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1997
Famílias Sangaletti e Del Moro

DA AURORA AO CREPÚSCULO
Por trás de duas marcas importantes do varejo do Norte de Mato Grosso está a história entrelaçada de três comerciantes, que em momentos diferentes do espaço-tempo são parceiros e também concorrentes, mas jamais rivais, em um fino exemplo de que o sol nasceu para todos e que o final do dia pode apenas representar o reencontro
A história da rede de Supermercados Casa Aurora conta a trajetória de duas famílias que começaram suas jornadas separadas, se uniram em sociedade, depois se afastaram com seus próprios negócios e, no fim, voltaram a se unir.
A primeira família é dos Sangaletti, do patriarca José Antônio Sangaletti e sua esposa Angelina Neotti, ambos descendentes de imigrantes italianos que se instalaram em Santa Catarina a partir de 1891. Um dos filhos do casal é Pedro José Sangaletti, que nasceu no dia 17 de julho de 1952, em Siderópolis (SC), que na época era um distrito de Urussanga (SC). No lugarejo, José Antônio já operava como comerciante em um pequeno armazém de secos e molhados chamado de “Loja das 9 Portas”, em alusão ao barracão com nove entradas.
Em 1970, houve uma forte crise no carvão mineral, principal produto da economia local, o que forçou José a procurar outro local para seu comércio. Com 39 anos de idade, José migrou com a família para o Paraná, se estabelecendo na região de Medianeira. Na recém-fundada São Miguel do Iguaçu, abre um armazém, que batiza com o nome de sua filha. Assim surge a Casa Aurora Armazém Geral, que vendia desde panela até açúcar.
O estabelecimento encontrou sua clientela. Em pouco tempo, José percebeu que poderia crescer, mas precisaria de ajuda. Ou melhor, de um sócio que tivesse bom caráter e tino para os negócios. Encontrou as duas qualidades em um conterrâneo, erradicado no Paraná.
Tratava-se de Jocondo DelMoro, que nasceu em 7 de setembro de 1941, também em Urussanga. Ainda menino, Jocondo ajudava o tio em um pequeno comércio de bebidas. Com o seu pai, Duílio DelMoro, abriu uma dessas “bodegas” em Siderópolis, em 1957.
Mas, em 1963, a família catarinense deixou o estado para tentar a sorte no Paraná, voltando para a roça, em um assentamento recém-aberto em Laranjita – localidade que fica entre São Miguel do Iguaçu e Medianeira. A cada dia de lavoura, Jocondo pensava na sua vontade de voltar a ter um comércio.
No ano de 1966 nasce Marli, sua primeira filha. Lurdes, sua esposa, teve uma gestação complicada, o que lhe impediu de trabalhar na roça. Como alternativa, Jocondo compra algumas garrafas de pinga e dois engradados de cerveja e começa a vendê-los em sua casa, nos finais de semana. Como não tinha refrigeração, Jocondo guardava as cervejas no poço de água para mantê-las frias. O boteco em casa foi crescendo, e a cada semana um item novo era acrescido ao comércio. Balas, chocolates, alguns cereais... até o momento que Jocondo já tinha em sua casa um comércio. Foi quando decidiu deixar o trabalho na roça para tocar apenas o seu armazém.
O proeminente comerciante não passou despercebido aos olhos de José Sangaletti, que convidou Jocondo para ser seu sócio em 1974. A parceria nos negócios evolui para uma amizade que duraria toda a vida. “Toda inauguração de loja, meu pai agradecia a José pela oportunidade que deu de ser seu sócio”, conta Mauri DelMoro, filho de Jocondo.
Juntos, Sangaletti e DelMoro abrem o Supermercado Casa Aurora, no outro lado da rua onde ficava o armazém de José. Com uma estrutura ampla, o comércio oferecia uma novidade para o público de São Miguel do Iguaçu. Nessa época, os sócios chamam Pedro Sangaletti para trabalhar no supermercado. “Jocondo via no meu pai uma pessoa com potencial. Ele fazia reuniões com os funcionários, trazia novas ideias, queria sempre fazer algo diferente. Às vezes acabava esbarrando na visão que José tinha do negócio”, conta Cristhini, filha de Pedro.
Insatisfeito com as podadas que seu pai dava, Pedro pede as contas e vai abrir o seu próprio comércio, em Flor da Serra, a 12 quilômetros de Medianeira. Pedro aluga um espaço e, com a ajuda de parentes, passa a fiação e faz as prateleiras. No dia 18 de novembro de 1977, abre seu primeiro comércio. Nem o local, nem a data foi por acaso. Pedro Eisele, pai de Leonor com quem Pedro namorava, tinha uma cerâmica em Flor da Serra e sugeriu ao futuro genro a abertura do armazém. Além disso, naquele local não competiria diretamente com a Casa Aurora. Quanto a data, Pedro sabia que dezembro era o mês com maior venda. Então, ele pegou seu acerto na Casa Aurora e, com o dinheiro fez a estrutura, comprou a mercadoria para encher as prateleiras. “Ele ia para São Paulo fazer as compras e a mercadoria vinha de caminhão. Açúcar, farinha de trigo, fumo e margarina eram os principais produtos. A gente porcionava a quantidade de acordo com o que o cliente pedia”, lembra Leonor.
Pedro e Leonor se casam em 1978 e vão morar nos fundos do depósito. O comércio prospera. Logo, eles compram o prédio e conseguem ocupar o apartamento que ficava em cima, montando um lar de fato, que recebe Cristhini, a primeira filha do casal.
