Linha do Tempo, Sinop 50 anos
USE AS SETAS PARA
NAVEGAR ENTRE OS ANOS
1970
Colonizadora Sinop
1971
Projeto original da cidade
1972
Abertura da cidade
1973
Construção do escritório da Colonizadora Sinop
1974
Fundação de Sinop
1975
Visita do ministro da Agricultura Alysson Paolinelli
1976
Os primeiros contornos de Sinop
1977
Primeira escola e primeiras colheitas
1978
Comemorações do 4º ano de fundação de Sinop
1979
5ª ano de fundação e emancipação político-administrativa
1980
Visita do presidente João Batista Figueiredo a Sinop
1981
Osvaldo Paula - 1º Administrador Municipal de Sinop.
1982
Dom Henrique Froelich, 1º Bispo de Sinop
1983
Geraldino Dal Maso, 1º prefeito eleito de Sinop
1984
Segunda visita do presidente João Figueiredo
1985
Instalação da Comarca de Sinop
1986
12º aniversário de fundação de Sinop
1987
Construção do Ginásio Benedito Santiago
1988
Figueiredo homenageado e eleições municipais
1989
Asfalto na Avenida Júlio Campos
1990
Sinop FC é campeão mato-grossense de futebol!
1991
Praça Plínio Callegaro
1992
Primeiro prédio da UFMT em Sinop
1993
Antônio Contini assume como prefeito de Sinop
1994
Construção do Estádio Gigante do Norte
1995
Área da Catedral Sagrado Coração de Jesus
1996
Visita do presidente Fernando Henrique Cardoso
1997
Adenir Alves Barbosa é eleito prefeito pela segunda vez
1998
Instalação do Corpo de Bombeiros
1999
Construção do viaduto na entrada principal
2000
Miss Sinop, Miss Mato Grosso e Miss Brasil Josiane Kruliskoski
2001
Nilson Leitão é eleito prefeito
2002
Segunda visita oficial do presidente FHC
2003
XVII Noite Cultural de Sinop
2004
Museu Histórico de Sinop
2005
Nilson Leitão reeleito prefeito
2006
Campus da UFMT em fase de construção
2007
Inauguração Catedral Sagrado Coração de Jesus
2008
Centro de Eventos Dante de Oliveira
2009
Juarez Costa é eleito prefeito
2010
Memorial Rogério Ceni
2011
Raízes da História de Sinop
2012
Embrapa Agrossilvipastoril
2013
Juarez Costa reeleito prefeito
2014
Batalhão do Exército Brasileiro
2015
Reurbanização da Avenida dos Tarumãs
2016
Dom Canísio Klaus, 3º Bispo de Sinop
2017
Rosana Martinelli, primeira prefeita eleita
2018
Instalação da INPASA
2019
Usina Hidrelétrica Sinop
2020
Visita do presidente Jair Bolsonaro
2021
Roberto Dorner é eleito prefeito
2022
Marinha do Brasil
2023
Duplicação da Avenida Bruno Martini até o aeroporto
2024
Novo Terminal de Passageiros do Aeroporto de Sinop
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1981
Juarez Alves da Costa
SINTONIZADO EM SINOP
O garoto que rodava filmes nos cinemas cresceu na comunicação e seu vozerão o levou para os estúdios de rádio. Em Sinop, o trabalho e empenho do locutor em ajudar a comunidade o alçaram ao campo político, onde militou como vereador, deputado estadual e prefeito por dois mandados consecutivos. Hoje, Juarez Costa ajuda mais cidades como representante de Mato Grosso na Câmara Federal
Na infância ele foi engraxate e vendeu suco pelas ruas e em campos de futebol de Londrina (PR), cidade onde nasceu a 20 de janeiro de 1960. Juarez Alves da Costa é um dos 7 filhos de André Alves da Costa e Valdelise Nascimento Costa, baianos que se mudaram para o Paraná durante o ciclo do café.
A família humilde e de poucas posses passou por dificuldades, mas não necessidades. Dessa infância, Juarez se recorda dos momentos em família, das brincadeiras das crianças daquela época. Apesar de ser uma das maiores cidades do Paraná, Londrina ainda permitia vivenciar experiências que só eram possíveis nos pequenos centros.
A casa simples, de madeira, estava sempre cheia de gente – e de pássaros, que eram criados por Seu André. Com 10 anos de idade, Juarez se recorda de acompanhar a Copa do Mundo de 1970. A TV atraiu quase toda a vizinhança para acompanhar os jogos do Brasil. Para que todos pudessem assistir as partidas, o aparelho era colocado no quintal, e a qualidade das imagens era obtida por um pedaço de esponja de aço fixado na ponta da antena. “Eu nunca esqueço: a marca da televisão era Telefunkenm preto e branco. Naquela época, a gente pegava uns plásticos e colocava três, quatro cores para dizer que era uma tevê em cores”, conta Juarez, que tinha Pelé, Gerson, Rivelino, Jairzinho e Carlos Alberto Torres como seus ídolos. “Aquele time era inquestionável”. Com a conquista da Copa de 70, o Brasil se tornou tricampeão, vencendo os 6 jogos que disputou, deixando o pequeno Juarez feliz da vida.
