francisco Ravazzi, um mecânico de máquinas pesadas, e de Yolanda Martins Ravazzi, uma administradora do lar, Marcos Eduardo Ravazzi nasceu em 1970 e era o caçula de uma família de três irmãos em Tupã, no interior de São Paulo. Teve uma infância maravilhosa, segundo ele, indo para a escola pela manhã, ‘sumindo na braquiária à tarde’ e voltando à noite para casa. Como o pai trabalhava fora, Marcos via a mãe como uma ‘psicóloga, pedagoga, médica e advogada da família’, sempre cuidando dos filhos. Com gratidão ao falar dos pais, Marcos conta que teve a chance de nascer em uma casa onde eles pediam foco no estudo, um grande marco de sua vida. “Se não fosse a possibilidade que meus pais me deram pra estudar... Você pode ser um gênio, mas se não tiver oportunidade, não estiver no lugar certo, na hora certa e conhecer as pessoas certas, você não cresce”, disse.
Marcos teve como base de estudos a Escola Estadual Joaquim Abarca, em Tupã. Depois, fez um curso técnico de contabilidade junto com o segundo grau, no Colégio Arthur Fernandes – tendo como inspiração o irmão, que era contador na Prefeitura. Afinal, este e o magistério eram os cursos mais comuns na época. Logo começou a trabalhar, aos 14 anos de idade, como contínuo do Escritório Alfa-Alvorada, de contabilidade, em 1984. Depois, foi para o Escritório Oracaci. Após se formar, foi auxiliar de contador em uma usina de álcool.
Embora formado no técnico em contabilidade, Marcos e um amigo, Marcelo Segura, decidiram fazer faculdade e prestaram vestibular de Direito juntos. Não passaram na primeira tentativa.
No ano seguinte, foi prestar vestibular no curso de Arquitetura na antiga FAUT (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Tupã) e foi aprovado. Nessa época, trabalhava como desenhista na área de projetos de eletrificação rural em alta tensão na CERT (Cooperativa de Eletrificação Rural de Tupã), cujo responsável técnico era Joni da Silva Higino.
Na época, a faculdade particular estava longe dos padrões de salário que Marcos recebia. Então, Joni se torna essencial na mudança de rumos na sua vida, quando decide que iria custear os seus estudos. Para tanto, pediu que Marcos se demitisse da cooperativa e fosse trabalhar com ele em seus projetos particulares. Além do reconhecimento, Marcos conta ter se espelhado em Joni como uma fonte de perseverança, pois o chefe – que se transformaria em amigo – costumava sempre superar as adversidades.
Em 1987, com 17 anos de idade, Marcos ingressou na faculdade de Arquitetura e aproveitou os cinco anos de curso da melhor forma possível. Era membro frequente de festas e fazia parte da “turma do fundão”, mas não deixava os estudos de lado. Participou de vários congressos e viagens para Brasília e São Paulo. “Me sentia lisonjeado em poder participar da faculdade de arquitetura”, ressalta. Durante a faculdade, em 1989, Marcos conheceu Mariana Cristina Aguiar, o amor de sua vida e sua futura esposa.
Já no fim do curso, Marcos foi o presidente da comissão de formatura e orador da turma, a última da FAUT, que no mesmo ano teve o campus vendido para a UNIMAR (Universidade de Marília). Marcos se formou em 1991 e garantiu o diploma de arquiteto e urbanista.
Nos dois anos seguintes pós-formado, seguiu trabalhando com desenhos técnicos para Joni. Até que o amigo Marcelo Segura se formou em Direito, foi para Sinop e o convidou: “Marcos, teve um desenhista aqui que comprou um carro zero. Vem pra cá”. Marcos, então, viu ali uma boa oportunidade. Entretanto, o amigo só esqueceu de dizer um detalhe: o carro em questão era do pai do desenhista, que futuramente viria a ser funcionário de Marcos.
Na esperança de ganhar um bom salário, Marcos Ravazzi foi conhecer Sinop por causa de Marcelo, que lhe ofereceu a casa para se estabelecer. Ele chegou na cidade em outubro de 1994. Quando chegou, sua primeira impressão é que a cidade estava pegando fogo, pois havia muitas serrarias ao longo da BR-163.
No mesmo dia, pegou emprestado o carro de Marcelo para dar uma volta na cidade, onde foi conversar com vários engenheiros para perguntar como estava a situação do mercado. Em sua história, Sinop sempre teve ‘espaço pra mais um’. Mas a cidade que tão bem acolhe aos migrantes, às vezes dispensa concorrentes. As primeiras conversas de Marcos com os ‘colegas’ de profissão não foram animadoras. Alguns respondiam que o setor estava ruim; outros, que estava normal. Até que o engenheiro José Plínio Silva Filho o intima a se mudar para Sinop, lugar que estava prosperando. “Aqui você vai se deliciar, vai crescer”. Plínio convenceu Marcos.
Ao retornar para Tupã, o recém-formado arquiteto contou à namorada que decidira se mudar, mas pediu que ela continuasse estudando por lá até a sua formatura – ela também cursava Arquitetura. Foram dois anos em Sinop sem Mariana.
Em fevereiro de 1995, época de muita chuva, Marcos montou o escritório na casa do amigo. Não demorou muito para que pegasse seu primeiro projeto. A ideia foi ir até o escritório do engenheiro José Plínio Silva Filho. O engenheiro pensou que Marcos estava lhe cobrando um emprego. Então, o arquiteto explicou: “Fica tranquilo. Quem quer te contratar sou eu pra fazer meu projeto, porque você me vendeu a cidade. Então, eu quero que você faça parte do meu primeiro projeto”. Marcos sabia que Plínio era um engenheiro com experiência na cidade, sabia o que precisava ser feito. Entretanto, precisou recusar, pois estava com bastante trabalho. Então, Plínio apresentou Marcos para o amigo de Maringá, o engenheiro civil Alessandro Salles Silva. A sinergia foi instantânea. Neste momento, começava uma forte e resistente parceria.
