Uma longa história
Colonizado inicialmente a partir de 1874, município conheceu o desenvolvimento a partir dos anos 1980, com a intensificação das atividades produtivas
Desde a segunda metade do século 19, desbravadores destemidos ocuparam as terras onde hoje é Campo Verde. Foram eles que deram início a uma história que até agora teve vários capítulos e sucesso escrito a várias mãos, e que está longe de ser concluída.
Campo Verde viveu, ao longo de sua história, períodos migratórios distintos. Até que chegaram os sulistas, nos anos 60, e a região se desenvolveu. Foram eles que imprimiram à região as características atuais, especialmente em relação à agricultura.
No entanto, cada leva de migrantes que aportou nas terras de Campo Verde fez a sua parte. Deram sua contribuição e ajudaram a desenvolver o lugar, que também foi palco de passagens de personalidades históricas do Mato Grosso e do Brasil.
1736 – É aberta, a mando da Real Coroa Portuguesa, a Estrada Real, hoje BR-070, que corta o município de Campo Verde no sentido Leste/Oeste. A antiga estrada, aberta pelo português Antônio José de Pinho ligava a então Vila Real de Bom Jesus de Cuiabá a Vila Boa de Goiás.
1772 – O então governador de Mato Grosso, Luiz Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, passa pelo território onde hoje está o Município de Campo Verde
1779 – O padre Manoel de Albuquerque Fragoso cria um pequeno sítio onde cultiva alimentos para subsistência na cabeceira do rio São Lourenço, onde mais tarde seria o município de Campo Verde.
1808 – Passa pelo território onde hoje é o Município de Campo Verde, o bispo de Ptolemaida Luiz de Castro Pereira
1820 – Joaquim da Silva Prado, instala a Fazenda do Buriti, nas proximidades da localidade histórica de Capim Branco. Por anos, a propriedade foi referência para os viajantes e serviu de refúgio para portugueses que fugiram de Cuiabá, durante o episódio conhecido como “Rusga Cuiabana”.
1833 – Passa pela região onde hoje está Campo Verde, vindo de São Paulo, o primeiro bispo diocesano de Cuiabá, Dom José Antônio dos Reis
1884 – Passa pelo território de Campo Verde o cientista alemão Karl Von Stein, que seguia em direção ao Xingu aproveitando o traçado do Rio das Mortes.
1886 – Chegam à região as famílias Borges e Fernandes. Vindas de Bagagem, hoje Cruzeiro do Sul (MG), elas implantam a Fazenda Buriti dos Borges. Diogo Borges e José Camilo Fernandes eram os líderes das famílias. Passa pelo território de Campo Verde a índia Rosa Bororo, que entrou para a história de Mato Grosso como “A Pacificadora”, devido ao seu trabalho de pacificar os indígenas diante da chegada do homem branco.
1890/1891 – É inaugurada a primeira estação telegráfica de Capim Branco, que funcionava em um rancho de pau-a-pique. 1896 – É inaugurada a estação telegráfica Coronel Ponce, na comunidade de Capim Branco. A obra foi construída inicialmente sob o comando do major, depois general, Antônio Ernesto Gomes Carneiro. Convocado para lutar na Revolução Federalista (1893-1895), que aconteceu no Sul do Brasil, Gomes Carneiro passou o comando da obra para o então Tenente Cândido Mariano da Silva Rondon. Gomes Carneiro morreu durante o cerco da Lapa, cidade paranaense onde está sepultado no panteão dos Heróis, em 9 de fevereiro de 1894.
1902 – Chegam à região da Ponte Alta, hoje pertencente à Chapada dos Guimarães, famílias nordestinas vindas da cidade de Canindé, no Ceará. O assentamento das famílias é considerado o primeiro projeto de Reforma Agrária de Mato Grosso.
1920 – O coronel José Antônio de Albuquerque é nomeado Juiz de Paz do distrito de Capim Branco. A nomeação foi feita pelo então presidente do Estado de Mato Grosso, Dom Aquino Correia.