A base daquela residência era o pai, que trabalhava com a venda de fogos de artifícios e montagem de shows pirotécnicos. “Épocas de festas era que ele mais faturava”, lembra. A mãe trabalhava em restaurantes. Dos irmãos, Juarez tem na memória que um deles trabalhou nos Correios e outros dois em uma loja de tecidos. As duas irmãs foram professoras. “E tinha um ‘bom vivant’ que tocava gaita”, lembra ele com bom humor.
Muito antes de se imaginar político, Juarez foi radialista. Mas o contato com a comunicação começou ainda mais cedo. A imaginação daquele adolescente ia longe, e um simples pedaço de madeira se transformava em um microfone improvisado. “Eu ficava narrando os jogos na beira dos campos de várzea enquanto vendia refresco”, lembra. Talvez nem ele imaginasse que aquela brincadeira descontraída lhe abriria as portas do rádio.
Por 3 anos, Juarez trabalhou em um cinema. Quando tinha 16 anos de idade, se tornou o responsável por rodar os filmes. Paralelamente, trabalhava com um carro de som fazendo propagandas dos filmes que seriam exibidos. Em uma VW Variant, e se valendo da sua potente voz, percorria diversas cidades do Paraná, como Arapongas, Apucarana, Mandaguari, Jandaia do Sul e Faxinal – nesta, inclusive, morou por algum tempo. “Essa fase foi boa. Quando eram filmes do Mazzaropi ou de faroeste, eram três sessões diárias. Foi uma fase que eu trabalhei muito”, recorda.
Com 19 anos de idade, Juarez decide deixar o cinema. Por um tempo, trabalhou no Serviço Nacional de Processamento de Dados (SERPRO), em Londrina. Porém, a comunicação era algo que estava em suas veias, e ele decide tentar a sorte no rádio. Seu primeiro trabalho foi na Rádio Clube de Faxinal. Iniciou com um programa musical, e em seguida, transmitindo futebol – agora, segurando verdadeiros microfones tecnológicos. Sua experiência em Faxinal o levou de volta a Londrina, sendo contratado pela Rádio Paiquerê, uma das grandes emissoras da região Norte do Paraná.
Lá, Juarez permaneceu por 2 anos, até 1981. Nesse meio tempo, um de seus irmãos, que era músico, conheceu a cidade de Sinop. Ele vem à cidade para trabalhar em comércio, deixando de lado a atividade artística. Em parceria com um sócio, seu irmão montou uma lanchonete, batizada de Rangu´s. “Ele gostava muito de fazer lanche e era especialista em batidinhas”, conta Juarez. A viagem do irmão do Paraná até Sinop foi feita sobre uma moto, uma verdadeira aventura.
O irmão desbravador encorajou Juarez a fazer o mesmo, e ele decide também vir para o Norte de Mato Grosso. Com uma pequena mala e alguns itens, ele parte de Londrina e chega a Sinop no dia 7 de julho de 1981. A experiência no rádio abriu as portas da antiga Radiobras. Juarez confessa que, mesmo tendo sido aprovado em teste da emissora, não assumiu a função de imediato. Pediu um tempo para voltar ao Paraná com a desculpa que ‘precisava resolver algumas coisas’. “Na verdade, eu pensei em desistir de vir para Sinop”. O rapaz retornou para Londrina, mas uma semana depois, já estava de volta na cidade que definitivamente escolhera para ser sua nova morada.
Quando chegou a Sinop, as condições eram precárias. Com o período de seca, o pó e a fumaça emanada pelas madeireiras nublavam a paisagem da cidade. Além disso, com o início das chuvas, carros e pedestres atolavam na lama. A estratégia para chegar o mais limpo possível na Radiobras era ir trabalhar de short. “Pelo menos, a água não chegava até lá”, ressalta. Juarez conta que, para dar melhores condições de trafegabilidade aos veículos, muitos pontos as ruas da cidade e da BR-163 eram ‘calçados’ com sobras de madeiras das serrarias.
Sinop ainda era uma cidade em crescimento, que recebia gente de todo canto. As oportunidades se multiplicavam a quem sabia aproveitá-las. Porém, essa realidade ainda assustava e afugentava os menos corajosos. Eram 6 meses de seca, seguidos de 6 meses de chuva. “Na época de chuva, derramava água mesmo, sem dó. Tudo era muito difícil. Se locomover, ter vida social, lazer, tudo o que se possa imaginar. Muitas vezes só chegava comida e gás [de cozinha pelos aviões da FAB. Faltava muita coisa”, lembra. Numa ocasião, durante o pouso, uma aeronave teve o trem de pouso afundado na pista, literalmente atolando na lama.
