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2017
Charles Cabral e Wender Severino - Bruky Energy Brazil

ENERGIA LIMPA QUE IMPULSIONA O AGRONEGÓCIO
Dois sócios nascidos na mesma cidade, mas que só se conheceriam anos mais tarde, veem na geração de energia solar um potencial mercado no Mato Grosso, agraciado pela intensidade dos raios solares. A Bruky Energy chega a Sinop em 2020, fortalecendo ainda mais sua marca, hoje consolidada em outros 5 estados e com mais de 250 colaboradores
O mercado de energia solar distribuída começou de fato no Brasil a partir de 2012. Até então, placas solares era algo restrito a poucos telhados de comércios e residências. Foi analisando esse potencial, especialmente em um estado ensolarado como é Mato Grosso, que o empresário Charles Cabral resolveu investir na criação de uma empresa que atuasse no setor e que fosse referência. Surgia assim a Bruky Energy Brazil. Em 2020, ele se juntou a Wender Jesus Severino e implantou a unidade de Sinop.
Com o respeito aos mais velhos, começaremos com Wender, que nasceu no dia 23 de maio de 1973 em Jataí, no Sul de Goiás. Ele é um dos dois filhos do bioquímico Vaílio Severino e da cabelereira Ana Rosa Severino. Como o casal se separou quando Wender era ainda muito novo, ele começou a trabalhar desde cedo, aos 14 anos de idade. Foi vendedor de verduras e de coxinhas fritas, até conseguir um emprego de office-boy. Dedicado, logo foi promovido a auxiliar de escritório, função que exerceu até se mudar para o Mato Grosso, em 1991.
A mudança, conta ele, aconteceu porque a namorada – e hoje esposa – Katiuscia de Lima Macedo Severino e sua família se mudaram para o estado, onde seu sogro possuía terras. Os dois se conheceram na festa de aniversário de 15 anos de Katiuscia. À época, Wender tinha 17 anos. “A mãe dela era cliente da minha mãe no salão, e comentou que não tinha nenhum pretendente para dançar a valsa dos 15 anos. A minha mãe falou de mim, e a mãe dela me convidou. Desde então, estamos juntos”, destaca.
Antes de ingressar no mundo empresarial, Wender trabalhou auxiliando o sogro a cuidar da propriedade, localizada em Guarantã do Norte (MT). Entre 1995 e 2006, Wender e a esposa moraram em Cuiabá. “A gente foi para estudar”, frisa ele. Depois de concluído o curso de Direito, o casal retornou para Guarantã, onde ingressaram no Poder Judiciário, atuando por dois anos no Fórum da comarca, ele como oficial de Justiça, e ela como assessora do juiz. Ao fim dos respectivos contratos, Wender voltou a trabalhar com o sogro na fazenda e, somente em 2017, iniciou a parceria com Charles, primeiro como cliente da Bruky e depois como sócio.
Coincidentemente, Charles Cabral também nasceu em Jataí (GO), em 6 de agosto de 1979, filho do motorista Nelson Salvador dos Santos e de Nely Cabral dos Santos. Charles conta que sua família é mineira da cidade de Tupaciguara, e depois de migrar para São Paulo, mudou-se para Goiás em busca de uma vida melhor e mais tranquila.
Caçula dos três filhos de Nelson e Nely, Charles trabalhou por 9 anos na extinta empresa de telefonia do estado, a Telegoiás, onde iniciou aos 17 anos. Enquanto atuava na Telegoiás, montou a Bruky Energy Brazil. Em 2005, quando a Bruky engrenou, ele deixa a empresa de telefonia para se dedicar exclusivamente ao próprio negócio. Atualmente, a Bruky atua no setor de energia solar e que conta com 14 unidades, presente nos estados de Mato Grosso, Goiás, São Paulo, Tocantins, Bahia e Santa Catarina. A próxima unidade da empresa será instalada no Piauí. Em Sinop, a Bruky está desde 2020. “Em Mato Grosso nós estamos desde 2017. Em 2020 nós instalamos a unidade física”, explica Charles.
Mas nem tudo foi sucesso na vida empresarial de Charles. Ele reconhece que alguns projetos não foram bem-sucedidos. A derrocada veio em razão de um calote sofrido por ele e dado por uma empresa para qual prestou serviços. Só depois de cinco anos, comenta, conseguiu se organizar e recomeçar. “Uma empresa só alcança o sucesso passando por momentos bons e outros não muito bons”, ressalta. “Mas eu não desisti. Continuei minha caminhada e fui adaptando ‘a vela’. Uma hora você está com o mercado solar, outra hora com o mercado de engenharia”, pondera.