Nessa mesma época, Jocondo já estava esticando o pé para Mato Grosso. Em 1976, o comerciante pega duas mudanças para Sinop. Era um “extra”, mas também uma forma de matar sua curiosidade a respeito do estado que muitos estavam escolhendo para morar. Ele faz a viagem, entrega a mudança e bisbilhota a cidade. Decide esticar um pouco mais e ir até Alta Floresta. Jocondo conhecia Ariosto da Riva, colonizador que fundou a cidade mais ao Norte. O comerciante e o colonizador se encontram e Ariosto convida Jocondo para montar um comércio na cidade, oferecendo inclusive um terreno. “Na volta, o pai passou por Sinop e pegou três mudanças para levar até o Paraná. Ele pensou: ‘trouxe duas e estou levando três de volta’. E assim ele decidiu abrir um comércio em Alta Floresta, não em Sinop, porque lá não tinha visto nenhuma pessoa indo embora”, revela Mauri.
De volta ao Paraná, Jocondo insistiu com José para abrir um comércio em Alta Floresta. Nos negócios que a dupla fez no Paraná, José era o majoritário. Como não apostava muito em Mato Grosso, José acabou aceitando desde que Jocondo fosse o majoritário no negócio em Alta Floresta. Ou seja, acabaria arcando com o maior investimento e os riscos. Em 1978, Jocondo abre a primeira Casa Aurora no Norte de Mato Grosso. Do jeito que o caminhão chegava, já era esvaziado. A mercadoria sumia das prateleiras. O comerciante tinha certeza que havia acertado no lugar. Mas seu sócio não tinha a mesma visão.
Jocondo queria investir mais no Mato Grosso, abrindo mais lojas e ampliando a unidade de Alta Floresta. José achava melhor consolidar os negócios no Paraná. Os dois estavam crédulos em suas convicções, que eram antagônicas. Então, em 1985, Jocondo e José põem um fim na sociedade. Na cisão, José fica com 100% dos negócios no Paraná e Jocondo com a totalidade da Casa Aurora no Mato Grosso. Cada um saiu com a parte que lhe interessava, que acreditava ser a mais próspera. Assim que a separação é acordada, José abre o cofre, pega o equivalente a R$ 200 mil e entrega para Jocondo como um gesto de gratidão por tudo que construíram juntos.
Enquanto isso, no interior do Paraná, Pedro ia construindo seu espaço. Em 1981, o “Japonês” – um amigo que também tinha um mercado próprio ao seu comércio – decide vender seu estabelecimento. Embora fossem concorrentes, ambos se ajudavam. Os iogurtes e leites que Pedro vendia no seu mercadinho eram guardados no refrigerador do Japonês. Em uma parceria com o sogro, Pedro compra o prédio do mercado e outros dois apartamentos que ficavam em cima. O comércio passa a se chamar Supermercado São Paulo.
Com a aquisição, o comércio de Pedro e Leonor cresce em tamanho e em vendas. A loja tinha entre seus principais clientes a Cotrefal (Cooperativa Três Fronteiras) – que nos anos 2000 se tornaria a Cooperativa LAR. Alguns anos depois, a Cotrefal decidiu abrir seu próprio supermercado, se tornando concorrente de Pedro. O comerciante ficou preocupado com o cenário. A cidade crescia pouco e competir com a Cooperativa travaria seu crescimento. “A gente estava no pique para progredir e crescer”, conta Leonor.
Pedro então decide observar a experiência da Casa Aurora em Alta Floresta. Em 1985, ele visita os negócios de Jocondo, onde percebe o potencial do Norte de Mato Grosso. Ele percorre a região. Risca Sinop da lista porque a cidade já era bem atendida pelo Supermercado Machado e seria difícil para um novato competir. Pedro também gosta de Colíder, que apresentava bom crescimento, mas acaba fincando o pé em Matupá, que registrava um movimento frenético em função do garimpo aflorado em Peixoto do Azevedo.
De volta ao Paraná, Pedro chama outra vez o sogro para investir em conjunto. A ideia era abrir um bom supermercado em Matupá. “Quando eu vim conhecer o lugar, fiquei apreensiva. Eu pensava: ‘pra quem nós vamos vender?’ Não parecia ter muita gente para comprar. Não tinha uma ponte entre Peixoto e Matupá. Era preciso atravessar o rio de balsa”, conta Leonor.
Quando foram escolher o terreno para construir o mercado, a colonizadora de Matupá apresentou um imóvel que não agradou a Pedro. O comerciante preferiu outro lote, que estava vazio, na Avenida Sebastião Alves Júnior. A questão é que esse lote vazio estava reservado por Jocondo, que pretendia implantar ali um supermercado. A Colonizadora e Pedro falaram com Jocondo, que gentilmente abriu mão da reserva.
Em 1986, Pedro e seu sogro começam a construir a Casa Aurora de Matupá. Nos fundos da loja, foram feitas duas casinhas para as famílias morarem. Em novembro do mesmo ano, o supermercado abre as portas, contando com açougue, padaria, lanchonete e 4 caixas. Cerca de 20 funcionários foram contratados para operar o comércio, que vendia no varejo e no atacado. “Nós fechamos o mercado em Medianeira e levamos as mercadorias para vender em Matupá. As verduras e frios pegamos em Cuiabá. O resto vinha de São Paulo. O Pedro fazia as compras e voltava dirigindo o caminhão”, conta Leonor.