Nessa época, Marcos conheceu também Michelangelo Dal Pai Sandri, policial rodoviário federal e engenheiro civil. Eles fizeram uma parceria por um ano.
Nascido em Santa Isabel do Ivaí (PR), Alessandro gostava de estudar e de jogar xadrez, esporte pelo qual participou de vários campeonatos locais. Filho de professores, mudou-se em 1982 para Maringá, aos 12 anos de idade, para que ele e suas irmãs estudassem em melhores escolas. Alessandro estudou no Colégio Regina Mundi até completar o Ensino Médio.
Na hora de escolher uma carreira, Alessandro queria algo na área de exatas, pois gostava de matemática. Naquela época, o curso mais comum era de Engenharia Civil. Decidiu, então, prestar vestibular na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Estudioso, não apenas passou na prova, como também gabaritou as questões de matemática. Impressionado com o resultado, o chefe do Departamento de Matemática foi até à casa de Alessandro conversar com sua mãe para tentar convencê-lo a mudar de curso. O esforço, porém, foi em vão, e o jovem calouro inicia a graduação em Engenharia Civil no ano de 1987.
Entretanto, logo no primeiro ano, o primeiro percalço. Quase desiste da Engenharia quando vai mal em uma prova de desenho arquitetônico. Depois, Alessandro percebeu que havia pouco desenho na grade curricular, então persistiu. Durante o curso, fez viagens para estudar geologia e conheceu a Usina de Itaipu. Calculou um tempo para namorar. A paulista Leny Barbosa Jaschke era o compasso perfeito para projetar uma vida a dois.
Paralelo à faculdade, Alessandro fez estágio em obras, em um prédio de 30 andares, o maior de Maringá na época. Além disso, trabalhou no acabamento do Shopping Nabhan Cia Fashion, em Cianorte (PR), no último ano da construção. Em 1991, assim como Marcos, também estava devidamente formado.
Com o diploma em mãos, Alessandro trabalhou ainda por dois anos na cidade paranaense: no primeiro ano como funcionário; no segundo, já abriu sua própria empresa.
Um amigo da época do colégio havia se mudado para Sinop. Esse amigo era Gleisson Tagliari, um engenheiro eletricista que havia se estabelecido no Norte de Mato Grosso para trabalhar com madeira. Hoje, o empresário é vice-presidente do CIPEM (Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso) e já foi presidente do Sindusmad (Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado de Mato Grosso.
Em 1994, Alessandro resolve dar um pulo em Sinop junto com um colega de faculdade, Edney Marcos Mossambani. Chegaram na cidade no dia 16 de fevereiro. Naquela mesma data, ao lado de Gleisson, fundaram a nova empresa, que se chamaria Accion (‘ação’ em espanhol). “Nós definimos o nome naquele mesmo dia da reunião entre os três sócios”. Para Alessandro, não foi difícil de se estabelecer na cidade, pois Gleisson já tinha alguns parentes que moravam em Sinop e conheciam bastante gente, o que os ajudou a fazer bons contatos.
Os primeiros passos da Accion se deram no mesmo lugar onde se encontra a atual sede da empresa. Tratava-se apenas de um escritório de engenharia. E, em aproximadamente 30 dias, veio o primeiro contrato de trabalho, de um ano, com o Frigorífico Frialto. Alessandro foi o engenheiro responsável pela construção do frigorífico, desde o início das obras.
Um dos primeiros projetos da Accion foi a residência de Guilherme Domingos Camilotti Júnior, na Rua dos Lírios – atualmente uma galeria, que também foi construída pela Accion. Pelo projeto dessa casa, a empresa recebeu R$ 1.250,00. Alessandro usou o dinheiro para uma causa nobre: parte em um ônibus da Nova Integração rumo a Assis, no interior de São Paulo, para se casar com Leny. A celebração acontece no dia 10 de setembro de 1994, e após consumada a união, Leny segue de vez com o marido para Sinop.
Em 1995, Marcos inicia os trabalhos junto à Accion. Paralelo a projetos horizontais desenvolvidos em Sinop, surge, ainda naquele ano, a oportunidade de a empresa construir um prédio de seis andares na cidade de Tapurah (MT).
Os projetos estavam prosperando e o tempo passava rapidamente. Depois de Alessandro, agora era a vez de Marcos jogar no time dos casados. No fim de 1996, ele viaja até Tupã para subir ao altar com Mariana.
No ano de 1997, os outros dois sócios se desligam da empresa. Enquanto Gleisson foi cuidar da área industrial pela qual se identificava, Edney retornou para Maringá. Então, Alessandro convida Marcos para fazer parte da sociedade. O arquiteto aceita. A ideia era que um complementasse o trabalho do outro.
Desde então, a Accion decolou. Marcos se orgulha do projeto do kartódromo de Sinop, feito em 1998. A Accion também construiu o Hotel Ucayali e reformou o Sindicato Rural de Sinop. Até então, a empresa atuava apenas como prestadora de serviço. Em 2002, os sócios iniciam a Accion Incorporadora. “A partir do momento que a gente começou a incorporar, percebeu que nosso negócio era construir para vender. Viramos a chave. Isso deu uma estabilidade e uma perspectiva boa”, conta Alessandro.
O desafio da engenharia, para a verticalização, sempre foi em relação à fundação dos prédios em Sinop. Atualmente, o problema já está resolvido, mas naquela época não havia tanta tecnologia embarcada quanto hoje. Os proprietários da Accion lembram que essa etapa, por exemplo, chega a ser até 50% mais cara se comparado com uma cidade como Cuiabá, que tem um solo mais propício para receber grandes cargas na fundação.
Ciente de que havia um grupo de amigos que prezava pela segurança como um dos principais atributos na hora de buscar uma moradia no centro da cidade, o empresário Clayton Teodoro Carvalho desafia Alessandro e Marcos para que a Accion desenvolvesse um projeto para a construção de um prédio. Como incorporadora, o primeiro projeto da empresa foi o Edifício Residencial Iramaia, localizado na esquina das ruas das Rosas com Castanheiras. Foram levantados 13 pavimentos para apartamentos de alto padrão, sendo duas unidades por andar, de 237 metros quadrados cada. Naquela época, a única referência de moradia vertical em Sinop era o Edifício Jacarandás, iniciado por Geraldino Dal Maso e concluído por Roberto Dorner – dois personagens que estampam a galeria de prefeitos. O Iramaia foi o segundo edifício da cidade.