Charles também atuou na área de manutenção de centrais telefônicas, as chamadas PABX, com informática e instalação elétrica e automação industrial. O fato de ter atuado em várias áreas, destaca Charles, contribuiu para a solidificação da Bruky Energy Brasil. “Não é uma empresa de alguém que acordou de manhã e disse ‘eu não estou fazendo nada vou abrir uma empresa de energia solar’. A gente veio do mercado de engenharia elétrica. Montei grandes projetos para grandes bancos. Chegamos até aqui com uma boa bagagem”, destaca.
Além da experiência adquirida ao longo dos anos, Charles é formado em eletrotécnica pelo antigo Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) de Jataí. Antes de iniciar no mercado de energia solar, a Bruky Energy Brazil atuou nos setores de telefonia, informática e elétrica. “Com a crise que a gente teve em determinados anos foi que eu busquei uma outra alternativa, um produto que pudesse ter menos concorrência. Pesquisei o mercado de energia solar, e depois fui fazer alguns cursos fora, como China, Alemanha e Estados Unidos. Fui atrás de inovação”, ressalta.
E foi no agro que a empresa encontrou o segmento ideal para atuar. E justamente o agronegócio que o trouxe para Sinop em 2017, cidade que atrai muita gente devido ao seu potencial de desenvolvimento. “Por conta da solução que a gente trouxe da Alemanha para o Brasil é que eu vim parar aqui”, enfatiza o empresário. “Começamos a ‘perseguir’ o agro e a primeira cidade que vem à mente é Sinop, que está em franco desenvolvimento”, pontua ele. “Nós nos achamos no agro. Muitas empresas não conseguem atender o agronegócio porque é um setor muito exigente. É um mercado que exige muito mais estrutura financeira, estrutura técnica”, pontua Charles.
Uma parceria começa a nascer quando o destino coloca os dois goianos nascidos em Jataí frente a frente. Wender já era um potencial cliente da Bruky. Após a empresa montar uma usina de energia solar para ele em Guarantã do Norte, Wender começou a indicar a Bruky para outros clientes. Foi então que Charles percebeu que ali estava a pessoa ideal para se juntar a ele, e oferece sociedade na empresa. “E então eu trouxe ele para Sinop”, observa Charles.
Um detalhe que chama a atenção nessa história é que, embora tenham nascido na mesma cidade e estudado no mesmo colégio na adolescência, Charles e Wender só foram se conhecer no Mato Grosso. Essa aproximação se deu graças ao irmão do Wender, Wellington Severino Rosa, que foi o primeiro vendedor na região e foi quem abriu o mercado para a Bruky. “A partir do momento em foi montada em Sinop, a empresa expandiu e se espalhou por mais 5 estados brasileiros”, comenta. “E a empresa virou também uma franquia, com franqueados que atuam no nosso mercado, que é o do agronegócio. Nós nos especializamos em atender o agro. A gente faz telhado? Faz. Faz comércio? Faz. Mas a nossa especialidade, nossa capacidade, a estrutura que a gente tem, é para atender grandes projetos, principalmente no campo”, explica Charles.
Energia limpa
Charles destaca que a Bruky Energy foi a pioneira no país a trabalhar com o sistema híbrido de geração de energia, que une o sistema fotovoltaico ao gerador a diesel, reduzindo dessa forma em até 80% o consumo de combustível fóssil. “Nós fomos pioneiros nesse mercado. Hoje, muitos armazéns e muitos pivôs de irrigação estão sendo tocados com gerador, o que acaba inviabilizando o negócio porque o custo do diesel é muito caro. Então a gente coloca a energia solar junto e ele consegue reduzir significativamente o consumo de diesel”, reitera.
“Essa expertise é um projeto que nós trouxemos para o Brasil. “Fizemos o maior projeto para sistema híbrido da América Latina há algum tempo atrás, que foi destaque na revista Globo Rural”, frisa Wender.
Charles salienta que a proposta de trabalho da Bruky não é focada apenas na redução de custos, mas também em garantir o fornecimento de uma energia de qualidade, estável e acessiva até mesmo nos locais mais remotos. “Onde não tem energia de forma alguma, a gente consegue colocar com um sistema composto por baterias”, destaca Charles. A forma de atuação e a capacidade técnica da empresa fizeram com a que Bruky executasse a implantação do maior projeto de energia, tendo como cliente o Tribunal Regional Eleitoral no Paraná, o maior naquela época. Em Goiás, a empresa implantou também a maior usina de geração de energia híbrida do estado. A usina foi implantada na propriedade do produtor André Gouveia, em Quirinópolis (GO).