Apesar de ter o irmão como companhia na cidade, Juarez preferiu morar os primeiros tempos em um hotel – onde hoje está situado o trevo da Avenida Júlio Campos. Ali, o locutor jantava e ouvia os bochichos de gente pessimista, que planejava deixar Sinop. “Quando eu chegava à noite no hotel e escutava aquilo, eu também ficava ligeiramente cismado. Todo mundo dizendo que não ficaria, que não investiria... chamavam a cidade de ‘Brejolândia’ e ‘Sapolândia’. Emendavam que a terra não era boa pra plantar. Era difícil querer permanecer aqui ouvindo isso todo dia”, ressalta Juarez.
No início da década de 80, o solo sinopense realmente não contribuía para a agricultura. Diverrsas culturas haviam sido testadas, como café, guaraná e pimenta. Mesmo a utilização de calcário não resolvia os problemas. Com mais gente vindo do Sul do país mirando campos férteis, Sinop deixava de ser uma boa escolha. “Pouca gente ficava”, comenta. “Sinceramente, era difícil pensar que Sinop viraria o que virou”.
Mas Juarez estava decidido a ficar, mesmo ouvindo tanto pessimismo. O que pesou para a decisão, reconhece ele, foi a vontade de vencer, a determinação e, acima de tudo, a necessidade. “Quando cheguei, meus pais haviam se separado. E vendo tantas madeireiras, meu sonho era comprar uma carreta de madeira e mandar para meu pai fazer uma casa”. Juarez não teve tempo de enviar o caminhão carregado porque Seu André faleceu antes.
À época, trabalhando para uma empresa estatal, Juarez já tinha um bom salário. O bom coração e o espírito de ‘vender’ Sinop – tão típico até hoje das pessoas que chegam aqui – o fez convencer muitos amigos a migrarem do Paraná. “Era tanta gente que valia a pena morar todos juntos para dividir as despesas. Montamos uma república que chegou a ter 16 pessoas. Vários companheiros que vieram na minha época estão aqui até hoje, cresceram também”.
Mesmo jovem, Juarez viu e ajudou a cidade a crescer. Aqui, teve a oportunidade de ganhar dinheiro, se divertir e continuar os passos iniciados em Londrina. Aqui, a reflexão do final da entrevista já rende neste trecho. “Desde que decidi ficar em Sinop, jamais me arrependi da decisão. Para mim, valeu cada momento aquela persistência de ter permanecido aqui”. O trabalho de radialista o aproximava da população. Ele percebia que, acima de quais dificuldades, era a determinação dos moradores que manteve a cidade em pé.
Se hoje muita gente, especialmente os mais jovens, conhece o Juarez da política, nem imagina que a carreira poderia ter iniciado 20 anos antes. Após a emancipação político-administrativa de Sinop em relação a Chapada dos Guimarães, o Governo do Estado nomeou Oswaldo Paula como administrador, preparando o Município para as eleições de 1982. Naquele pleito, 4 fortes nomes despontaram a prefeito. O vencedor foi Geraldino Dal Maso, que era o preferido da Colonizadora Sinop. Mesmo residindo na cidade há pouco mais de um ano, Juarez teve seu nome especulado para a Câmara Municipal, mas desistiu. “Eu era muito jovem, inexperiente, acredito que não teria sido um bom vereador”, confessa.
Mesmo não tendo seu nome nas cédulas de votação, Juarez não estava longe da campanha. Nesse período, trabalhou como apresentador nos comícios (hoje, proibidos). “E nessas convivências de bastidores, eu fui aprendendo a gostar da política”, reconhece.
A emancipação de Sinop significou carregar consigo outros distritos. A extensão territorial do Município era equivalente a quase metade do estado de Santa Catarina. Isso porque Marcelândia, Cláudia, Vera, Santa Carmem, Feliz Natal e União do Sul ainda pertenciam a Sinop. “O prefeito daquela época enfrentou esse gigantesco problema em administrar uma área tão grande, mas ele cumpriu muito bem a parte dele e fez o que era possível”. Para Juarez, dona do próprio destino administrativo e com cada prefeito se dedicando ao máximo para atender as demandas da população, Sinop foi se desenvolvendo. Na Radiobras, Juarez trabalhou até 1988.
Em 1985, Juarez conhece a mulher com quem compartilha a vida até os dias atuais. Um companheiro de Radiobras lhe apresenta a irmã, Ivone Latanzi da Costa. A sintonia entre os dois é perfeita. Encantado, Juarez convida a jovem para um almoço, e eles começam a namorar. Como ainda não tinha carro ou moto, o jeito era improvisar. “Eu tinha uma bicicleta cargueira e a levava para passear, ela sentada na frente e eu pedalando”, lembra ele. No ano seguinte, eles se casam. A primeira filha do casal, Mariana Latanzi da Costa, nasce em 27 de junho de 1988. Nove anos depois, em 29 de agosto de 1997, vem ao mundo Matheus Latanzi de Oliveira Costa.