Um novo projeto é iniciado ainda em 2002: o Residencial Green Ville, um condomínio vertical de oito prédios com 4 andares cada torre e 128 apartamentos no total (16 apartamentos por bloco, 4 por andar).
Tida como tranquila, Sinop já experimentava uma dilatação populacional, alterando seu status de pequena para médio porte. Com gente vindo de todo eixo, a segurança era um tema mais presente no dia a dia, mas ainda era necessário poder da persuasão.
“Ainda existia muita área para construir, e, por conta da cultura, as pessoas estavam acostumadas a morar em residências mais amplas. Foi um processo disruptivo mudar a concepção de que um apartamento, mesmo que menor, traria mais segurança, praticidade e tranquilidade, tanto é que os projetos que fomos desenvolvendo de apartamentos buscavam agregar elementos de residências que garantissem bem-estar aos seus moradores”, explica Alessandro.
Já em 2003, Marcos, em parceria com Rafael Schneider, promoveu a primeira mostra de decoração da cidade, a Sinop Show House. Entretanto, os arquitetos da região na época ainda não acreditavam no projeto. Com isso, a ideia foi convidar arquitetos da Capital para o evento. O Sinop Show House foi um projeto fora do comum, que trazia no mostruário um piso de 60 x 60 cm branco para sala de estar, lançamento da indústria naquela época. “Conseguimos parceria da Eliane Revestimentos Cerâmicos, Docol, do ar condicionado LG, e também com uma grande novidade na Mostra, que era a primeira televisão de plasma que veio para Sinop, saindo direto da Casa Cor São Paulo direto para a Mostra”. No mesmo projeto, foi implantado o primeiro muro de vidro na cidade.
Em 2004, a Accion assumiu a construção da sede administrativa da Acrinorte (Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso), em frente ao Parque de Exposições. Foi preciso construir um barracão provisório para cobrir a obra, protegendo a construção da chuva, que ocasionaria o atrasado do cronograma de entrega. Após a conclusão, o barracão foi desmanchado, permitindo a realização da Exponop sem transtornos. Naquele mesmo ano, veio a construção do Edifício Solarium, com 15 pavimentos para apartamentos de alto padrão, sendo dois duplex.
Entre 2004 e 2012, a Accion participou de projetos residenciais de alto padrão e de concessionárias (Honda, Renault, Nissan, que mais tarde passou a ser a da Jeep, Toyota, além da Chevrolet de Lucas do Rio Verde e de Sorriso). Naquele período, Sinop não viu o lançamento de grandes projetos imobiliários. A conjuntura econômica, em nível local e nacional, não era favorável a investimentos mais pesados. “Algumas empresas do ramo buscaram outras regiões para atuar, mas a Accion continuou firme apostando em Sinop”, indica Alessandro.
Em 2010, o escritório da Accion se dedicava ao projeto da sede da Embrapa Agrossilvipastoril. Foram meses exclusivamente dedicados a cumprir todos os prazos programados. A entrega estava prevista para o fim daquele ano. Neste projeto, a construtora se apropriou do conceito de viga aparente, simbolizando uma tribo indígena. Na época, havia muita apreensão de madeira, então a Accion conseguiu que o resultado desse confisco fosse revertido para o projeto. “A arquitetura da unidade ficou maravilhosa, com galerias de arte e o lago”, recorda Marcos.
Na sequência de grandes empreitas vem o Bosque Village, em 2012, um condomínio residencial de quatro torres com seis andares cada, em um total de 80 apartamentos. Quatro anos mais tarde, começam as obras do Ingá Prime Residence, referência em moradias verticais de luxo em Sinop. São 21 andares e 36 apartamentos – dois por andar. São duas opções: o Tipo e o Duplex, com áreas privativas de 203,75 metros quadrados e 349,48 metros quadrados, respectivamente.
Paralelamente a esses projetos, de 2000 a 2021, a Accion continuou projetando e construindo novos empreendimentos. Em Sinop, executou a construção do Colégio Regina Pacis, e em Sorriso, desenvolveu o projeto e executou as obras do Colégio Regina Coeli. A empresa sempre teve como característica seguir as preferências dos clientes quanto à arquitetura.
Outras obras importantes foram a de ampliação do Hospital Dois Pinheiros, na Avenida dos Tarumãs, com fachada nova, e a da Inpasa, com a construção do posto de combustíveis, setor administrativo, laboratório, vestiário e escritório central.
Em 2022, foi desenvolvido o projeto do Blend Home & Business. Focado em investidores, trata-se de um novo conceito de moradia estilo estúdio (o que muito se conhece nas capitais como flat), com os benefícios de um prédio residencial, além de escritórios e lojas no térreo. Lançado em novembro do mesmo ano, o Blend está com a construção em andamento em uma área de 26 mil metros quadrados. A obra foi iniciada em março do ano passado. Os números do Blend refletem a pujança do empreendimento. São 22 lojas térreas, 117 salas comerciais, estacionamento rotativo, recepção, 84 estúdios com rooftop, coworking, lavanderia, espaço gourmet com terraço, academia e piscina com borda infinita.
Após a conclusão do Blend Home & Business, segundo Alessandro, novos empreendimentos virão. “Nosso projeto de vida é fazer nos próximos 15 anos mais do que fizemos em 30, não em questão de número de projetos, mas em resultados. As pessoas nos conhecem. Por exemplo, quando ficam pra trás os momentos de crise, há clientes que voltam. Isso é gratificante, sustenta a gente. Temos uma história. Sem modéstia, como a gente acertou mais do que errou, continuamos aqui”, comemora.