Em Sinop, Charles destaca a implantação das usinas fotovoltaicas do FrigoWeber, com capacidade de geração de 1 megawatts de energia, e a do Hotel Ucayali, que implantou a primeira unidade em 2020 e está investindo na segunda, o que elevará a capacidade de geração de energia para 67 mil quilowatts. Vale destacar que a energia fotovoltaica é produzida através da incidência de luz nas placas solares. Nos períodos em que os dias são mais longos, a geração de energia é maior.
Nos dias atuais está em moda o conceito de energia limpa. Mas o que é isso?
Charles explica que a energia limpa é aquela que não agride o meio ambiente – ou que agride de forma mínima. “A energia gerada por meio dos projetos da Bruky tem pouca agressão ao meio ambiente”, explica o empresário, pontuando que apenas na produção dos painéis solares é que há interferência na natureza para a retirada do silício, mineral imprescindível para a fabricação dos equipamentos. “A energia solar é gerada através de uma fonte limpa, renovável e inesgotável”.
O empresário destaca também que a Bruky Energy Brazil atende a uma série de requisitos, como ser sustentável, ter governança e investir no social, o que a pleiteia ser classificada como uma empresa ESG (Enviromet Social and Governace), ou seja, que integra a geração de valor econômico à preocupação com as questões ambientais e demonstra responsabilidade e comprometimento com o mercado em que atuam junto aos seus consumidores, fornecedores, colaboradores e investidores.
Depois de 19 anos no mercado, sendo 7 deles no segmento de energia fotovoltaica e há 5 anos em Sinop, a Bruky Energy Brazil tem em torno de 250 colaboradores que atuam em várias regiões do Brasil. A empresa também conta com uma frota formada por 30 veículos, entre caminhões e automóveis. Toda a energia produzida pelas usinas implantadas pela Bruky desde 2015 seria suficiente para abastecer mais de 60 mil residências, o equivalente a uma cidade de médio porte. Desde que foi criada, a Bruky Energy Brazil já instalou mais de 3,6 mil usinas de diversos portes e capacidade de geração.
Wender destaca que a empresa vive um momento muito bom, de crescimento, o que faz com que os sócios demonstrem uma grande confiança no futuro. Um exemplo dessa confiança é a construção da nova sede, com 1,5 mil metros quadrados, próxima ao edifício World Trade Center. Também está nos planos da empresa a criação de uma loja especializada em produtos voltados ao mercado da energia fotovoltaica. “Nós queremos nos tornar cada vez mais referência no mercado do agro, sendo fornecedores de serviços, materiais e tecnologia também para outras empresas do setor de energia solar”, frisa Wender.
Em relação a Sinop, o empresário é taxativo. “A cidade é excelente e a expectativa é a melhor, tanto que escolhemos Sinop para ser nosso ponto central de atendimento no estado”, pontua ele. “Eu vejo Sinop como, realmente, a futura ‘capital do Nortão’ do Mato Grosso, sem dúvida”, frisa Charles. “Não tem outra saída. A cidade está crescendo em todas as áreas”, destaca ele, citando como exemplo de desenvolvimento a verticalização registrada na construção civil. “Quantos e quantos prédios estão sendo construídos? Isso demonstra a confiança dos empreendedores na cidade”, ressalta. “E a gente só vê aqui com bons olhos”, completa.
Esse desenvolvimento vivido pela cidade impacta positivamente na atividade da Bruky, já que a demanda por energia tende a aumentar. Quanto mais expandir o mercado, melhor pra eles. “A demanda por energia limpa e sustentável está tão aquecida em Sinop que muitos clientes adquirem a usina antes mesmo de iniciar a construção de seus imóveis”, completa.
A partir da Bruky, surgiram novas empresas, formando uma espécie de conglomerado, reunidas sob o nome de “Grupo TimiBR”. “É um grupo que é composto por algumas empresas, como a Racchini Indústria de Aço, que fabrica nossas estruturas e está sediada em São Paulo e com unidade também em Jataí (GO), e estamos montando mais uma unidade em Casa Branca (SP). E vamos expandi-la para o Nordeste. Temos a Fortluz, que é uma transportadora. Outra empresa é a Trinove Tecnologia, voltada para o desenvolvimento de softwares e tecnologia de informação. Estamos verticalizados. Essas empresas surgiram apenas para atender as demandas da Bruky”.
Recentemente, explica Charles, foi criada uma cooperativa, que é mais um braço da Bruky e que vai atuar no setor de comercialização de energia, ou seja, além de implantar usinas, a empresa vai ser também uma fornecedora. “A intenção nossa é trazer uma energia mais barata para o consumidor da classe média”, ressalta Wender.
A proposta é alcançar o público que consome mensalmente entre R$ 300,00 e R$ 400,00 de energia e não tem condições financeiras ou não deseja no momento implantar uma usina fotovoltaica. Por meio de adesão à cooperativa, esse consumidor poderá obter uma redução de 20% a 30% em sua conta. “É a democratização da energia”, salienta Charles. Uma unidade da cooperativa foi instalada em Jataí (GO).