1925 – Passa pela região, seguindo o curso do Rio das Mortes, o coronel e explorador inglês, Percy Harrison Fawcet, em busca da Cidade Perdida de Z. Fawcet é tido como desaparecido na Serra do Roncador, na região de Barra do Garças.
1927 – Passa pela região, onde acampa na Fazenda Deputado, uma parte da Coluna Prestes, liderada por Siqueira Campos, que fugia para a Bolívia depois de ter percorrido mais de 5 mil quilômetros pelo Brasil naquele que é considerado o maior movimento político-militar do País e que pretendia implantar o comunismo. Na passagem do Rio das Mortes, houve uma batalha entre os revoltosos e as forças legalistas do Estado. Não há registro de vítimas.
1960 – Benedito Alberto de Campos constrói a pensão Seriema, às margens da hoje MT-251. Por muitos anos, o estabelecimento foi o único ponto de apoio de viajantes que faziam o trajeto entre a região de Paranatinga, Nova Brasilândia e Cuiabá.
1966/67 – Chegam as primeiras famílias de migrantes sulistas: Cocco, Folgiarini, Scarton e Cazarin.
1974 – Vindo de Capanema (PR), o empresário Otávio Eckert instala o Posto Paraná, embrião do que seria a futura cidade de Campo Verde. É criada a primeira escola do futuro município, construída com palhas de buritis
1978 – Júlio Pavlak cria o Loteamento Jupiara, o primeiro projeto para se criar um núcleo urbano na junção da BR-070 com a MT-344.
1980 – A soja começa a ser cultivada em Campo Verde, substituindo o arroz de sequeiro, cultivado até então.
1984 – O empresário Otávio Eckert dá início ao Projeto de Loteamento Campo Real, embrião do futuro município de Campo Verde.
1985 – É criado, pela Lei Estadual número 4.898, o Distrito de Campo Verde, pertencente ao Município de Dom Aquino.
1986 – É criada a Comissão Pró-emancipação de Campo Verde.
1988 – Pela Lei Estadual número 5.314, de autoria do Deputado Estadual Moisés Feltrin e sancionada pelo então Governador Carlos Bezerra, é criado, no dia 4 de julho, o município de Campo Verde, com área desmembrada de Dom Aquino e Cuiabá.
1988 – Onescimo Prati é eleito prefeito de Campo Verde, tendo como vice o produtor rural Alécio Schenkel
1991 – A Sadia Agroavícola inicia um grande projeto de criação de frangos para o abate no município, oportunizando uma nova atividade às propriedades.
1992 – O empresário e produtor rural Vitor Della Flora Vesz é eleito prefeito. Seu vice era o médico Luiz Gabriel Leite da Silva.
1994 - Mineiros vindos da região Norte do estado, iniciam o plantio de algodão na região, em terras arrendadas da Fazenda Perdigão do Cupim
1995 – É criada a Associação Comercial e Empresarial de Campo Verde.
1996 – Onescimo Prati é eleito novamente prefeito do município, tendo como vice Paulo Fernando da Rosa.
1996 – Famílias integrantes do MST ocupam uma área, onde mais tarde seria criado o Assentamento 14 de Agosto. A ação marca o início do processo de reforma agrária no município, que atualmente conta com 7 assentamentos.
1998 – É criada a Comarca de Campo Verde por meio da Lei Complementar 47 de 8 de setembro de 1.998
2000 – Onescimo Prati é reeleito para o seu terceiro mandato à frente da Administração Municipal de Campo Verde, o segundo consecutivo, tendo como vice o médico José Leite da Silva Neto.
2000 – É realizada a 1ª Exposição Feira Agropecuária e Comercial de Campo Verde (Expoverde), no Parque de Exposição Marco Antônio Esteves da Rocha.
2002 – É inaugurado o moderno prédio do Paço Municipal, que mais tarde seria denominado Paço Municipal Prefeito Onescimo Prati. No seu entorno estão a Câmara de Vereadores e o Fórum da Comarca
2004 – Dimorvan Alencar Brescancim é eleito prefeito, tendo como vice Matilde Finn Vesz
2008 – Dimorvan Alencar Brescancim é reeleito para o seu segundo mandato consecutivo. Matilde Finn Vesz é novamente a vice-prefeita.