Para não esticar tanto a trena do tempo, a Accion projeta, para os próximos 5 anos, pelo menos 5 novos empreendimentos verticais. Nessa linha de produção, o primeiro é um edifício residencial de alto luxo, em excelente localização. Serão 25 pavimentos e 22 apartamentos – um por andar, com 430 metros quadrados de área, 5 vagas de garagem, sendo uma no próprio apartamento, um diferencial no mercado nacional. Conta-se nos dedos de uma mão quantos prédios neste estilo existem no país.
A sociedade de Alessandro Salles Silva e Marcos Eduardo Ravazzi na Accion Construtora completará 30 anos no início de 2025. Sobre o sucesso, eles destacam o respeito recíproco e a mesma linha de valores e princípios. “A espinha dorsal continua a mesma. Nossa postura é muito parecida, de honestidade e excelência no que fazemos. Eu sou mais calmo. Já ele é mais comunicativo e criativo. Eu sou dos números. Somos diferentes, mas não nos princípios. A gente tem uma mesma linha. Foi isso que sustentou”, explica Alessandro.
Marcos também exalta a parceria e lembra que, desde o início, o objetivo sempre foi o mesmo: um completar o outro dentro da empresa. “Até hoje segue assim, desde o começo até agora. É importante ressaltar a sociedade durante esses 30 anos. Isso não é comum de se ver, porque ambos passaram por muita coisa para chegar até aqui”, completa.
Marcos assegura se lembrar de todas as obras realizadas pela Accion e se orgulha em ter mostrado muitas delas aos pais, quando estes visitavam Sinop. “Era meu maior prazer mostrar a eles o que nós tínhamos projetado e construído. Tem de tudo, concessionária, hotel, edifícios, casas de alto padrão... Sou muito feliz com nossos projetos”, destaca o empresário, que não titubeia quando questionado sobre seu projeto preferido: “Sempre o próximo”.
Com 30 anos completados em Sinop, Alessandro presenciou praticamente todo o crescimento da cidade e garante que já esperava isso desde quando chegou, mas se diz surpreso com a relevância conquistada pelo município a nível nacional. “Eu sempre fui mais pé no chão. Não imaginava que Sinop teria essa repercussão nacional que tem hoje. É uma cidade pra quem gosta de trabalhar, é pujante, boa pra investir. Crescer sim, eu esperava, devido à própria distância que temos dos grandes centros. Quem veio pra cá, veio pra dar certo. É uma sensação muito boa de participação em todo esse crescimento”, ressalta.
Marcos também compartilha com o amigo o amor por Sinop. “Quem mora aqui, pega uma paixão muito grande por essa cidade. A Accion criou uma família que deixa um legado na construção. Ninguém vai tirar isso”, conclui.
1994
Hellen Simonetto - H Home

O OLHAR REQUINTADO QUE EMBELEZA AS RESIDÊNCIAS
Hellen Simonetto é daquelas empresárias que põe a mão na massa. Do chão de fábrica ao requinte das residências de alto padrão, ela é responsável por dar um requinte de sofisticação em qualquer ambiente, trazendo estilo e bom gosto à casa do sinopense
Uma vendedora que sentia o prazer em ver a satisfação do cliente e nunca se preocupou com o custo, mas sim com a qualidade do produto. Esta é a história de Hellen Simonetto, empresária bem-sucedida e apaixonada pelo chão da loja e por gente.
Filha de Alfredo Simonetto e Maria Aparecida Coelho Simonetto, Hellen é a caçula de quatro irmãos. Nasceu em 21 de novembro de 1973, no município de Pérola, no Noroeste do Paraná. Pecuarista, seu pai tinha uma terra e sustentava a família comprando e vendendo gado.
Aos 13 anos, Hellen consegue seu primeiro emprego em uma loja de móveis em Pérola, de um amigo de Alfredo. Ela ajudava na limpeza, a colocar as peças no lugar e auxiliava no escritório – local que particularmente não se sentia confortável, pois era mais desenvolta no relacionamento com os clientes. “Até hoje prefiro o chão da loja do que ficar no escritório”, conta.
Em 1988, Alfredo decide se mudar com a família para Colíder (MT) em busca de uma nova terra para exercer a pecuária. Na época, muitos migraram da região noroeste paranaense para a cidade, que era a melhor do norte mato-grossense e, ao mesmo tempo, um local parecido com o interior do Paraná.
Ao chegar em Colíder, as famílias enfrentaram dificuldades. Todos os dias, por volta das 23h, o gerador de energia era desligado. Às vezes, até antes. Com isso, Hellen, aos 15 anos de idade, muitas vezes não podia sair à noite. Como nessa época ainda existia o garimpo, Colíder era um lugar perigoso. “Meus pais tinham medo da gente sair, então não foi uma adolescência muito legal”, lembra. Por outro lado, haviam bailes promovidos pela igreja em locais mais seguros.
Logo após a mudança, Hellen não demorou a conseguir um emprego. Um amigo de Alfredo, empresário forte no ramo de móveis em Colíder, era dono da Parapuã Móveis, que vendia guarda-roupas, camas, cadeiras de área, fogão, geladeira, entre outros. Estudante, Hellen começou a trabalhar na loja como vendedora e, desde então, já se destacava. Era uma loja requintada e atendia cidades vizinhas, como Marcelândia, Itaúba e Nova Canaã do Norte, tinha no estoque roupeiros de cerejeiras e de madeira maciça entalhada.
Mas um acontecimento trágico desestabiliza a família Simonetto, em 1990. Em uma tarde de domingo, em 21 de outubro, um dos irmãos de Hellen, Dulcemir, sofre um grave acidente de avião, após bater em um fio de alta tensão. Com o falecimento do filho, Alfredo vende a casa de carnes de Dulcemir. Além do irmão, Hellen também perdeu no mesmo acidente o gerente da loja em que trabalhava, que viria a falecer após 10 dias internado.
