Maior polo têxtil do estado
Setor industrial, ao longo dos anos, tem crescido e cada vez mais contribuído com o desenvolvimento econômico de Campo Verde
Terceiro maior produtor de algodão de Mato Grosso, grande produtor de soja e milho, um dos maiores produtores de ovos comerciais e de suínos do estado, Campo Verde tem no agronegócio a principal base de sua economia.
Entretanto, há outros setores que contribuem com o desenvolvimento do município e têm participação importante na formação do seu PIB (Produto Interno Bruto). A indústria é um deles e já há anos vem crescendo e se desenvolvendo, contribuindo com a geração de emprego e de renda.
O setor têxtil ocupa lugar de destaque. Em Campo Verde estão instaladas e em funcionamento 15 usinas de beneficiamento da pluma e quatro fiações. “Campo Verde passa por um momento de transformação”, destaca o prefeito Alexandre Lopes. “Quando se fala em industrialização, que é a indústria da transformação, Campo Verde quer se tornar o maior produtor de fios do Centro-Oeste", diz o gestor.
E, de acordo com as projeções feitas pelo chefe do Poder Executivo campo-verdense, o município deve dobrar sua capacidade de produção, que hoje está em 2,4 mil toneladas de fios/mês, passando para 5 mil toneladas por mês.
Alexandre Lopes observa que o aumento da produção no setor de fiação, deverá certamente impactar em outros setores. “O que permitirá a nós buscarmos o terceiro setor da produção da fiação, que é a malharia, que é a tecelagem, até chegarmos no nosso grande sonho que é a confecção”, ressalta.
“Município vai dobrar sua capacidade de produção de fios por mês”
O prefeito destaca que o crescimento do setor têxtil, “está envolvido nesse projeto de transformação que nós temos enquanto munícipe, enquanto Governo, como também pelo entusiasmo que passa nossa classe empresarial, nossa classe industrial, nossa classe produtora, principalmente do ramo agrícola, que é nossa grande vocação”.
Em Campo Verde o setor industrial é formado por empresas que atuam no beneficiamento da pluma de algodão e na fabricação de fios; na produção de sementes certificadas e de fertilizante foliar. Há também indústrias de pré-moldados de concreto, esmagadora de caroço de algodão, frigorífico de abate de suínos, indústria de biocombustível, metal mecânico e de produtos químicos. Tudo o que se produz em Campo Verde abastece o mercado de Mato Grosso e é exportado para outros estados do Brasil.
Novos Investimentos - Confiante no desempenho de Campo Verde como produtor de matéria-prima, empresários e empreendedores estão planejando novos investimentos no município. Uma das empresas que receberá um grande aporte financeiro que praticamente permitirá a ela quase dobrar sua capacidade de produção é a Cooperfios.
A Cooperativa, que reúne 30 associados, originou-se do desmembramento da Cooperfibra (Cooperativa dos Cotonicultores de Campo Verde) e absorveu o setor de fiação da “empresa mãe”. Seu parque fabril receberá um aporte financeiro de R$ 150 milhões, montante que permitirá à indústria produzir mensalmente 2,4 mil toneladas de fios. Atualmente, a capacidade da indústria é de 1 a 1,2 mil toneladas mês.
“Hoje o algodão é uma cultura com grande relevância para o município e para o estado. Em Campo Verde estão se instalando várias indústrias têxteis e isso faz com que outras empresas se instalem para atender o segmento”, observa Milton Garbugio, presidente da Cooperfios, destacando a importância do setor primário no contexto econômico local.
Ele aponta também que a localização e a força da agricultura do município atraem a atenção de investidores. “Campo Verde está bem centralizado no estado e tem uma pujança grande no agronegócio e sempre está ‘na mira’ de grandes investidores”, destaca. “Quando olham a produção e veem a logística da cidade, todos se encantam”, completa.
Outra empresa que está ampliando sua capacidade de produção no município é a Incofibras. Inaugurada em 2016, a empresa, que pertence ao grupo Rovitex, com sede em Luiz Alves (SC). Em julho, a empresa inaugurou a mais moderna fiação da América Latina. Com investimentos de R$ 150 milhões, a unidade, no auge de sua capacidade, vai produzir 1,7 mil toneladas de fios e gerar 250 empregos diretos e 700 indiretos.