Veja o quanto a Bruky foi e é importante para o desenvolvimento da região de Sinop, trazendo condições de energia mais barata, com custos menores. “Por ser uma empresa verticalizada os custos são muito mais baratos do que em qualquer outra empresa”, diz Charles. A Bruky também estimula novos empreendimentos, investindo em startups que estão entrando no mercado. Uma delas é a Cultive.vc, de Florianópolis (SC), que atua nos segmentos de recursos humanos e treinamentos de pessoal.
Com a Bruky presente em vários estados e com uma larga experiência no mercado, Charles está sempre realizando palestras e conversando com empresários de várias regiões do Brasil e do exterior. Nessas ocasiões ele faz questão de “vender” o potencial de Sinop, como forma de atrair novos investimentos para cidade.
Dois goianos que se conheceram em Mato Grosso e aqui decidiram investir no ramo de energia solar. Não há nada mais sinopense do que essa diversificação econômica e cultural.
2017
INPASA

COMO NASCE UMA GIGANTE
Ao escolher Sinop como o local para instalar sua primeira unidade no Brasil, a indústria, que nasceu no Paraguai, contribuiu com a transformação do mercado do milho em Mato Grosso, estimulando a segunda safra e apresentando uma nova alternativa sustentável para os produtores locais. Era o início de mais uma gigante brasileira
“Safrinha”. Por anos esse era o termo utilizado para se referir ao plantio de milho em Mato Grosso. A melhor janela climática para agricultura era reservada para a soja, que recebia também os maiores investimentos em fertilizantes e defensivos. A questão era lógica: a soja valia mais. Com bem menos apelo comercial, o milho vinha depois, por vezes, como um manejo para alternar culturas ou como uma cobertura para o solo. Plantava-se para “empatar”. Qualquer coisa além disso, era lucro.
Variedades mais precoces de soja foram aparecendo e avanços na tecnologia do campo deram mais dias para o milho. Em volume, as culturas se equipararam, mas jamais em preço. Justamente por ser um produto volumoso, com menor preço, o milho não conseguia ganhar competitividade em um estado de logística tão desfavorável quanto era o Mato Grosso na primeira década dos anos 2000. Indústrias frigoríficas foram atraídas para ajudar a equalizar essa equação, desenvolvendo a cadeia da carne e de inúmeros outros negócios. O movimento ajudou a valorizar a produção de milho que, aos poucos parou de ser chamada de safrinha, pois já deixava dividendos importantes para quem plantava e para os demais ao longo da cadeia produtiva. Mas quando a safra de milho avançava, tendo alta produtividade, o preço despencava. Toda commoditie oscila, mas em Mato Grosso, o milho deitava.
Em 2017, as lavouras do estado produziram 26 milhões de toneladas de milho. Na mesma safra foram colhidas 31 milhões de toneladas de soja. Embora o milho tenha uma maior produtividade que a soja por área – cerca de 96 sacas por hectare contra 55 sacas em 2017 –, a oleaginosa rendia mais e, por isso, ganhava mais espaço nas propriedades rurais. Sempre foi assim. Até um dia que não foi mais.
Na safra colhida em 2023, Mato Grosso registrou uma produção de 52,5 milhões de sacas de milho, contra 45,3 milhões de sacas de soja. O milho continua sendo uma commoditie mais barata que a soja, mas o seu preço não é mais tão instável quanto no passado. O que fez esse cenário mudar em um intervalo de 6 anos? A resposta está na indústria.
Em novembro de 2017, o grupo Inpasa anunciava um investimento de R$ 500 milhões na cidade de Sinop. O valor bancaria a construção de uma planta que viria a ser a maior do mundo em pouco tempo. Mesmo em sua fase inicial em Sinop, a companhia mais que dobrou a produção, passando de 1.4 milhões de litros dia no Paraguai, para 2.1 milhões de litros dia com a chegada no Brasil.
O anúncio de uma indústria desse porte em Sinop foi feito pela então prefeita Rosana Martinelli e recepcionado com calor pela população local. A cidade teve um anúncio similar em sua primeira década de existência, quando se projetou a Sinop Agroquímica, uma usina para produção de etanol a partir da mandioca. A obra gerou muita expectativa, embora a cidade nunca tenha experimentado a indústria operando em sua plenitude. A Sinop Agroquímica funcionou por um curto período. Ver um novo empreendimento dessa magnitude fez a população local redescobrir um sonho de glória do passado.