O supermercado abriu em meio a um dos períodos mais desastrosos da economia nacional, durante o Plano Sarney, que congelou o preço das mercadorias. No distante Norte de Mato Grosso, as “fiscais do Sarney” perdiam a força frente a escassez e dificuldade de conseguir encontrar produtos para se abastecer. A peculiaridade permitiu que a Casa Aurora prosperasse acima da média. “Tudo era no dinheiro em espécie. Não tinha cartão ou cheque. A gente atravessava a balsa com uma sacola cheia de dinheiro para levar no banco, que ficava em Peixoto”, conta Leonor. “Em dado momento o pai montou uma compra de ouro do lado do mercado para trocar o dinheiro. O metal era a moeda corrente na região. As pessoas chegavam com pepitas para comprar no mercado”, lembra Cristhini.
O negócio foi tão bem que, em 1988, Pedro começou a construir seu segundo mercado, em Guarantã do Norte. É nesse mesmo período que Leonor e seus dois filhos, Cristhini e Eduardo, se mudavam em definitivo para o Mato Grosso. Já em Matupá, em 1988, nasceu Talita, a terceira filha do casal.
Para a loja de Guarantã, Leonor convidou seu cunhado, Edeleir Salvador, para ser sócio. Não era pelo dinheiro, mas pela necessidade de ter pessoas de confiança. Em 1991, Pedro abre uma Casa Aurora em Terra Nova do Norte e também a segunda loja em Matupá.
Nesse período, Jocondo também ia ampliando suas lojas. Embora todas as unidades se chamassem Casa Aurora, os negócios de Pedro não tinham qualquer relação com os de Jocondo. A não ser a colaboração. Jocondo tinha muita gratidão por José e isso se refletia na relação que mantinha com Pedro. Com frequência, o comerciante visitava Pedro, dava conselhos sobre o negócio e ajudava no que coubesse. “Meu pai sempre dizia que o sol nasceu para todos. A sombra é para poucos. Ele acreditava que tinha espaço para todo mundo trabalhar. Durante toda sua vida, seu Jocondo foi muito leal nos negócios”, conta Mauri, posição que é referendada pela família Sangaletti.
As memórias de quem construiu uma história vencedora passam a errônea impressão de que empreender no Norte de Mato Grosso na década de 80 era “um achado”. Faz parte do ser humano editar os momentos de glória, subtraindo as dificuldades.
Para fazer compras, Pedro se comunicava com um tio que estava em São Paulo, através de um rádio amador, em uma cabine em Peixoto de Azevedo. O contato era necessário para saber a hora de fazer o reajuste nos preços. “Pedro segurava ao máximo o reajuste. Era uma época de muita inflação”, conta Leonor. Além das dificuldades em operar um varejo de margem estreita, ainda havia as questões inerentes a todo ser humano. Especificamente nessa região, a ameaça da malária. Leonor contraiu a doença 4 vezes. Com Pedro foram 8 ciclos de malária. A pequena Talita, nascida em Matupá, com um ano de idade já tinha contraído malária.
Com os negócios prosperando no Norte do estado, Pedro decide entrar no mercado da maior cidade da região. Em 1994, ele compra um terreno na área central de Sinop, exatamente em frente do local onde a cidade foi fundada 20 anos antes. A aquisição foi bem no momento em que o Plano Real estava sendo implantado. O período, marcado por instabilidade e dúvida, acabou protelando a construção da loja em Sinop, que só aconteceria em 1997.Para entrar no disputado mercado de Sinop, os Sangaletti precisavam investir mais. Construíram uma loja grande, com estacionamento e toda a estrutura que um supermercado precisa. Foi o primeiro mercado de Sinop climatizado e com sistema informatizado. Para operar a unidade foram contratados 200 funcionários. Para a inauguração da Casa Aurora foi realizado um show nacional com a dupla Alan & Aladin, além de uma campanha com o sorteio de um carro. “Nós tínhamos uma expectativa alta e Sinop recebeu a Casa Aurora muito bem. Já de início se tornou a loja que mais vendia”, conta Leonor.
Sinop foi tão expressiva para a rede que, com a abertura da loja, a família se muda para a cidade. Pedro adorava Sinop. Aqui, em uma cidade maior e com concorrência, o comerciante exercitava sua honestidade e lealdade nos negócios, seguindo os passos de seu pai e do seu amigo Jocondo.
Em 2002, Pedro abre uma Casa Aurora em Sorriso. A loja ampla, ao lado do Shopping, marcaria o encontro com seu concorrente que dividia o mesmo nome. No ano de 2003, Jocondo abre uma loja em Sorriso, que para evitar confusão entre os clientes é chamada de DelMoro Casa Aurora. “Durante anos fomos fazendo um trabalho para reposicionar a marca. O nome Casa Aurora começou a ser construído em Alta Floresta, tinha força e estava muito associado ao Jocondo. Quando Pedro começa a fazer suas lojas em Mato Grosso, também usando o nome Casa Aurora, não há conflito até ambos estarmos na mesma cidade. A partir daí foi preciso buscar outra identidade. Não tinha como tirar o nome que era da filha do José”, conta Mauri, lembrando que o DelMoro só abandona definitivamente a marca Casa Aurora em 2009.