Em 1994, após seis anos, Hellen deixa a Parapuã Móveis e vai trabalhar em uma papelaria, onde fica por apenas seis meses. Depois, casa-se com seu então namorado, Sílvio Carlos Alves e, logo, se mudam para Marcelândia, onde montam uma loja de roupas por influência da sogra, que já trabalhava no ramo. Porém, o comércio dura menos de um ano. O casal vende a loja e, no fim de 1994, decide se mudar para Sinop, uma cidade que estava em franca expansão pela força do mercado madeireiro.
Como Sílvio tinha experiência em uma loja de piscina em Campo Grande (MS), ele resolveu conversar com seu ex-chefe, que o incentivou a abrir um negócio no ramo em Sinop. Em 1996, então, eles montam a Hidroline Piscinas, junto com Marcos Antônio Alves (irmão de Sílvio), na Avenida Governador Júlio Campos. Começaram com muita dificuldade, mas confiando na força da cidade. Era um ramo em que poucas pessoas entendiam do assunto. No início, eles vendiam de 10 a 15 baldes de cloro por mês. Pioneira na cidade, a Hidroline começou com uma pequena estrutura com vendas de piscinas de fibra e de produtos relacionados. Entretanto, o ponto forte era a venda de piscinas de concreto armado, onde foram feitas muitas em toda a região: Alta Floresta, Sinop, Juara e Sorriso.
No dia 6 de maio de 1997, nasce Silvano Gabriel Simonetto Alves, o primeiro filho do casal. Nessa época, Hellen e Sílvio trouxeram dois funcionários de Campo Grande para trabalhar na loja: José e Luiz, que já entendiam de piscinas. Quando chegaram, ficaram 30 dias hospedados na casa da família. “Nosso trabalho sempre foi muito sério e honesto. Tínhamos um pouco de dificuldade, pois chegaram concorrentes na época, mas que eram muito desonestos. Além disso, nosso preço era mais alto porque nosso foco era a qualidade”, conta Hellen.
Em busca de mais espaço para colocar os produtos, a Hidroline muda de endereço, agora para a Avenida das Sibipirunas, em 1998. Após essa mudança, Hellen começou a aumentar o leque de produtos, investindo mais na compra de móveis externos, como espreguiçadeiras, guarda-sol, cadeiras de piscina e de varanda. Os móveis eram oferecidos pelos mesmos fornecedores dos produtos de piscina. Pouco tempo depois da mudança da loja, em 21 de janeiro de 1999, nasce a segunda filha: Mariana Simonetto Alves.
Em 2002, foi realizada a primeira grande venda de móveis externos. Foram vendidas cadeiras de piscinas de alta qualidade para um empresário de Alta Floresta. Isso foi o despertar de tudo para Hellen, que tem a ideia de montar uma loja própria. “Eu fiz uma seleção de produtos com os fornecedores que acreditaram em mim”, conta.
Em 2003, a Hidroline muda de CEP, agora para a Avenida das Embaúbas, na época ainda uma via despavimentada. Na época, o asfalto ainda estava começando a surgir naquela área. Somente após a inauguração da loja que o asfalto é concluído. Com uma estrutura moderna, ampla e bem montada, a empresa já estava suficientemente sólida no mercado de venda de produtos de piscina. Os principais clientes eram os médicos e madeireiros da região.
Porém, em 2004, veio a crise da madeira – e muitos clientes são, inclusive, presos. Sinop, então, se desestrutura, pois praticamente toda a economia do município era dependente deste ciclo. A Hidroline recebia cheques como forma de pagamento, e muitos deles começaram a ‘voltar’. “Da janela da loja a gente via os policiais prendendo pessoas no fórum”, recorda Hellen.
Devido à crise, muitas pessoas acabaram migrando para o comércio e para a agricultura. Mas é justamente nesse período que a Hidroline nota um aumento gradativo de vendas de móveis externos. Isso proporcionou a ampliação da carteira de clientes. Baldes e mais baldes de cloro eram despachados para Alta Floresta e Colíder diariamente e distribuídos para toda a região. Entre os clientes de Sinop estavam o Amazônia Clube e o SESI. A empresa ainda fez uma das piscinas da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil).
Em 2005, então, Hellen viaja a São Paulo (SP) para uma feira de móveis, que ‘abre’ a cabeça da empresária. Por outro lado, ela não podia gastar muito, porque a empresa enfrentava uma crise financeira. Chegou a passar em frente ao estande da Sier, ficou com vontade de comprar aqueles móveis, mas desistiu. Naquela época, os móveis externos tinham qualidade, mas ela começa a perceber que as pessoas precisavam também dos internos. “Era um sonho mais meu. O Sílvio e o Marcos acreditavam mais nas piscinas do que nos móveis, porque elas ainda rendiam muito dinheiro”, explica.
Em 2006, então, surge um prédio ao lado da Hidroline. Hellen já contava com vários móveis guardados no depósito da loja, enquanto Silvio e Marcos estavam focados na loja de carros recém-inaugurada. Nesse período, ela tomava conta tanto da Hidroline quanto dos móveis, enquanto o marido e o cunhado cuidavam da venda de carros. Em comum, todos estavam cansados da construção de piscinas devido à concorrência desleal e à dificuldade de mão de obra. Nesta época, os irmãos vendiam mais a construção de piscinas.
Como há tempos Hellen já vendia móveis de área externa e fazia um serviço personalizado (o que não era comum na época), os clientes começaram a ganhar confiança em seu trabalho. “Eu tinha o maior prazer em ver o projeto montado, muito mais do que o dinheiro, que era consequência. Eu tinha satisfação em ver o cliente feliz e aquilo foi aumentando. Cada vez que eu fazia um serviço, aumentava um cliente. Na época não tinha ninguém que fazia isso. Chegavam pessoas e me reconheciam por ter montado a casa de outras pessoas. Eu era, ao mesmo tempo, vendedora, compradora e arquiteta”, afirma.
As condições financeiras da família já eram suficientes para pagar as contas, mas ainda não era uma situação confortável. Porém, Hellen ainda queria algo que Sinop não tinha. É neste momento que o setor de móveis começa a melhorar. A empresária usava a venda de piscina como uma forma de entrar na casa do cliente. Ao concluir as obras da piscina e as vendas dos móveis externos, ela oferecia móveis internos para a casa. Como costumava ofertar sempre o melhor produto, tornava-se a melhor opção de compra para o cliente.