É preciso mais - Ex-vereador e há quase dez anos atuando no setor de atacado e varejo, o empresário Fernando Schroeter também destaca que Campo Verde vive um bom momento, ressalta a força do agro em Campo Verde, mas enfatiza que é preciso colocar em prática mais ações que atraiam mais investimentos na implantação de indústrias que possam aumentar a capacidade do município de transformar sua matéria-prima.
“Nós temos muitas oportunidades de crescimento”, afirma ele. “[Campo Verde] é uma cidade em franco desenvolvimento, tenho visto muitas oportunidades chegando aqui. Eu acredito muito no futuro de nossa cidade”, continua. “Aqui é um lugar de muita importância”, completa Fernando Schroeter.
Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Verde, o empresário Lázaro Antônio Benedito de Souza, também projeta um futuro de crescimento para a cidade. “Campo Verde cresceu, vem crescendo e o futuro ainda tem muito a acontecer. A tendência de Campo Verde é ‘virar’ um polo industrial”, prevê.
Uma nova era - Na visão do secretário municipal de Desenvolvimento Econômico Henrique Soares, Campo Verde está vivendo um momento único e importante no que tange ao desenvolvimento proporcionado pelo agronegócio e pelas políticas públicas de fomento ao setor industrial, como a ampliação dos distritos industriais, e os investimentos que estão sendo feitos no setor de logística pelo Município e pelo Estado, como a pavimentação da MT-140, ligando a BR-070 com a BR-163, e a passagem por Campo Verde dos trilhos da Ferrovia Estadual Senador Vicente Vuolo, que ligará Rondonópolis a Cuiabá e Rondonópolis a Lucas do Rio Verde.
Fator que, na opinião do secretário, será um grande atrativo para novos investimentos, especialmente no setor industrial, uma vez que, além da grande oferta de matéria-prima, o município passará a contar com um sistema multimodal de transporte, envolvendo o rodoviário e o ferroviário.
Henrique aponta também que com a pavimentação da MT-140, entre a BR-070 e a região Médio-Norte de Mato Grosso, Campo Verde terá uma das melhores logística de Mato Grosso. “Estamos vivendo uma nova era em que nós queremos industrializar e verticalizar a produção [agrícola] do nosso município”, destaca. “Nós estamos realizando muitos investimentos nesse segmento, tratando de novas pessoas, novos investidores. Nós temos agora a questão do modal ferroviário que vai se implantar na nossa região e tudo isso vai contribuir para que a gente possa crescer cada vez mais”, completa o secretário.
E a logística de Campo Verde não atrai somente empresas voltadas ao setor industrial. Em breve, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, uma empresa com sede em São Paulo deve iniciar a construção de um Centro de Distribuição de Produtos Agrícolas. A área, segundo ele, já foi adquirida pela empresa, que vai atender consumidores num raio de 200 quilômetros partindo de Campo Verde.
Qualificação – Além da matéria-prima, o setor industrial necessita de mão-de-obra qualificada. Ciente dessa necessidade, a Prefeitura de Campo Verde firmou parceria com o Serviço Nacional da Indústria, SENAI, para a criação de um polo no município.
Inaugurado no dia 5 de outubro, a Unidade do SENAI em Campo Verde está ofertando cinco cursos: operador de máquinas e implementos agrícolas, costureira industrial, assistente administrativo com informática, assistente contábil e assistente administrativo. Para 2023 estão programados mais 40 cursos em 10 áreas do conhecimento. Serão ofertadas 800 vagas.
Durante a inauguração da unidade do SENAI, foi lançado o programa Qualifica Campo Verde, que visa preparar os trabalhadores locais para atenderem as necessidades que surgirão nos mais diversos setores da economia em razão dos investimentos em logística que estão sendo feitos pelo Governo Estadual na implantação da ferrovia Senador Vicente Vuolo e na pavimentação da MT-140, ligando Campo Verde à Nova Mutum. Os investimentos transformarão o Município num dos mais importantes entroncamentos rodoferroviários da região, tornando favorável a implantação de novos empreendimentos.
Empreendedorismo na veia
Depois de atuar na política por mais de 20 anos, empresário cria rede de negócios que engloba supermercado, atacado, posto de combustíveis e loteamento urbano
Fernando Schroeter é uma daquelas pessoas que tem o empreendedorismo correndo em suas veias e tudo que se propõe a fazer, faz bem feito. Visionário, o empreendedor não teme desafios e em pouco mais de 6 anos criou uma rede de empreendimentos que emprega atualmente 240 colaboradores.