Veia política
Chega o ano 2000. Aquele garoto de quase 20 anos antes já era um homem de 40, casado e pai de família. Era hora de ouvir o chamado da política. A primeira empreita de Juarez Costa era para o cargo de vereador. Os anos como locutor em Sinop contribuíram para o alçar a uma cadeira na Câmara Municipal. Neste primeiro mandato, Juarez atua atividade em prol de diversas causas, especialmente infraestrutura, saúde e educação. Sua atuação de destaque o leva à reeleição, em 2004. “O que marcou muito enquanto vereador a busca por recursos para fazer a primeira ciclovia de Sinop com 4 quilômetros. Também destaco os recursos conquistados para o asfaltamento de diversos bairros. Aquilo me animou, me jogou para cima, me fez pensar que valia a pena”.
Entretanto, o segundo mandato na Casa de Leis é mais curto, de apenas dois anos. Mas não houve qualquer alteração na legislação ou irregularidade por sua parte. Pelo contrário. Mesmo atuando em nível local, Juarez tem coragem para encarar a eleição a deputado estadual, em 2006. Os votos recebidos de vários municípios, mas especialmente de Sinop, o levam à Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). “Enquanto estive lá, trabalhei no sentido de ajudar os municípios, de viabilizar recursos e proporcionar melhorias”.
Como deputado, Juarez foi vice-líder do governador Blairo Maggi na Assembleia, o que lhe garantiu uma larga experiência. “A Assembleia te faz aprender muito. E isso me ajudaria mais à frente. O relacionamento que eu criei com o Governo e com a própria AL abriu caminho para que a gente pudesse buscar recursos. Eu julgo de extrema importância ter passado por lá. Foi um momento muito bom, de ótimos políticos, de bons debates e bons governos”, completa.
Com atuação firme e destacada, o nome de Juarez Costa volta a ser aclamado em Sinop, desta vez para o cargo máximo. Era o ano de 2008. Sinop vivia sob o comando do primeiro prefeito, do grupo contrário ao de Juarez. O destaque que conseguiu enquanto vereador – e até então recentemente como deputado – não tinham sido esquecidos pela população. Era hora de colocar o nome de alguém que conhecia a cidade como ninguém.
Juarez, então, se licencia da Assembleia e concorre à Prefeitura de Sinop pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (hoje, MDB). Seu adversário era o empresário Paulo Fiúza. O resultado: uma vitória tranquila, com 34.069 votos (68,15% dos votos válidos). Em 1º de janeiro de 2009, Juarez Costa assume como o 5º prefeito eleito de Sinop. “Eu assumi num momento de transição. Sinop estava saindo do ciclo da madeira e ainda não era forte no agro”, observa. “E esse foi um grande desafio, de transformar a cidade em um grande polo de saúde, educação, serviços e tecnologia”, frisa.
Neste primeiro mandato, Juarez destaca a implantação da Embrapa Agrossilvipastoril, que alavancou o desenvolvimento da agricultura em Sinop e região. Aliás, essa é uma conquista que ele celebra com orgulho. Juarez conta que o seu primeiro ato como prefeito foi articular junto ao governador Blairo Maggi a construção do centro de pesquisa no município. “Já estava praticamente definido que a Embrapa ia ser instalada em Sorriso, mas nós conseguimos reverter a situação. Eu lembro exatamente o dia, foi em 26 de março de 2009, menos de 3 meses depois de assumirmos a Prefeitura, recebemos a assinatura do ministro da Agricultura à época, Reinhold Stephanes, garantindo a Embrapa para Sinop”, destaca.
Entre outras ações, o investimento na aquisição de maquinários, no valor de R$ 7,5 milhões, a serem pagos em 12 parcelas. “Aquilo também foi a revolução da infraestrutura de Sinop”, destaca.
Ao assumir o comando da Prefeitura de Sinop, Juarez substituía um prefeito que vinha de oito anos de mandato. Esse fator, por si só, já aumentava a responsabilidade do novo gestor. E para completar, o momento em que Juarez tomou posse é classificado por ele como delicado, em razão da implantação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que apertou o cerco contra os gestores. O velho modo de administrar já não tinha mais espaço. As novas regras impostas pela LRF passaram a exigir muito mais dos gestores. E para piorar, a situação da Prefeitura não era das melhores. Segundo ele, havia problemas com o parque de máquinas e nenhum dinheiro em caixa. “Nós entramos com dificuldade de maquinário, dificuldade para quitar a folha de pagamento. Mas a gente conseguiu pensar a Prefeitura foi na transição. Três meses antes da posse eu coloquei uma equipe muito boa e a gente teve uma radiografia daquilo que teríamos que fazer”, ressalta. “Mas Deus foi muito bom. Deus sempre me deu força, muita garra. Eu amo fazer pelos outros, fazer pelas pessoas e Sinop eu tenho um carinho, uma paixão muito grande”, afirma.