Sinop, à época, era carente no ramo de móveis, principalmente os de linha alta. Hellen, então, convida um representante da Sier para visitar sua loja. Ela houve como resposta: “a loja não tinha perfil”.
Entretanto, Hellen conheceu o Osvaldo, que oferecia os estofados de uma linha média. O fornecedor era um visionário, tinha vontade de vender e incentivou a empresária a construir uma loja de móveis. Então, ela começou a comprar sofás e outros produtos. Muitos, na época, não acreditavam no potencial da região para vender móveis de luxo. Então, o investimento foi gradual. “Eu comprava de quem me dava moral”, lembra.
Como Hellen não tinha todos os produtos em estoque, pegava condicional de uma loja local. Eram poltronas e objetos de luxo que ela comprava e revendia para os clientes da região, em Sinop, Sorriso e Colíder. A empresária ia primeiro na casa de cliente, media todas as paredes, fazia um layout no papel de sulfite, desenhava o sofá, colocava suas medidas e fazia as medidas da mesa de centro. “Eu tinha um gosto mais apurado do que o dos outros. Eu montava o layout e vendia para o cliente”, explica.
Em 2008, Hellen sente que a empresa estava chegando ao auge. Um número interessante referente às piscinas é que os sócios chegaram a vender 500 baldes de cloro num mês. Nessa época, porém, o casal se divorcia. Embora separados, Hellen e Sílvio continuaram com a sociedade tanto na Hidroline quanto na H Home.
Naquela época, crescia o número de residências de alto padrão em Sinop. Ciente disso, Hellen aumenta a linha de móveis de área externa. Como havia muitas dificuldades de mão de obra naquela época, ela começa a agregar móveis de qualidade para ampliar as opções. Então, descobre um fornecedor em Cuiabá e fecha uma grande parceria em termos de preço e competitividade, comprando móveis de fibra e de alumínio, que vinham de caminhão fechado. “Eu desenvolvi algumas cadeiras e ele (fornecedor) ia fabricando. E nós começamos a nos dar muito bem. Era bom pra ambos. Semanalmente eu fazia pedidos grandes, e foi aumentando gradativamente. Sempre gostei muito do chão de fábrica para desenvolver o produto”, lembra.
Os primeiros anos do século não foram os mais animadores na curta história de Sinop. Tanto que, em 2011, a Hidroline sente dificuldades em manter a crescente. Apesar disso, Hellen sabia que precisava abrir uma loja de móveis.
Em 2012, Hellen começa a despertar para o design brasileiro de Sérgio Rodrigues. Quando conhece esse mundo, se apaixona ainda mais pelos móveis e traz, pela primeira vez, os produtos do arquiteto Zanini de Zanine. Seguindo sua intuição, a empresária decide abrir a H Home Móveis e Decorações. O espaço contava com mais de 400 itens, incluindo marcas do calibre de Bell´Arte, Sierra Móveis, Tumar, CGS, Tissot e Móveis Veneza.
Após abrir a H Home, Hellen ficou ainda mais realizada, pois conseguiu o espaço para mostrar seus produtos aos clientes. Desde o começo, a loja começa a operar bem. “Sempre fui muito corajosa, tinha um gostinho apurado. Na época, as pessoas faziam as casas, mas ninguém comprava móveis no projeto. Todo mundo terminava a casa e eu ia lá com o caminhão cheio, descarregava, montava e vendia”, relembra.
Para cobrir a região, Hellen precisava sair da loja na hora do almoço e ‘descer o mapa’ rumo a Sorriso ou Lucas do Rio Verde para montar uma casa. Eram de 4 a 5 casas por mês, em média. Aos poucos, foi montando estoque, guardando no depósito ou até na varanda de casa. Na época, os produtos precisavam estar prontos para entrega. “É um olhar diferente. Minha visão sempre foi o da qualidade. Mas, isso exige um pouco mais do cliente que tem mais potencial financeiro. Se eu fosse explorar uma linha média/baixa, eu venderia dobrado em volume, mas eu não queria isso. Eu queria vender móveis de qualidade. Aquilo que me atraía era muito mais caro, mas sempre tive o desejo de ter o diferente, desde criança”, explica Hellen.
Em 2012, Hellen começou a comprar da Sier Móveis, que até hoje é um dos seus maiores volumes. Com a Hidroline aberta, ainda eram comercializados muitos móveis de área externa. Esses móveis internos e externos sempre andaram lado a lado. Enquanto os externos ficavam armazenados na área que está a Hidroline, os internos ficavam expostos na H Home.
A Hidroline já havia conquistado espaço no mercado de Sinop. Assim, a empresa seguiu vendendo bem produtos da linha de piscina. A maior parte dos clientes eram pessoas que tinham construído com eles há pouco mais de uma década e estavam mudando de residência, ou cujo filho estava construindo uma nova casa. “Depois de 2012, a minha mãe ficou tocando a loja de piscinas vendendo muitos produtos, mas só pra quem queria comprar. Se fosse competir no preço, não iríamos dar conta. A mão de obra sempre foi um ‘calcanhar de Aquiles’”, conta Silvano, filho de Hellen.
Ao longo dos anos, a H Home foi conquistando marcas grandes no Brasil, mas que, a princípio, geravam desconfiança. “Há 10 anos, o agronegócio ainda não era tudo isso e Sinop foi se tornando uma cidade muito próspera. Minha mãe sempre trazia o que ninguém acreditava que ia vender”, destaca Silvano.
Em 2014, Hellen aproveita a Mostra Iluminare e traz a linha da Zanini de Zanine. Foi a primeira linha de assinatura de Hellen que chega à H Home. No mesmo ano, Silvano inicia na loja, aos 17 anos, após completar o ensino médio. Começou trabalhando no setor financeiro da empresa e, por fim, assumiu a parte administrativa.