No ano de 2003, Cristhini se forma em Administração e entra para equipe da Casa Aurora, operando no departamento de Recursos Humanos por 4 anos. No ano seguinte, em 2004, a rede implanta sua segunda loja em Sinop, na Avenida Vitória Régia. A unidade ajuda a diluir o impacto da crise no setor madeireiro, entre 2004 e 2005. O período de turbulência marca do desalinhamento entre os dois principais sócios. Pedro era a veia comercial, o estrategista da Casa Aurora. O outro sócio, um cunhado, cuidava da parte administrativa e financeira. Em algum momento, eles perderam a harmonia nos negócios e a jornada de crescimento deu lugar a um período de estagnação, precedida pela queda. Enquanto os concorrentes supermercadistas cresciam, inclusive com a chegada dos grandes players a Sinop, a Casa Aurora encolhia. Aquele que já foi o mais moderno supermercado da cidade agora parecia ter ficado preso no tempo. E nada combina menos com Sinop que a obsolescência.
O crepúsculo da Aurora
Por anos, Pedro luta com todas as forças contra o óbvio: pedir Recuperação Judicial (RJ). O comerciante temia que o processo prejudicaria os fornecedores, que teriam seus pagamentos bloqueados. Ele relutava em ser visto como um caloteiro. Sua resistência não apenas protelou o problema, mas também o aumentou de tamanho. Impostos devidos foram se acumulando em uma bola de neve. Chegou um momento em que a única forma de salvar a empresa era fazer uma RJ.
Em 2016, a Casa Aurora ingressa oficialmente com o pedido de Recuperação junto ao judiciário. O pleito é o suficiente para que os grandes fornecedores deixem de vender para o supermercado. Pedro acaba recorrendo a distribuidores menores para manter seus estoques. Com isso, além de perder no preço, também sacrifica a variedade de marcas. A cada dia que passa, as gôndolas vão ficando mais vazias, repelindo habituais clientes.
Quase dois anos após o pedido, a justiça aprova a Recuperação. A Casa Aurora era oficialmente uma empresa tentando fugir da falência. Nesse momento, atendendo um pedido do pai, Cristhini retorna para empresa com o aval do outro sócio e a missão de conduzir o processo de recuperação judicial. A profissional contrata uma nova consultoria, conhecida por suas performances em casos de Recuperação.
As dívidas com os credores são renegociadas, os processos trabalhistas equalizados e a administração da rede é otimizada. Cristhini conta que o plano era erguer o negócio para então colocá-lo à venda, já que o outro sócio não queria se desfazer da sua parte. Essa era uma forma de não “dar” quase de graça o que a família demorou anos para construir. Após dois anos, em 2020, a Casa Aurora já faturava o dobro do que no momento que entrou em Recuperação Judicial. Era hora de vender.
Pedro e Jocondo já haviam falado várias vezes sobre esse negócio. Tanto Mauri quanto Cristhini contam que Pedro falava que só venderia a Casa Aurora para Jocondo. Do contrário, preferia fechar a empresa. Até que, em outubro de 2020, o Grupo DelMoro assina um compromisso de compra e venda com a Casa Aurora. As partes discutem um valor, com o DelMoro assumindo as dívidas. As lojas de Matupá, Sorriso e Guarantã também entram no negócio, além de alguns terrenos da Casa Aurora em Sinop. “A Casa Aurora valia três vezes mais que suas dívidas”, reconhece Mauri.
Em dezembro de 2020, Casa Aurora e DelMoro fecham os termos do negócio. Em uma cláusula não escrita estava um compromisso de Jocondo com Pedro de que manteria o nome Casa Aurora. Ambos haviam encontrado satisfação no negócio, como sempre apregoavam que deveria ser.
Uma assembleia com os credores foi marcada para maio de 2021, a fim de autorizar a venda. No dia 15 de março, Pedro começa a passar mal e um exame confirma Covid-19. Nessa época, os hospitais estavam lotados, mas com esforço a família consegue internar o comerciante no Hospital Santo Antônio. Após 4 dias ele é entubado. O vírus acaba sendo combatido pelo seu organismo, mas as comorbidades acabam agravando seu caso. Ainda entubado, no dia 4 de abril de 2021, o quadro de Pedro evoluiu para o óbito. “Ele era a pessoa mais importante da nossa família, a rocha que alicerçava a todos. Ele era nossa base, nosso refúgio, nosso conselheiro... um paredão que segurava nossos problemas de todo tipo. Foi muito difícil perdê-lo. Deixou um grande vazio. Depois que o pai morreu, a gente teve que aprender a ser adulto de verdade. Ele nos ensinou até com sua partida, permitindo que a gente voasse sem guia. No meu caso, foi passar meu luto terminando o processo de recuperação da Casa Aurora”, desabafa Cristhini.
A assembleia de credores aprovou a venda em maio. Em agosto de 2021, José, pai de Pedro e também da Aurora, morre aos 90 anos de idade. Em setembro, foi passada oficialmente a gestão para o Grupo DelMoro. Cristhini ainda ficou por mais dois anos na administração da Casa Aurora. Quando os novos donos assumiram, não tomaram nenhuma decisão radical. Algumas práticas da Casa Aurora, o DelMoro levou para suas unidades, como é o caso do departamento de prevenção de perdas. “Tenho certeza que a Casa Aurora tem seu espaço em Sinop. Teria competido de igual para igual com outros varejistas se não tivesse em Recuperação Judicial. E é por isso e também pelo compromisso assumido pelo meu pai, que vamos levar a marca Casa Aurora em paralelo com DelMoro”, afirma Mauri.