Orquestrando o negócio, estava um brasileiro residente no Paraguai, à época, com 62 anos de idade: José Lopes. Nome que se tornaria cada vez mais conhecido com o tempo. Um homem de pouco discurso, mas com muita garra para o trabalho. Os mais antigos de Sinop podiam até desconfiar da nova promessa de uma grande usina, mas Lopes não era um aventureiro de primeira viagem!
Paulista, quase vizinho do lugar onde surgiu a Colonizadora Sinop, José Lopes nasceu no município de Presidente Bernardes, quase na fronteira entre São Paulo e Paraná, no dia 10 de dezembro de 1955. Filho de Pedro Garcia e Maria Aparecida Munhoz, cresceu em um lar sólido, onde recebeu uma educação de valores morais que enalteciam o respeito e os bons princípios. Ele considera a dedicação ao trabalho o principal ensinamento que herdou dos pais.
No ano de 1975, Lopes iniciou sua jornada profissional com uma indústria de beneficiamento de arroz, processando os grãos colhidos nas primeiras safras das terras que estavam sendo abertas no Noroeste do Paraná. Cinco anos depois, em 1980, decidiu ir para o país vizinho. No Paraguai, começou a formar lavouras de milho e soja e a operar no agronegócio, além de atuar no mercado de commodities desses grãos, agregando valor à matéria-prima. No início da década de 90, ele incluiu em seus negócios a criação extensiva e o confinamento de gado.
No ano de 2005, asseveraram-se as discussões globais em torno das emissões de carbono provocadas pelo uso de combustíveis fósseis. Na América Latina, o mercado dolarizado derrubou o preço do milho – no que talvez tenha sido o pior momento para exportar o grão na história. Nos Estados Unidos, a resposta foi utilizar do cereal para produzir combustível. O movimento fez pipocarem usinas de etanol de milho nos Estados Unidos, que em um intervalo de 7 anos multiplicaram a produção de combustível verde em até 8 vezes.
O fenômeno não passou despercebido por Lopes. Havia demanda por combustíveis renováveis e o milho era uma matéria-prima barata. No ano de 2006, na cidade de Nova Esperança, no departamento de Canindeyú, ao Leste do Paraguai, ele fundou a Inpasa – sendo a primeira companhia a produzir em grande escala produtos como etanol de milho, DDGS e óleo de milho na América Latina.
O início da Inpasa no desafio de transformar o grão em combustível foi mais uma questão de vontade do que de ciência. A primeira indústria foi construída usando estruturas de outras empresas, principalmente de bebidas. Peças eram adquiridas no Brasil e levadas ao Paraguai. Quando chegavam ao canteiro de obras, exigiam criatividade e capacidade adaptativa por parte da equipe de engenheiros até ganhar forma e funcionalidade.
Esse projeto piloto industrial da Inpasa demorou dois anos para atingir a lucratividade. Depois de uma jornada de desafios técnicos, o negócio foi alcançando a viabilidade. A dedicação ao trabalho fez verter do abundante milho, combustível renovável competitivo.
O primeiro caminhão com etanol foi carregado pela Inpasa no dia 1º de maio de 2008 – exatamente na data em que se comemora o Dia do Trabalho no Brasil. No ano seguinte, a empresa buscou diversificar matérias-primas, incluindo na esteira o processamento de mandioca, que não durou muito tempo. Mas, a indústria acabou se tornando flex pela instalação de uma moenda de cana. Em setembro de 2009, a Inpasa atingiu a produção de 4 milhões de litros de etanol por mês, o que foi logo superado pelo excelente desempenho de dezembro do mesmo ano, que ultrapassou a marca de 5 milhões de litros por mês.
No ano de 2011, é modernizado o processo de destilação na unidade, implementando uma tecnologia americana na produção de etanol de milho. E, assim, a indústria viveu mais um processo de expansão. Em 2014, em uma solenidade realizada em Assunção, capital do Paraguai, José Lopes e os demais diretores da Inpasa – Rafael, Itiel, Roberto André e Enzo – recebem o prêmio de maior exportador de álcool no país.
Uma década após a criação da primeira unidade e com muita experiência acumulada, foi a vez de construir a segunda planta em São Pedro, no Paraguai. A terraplenagem começou em março de 2016. No mesmo ano, a unidade de Nueva Esperanza começou a fazer o refino do óleo de milho com adjuvante, além de passar a contar com um posto de combustível em frente a indústria, como é em Sinop – nascia ali o conceito da Rodopar.
A Inpasa experimentava nessa época um ritmo de expansão exponencial. Quando José Lopes vem até Sinop para adquirir o terreno de 150 hectares onde estalaria a Inpasa número 3, em novembro de 2017, a planta industrial de São Pedro estava no auge da construção. A unidade iniciaria a produção dois meses depois, em janeiro de 2018. A unidade de São Pedro já não era o ‘frankenstein’ dos inícios, era um marco da indústria de ponta para o país, tanto que, em abril de 2018, o presidente do Paraguai, Horacio Cartes, participou da solenidade oficial de inauguração da nova planta.