Conforme conta Juarez, com garra e determinação, ancorado por uma equipe de profissionais capacitada e com a valorização dos servidores, as dificuldades iniciais foram superadas. “Aí eu comecei a correr atrás de recursos. Num primeiro momento, disse: ‘vamos montar uma fábrica de projetos. Nós temos engenheiros, nós temos arquitetos de qualidade que precisavam ter condições para trabalhar’. Demos essas condições, eles produziram os projetos e nós fomos atrás dos recursos”, lembra.
O primeiro grande recurso viabilizado por Juarez foi no valor de R$ 79 milhões, montante que foi investido no sistema de distribuição de água na área urbana. “Construímos 19 reservatórios de um milhão, dois milhões, três milhões de litros, e começamos a dar dignidade às pessoas”, enfatiza. “Aí fomos encaixando recursos para asfalto, para a duplicação da BR-163 até próximo ao Alto da Glória. Uma série de coisas que foram acontecendo e a gestão deslanchou”, ressalta.
Grande parte dos recursos do IPTU, lembra Juarez, foi investida em obras de infraestrutura que transformaram Sinop com a pavimentação e abertura de importantes avenidas. “A grande jogada foi essa preparação para Sinop se desenvolver, ser atrativa para investimentos. Aquele foi o grande momento da virada”, destaca Juarez. Todo o suporte que a cidade tem nas áreas de saúde, educação e logística, frisa Juarez, foi proporcionado durante suas gestões. “E a cidade virou o que é hoje”, salienta.
Na infraestrutura, foram pavimentadas importantes avenidas, abertas outras e pavimentados 27 bairros, entre outras realizações, como a conclusão do centro de eventos e a disponibilização de prédios para a UFMT, UNEMAT e IFMT.
“Do primeiro ao último dia de gestão foram oito anos de muito, mas de muito trabalho, mesmo”, destaca. “Foi uma revolução na parte de infraestrutura, na habitação, na parte da educação, da saúde. Para se ter uma ideia, quando nós abrimos a UPA, por seis meses ela foi destaque no Ministério da Saúde”, ressalta. “Tudo foi feito com muito amor, com muito, carinho”, frisa. A implantação de linhas aéreas ligando Sinop aos grandes centros, que demandou a estruturação do aeroporto municipal foi durante sua gestão. “Aquele era o momento correto de se fazer isso”, enfatiza.
Ainda naquele primeiro mandato, o hoje deputado federal lembra que notou uma debandada de moradores da cidade para as vizinhas Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, que viviam um momento de aquecimento da economia com a instalação de grandes empresas do setor de proteína animal. Para reverter a situação, Juarez recorre novamente a Blairo, com quem mantinha excelente relação, e pede ajuda para transformar Sinop em uma verdadeira cidade-polo, atrativa em todos os setores. “Eu acho que precisava disso. Criar uma infraestrutura na cidade. Tínhamos que fazer dela um polo regional de saúde, de prestação de serviços. E foi nesse sentido que a gente foi construindo isso”, completa.
A proposta fazia todo sentido e foi colocada em prática. “E aí os empresários passaram a acreditar, passaram a investir; pessoas de fora enxergavam mais oportunidades aqui e vinham para cá já com os estudos prontos. E foi acontecendo: grandes empresas chegando e a gente dando todo tipo de ajuda possível para que as coisas acontecessem”, diz.
Mas nem tudo foram flores para o prefeito. Um momento delicado vivido pelo município durante sua gestão foi ver uma nova crise no setor madeireiro, que culminou em demissões na casa dos milhares. Sem terem para onde ir e sem casa para morar, aqueles que perderam seu sustento passaram a ocupar de forma irregular algumas áreas da cidade. Para findar aquela situação, a Administração Juarez investiu na construção de casas populares, garantindo dignidade a quem sonhava com um lugar para morar. “A gente olhava todas as áreas com muito carinho, tanto que tivemos 116 obras sendo tocadas ao mesmo tempo”, destaca Juarez.
A boa atuação do primeiro mandato projetou Juarez para a continuação do ciclo em 2012. Naquele pleito, o adversário da vez era o empresário ex-deputado estadual Dilceu Dal’Bosco. Costa é reeleito com 35.017 votos (61,12%% do total de votos válidos).
A retomada do crescimento econômico de Sinop contribuiu para um mandato razoavelmente mais tranquilo. Entretanto, a sequência de anos à frente do Executivo, o impede de discernir claramente em quais momentos cada obra foi feita. “A gente vinha num embalo tão grande, era tanta coisa ao mesmo tempo, e tudo o que se fazia valia a pena”, enfatiza.