Em 2023, a justiça levantou o status de recuperação judicial, mas o plano continua sendo cumprido. Em 2024, cerca de um terço de todas as obrigações do plano de restauração já haviam sido sanadas, com a previsão de concluir todo o processo dentro de 2 anos – ou seja, até 2026.
Jocondo não verá novamente o auge da Casa Aurora, mas viveu o suficiente para ver a negociação com seu amigo ser selada. O comerciante pioneiro faleceu em novembro de 2023, aos 82 anos de idade, com problemas cardíacos. Em sua empreita no Mato Grosso, Jocondo abriu 15 lojas sendo 13 unidades DelMoro Supermercados em Mato Grosso nas cidades de Alta Floresta, Apiacás, Guarantã do Norte, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Paranaíta, Peixoto de Azevedo, Tapurah, Terra Nova do Norte e Sorriso, e ainda dois Atacarejos DelNorte, localizados em Sorriso e Nova Mutum.
Mas mesmo após sua partida, Jocondo ainda vive e influencia o varejo no Nortão. Antes da sua morte, o comerciante foi enfático ao dizer que precisava abrir um DelMoro em Sinop, sem deixar de lado as duas lojas da Casa Aurora. A nova unidade, que deve ser a mais moderna e completa de toda a rede, está sendo projetada “do jeito que o Jocondo gosta”. “Internamente chamamos o projeto da unidade que vamos construir em Sinop de ‘Loja do Joca’, porque vai ser do jeito que ele gostava de fazer, uma loja bonita e com muitos serviços para os clientes”, conta Mari, filha de Jocondo e atual diretora administrativa do grupo.
Segundo Mauri, que assumiu a presidência do grupo, a loja começa a ser construída em 2025, com previsão de abrir em 2026. Será uma estrutura com dois pisos, elevador, escadas rolantes e estacionamento no piso inferior, localizada na esquina das avenidas Ingás com Tarumãs. A previsão é de que mais de R$ 50 milhões sejam investidos na unidade.
José, Pedro e Jocondo já fizeram sua passagem e seus legados vão além de prédios e cifras. No final de todas as compras que efetuaram, o ticket aponta um saldo de empatia e generosidade, mostrando que uma parceria pode sim atravessar gerações.
1997
Colégio Regina Pacis

FÉ, EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO PARA OS JOVENS E CRIANÇAS DE SINOP
Desafiando adversidades na certeza de grandes oportunidades de desenvolver um projeto educacional-cristão, as Religiosas da Instrução Cristã, instituto com mais de 200 anos de história, fundou em 1997 o Colégio Regina Pacis. Nestes 27 anos de caminhada junto a população de Sinop, o colégio e a congregação celebram histórias de superação, fé, afeto e cuidado dentro e fora da escola que ganhou o coração de todos os sinopenses
O contexto histórico, social, cultural e econômico de Sinop, no final dos anos 1990, trazia à tona necessidades de um território em crescimento. Neste sentido, uma demanda urgente era a ampliação da rede escolar que conseguisse absorver as crianças e jovens da cidade de forma segura e eficiente. O apelo não era apenas o aumento em vagas do ensino de base, mas principalmente, uma melhor qualidade da educação ofertada que abrisse oportunidades para novas gerações. Por esse anseio começa a história do Colégio Regina Pacis em Sinop.
Educação como necessidade de uma cidade em expansão
A criação de uma escola confessional católica tornou-se patente com a chegada de famílias vindas de Maringá, no Norte do Paraná, para Sinop, onde se estabeleceram para o projeto de expansão de trabalho e novos empregos na cidade. Em Maringá, essas famílias já tinham uma história educativa com o Colégio Regina Mundi, administrado pelas Religiosas da Instrução Cristã, desde 1967. Diante das referências de formação intelectual, cristã e humana consolidadas pelas religiosas é que se começou a jornada de convencimento do instituto para a abertura de uma nova escola da congregação em Sinop.
Querendo que seus filhos tivessem a mesma formação do Mundi, as famílias foram até o então bispo Dom Gentil Delazari, que intermediou, junto ao prefeito da época, um espaço para a instalação de um novo colégio. Se por um lado a sociedade sinopense se articulava para trazer uma nova escola cristã, por outro as Religiosas da Instrução Cristã (RIC) buscavam consenso sobre a expansão da missão educacional para a nova cidade. O desafio para as RIC era grande e, mesmo com a demonstração de apoio da diocese local, foram necessários vários momentos de discernimento e mensuração dos obstáculos que seriam enfrentados nos primeiros anos do projeto.
Neste cenário ainda de incertezas, a irmã Fabiana Maria, que respondia pela Província Sul foi decisiva. A religiosa foi peça-chave na defesa da nova escola da congregação e apresentou à superiora-geral da época os motivos pelos quais eram importantes iniciar uma nova missão ali. Irmã Fabiana contou com o apoio e o olhar criterioso da irmã Mirian Vieira, superiora da Província Nordeste, que também realizou visitas técnicas ao Mato Grosso. “Elas sentiram o quanto o contexto demandava a presença do nosso carisma, já que nós existimos para consagrar nossa vida a Deus pela juventude”, comentou irmã Liliane Constantino, atual diretora-geral do Regina Pacis. “Estavam convencidas de que Deus nos chamava para vir educar e evangelizar em Sinop, que era, de fato, um apelo divino e que nós, religiosas, as irmãs da época, nos organizaríamos para encontrar os meios para essa nova fundação”, ressaltou a diretora. Na época, a cidade já contava com outras instituições de ensino particular com viés religioso, mas faltava uma com evangelização católica. Ausência que seria mitigada muito em breve.