Mas o presente da Inpasa logo se metabolizava e era o momento de focar no Brasil. Em fevereiro de 2018, um mês após a usina de São Pedro começar a rodar, foi perfurado o primeiro poço artesiano na área de Sinop, dando início à obra. “A missão era aproveitar a potência do estado e transformar tudo isso em desenvolvimento. Ao mesmo tempo que a gente crescia, muitos outros negócios foram nascendo”, conta José Lopes
Sinop que até então era uma aposta, em breve seria a precursora de planos mais audaciosos. O projeto inicial previa a produção de 1,7 milhão de litros de etanol por dia, moendo 3,8 mil toneladas de milho a cada 24 horas – consumindo cerca de 1.3 milhão de toneladas por ano, cerca de 4% de todo cereal colhido em Mato Grosso na época. Além do combustível líquido, a planta industrial foi construída para gerar 900 toneladas de DDGS ao dia (grãos secos por destilação, traduzido de Dry Distillers Grains, do inglês), e 85 mil litros de óleo de milho ao dia.
No dia 6 de agosto de 2019, a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Combustíveis Naturais) emitiu a autorização, classificando a unidade da Inpasa em Sinop como uma instalação de excelência. Com todas as documentações ambientais conferidas, na semana seguinte a indústria começa sua produção em larga escala.
Em seu processo uma equipe recepciona o milho que entra na usina, fazendo a pesagem e classificação. Depois, o milho transbordado é mecanicamente levado aos armazéns. Um sistema de elevadores e esteiras conduz o grão para os moinhos e, posteriormente, para os tanques de cozimento, onde são acrescentados os insumos para a quebra do amido, que será transformado em álcool. O mosto segue por tubulação até o resfriador, depois pela centrífuga e então para os destiladores, que separam o combustível por evaporação.
Todo processo é monitorado por uma sala de comando. Através dos painéis, os engenheiros controlam toda a planta industrial. “Tudo funciona a partir de um comando central, de forma remota. Os funcionários só andam pela usina e tocam nas máquinas com os equipamentos desligados”, revela José Lopes
Para atender a demanda energética da planta, utilizou-se de vários tipos de biomassas, incluindo restos de pó de serra e resíduos de madeira das inúmeras serrarias existentes na região, transformando um passivo ambiental em matéria-prima para a geração de vapor. Nos anos seguintes, as unidades de Sinop e Dourados também receberam um parque de placas solares. Energia que passou a ser injetada na rede para a iluminação residencial.
Em março 2020, o plano da Inpasa Sinop era fazer uma nova ampliação da capacidade de produção. Em setembro de 2021 a indústria ampliou sua produção de etanol, alcançando a marca de 3 milhões de litros por dia. Com essa nova configuração, a Inpasa fechou o ano de 2021 com um faturamento de R$ 4,1 bilhões – mais da metade do PIB registrado pelo município de Sinop no ano anterior. O etanol responde por 70% dessa receita. DDGS, óleo de milho e energia elétrica fecham a conta.
Em junho de 2024, a Inpasa de Sinop recebeu a autorização da ANP para aumentar a sua capacidade de produção para 4,5 milhões de litros dia – ou seja, a capacidade da indústria vai triplicar no intervalo de 6 anos de existência. Atualmente, os produtos da Inpasa são comercializados em todo o território nacional, além de serem exportados para 5 continentes.
A indústria em Sinop – e seu sucesso – acabou dando potência para uma expansão ainda mais aguda da companhia. No ano de 2020, iniciou-se a construção da planta de Nova Mutum, também em Mato Grosso. Em 2022, a terceira unidade no Brasil, em Dourados (MS) e em 2023, lançou-se a pedra fundamental da unidade de Balsas (MA), além do início das obras da unidade de Sidrolândia (MS).
Atualmente, juntas, as indústrias da Inpasa têm capacidade de produzir 5 bilhões de litros de etanol verde por ano, consumindo 12 milhões de toneladas de milho a cada safra. São 3 indústrias fundadas em 5 anos – um ritmo de crescimento legitimamente sinopense.
2017
Família Marchett - Carolina Veículos

UMA NOVA VOLKSWAGEN PARA SINOP
A família Marchett foi provocada a assumir no Norte de Mato Grosso uma concessionária rejeitada, que colocava poucos veículos da marca alemã pelas ruas de Sinop. A reestruturação resultou na guinada que se esperava de sólidos administradores com mais de 35 anos de experiência no mercado de veículos
Audácia, arrojo, coragem e veia empreendedora são alguns dos predicados que fizeram os Marchett chegar a Sinop, em 2017, para reestruturar a única concessionária Volkswagen no Norte de Mato Grosso.