Ainda naquele ano, Hellen buscava um nicho que não havia em Sinop, nem em Lucas do Rio Verde, nem em Sorriso: a loja Tidelli, que tinha acabado de abrir uma filial em Cuiabá. Em meio a este desejo de oferecer algo diferente aos clientes, ela começa a trazer algumas peças da Tidelli, já que as demais marcas não estavam mais lhe atendendo da forma que queria.
O cenário do mercado muda e então começam a surgir mais arquitetos, especialmente paridos pelo fortalecimento do ensino superior em Sinop. Consequentemente, as casas começaram a se tornar mais luxuosas, com outro perfil. “Eu acabei me desafiando mais. Os arquitetos fazem eu me desafiar mais como lojista. Embora não dê mais pra fazer vendas de caminhão fechado, as vendas são mais assertivas. Você procura ter algo ainda mais diferente”, assegura.
Em 2017, a megaloja da H Home dobra de tamanho, para 2 mil metros quadrados de showroom. Já a franquia da Tidelli é inaugurada em junho de 2018: o Espaço Tidelli.
Como havia muita demanda nos setores dos móveis, Hellen e Silvano não estavam conseguindo conciliar o negócio com a Hidroline Piscinas. Então, em 2020, a família vende a empresa para uma ex-funcionária. Embora ainda rendesse lucro, havia um desgaste para administrar a loja. “Eu sabia que precisava focar [nas outras lojas], mas tive o sofrimento para me desligar totalmente. Esse desapego em 30 dias foi algo que me fez sofrer. A sensação é que eu estava dando um filho já criado para alguém”, lembra a empresária.
Após a venda, a Hidroline se transferiu para outro local. Com isso, o antigo espaço da loja de piscinas foi transformado em uma loja oficial da Tidelli, em 2021. A inauguração foi em novembro. A marca exigia que a franquia fosse exclusiva à matriz. “A Tidelli é a marca mais conhecida de móveis externos no Brasil, com referência mundial, tendo lojas nos Estados Unidos e na Europa”, garante Silvano.
O produto da Tidelli, em geral, tem valor mais elevado em relação à concorrência. Além disso, móveis externos são mais caros do que os internos, pois são produtos feitos à mão para ganhar durabilidade, afinal, precisam suportar sol, chuva, mudanças de temperatura (ainda que o Norte de Mato Grosso não apresente grandes oscilações térmicas). “O diferencial da Tidelli é que é uma loja que está há 35 anos no mercado. É uma marca de uma família que sempre acreditou desde o início. Começou com a fábrica no Rio Grande do Sul e foi para a Bahia, onde fica a sede. Toda a parte da Tidelli é de móveis feitos à mão. A corda é o produto mais vendido. Eles fabricam a própria corda e exportam essas cordas. Toda a parte da solda também é manual”, afirma Hellen.
A vontade de expandir não parou por ali. Hellen, então, resolveu ampliar o público-alvo. O produto, naquele momento, se tornara muito exclusivo devido ao requinte e ao luxo. Então, para diversificar esse público, a empresa inicia a Ayla Moveis, uma segunda loja, localizada na Avenida Dom Henrique Froehlich, cujo foco são os produtos de médio e começo de alto padrão, com melhor custo-benefício. “Coordeno as duas lojas, mas fico mais na Ayla. Com ela, a gente conseguiu abranger o público, com uma marca totalmente diferente”, ressalta Silvano.
A H Home e a Ayla Móveis trabalham totalmente separadas. São dois negócios independentes, com produtos e marcas distintos. Antes de montarem a Ayla, Silvano e Hellen haviam percebido que ainda faltava esse nicho de mercado, pois algumas vezes os clientes não queriam necessariamente ter um produto exclusivo, mas sim um produto ‘apenas’ de qualidade. Hellen ajudou o filho na primeira compra de produtos da Ayla Móveis. Segundo ele, até hoje os produtos mais caros da loja são os escolhidos pela mãe. “O gosto da minha mãe é mais refinado, ela não se preocupa com o preço. O que importa é a qualidade e exclusividade do produto”, afirma.
Ambos os negócios oferecem produtos de qualidade, sendo que a H Home traz como diferencial peças de altíssima qualidade, com história e acabamento personalizado.
Assim, mãe e filho seguiam firmes em seus projetos de expansão. Como havia muitos clientes de Sorriso desde os tempos de Hidroline e o movimento da BR-163 crescia cada vez mais, eles perceberam a necessidade de abrir uma nova loja na cidade vizinha. Em outubro de 2023, a filial foi inaugurada, com um espaço de 800 metros quadrados, dividido entre móveis internos e externos. “O aumento no tráfego na rodovia é bom para uns, mas não tão bom pra nós, porque nós sentimos que os clientes refutavam pegar a estrada pra vir até Sinop. Então, sentimos que era hora de levar para Sorriso o conforto que os clientes daqui já tinham”, afirma Silvano.
Como Hellen estava ocupada na H Home e Silvano já comandava a Ayla Móveis, Mariana Simonetto, filha mais nova de Hellen, já recém-formada em Arquitetura, é designada para trabalhar na filial de Sorriso. Ainda não havia uma loja na cidade no padrão da H Home de Sinop. Apesar do pouco tempo de loja aberta, o movimento da H Home de Sorriso é considerado muito bom, com os mesmos produtos que são vendidos em Sinop.
Em mais de duas décadas de história, a H Home está consolidada no mercado de mobiliário de luxo, contando atualmente com 2.500 metros quadrados, dividindo o espaço com os móveis externos da Tidelli. Dentro da H Home, é possível encontrar não apenas os móveis, como também produtos de decoração e quadros. “Hoje, os melhores designs estão conosco, que são Sérgio Rodrigues, Aristeu Pires, Roberta Banqueri, Zanini de Zanine, entre outros”, pontua Hellen.