Quem são as Religiosas da Instrução Cristã?
É impossível falar sobre o Colégio Regina Pacis sem viajar no tempo, até a Europa do século 19. Em um contexto turbulento naquele continente no período entre guerras, onde a fragmentação da fé e da educação cobria com uma sombra as relações sociais, a Igreja buscava devolver a esperança. Neste momento de renovação da fé, a Igreja busca ordens religiosas que possam expandir o catolicismo apoiado em ação social e de evangelização. A chama do carisma das Religiosas da Instrução Cristã logo se torna alvo de movimento global. Uma personagem é central para o Instituto das Religiosas da Instrução Cristã: Madre Agathe.
Natural da Bélgica, a jovem ingressou para a vida religiosa aos 29 anos de idade. Ela viu e viveu os impactos do momento bélico da Europa, que impactou seu convento duramente, e que fez a ordem da qual pertencia na época perecer. Sem jamais desistir do seu propósito de vida religiosa, trabalhou de forma incansável para reerguer uma congregação com base na evangelização e educação de meninas. Em 25 de março de 1823, foi autorizada a reabrir o convento em Dooresele, que marca a fundação do Instituto das Religiosas da Instrução Cristã.
O espírito missionário de Madre Agathe foi o legado deixado por ela para as suas sucessoras nesta trajetória de mais de 200 anos. Não demorou muito até que o carisma de consagração a Deus e sacrifício inteiramente a serviço da juventude, em toda parte, onde se possa cooperar na propagação da Glória de Deus, alcançasse a Europa, América do Sul e a África, multiplicando e se estendendo por todo o mundo.
Alguns anos depois, em 1896, o carisma agatheano tomou rumo ao Brasil. Oito religiosas e uma leiga chegaram ao país com o objetivo de espalhar o carisma em um novo continente. Depois de uma passagem rápida pela cidade de Olinda, foi no Recife que fundaram o Colégio Damas. Ano a ano a missão cresceu no Nordeste até que o projeto de expansão chegou à região Sul e depois ao Centro-Oeste.
A criatividade das primeiras religiosas em Sinop
Já podemos perceber que coragem, compromisso e ousadia são características inerentes à missão educacional conduzida pelo Instituto das Religiosas da Instrução Cristã. Na busca por apresentar aos jovens as riquezas da fé e formar a pessoa humana com base nos valores cristãos, éticos e acadêmicos, de maneira participativa e comprometida, encarnando a face atual do Cristo educador para construir uma sociedade sustentável. O colégio abriu as portas em 1997, tendo à frente três religiosas, contando com 97 alunos do Ensino Médio.
Para garantir a qualidade do ensino desde os primeiros anos da escola, a direção do Regina Pacis formou um quadro docente composto por cerca de 20 professores de alto nível, selecionados em centros como Cuiabá e Maringá, além de muitos que já atuavam em Sinop. “Essa preocupação era para que os alunos saíssem do Ensino Médio preparados para qualquer vestibular do Brasil. Foi um investimento bem interessante para uma educação de muita qualidade”, destaca a irmã Liliane, ressaltando o empenho da irmã Fabiana Maria.
Na época, residente em Maringá, a irmã Fabiana Maria viajava de três a quatro vezes por ano em um VW Gol antigo, transportando equipamentos para a escola em Sinop. “Laboratório de química, física, biologia, materiais pedagógicos e todos os outros materiais que a região ainda não dispunha eram trazidos por ela. Isso tudo para poder elevar o nível da educação ofertada”, relembrou irmã Liliane. “Foi um sacrifício, um esforço grande para que o colégio pudesse oferecer, desde o início, uma educação de excelência acadêmica”, completou. Irmã Maria José, atual vice-diretora, também reforçou esse movimento de preparação dos jovens do Ensino Médio. “Tendo um Ensino Médio que ofertava uma preparação de alto nível, as famílias não tinham mais que se preocupar em mandar os filhos para outras regiões. Os filhos de Sinop poderiam estar perto de suas famílias e da comunidade nesta fase tão importante de preparação”, observou a irmã Maria José. As diretoras lembram que os primeiros alunos a serem aprovados no vestibular em universidades de renome foram Paulo Abreu e Kelly Yamashita, que ingressaram na Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná.
É preciso destacar que a escola foi muito apoiada pela Igreja e pela comunidade sinopense. “Nós somos muito gratas. Era emocionante ver a disponibilidade de todos. As pessoas se ofereciam, perguntavam o que estávamos precisando e deixavam a gente caminhar sem interferência. Confiavam muito no nosso trabalho”, destacou a irmã Maria José. De início, as Religiosas da Instrução Cristã enviaram para Sinop as irmãs Bernarda Galindo e Eduarda Maria. Em 1998, chegou a irmã Maria José. Coube a elas organizar o novo colégio, instalado no antigo Convento dos Camilianos – que também abrigou a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) – e os trabalhos pastorais. O imóvel estava sob responsabilidade da Mitra Diocesana.