A história da Carolina Veículos começa nos anos 80, quando a família Marchett migra do Sul do país para o Mato Grosso em busca de novas perspectivas na agricultura e pecuária. No fim daquela década, mais precisamente em 1989, eles decidem investir em um novo segmento e acabam atraídos pela oportunidade de abrir uma concessionária de veículos – que levaria o nome da bisavó de um dos sócios. A preferência foi pela marca alemã.
Nos primeiros 20 anos, os Marchett investem apenas no Sul do estado. Consolidados em Rondonópolis, expandem a Carolina Veículos para Primavera do Leste, em 2010. Sete anos depois, a oportunidade de levar a marca para a região Norte surge através de um convite, em tom de desafio, feito à empresária Lúcia Marchett. “Os diretores da Volkswagen me ligaram enaltecendo o trabalho que executávamos em outras localidades, e nos provocaram a assumir a concessionária em Sinop”.
Na época, Sinop parecia um ponto distante no mapa, o outro extremo de uma região em que a Carolina já havia se estabelecido com sucesso. Antes de responder aos chefões da Volks, os Marchett vão conhecer um pouco do Nortão. Primeiro, percebem que Sinop é polo regional para mais de 40 municípios, com uma população superior a 700 mil habitantes. Também encontram uma cidade planejada, segura e singular, e de cara veem um potencial imensurável na pujante região. Mas estranham poucos VW trafegando pelas ruas. Como é possível a marca mais popular do mundo estar tão ausente da principal cidade da região?
Acontece que a administração da antiga concessionária não satisfazia aos anseios de sua clientela. Os índices de rejeição empurravam os potenciais compradores para outras marcas, reduzindo sumariamente a presença dos carros da Volks pelas ruas da cidade. Via-se caminhonetes da concorrência, ao invés de uma robusta Amarok, por exemplo, como os principais alvos dos consumidores, principalmente daqueles ligados ao agronegócio.
A virada de chave pra fazer o motor funcionar sem tranco foi remodelar a estrutura de forma acelerada, desde o showroom à oficina. Nada passou despercebido pelos olhos atentos dos empresários. Novos gerentes e vendedores se juntaram a uma equipe capacitada em atendimento e manutenção, além do reforço no estoque de peças. “O primeiro ano foi desafiador no sentido de retomar a confiança dos nossos clientes, ao mesmo tempo em que tínhamos a responsabilidade de comercializar os novos produtos que a marca lançava. Entretanto, conseguimos reverter essa rejeição tão rapidamente, que eu posso garantir: desde que chegamos, não registramos um mês sequer no vermelho, até mesmo durante os dois anos de pandemia”, confirma Lúcia.
De início, os empresários pretendiam trazer o modelo Carolina Veículos apenas para Sinop, mas são convencidos a assumir simultaneamente a operação em Tangará da Serra, que se encontrava em situação semelhante.
Mas o que explica como uma marca tão forte quanto a Volkswagen, mas administrada por uma franquia em prantos, dê a volta por cima quando os Marchett assumem a condução é uma somatória de fatores. “Estamos completando 35 anos em Mato Grosso, temos expertise, soubemos entender o consumidor mato-grossense, seu estilo e preferências. Somos um grupo estruturado, com uma excelente relação com a fábrica, e isso gera vantagens para o consumidor final. Além disso, mesmo consolidados no Sul do estado, encaramos o desafio de renovar no Norte e fazer aqui a Volks ser novamente a potência que ela é”, destaca Lúcia.
O crescimento e desenvolvimento de Sinop, condicionada como uma verdadeira capital, surpreenderam Lúcia. Tanto que, após a estruturação efetuada pelos administradores, a unidade se tornou a operação mais rentável de todo o grupo Carolina Veículos. “O motorista sinopense se afeiçoou ao estilo Volkswagen, e encontrou na nossa concessionária um lugar propício para adquirir seu carro novo, fazer as revisões periódicas e eventuais manutenções, entre outros serviços. Também existe o ‘fator Sinop’, que atrai consumidores de toda a região que têm como primeira opção – quando não única – um veículo da Volkswagen”, indica Lúcia.
Ao longo destes 7 anos de Sinop, Lúcia Marchett entendeu que diversos setores da economia local estão acima da média nacional, trazendo como resultado dessa convergência simultânea a mola propulsora para que a cidade cresça como um todo, propiciando a aquisição de bens em curto espaço de tempo. “Entre vendas pontuais e frota, sabemos que realizamos o sonho de muita gente que compra conosco seu primeiro carro zero quilômetro”, mensura Lúcia.