Juarez reconhece que ter ocupado cargos tanto no Legislativo Municipal quanto no Estadual colaboraram para seu desempenho como gestor de Sinop. “Ajudou muito. Primeiro pelo conhecimento adquirido como vereador com a elaboração e aprovação de Leis, fiscalização. Eu aprendi muito disso”, atesta.
Durante seus oito anos de mandato, o ex-locutor encarou diversos desafios, porém, o período à frente da Administração Municipal é classificado por ele como ‘de muitas realizações’. Uma delas foi a implantação do curso de Medicina na UFMT. Um dos setores que recebeu grandes investimentos foi a saúde, com a implantação do primeiro hospital público, abertura da primeira UPA, implantação de um centro de especialidades médicas e a construção de 19 postos de Saúde.
Durante o segundo mandato a precariedade do sistema de abastecimento de água na cidade foi resolvida com a concessão dos serviços à iniciativa privada – até então, não havia ligações residenciais. A atuação de Juarez nos dois mandatos foi aprovada pela população, ao ponto de seu apoio à Rosana Martinelli a levar como sua sucessora.
Depois de 16 anos consecutivos atuando em prol da população, Juarez tira dois anos de ‘férias’ da política. Mas apenas 2. Porque em 2018, concorre a deputado federal. A popularidade das funções anteriores o ajuda a computar 49.912 votos – sendo que mais de 21 mil destes votos vieram de Sinop. “Eu nem pensava em ser candidato. Mas, depois que voltei de uma viagem, uma semana antes da convenção partidária, fui convencido. Eu já tinha falado com prefeitos da região que não seria candidato, não poderia voltar atrás. Tive que firmar outros compromissos”. Juarez foi para a campanha, e o reconhecimento pelo trabalho como prefeito de Sinop lhe deu a vaga na Câmara Federal.
Em 2022, Juarez concorre à reeleição, e seu trabalho é novamente reconhecido. Foram quase 80 mil votos, que surpreenderam até a ele mesmo. A expressiva votação fez dele o deputado federal mais votado do MDB em Mato Grosso. Fiel ao espírito municipalista, o parlamentar continua pautando sua atuação na Câmara Federal na ajuda, principalmente aos pequenos municípios. “Eu gosto de ajudar, realmente, quem precisa, mas eu nunca esqueci Sinop”, diz. “Tem muitos municípios que necessitam de apoio e cada recurso que se coloca lá faz a diferença”, enfatiza. “Isso tem sido muito gratificante”, acrescenta.
Apesar de todo o apoio popular e de companheiros de longa data, sua principal base está em casa. A família é a sustentação. “Como homem público, me dediquei ao máximo às funções que me foram conferidas, e acabei abdicando da vida particular. A partir do momento que eu entrei na vida pública eu me doei”, ressalta. “O pessoal até pede para eu ‘tirar o pé do freio’, mas como deputado, já dei a volta no estado duas vezes. Tem cidade que eu já fui 4, 5 vezes ou até mais”.
Juarez é enfático em afirmar que a vida pública exige demais das pessoas. “Na época da Prefeitura foi uma loucura”, frisa ele. “Eu vivi mais perto da família quando fui deputado estadual, mas fora isso, a partir de prefeito e deputado federal não tenho tempo”, afirma. “A vida pessoal, realmente, foi ficando muito de lado”, completa.
Apesar de todos os atropelos impostos pelos cargos, Juarez ainda consegue manter uma tradição, que é viajar com a família para o litoral ou para Londrina, sua cidade natal, nos finais de ano. “Isso, graças a Deus eu consigo fazer”, comemora. Embora faça parte do casting político do pPaís e seja um dos responsáveis por referendar as grandes decisões, Juarez, que sempre acompanhou os trabalhos do Congresso no passado se sente um pouco decepcionado e reclama que hoje faltam grandes debates, o que, segundo ele, é causada pela própria forma de funcionamento da Câmara Federal onde praticamente tudo é feito de forma virtual.
Em relação a Sinop, ex-prefeito é confiante. “Sinop está desenhada, agora não para mais”, diz ele. “Eu acho que Sinop, daqui a cinco anos passa Rondonópolis e mais alguns anos para frente passa Várzea Grande e vai ser a segunda potência do Estado”, prevê. “Sinop não para mais. Aqui é só crescer, crescer, crescer”, reitera.
No entanto, Juarez alerta que, para acompanhar esse crescimento, a Administração Municipal tem de estar preparada. “É preciso que venham bons prefeitos. A cidade não vai sozinha. Se não fizer a parte pública vira o caos”. Ele também comenta que o panorama atual da cidade é reflexo do que foi feito no passado, com ações do Poder Público que estão refletindo agora.