Irmã Maria José, que atuava em Maringá antes de vir para o Nortão, lembra que estava no pátio do Colégio Regina Mundi, uma das mais renomadas escolas do Norte do Paraná, quando foi comunicada de sua transferência. “A irmã chegou para mim e disse: ‘Maria José, precisamos de você em Sinop, porque lá urge evangelização’. Meu coração gelou”, comentou. Assim como o coração gelou com esse chamado, aqueceu de uma maneira única quando pode experienciar o Encontro de Evangelização Fórmula 1, em 1998. “Ali foi o início da evangelização da juventude sinopense. Não encontro nem palavras para descrever a emoção que sentimos”, destacou.
A participação nos encontros, que são realizados até os dias de hoje, é por adesão, não sendo imposto pelo Colégio. “Os encontros são para tratar de valores, de princípios, de humanidade, de fraternidade, da natureza, de solidariedade, de respeito para com o irmão e respeito para com Deus”, explicou a religiosa. “É sobre o que o ser humano precisa para viver em harmonia”, completou.
Recordações e superação
Conforme o tempo passava, as dificuldades eram superadas e o colégio crescia cada dia mais se destacando no universo escolar de Sinop. A irmã Maria José lembra de alguns desafios como a queda de energia, que dificultava a realização de algumas atividades. A religiosa também contou que todos os encontros de evangelização eram feitos na Casa Shalom, que na época ficava distante, e como as quedas de energia eram frequentes, em um dos eventos faltou luz no local. “Ficamos todos no escuro”, recordou. O socorro veio por meio da mãe de um dos participantes do encontro, que deixou sua casa, enfrentando a chuva e a lama, e foi até a Shalom. “Isso aí não tem preço e as famílias eram assim. Sabiam que teria uma festa junina ou outra atividade, todos ajudavam. Aquilo nos dava a certeza que o retorno viria, de que o êxito da missão viria, sem dúvida. A fé nos mostrava isso. A confiança em Deus nos assegurava de que o êxito da missão viria”, destacou a religiosa.
Ela pontuou que no começo dos anos 2000 havia uma diferença sociocultural entre os alunos com quem trabalhava em Maringá e os de Sinop. “Mas ao conviver com eles, com as famílias, a gente tinha no coração a certeza que as coisas iam deslanchar. Havia muita esperança, muita solidariedade, eles nos traziam muita esperança. Eles estavam muito ao lado da gente.”, contou.
Dois anos depois da fundação do Colégio, um novo prédio começou a ser construído para substituir o antigo, que era feito de madeira. As novas instalações teriam, além do setor Administrativo, mais seis salas de aula. O projeto de engenharia ficou a cargo do engenheiro Alessandro Sales da Silva e o arquitetônico foi de responsabilidade de Alfredo Clodoaldo de Oliveira Neto. “Em 1999, éramos um canteiro de obras”, observou a irmã Liliane. “Irmã Eduarda Maria estava sempre à frente. Ela foi a grande empreendedora, a grande sonhadora e idealizadora disso aqui”, acrescentou a irmã Maria José.
Sempre empolgada durante as obras, irmã Eduarda Maria levava os alunos do Ensino Médio para conhecerem o que seriam as novas salas de aula. “Ela dizia aos alunos: ‘Vocês vão estudar aqui. Foi pensando em vocês que começamos por aqui. Vocês são os mais velhos e os mais velhos têm prioridade’. Ela era uma senhorinha com quase 70 anos”, recordou a irmã Maria José. A primeira ala do Colégio construída em alvenaria foi inaugurada em 2001.
Uma escola em movimento e desenvolvimento
Inovar sempre foi uma característica marcante do Regina Pacis. O colégio foi o primeiro de Sinop a instalar um laboratório de informática com acesso à internet para os alunos, em 1999. Desde a criação, a instituição sempre procurou realizar eventos que envolvessem o corpo escolar, como a Feira do Livro, realizada pela primeira vez em 2003, que proporcionava a troca e a venda de livros. Outra atividade marcante para o desenvolvimento pedagógico da unidade foi o início das edições de Feiras de Ciências, que começaram em 1998. Não podemos deixar de citar a Festa Maína, versão das festas juninas, que, com o passar do tempo, tornou-se uma das mais tradicionais festividades típicas de Sinop.
Em 2005, com o colégio ocupando cada vez mais espaço no universo educacional local, foi inaugurada a segunda quadra da instituição. Até então, os alunos utilizavam um espaço esportivo construído ainda na época em que o imóvel era ocupado pelo Seminário dos Irmãos Camilianos e que havia sido inaugurado pelo presidente João Batista Figueiredo, em maio de 1983.
Os esportes são um ponto de excelência conhecido do colégio. Em 1986, equipes do Regina Pacis participaram com destaque do 1º InterDamas, jogos que reuniram atletas de todos os colégios mantidos pela Rede Damas Educacional no Brasil e que foram realizados no Recife (PE). Ao retornarem para Sinop, as equipes foram calorosamente recepcionadas, com direito a desfile em carro do Corpo de Bombeiros. Em 2000, outro fato que gerou muita celebração na comunidade educativa: o título de Miss Brasil da aluna Josiane Kruliskoski!
A equipe de ginástica rítmica do Colégio, comandada pela técnica Flávia Zelinda Fernandes, conforme ressalta a irmã Liliane, é reconhecida mundialmente, tendo participado de competições em diversos países, como Estados Unidos e Espanha. O grupo de balé da escola também é famoso por suas apresentações primorosas. Conquistas que só os esportes que caminham com os valores do respeito, resiliência e determinação alcançam.