2012 – O empresário Fábio Schroeter é eleito prefeito, tendo como vice o médico Laerte Brasileiro Alvarenga
2016 – Fábio Schroeter é reeleito prefeito, dessa vez, tendo como vice o produtor rural Milton Garbugio
2020 – Disputando a eleição contra o empresário Antônio Cesar dos Santos, o engenheiro agrônomo e produtor rural Alexandre Lopes de Oliveira vence as eleições e se torna prefeito de Campo Verde, tendo como vice a comerciária Edna Queiroz da Silva.
2022 – É iniciada a Ferrovia Estadual Senador Vicente Vuolo, que ligará Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, e a construção de um terminal de carga e descarga em Campo Verde, empreendimentos que são vistos como um novo impulso econômico para o Município.
O homem que criou uma cidade
Acreditando no potencial da região, em 1984 o empresário resolveu criar uma cidade em meio ao cerrado. Nascia ali, Campo Verde
Aos 87 anos, o empresário Otávio Eckert já não tem o vigor que tinha na década de 1980, quando decidiu transformar um posto de combustíveis localizado no meio do nada em uma cidade, mas continua firme à frente de seus empreendimentos e acreditando cada vez mais na cidade que criou há 35 anos.
Foi graças ao empreendedorismo e a capacidade de vislumbrar o futuro, que levou esse gaúcho de Carazinho, hoje com 87 anos, a fundar Campo Verde. Depois de viver por aproximadamente 20 anos nas cidades de Palmeira das Missões/RS e Capanema/PR, Eckert, então com 39 anos, chegou à região onde hoje está Campo Verde. Era 1973.
O pioneiro e colonizador lembra que tomou conhecimento da região através de uma família que, depois de viver por algum tempo em São Gabriel do Oeste (hoje Mato Grosso do Sul), retornou para o Sul. Segundo a família, no entroncamento de duas rodovias, entre Dom Aquino e Chapada dos Guimarães, havia um lugar promissor.
Otávio Eckert comenta que, decidido a conhecer Mato Grosso, fez 6 viagens para o estado a bordo de um Opala, até decidir se instalar no então “trevo de Vista Alegre”, que mais tarde passou a ser conhecido como Posto Paraná.
Isso porque, em 1975, quando a poeira da BR-070 e a fumaça das queimadas encobriam o sol do cerrado mato-grossense, Otávio Eckert decidiu instalar um posto de combustível no entroncamento da rodovia federal com a MT-140, dando ao empreendimento, que foi o embrião da futura cidade, o nome de Paraná, em homenagem ao estado de onde veio.
Em 1984, cansado de ter que ir a Cuiabá 3 vezes por semana devido à falta de uma agência bancária e também incomodado pela ausência de escola para os filhos, Eckert decidiu então criar um loteamento. Quatro anos depois, o que era um projeto se transformou em uma das cidades mais desenvolvidas de Mato Grosso, que surpreende até seu criador.
Para impulsionar o crescimento do local, Eckert impôs uma regra: quem comprasse um ou mais lotes deveria iniciar a construção em até três meses. Se o prazo não fosse cumprido, o terreno era retomado pelo colonizador e o dinheiro devolvido ao comprador. Em muitos casos, lembra o colonizador, a cláusula do contrato não foi seguida à risca e os compradores ganharam um pouco mais de tempo para construir.
Como forma de atrair mais empreendedores e melhorar a vida de quem já morava na localidade, o empresário investiu recursos próprios para instalar 17 quilômetros de uma rede de alta tensão desde a antiga Fazenda Olvebra até a cidade que se iniciava. Também construiu o prédio para a instalação do posto telefônico e perfurou um poço artesiano onde hoje é a região central. Durante muitos anos forneceu energia elétrica e água gratuitamente aos moradores.
Eckert também doou terrenos para várias igrejas e para a construção de prédios públicos. O Juventude Esporte Clube, também chamado Clube da Soja, fundado em 1986, está construído em área de mais de 10 mil metros quadrados doada por ele.