Além das 4 concessionárias em pleno funcionamento, a Carolina Veículos ainda administra a unidade de Lucas do Rio Verde – em fase de implantação –, além de mirar o mercado em Sorriso e Campo Novo do Parecis. Quanto ao espaço físico, uma unidade mais ampla e moderna foi recentemente inaugurada em Tangará da Serra, além de uma novíssima concessionária em Sinop – em fase final de construção quando a entrevista foi realizada.
A Carolina Veículos oferece serviços através de um time de profissionais capacitados no relacionamento com o cliente.
E se hoje em dia é fácil ver veículos da Volkswagen, como Polo, Virtus, T-Cross, Nivus, Taos, Jetta, Saveiro, Voyage, entre tantos outros trafegando pelas vias da cidade, muito se deve ao olhar visionário dos Marchett. Talvez, você leitor, tenha um veículo da marca na sua garagem adquirido na Carolina Veículos. “A Volkswagen é uma paixão da família, a gente gosta e não consegue se imaginar sem”, conclui Lúcia Marchett.
2017
Rosana Martinelli, primeira prefeita eleita

PRIMEIRA MULHER PREFEITA
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No dia 1º de janeiro do ano de 2017, foi realizada a solenidade de posse da primeira prefeita, Rosana Martinelli, e de seu vice, Gilson de Oliveira, no Centro de Eventos Dante de Oliveira
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A Prefeitura constrói diversas rotatórias em todas as regiões urbanas
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Neste ano, a Avenida dos Ipês é urbanizada no trecho entre as avenidas Palmeiras e Jequitibás
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No ano de 2017, com o tema “Celebra Sinop”, foi comemorado o 43º aniversário de fundação da cidade, com eventos esportivos e culturais. O desfile comemorativo foi realizado na avenida Alexandre Ferronato defronte o Centro de Evento Dante de Oliveira
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Durante a semana de comemoração do aniversário da cidade, foi instalado no Centro de Eventos Dante de Oliveira o “Museu Itinerante”, que atraiu grande público e foi visitado pelas escolas e universidades e população em geral
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Foram inauguradas as obras de asfaltamento dos bairros Vitória Régia, Jardim América, Novo Estado e Jardim São Paulo
FIM DA EXPONOP
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Depois de 33 anos, a Exponop (Exposição Agroindustrial e Comercial de Sinop) chegou ao fim em 2017. Organizada pela Acrinorte (Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso), a feira foi por anos um dos eventos mais importantes da região.
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Nos seus anos de ouro chegou a ter 10 dias de duração, atraindo pessoas de vários locais do país e mobilizando Sinop por completo. Entretanto, quedas na presença de público, aumentos nos custos das atrações artísticas e sorteios levaram a organização a reavaliar a real necessidade da festa.
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A última Exponop, realizada em junho, teve sorteio de cinco carros e shows de Luan Santana, Conrado & Aleksandro, Henrique & Diego e Ivete Sangalo.
PIB DE SINOP EM 2017 (IBGE)
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Sinop registrou R$ 5,6 bilhões
PIB PER CAPITA (2010-2021)
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2017: R$ 41.422,26
CENSO AGROPECUÁRIO
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Área dos Estabelecimentos Agropecuários: 279.310 hectares
ARROZ COM CASCA
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Quantidade produzida: 5.830toneladas
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Área colhida: 2.102hectares
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Valor da produção: 3.630,539 (x1000 em reais)
CANA-DE-AÇÚCAR
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Quantidade produzida: 627 toneladas
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Área colhida: 22 hectares
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Valor da produção: 540,984 (x1000 em reais)
FEIJÃO FRADINHO
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Quantidade produzida: 793 toneladas
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Área colhida: 790 hectares
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Valor da produção: 752,700 (x1000 em reais)
MANDIOCA (AIPIM, MACAXEIRA)
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Quantidade produzida: 1.009 toneladas
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Área colhida: 149 hectares
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Valor da produção: 2.091,885 (x1000 em reais)
MILHO
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Quantidade produzida: 679.585 toneladas
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Área colhida: 114.821 hectares
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Valor da produção: 169.033,713 (x1000 em reais)
MILHO FORRAGEIRO
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Quantidade produzida: 2.501 toneladas
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Área colhida: 145 hectares
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Valor da produção: 287,734 (x1000 em reais)
SOJA
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Quantidade produzida: 508.347 toneladas
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Área colhida: 147.263 hectares
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Valor da produção: 458.532,446 (x1000 em reais)
SORGO
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Quantidade produzida: 524 toneladas
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Área colhida: 338 hectares
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Valor da produção: 110,304 (x1000 em reais)