Outra lembrança guardada com carinho pelas religiosas é a implantação da horta do colégio no ano de 1999, que teve participação ativa dos alunos. “Eles cavaram a terra, colocaram o esterco, revolveram tudo e plantaram. Ali fizeram o projeto dos crisântemos, sob a coordenação da professora Sandra, que veio de Maringá”, destacou a irmã Maria José. No Dia de Finados daquele ano, acabaram as flores na cidade e a população foi à escola comprar as flores produzidas pelos alunos.
Com um crescimento acima da média, a potência da Sinop exigia cada vez mais novidades do colégio para atender novas demandas. Um novo momento de inovação na escola começou em 2009, quando da chegada da irmã Liliane. “A superiora provincial me chamou para conversar e disse que tinha uma proposta para eu vir para cá, somar com a comunidade religiosa e educativa e eu disse que estava pronta para fazer a vontade de Deus”. Depois de duas noites e um dia de viagem, a irmã Liliane chegou a Sinop. “Quando eu cheguei na frente do Colégio, pensei: ‘nossa, que diferente’. Eu fiquei muito encantada com a simplicidade da cidade, das pessoas, com a educação dos alunos.
De início, irmã Liliane assumiu a função de coordenadora e também de professora de Ensino Religioso para as turmas do Ensino Médio, permanecendo por três anos nos cargos até assumir, em 2012, a direção. A unidade contava com 886 alunos naquele ano. “Para mim, foi muito realizador. A cidade estava crescendo, estava inovando e o colégio precisava acompanhar”, afirmou. Um marco da nova direção-geral foi o início das obras de construção do prédio em alvenaria para abrigar as turmas da Educação Infantil e Ensino Fundamental, que até então eram de madeira. Em um movimento de transferências, a irmã Liliane assumiu uma nova missão em Maringá em 2014, retornando a Sinop em 2019, ano que antecedeu grandes desafios para todo o planeta: a pandemia da Covid.
Durante a pandemia, o mundo se viu obrigado a adotar medidas para evitar a disseminação do vírus. E, mais uma vez, o Regina Pacis foi ágil em buscar respostas de segurança aos alunos e educadores. O colégio foi o primeiro, em Sinop, a adotar aulas na modalidade on-line. Todo o planejamento foi feito durante o período de férias dos alunos e, em um prazo de 15 dias, todos os estudantes estavam cadastrados e com acesso liberado às plataformas digitais. Nas primeiras duas semanas, as aulas eram gravadas. Depois passaram a ser ao vivo, das 7h às 11h, com os professores em sala de aula.
A iniciativa despertou o interesse de estabelecimentos de ensino de diversas regiões do Brasil. “Vários estados entraram em contato conosco para saber como nós estávamos conduzindo a situação”, comentou irmã Liliane. Ela lembra também que a situação zerou o estoque de câmeras e de notebooks no comércio local. “Mas, graças a Deus, nós tínhamos para todos. Isso permitiu que o colégio se adaptasse dentro daquilo que já tinha”, complementou
Para que os fatos da história do Pacis não se percam na poeira do tempo, os mais marcantes são organizados em um arquivo onde estão as imagens digitalizadas e também em álbuns e em caixas, onde estão as fotos reveladas. Rever todo esse acervo mexe com a emoção das religiosas, além das lembranças materializadas pelas fotos, existem aquelas que são guardadas na memória. As religiosas lembram com carinho que a irmã Eduarda Maria tinha como costume inaugurar cada obra realizada na escola e, nesses momentos, para marcar o ato, fazia solenemente o corte da fita inaugural, que era guardada para ser usada em outra ocasião. “Não era uma para cada solenidade”, ressalta a irmã Maria José. Como ícones que marcam uma época, até hoje, muitas destas fitas estão cuidadosamente guardadas. Mais do que uma lembrança, elas são uma herança que recorda onde o Colégio Regina Pacis chegou e ainda aonde por ir, afinal a escola é espaço de transformação e inspiração para gerações que conhecem a força da coletividade para alcançar sempre mais do que se imagina.
Regina Pacis é braço da Rede Damas Educacional no MT
Presente em seis estados do Brasil, a Rede Damas Educacional tem uma história de 128 anos de inovação em educação. Com 14 escolas e uma faculdade, abraça o propósito de educar para inspirar pessoas e transformar o mundo há gerações. Impulsionados pelo Carisma das Religiosas da Instrução Cristã, exerce com responsabilidade e afeto a missão de formar a pessoa humana com base nos valores cristãos, éticos e acadêmicos, de maneira participativa e comprometida, encarnando a face atual do Cristo Educador para construir uma sociedade sustentável.
1997
Adenir Alves Barbosa é eleito prefeito pela segunda vez

ADENIR PREFEITO NOVAMENTE
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No dia 1º de janeiro de 1997, Adenir Alves Barbosa toma posse como prefeito pela segunda vez, governando o Município até 2000
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A cerimônia de posse de Barbosa e de seu vice, Osvaldo Paula, é realizada nas dependências do Ginásio Olímpico José Carlos Pasa, o Pasinha
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Naquele ano, a Prefeitura promove mais melhorias no Parque Florestal
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A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) passa a funcionar no seu próprio Campus, no prédio do Centro de Atendimento Integral da Criança (CAIC), que foi construído pelo Governo Federal, para atender ao Ensino Fundamental
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Escolas e Creches Municipais são construídas nos bairros da cidade