Depois de atuar na política por mais de duas décadas, tendo sido eleito vereador por seis mandados, Fernando foi cassado pela Justiça Eleitoral acusado de compra de votos. Acusação que ele nega. “A grande paixão da minha vida sempre foi mexer com política. Infelizmente perdi meu mandato. Fui cassado por uma coisa que eu não fiz. Ganhei em Campo Verde e em Cuiabá, no nosso TRE, eu perdi meu mandato”, lamenta o ex-vereador que ocupou a presidência do Poder Legislativo de Campo Verde em três oportunidades. “Hoje não tenho pretensão de voltar a mexer com política pois as empresas que criamos precisam de acompanhamento constante e estou muito feliz e satisfeito com essa nova fase da vida”, afirma. “E não posso deixar de destacar o apoio da minha esposa Andréa e dos meus filhos Ricardo e Fernando, que têm sido grandes companheiros nessa empreitada”, ressalta.
Olho: “Nós não temos que esperar ninguém para fazer o progresso de Campo Verde! Quem tem que fazer o progresso de Campo Verde somos nós”.
Fora da política, ele acabou comprando o mercado do qual já havia sido sócio entre os anos de 1986 e 1991. “Surgiu a oportunidade de comprar o antigo Supermercado Paranaense no final de 2014. Como era uma excelente negociação, era algo de pai para filho, eles favoreceram que a gente pudesse comprar de uma forma parcelada e como eu estava com a cabeça ociosa, com meu esforço ocioso, eu chamei meu filho mais velho, o Ricardo, e falei: vamos pegar aquele mercado pra tocar?”, lembra.
Schroeter acrescenta que a compra da empresa não se tratava apenas de um negócio, tinha também um apelo social. “Uma das coisas que me motivou foi a questão de funcionários que seriam mandados embora, na época eram 80”, lembra. “E somado a algo que eu achava que era interessante, a partir do dia 1º de dezembro de 2014 eu virei o novo proprietário do Supermercado Paranaense”, completa.
A nova atividade caiu no gosto do empresário, que com a ajuda dos irmãos Marcos e Luiz, passou a investir no novo negócio. Apaixonado pela atividade, no final do primeiro ano ele já havia adquirido, a prazo, como frisa, uma área próxima ao bairro Campo Real II, onde montou uma loja de atacado e varejo com 5 mil metros quadrados de área de vendas e um amplo estacionamento. “Eu sonhava com isso desde o dia em que comecei a mexer com mercado”, revela. E os investimentos não pararam. O passo seguinte foi adquirir um imóvel na Avenida dos Trabalhadores, no bairro Bordas do Lago e montar uma filial do Supermercado Campo Verde, como passou a se chamar o antigo Supermercado Paranaense. Hoje, somente de área de vendas, somando as três unidades são 7 mil metros quadrados e 240 colaboradores.
Como empreendedor que é, Fernando decidiu ampliar o leque de negócios e criou o loteamento Campo Real III, que foi sucesso de vendas. O objetivo do empreendimento imobiliário, que conta com 92 lotes e está em uma das melhores regiões de Campo Verde é trazer a cidade para mais perto do Campo Real Atacado.
Sem medo de desafios e de assumir compromissos financeiros, e sempre contando com o apoio do irmão Marcos, Fernando está investindo agora na implantação de um posto de combustível nas imediações do Campo Real Atacado. As obras já estão em andamento e a expectativa é que a inauguração aconteça até o final de 2023.
Como empreendedor e visionário, Fernando Schroeter admite que gostaria de ver a cidade mais movimentada. “Tanto da parte de loteamentos urbanos como de um comércio mais forte”, frisa. “Eu sou fã de dizer o seguinte: nós não temos que esperar ninguém para fazer o progresso de Campo Verde! Quem tem que fazer o progresso de Campo Verde somos nós”.