Juarez também ressalta que a Gestão Municipal tem de estar preparada para acompanhar o crescimento da cidade em todas as áreas. “Essa é a grande preocupação”, diz ele, relembrando que durante seus dois mandatos à frente da Prefeitura, inúmeras realizações foram registradas, resultado de um planejamento visando o futuro e que agora estão sendo notadas.
Uma das obras realizadas como prefeito e citadas por Juarez Costa, foi a recuperação de uma área de erosão no Paraíso 3. Ele lembra que para resolver o problema foram construídas galerias pluviais feitas com 9 mil tubos de 3,5 metros de diâmetro distribuídos em três linhas, com 10 dissipadores de energia para reduzir a velocidade da água e 33 mil caminhões de terra foram movimentados em quase quatro anos de obras.
O ex-prefeito lembra que quando construiu a Avenida Tarumãs, houve quem não acreditasse, mas ele estava determinado a fazer algo diferente. Suas propostas levaram a um projeto que por dois anos foi o destaque do escritório de arquitetura, localizado em São Paulo, que foi o responsável pela elaboração. “Aquela iluminação era que o que tinha de ponta na época. E é isso: tem de pensar diferente”, diz ele, lembrando que, enquanto prefeito, recebeu um prêmio na Espanha. A visita ao país, frisa, serviu para que ele pudesse ver o que estava sendo feito em termos de administração pública e que pudesse ser adaptado e implantado em Sinop.
“É preciso acreditar sempre, raciocinar e pensar mais. O importante é a gente debater para que as coisas aconteçam”. São as palavras com propriedade de quem participou como líder da construção da Capital do Nortão.
1981
Valdemar Antoniolli
O MELHOR JEITO DE CONVENCER É PELO EXEMPLO
Não foi com poder, discurso inflamado ou autoridade que um casal de migrantes sulistas ajudou a transformar o “fim do mundo” em um lugar muito melhor para se viver. Com seus exemplos, Valdemar Antoniolli e Dirce Maria Zortéa Antoniolli convenceram com ações muito mais do que com palavras, ensinando que a melhor forma de encorajar uma atitude é dando o primeiro passo
Com Sinop completando 50 anos de existência, pioneiros são uma espécie em extinção. As figuras mais relevantes acabam sendo imortalizadas pelos registros, enquanto uma boa parte dos “fazedores de Sinop” se perde no tempo. Por “fazedores de Sinop” entende-se aqueles que não estiveram na mira dos holofotes, mas que suas contribuições foram pilares que fizeram a cidade sair da lama para alçar o patamar de lugar ideal para se investir e viver em menos de 5 décadas. Muitos discursos entraram para história, mas são os exemplos que constroem. Exemplos que fazem parte do legado do casal de pioneiros Valdemar e Dirce Antoniolli.
Valdemar nasceu no dia 21 de outubro de 1947, em Guabiju, distrito de Nova Prata, no interior do Rio Grande do Sul. Eram uma família de madeireiros. O avô, o pai e os tios de Valdemar trabalharam serrando as araucárias no Sul do país. Valdemar e seus 6 irmãos começaram a vida trabalhando na roça, plantando e criando porcos.
Na infância, frequentava a escolinha rural do distrito. Nos finais de semana jogava bola e ia à missa. O padre fazia chamada e registrava a presença dos jovens em uma carteirinha. Aos 14 anos de idade, em 1961, Valdemar foi para o município vizinho de Veranópolis, estudar em um Colégio Marista. No começo, morava no pensionato da instituição. Tempos depois, quando o Colégio encerrou o internato, Valdemar foi trabalhar como sapateiro para pagar a pensão e continuar estudando.
Em 1965, uma nova pequena migração para estudar. Valdemar se mudou para Nova Bassano (RS), para cursar a 4ª série do ginásio, onde havia um grande aviário que produzia matrizes poedeiras, onde Valdemar passou a trabalhar, “Comia muito ovo nessa época”, conta. Durante sua formação como técnico em contabilidade em Nova Prata, trabalhou em uma loja de adubos e também na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, onde foi “guarda-linha”, vigiando e fazendo a manutenção do ponto de Telex – o que havia de mais moderno e dinâmico em termos de comunicação civil na época.
Ambicioso, Valdemar deu sequência em seus estudos. Em 1970, começou a fazer faculdade de Economia, em Bento Gonçalves (RS). Ele trabalhava durante o dia e viajava à noite para marcar presença no curso. O deslocamento era feito de carro, de carona com 3 amigos que trabalhavam no Banco do Brasil. “Para eles, a faculdade fazia sentido, mas eu fui percebendo que não queria ser funcionário. Queria ser dono de um negócio”, comenta Valdemar.