Visionário, o fundador de Campo Verde, que sempre contou com o apoio dos filhos Nilson, Odair (já falecido), Ondenir (Já falecido) e Rosemeire, e também da esposa Maria, investiu na implantação de uma emissora de televisão (TV Real) em 1993 quando Campo Verde contava pouco mais de 5 mil habitantes. Em 2002, colocou no ar a Rádio Cidade Bela FM. Foi vereador de 1993 a 1996.
Um pouco mais da história – No entorno do Posto Paraná, que era referência para os viajantes que se aventuravam pelo cerrado mato-grossense, com a criação do loteamento em 1984 começou-se a formar um aglomerado urbano, que foi elevado à categoria de distrito de Dom Aquino.
Como o aglomerado urbano ganhava corpo e experimentava um crescimento acelerado, os moradores decidiram que era preciso transformá-lo em uma cidade. O primeiro nome escolhido para a localidade foi Campo Real.
Porém, não se sabe por qual motivo, decidiu-se pela mudança do nome para Campo Verde. Um plebiscito foi realizado e a nova nomenclatura, por um voto apenas de diferença, passou a se chamar Campo Verde. O nome é até apropriado devido aos campos verdes de soja, milho e algodão que se estendem pelo horizonte durante os períodos de safra.
Foi assim que o lendário Posto Paraná se transformou em Campo Verde, mas Eckert queria que sua denominação fosse Campo Real. O colonizador ainda hoje lamenta ter sido isolado do processo de escolha do nome, pelo prefeito de Dom Aquino. “Nem do plebiscito sabia”, revela.
Independente do nome, a ousadia, o visionarismo e o empreendedorismo de Otávio Eckert, transformaram um posto de combustível em um dos melhores municípios de Mato Grosso, que ocupa a 13ª posição no ranking econômico do estado e é um dos maiores produtores de grãos e pluma do Brasil. Um município que se desenvolve a cada dia e que cada vez mais impressiona os visitantes e orgulha seus moradores.
Dados do Município
Campo Verde recebeu status de município pela lei estadual nº 5314 de 4 de julho de 1988, com território desmembrado dos municípios de Cuiabá e Dom Aquino.[5][6]
As primeiras famílias a se estabelecerem na região que hoje forma o município de Campo Verde foram os Borges e os Fernandes. Vindas de Uberlândia (MG) em 1886 e lideradas por Diogo Borges e Zeca Camilo Fernandes, as famílias formaram a Fazenda Buriti dos Borges, que por muitos anos foi referência geográfica da região, e a Fazenda Deputado.
Em 1896 foi inaugurada na localidade de Capim Branco uma das primeiras estações telegráficas de Mato Grosso, construída sob o comando do major Gomes Carneiro, que tinha como seu ajudante de ordens o então alferes e futuramente marechal, Cândido Mariano da Silva Rondon. Tanto a casa construída por Diego Borges como algumas construções centenárias em Capim Branco ainda resistem ao tempo, destino diferente do que teve a estação telegráfica, destruída pela ação do tempo e do homem. Uma réplica da antiga construção foi construída para abrigar o Museu da História de Campo Verde, que tem um acervo formado por fotos antigas e utensílios utilizados pelos primeiros moradores da região. Por quase um século, a região viveu um período de estagnação, sem nenhuma atividade econômica de destaque. Apenas a agricultura e a pecuária de subsistência eram praticadas pelos moradores. A partir da segunda metade da década de 1960, esse cenário começou a mudar. Com a chegada das primeiras famílias vindas do Sul do Brasil, o cerrado inóspito e improdutivo ganhou um novo impulso com o cultivo do arroz de sequeiro.
Em 1974, o gaúcho Otávio Eckert instalou um posto de combustível no entrocamento BR-070 com a MT-140. O empreendimento foi e embrião da futura cidade. Visionário e confiante no potencial da região, Eckert criou o loteamento Campo Real. Com a expansão da atividade agrícola e o crescimento populacional, em 1988 o então distrito de Posto Paraná, como a localidade passou a ser chamada, se emancipou de Dom Aquino. Um plebiscito realizado entre os moradores mudou o nome do lugar para Campo Verde.