Da linha de Sérgio Rodrigues, o produto mais vendido é a poltrona mole de 1962, um dos mais conhecidos do design nacional e internacional. Esse é um produto de durabilidade, reconhecido e passado de geração em geração, que simboliza a conquista. Seu custo é de R$ 65 mil. “Muitos dos produtos que vendemos são formas de a pessoa mensurar o quão bem-sucedida ela é. Muitos clientes compram nosso produto justamente por simbolizar isso. Desde o piso até a poltrona, ele quer o melhor. Sinop teve essa transição. Hoje, a casa é muito mais do que um espaço para morar, tornando-se além de um objeto de desejo, um local de conforto e que demonstra o quanto foi batalhado para construir. Quem está no Mato Grosso há muitos anos já conviveu até com a ausência de energia. Atualmente, Sinop comporta isso”, afirma Hellen.
A pandemia da Covid-19 foi um divisor de águas para que as pessoas reaprendessem ‘a viver’, valorizando a saúde, as viagens, os bens móveis e imóveis, além da própria família. “Desde a mesa arrumada, que antes as pessoas não se atentavam tanto...Todos querem curtir tudo isso junto. As pessoas passaram a se cuidar mais, a academia virou rotina na vida das pessoas”, afirma Hellen.
Para ela, outra mudança importante foi o momento da escolha dos móveis. Antigamente, as pessoas se preocupavam primeiro em fazer a casa para depois pensar no mobiliário.
Atualmente, a H Home tem um novo perfil se comparado ao que era antes de 2020. A loja segue a mudança de perfil das pessoas e de compra. “Acredito que foi uma somatória de fatores que mudou as pessoas, que têm mais acesso às informações. Os filhos de hoje são mais abertos do que os de antigamente. A educação era diferente. Meu filho consegue me passar mais sobre possibilidades de crescimento da empresa, estuda mais sobre o nosso negócio. Os filhos de comerciantes, antes, não tinham abertura pra falar. Hoje, a gente sabe mais sobre os impostos, conseguimos ter uma visão maior. A internet facilitou na busca por novos produtos, por informação”, salienta Hellen.
Sobre sua relação com a cidade onde mora há 30 anos, Hellen diz que Sinop representa praticamente tudo em sua vida: suas conquistas no campo profissional, social e familiar. “Cheguei muito jovem, recém-casada, tive meus filhos, tenho minha neta. Representa a conquista, a família que construí, onde a gente teve tudo com muito esforço, onde criamos uma estabilidade financeira. Morar aqui é uma questão de orgulho e felicidade. Posso morrer aqui que estarei realizada. Como sou determinada, acho que foi uma soma de tudo que conquistei, mas com certeza Sinop nos abraçou muito por todos esses motivos. É uma cidade que deu oportunidade a todos. Sinto-me muito orgulhosa de ver o crescimento de Sinop”, enfatiza.
Um dos diferenciais de Hellen desde quando ajudou a montar a Hidroline, é receber de braços abertos os novos moradores de Sinop. Silvano destaca que a família conseguiu há décadas, através da Hidroline e da H Home, criar uma conexão com os clientes.
Com as mudanças do mercado e o surgimento de novas tecnologias, Hellen precisou se adaptar. Embora fique a maior parte do tempo dentro da H Home no setor de compra e vendas, Hellen admite que tem como lugar preferido a cozinha da loja – por ali, ela gera maior network junto aos clientes. “Não estou mais tão à frente da loja como antes. Sou muito desafiadora e a cada ano preciso de um desafio para estar melhor. O lugar que mais gosto de receber é a cozinha, pois é onde faço amizades”, afirma.
Em relação ao futuro, Silvano quer construir um Centro de Distribuição para abrir novas lojas de móveis. Segundo ele, a empresa tem dado a oportunidade de crescimento profissional. “Hoje a empresa é de quem está aqui dentro. A gente sempre quis trazer pessoas boas que construíram uma vida com a gente. Nosso diretor administrativo, por exemplo, começou aqui como office boy. Temos funcionários muito antigos. Por mais que ainda exista a áurea da Hellen, a H Home é um conjunto. Eu e minha mãe não temos outras fontes de renda. Então, isso aqui precisa dar certo”, reitera.
Recentemente, Hellen elaborou uma peça com a marca Voler. Ela tinha ido a um showroom e sugeriu uma peça que ainda faltava ao mercado. Então, entraram em contato com ela e mandaram a foto do produto. Atualmente, é a peça mais vendida do catálogo: o Bar Hellen. “Se as pessoas acatam a minha ideia, é uma construção. Além de entender sobre o que se vende, precisamos saber o que está faltando para vender”.
Esse é o maior desafio de uma empresária que sempre buscou a satisfação e realização total do cliente.
1994
Construção do Estádio Gigante do Norte

CONSTRUÇÃO DO GIGANTE DO NORTE
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No ano de 1994, é foi construído o Estádio Municipal Massami Uriu, homenagem feita ao pioneiro e desportista que teve importante participação na área esportiva de Sinop como técnico, dirigente e comentarista
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O estádio também é conhecido como Gigante do Norte ou Gigantão, e recebe partidas de futebol dos clubes profissionais, das categorias de base e jogos comemorativos. Também já recebeu partidas de futebol americano
ITAMAR EM SINOP
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Em 1994, Sinop receba mais uma visita de um presidente da República. Desta vez, Itamar Franco
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As outras duas ocasiões foram com João Batista Figueiredo
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Itamar veio para participar das solenidades de inauguração da linha de transmissão de energia elétrica, construída entre Cuiabá e Sinop, conhecida como 'Linhão', e da inauguração da subestação da Eletronorte, localizada no bairro Alto da Glória
MAIS OBRAS
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Neste ano, ocorreu a construção e instalação do Centro de Reabilitação Dom Aquino Correia e a construção de várias creches e escolas municipais
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É instalado o Tiro de Guerra, num prédio construído pela Prefeitura na Avenida dos Jequitibás, zona norte da cidade
EDUCAÇÃO E RELIGIÃO
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1994 também marca a 1ª Formatura dos cursos de graduação da Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT)
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O Bispo Dom Gentil Delazari, 2º Bispo de Sinop, assume a Diocese Sagrado Coração de Jesus