Admiração e respeito aos clientes
Com 22 anos de história, empresa que atua na área contábil em Campo Verde se destaca pela qualidade dos serviços prestados
No início dos anos 2000, o empresário e contador Leandro Cezar Bitencourt deixou o Paraná e se estabeleceu em Campo Verde, cidade que à época contava com pouco mais de 17 mil habitantes, mas que já apontava para um futuro de progresso e desenvolvimento. Leandro trazia consigo um propósito: ser dono do seu próprio escritório de contabilidade.
Assim, determinado a realizar seu sonho, criou o Paraná Escritório Contábil em um espaço de apenas 30 metros quadrados e uma colaboradora. “Os móveis eram 6 cadeiras, duas mesas e um armário. Tínhamos também um computador, uma máquina de escrever, uma calculadora e um fax”, lembra ele.
Focado no compromisso de oferecer um serviço responsável e de qualidade na área contábil, Bitencourt viu a clientela do escritório aumentar significativamente no intervalo de apenas um ano. “Foi então que demos início à formação da organização que sempre se caracterizou por muito trabalho e seriedade, cativando cada cliente”, comenta Leandro. “Com o passar do tempo, os bons profissionais e os grandes clientes foram se perpetuando”, enfatiza o empresário.
Ao longo de sua história, o Paraná Escritório Contábil cresceu, acompanhando o desenvolvimento local e regional. Em 2009, conforme pontua Leandro Bitencourt, foi criada a primeira filial, em Nova Brasilândia. Em 2010 a segunda filial da empresa foi instalada em Planalto da Serra.
Hoje, conta Leandro, a estrutura da empresa é bem diferente daquela do início das atividades. Com 20 colaboradores, o Paraná Escritório Contábil conta com vários computadores e programas de última geração voltados às especificidades da empresa. “O tempo passou, a empresa evoluiu e, na mesma proporção, vem crescendo o respeito, a consideração e a admiração por todos os nossos clientes”, destaca o empresário.
Leandro ressalta que o que torna o Paraná Escritório Contábil diferente das demais empresas similares são a seriedade, a dedicação e a competência na prestação dos serviços de contabilidade. “Sempre apoiadas por uma equipe de colaboradores com grande experiência e muita competência. Entretanto, a forma singular e humanizada com que os clientes são atendidos é o que nos diferencia entre as empresas do segmento contábil”, completa.
Dados do Município
Campo Verde recebeu status de município pela lei estadual nº 5314 de 4 de julho de 1988, com território desmembrado dos municípios de Cuiabá e Dom Aquino.[5][6]
As primeiras famílias a se estabelecerem na região que hoje forma o município de Campo Verde foram os Borges e os Fernandes. Vindas de Uberlândia (MG) em 1886 e lideradas por Diogo Borges e Zeca Camilo Fernandes, as famílias formaram a Fazenda Buriti dos Borges, que por muitos anos foi referência geográfica da região, e a Fazenda Deputado.
Em 1896 foi inaugurada na localidade de Capim Branco uma das primeiras estações telegráficas de Mato Grosso, construída sob o comando do major Gomes Carneiro, que tinha como seu ajudante de ordens o então alferes e futuramente marechal, Cândido Mariano da Silva Rondon. Tanto a casa construída por Diego Borges como algumas construções centenárias em Capim Branco ainda resistem ao tempo, destino diferente do que teve a estação telegráfica, destruída pela ação do tempo e do homem. Uma réplica da antiga construção foi construída para abrigar o Museu da História de Campo Verde, que tem um acervo formado por fotos antigas e utensílios utilizados pelos primeiros moradores da região. Por quase um século, a região viveu um período de estagnação, sem nenhuma atividade econômica de destaque. Apenas a agricultura e a pecuária de subsistência eram praticadas pelos moradores. A partir da segunda metade da década de 1960, esse cenário começou a mudar. Com a chegada das primeiras famílias vindas do Sul do Brasil, o cerrado inóspito e improdutivo ganhou um novo impulso com o cultivo do arroz de sequeiro.
Em 1974, o gaúcho Otávio Eckert instalou um posto de combustível no entrocamento BR-070 com a MT-140. O empreendimento foi e embrião da futura cidade. Visionário e confiante no potencial da região, Eckert criou o loteamento Campo Real. Com a expansão da atividade agrícola e o crescimento populacional, em 1988 o então distrito de Posto Paraná, como a localidade passou a ser chamada, se emancipou de Dom Aquino. Um plebiscito realizado entre os moradores mudou o nome do lugar para Campo Verde.