Foi quando o jovem desistiu da teoria e foi fazer economia na prática. Em 1971, tranca a faculdade e vai trabalhar em um escritório de contabilidade em São Jorge. O trabalho reforça a popularidade que Valdemar já tinha em Nova Prata, com sua ligação familiar, com a igreja e com a escola. Em 1972, é convidado para disputar a eleição municipal pelo MDB. Acaba como o vereador mais votado do partido, cumprindo o mandato de 1973-1976.
Nesse mesmo período, Valdemar foi trabalhar no Colégio Cenecista de São Jorge. A instituição tinha dificuldades em contratar professores e Valdemar foi dar aula para o ginásio. O contador aprendeu a lidar com os alunos, só não contava que ali conheceria sua eterna professora. Concursada do Estado e contratada do Colégio Cenecista, a jovem de 20 anos transpirava vocação em suas aulas, sem desbalancear o rigor e disciplina.
Essa jovem era Dirce Maria Zortéa. Nascida em 24 de setembro de 1952, na cidade de Nova Bassano, Dirce viveu sua infância em um casarão de 3 andares, onde moravam cerca de 30 pessoas. Nessa conta estavam seus 11 irmãos. Todos trabalhavam na roça e alguns exerciam uma segunda atividade, como o pai de Dirce, que era caminhoneiro. Com 11 anos de idade, Dirce ajudava na colheita, levava o lanche para os outros trabalhadores na lavoura e fazia pequenas atividades na propriedade rural.
Seus pais valorizavam muito o estudo. Por isso, desde cedo frequentou a escola, assim como seus irmãos. Dirce lembra que foi “alfabetizada na pedra”. Ao invés do caderno, os alunos escreviam em uma pedra. Nesse “tablet primitivo”, o aluno escrevia, o professor revisava e depois a tela era apagada, para dar espaço para uma nova atividade. Só ficava “salvo” aquilo que o aluno conseguia guardar na memória.
Dirce se formou no Magistério em 1972, com 19 anos de idade. Logo foi dar aulas em um colégio de freiras em Paraí, município da região. Depois, foi efetivada na rede estadual de ensino no Rio Grande do Sul, e ao mesmo tempo dava aulas no Colégio Cenecista de São Jorge. Foi em 1973, entre olhares trocados nos corredores do colégio e na sala de professores, que Dirce e Valdemar se encontraram, começaram a se relacionar e 8 meses depois casaram.
Em 1975 nasce Cíntia, a primeira filha do casal, na cidade de Nova Prata. No ano de 1976, com uma criança de colo o casal se mudou para Sanga Puitã, distrito de Pedro Juan Caballero, Paraguai, em 1979 mudaram-se para o lado brasileiro, em Ponta Porã, cidade do Mato Grosso do Sul. Três anos antes, os irmãos e o pai de Valdemar haviam sondado o país vizinho em busca de madeira. Estabeleceram-se na fronteira binacional com a indústria madeireira Asserradero Cerro Cuatiá, no Paraguai. Valdemar foi trabalhar na empresa da família, explorando a abundância de peroba rosa presente nas matas do Paraguai. “Extraíamos a madeira, serrávamos em vigas e vendíamos. Esse foi o berço do capital da nossa família”, conta Valdemar.
Enquanto isso, Dirce se tornava professora na rede estadual de ensino de Mato Grosso, lecionando em Ponta Porã. Em 1977, quando sua segunda gestação se aproximava do fim, ela retorna para casa da família, no Rio Grande do Sul, onde nasce Giovani.
Nos primeiros dois anos e meio, Valdemar e Dirce moraram em Pedro Juan. Depois, passaram o mesmo período de tempo residindo em Ponta Porã. A região foi muito boa para os Antoniolli. Porém os cinco irmãos começaram a perceber que, para crescer, precisariam desbravar outros horizontes.
Os irmãos Antoniolli partem em busca da grande floresta. Primeiro sondam Rondônia, que parecia ser uma boa opção. Nesse intervalo de tempo, o estado de Mato Grosso foi dividido surgindo estado de Mato Grosso do Sul e um novo Norte era anunciado e prometido pelas propagandas do Governo Militar, que convocava brasileiros a “Integrar para não Entregar” – estimulando o povoamento da região chamada de Amazônia Legal.
Em 1981, Valdemar e seus irmãos visitam Sinop, a fim de averiguar uma proposta de negócio que haviam recebido. “Quando chego vejo aquela imensidão de floresta, com uma mata densa, bem fechada e uma topografia perfeita. No Norte do Mato Grosso não havia aqueles morros que tanto dificultavam o transporte e a extração, igual era no Sul do país”, lembra Valdemar.
A família então decide comprar a Incomaba Madeiras, que havia sido aberta por migrantes gaúchos ainda na década de 70. Era uma serraria pronta, com o ferramental instalado e até algumas toras no pátio, que ficava de frente para a BR-163. Os irmãos batizam o negócio de Coimal – uma abreviação para Comércio e Indústria de Madeiras Ltda. Na volta, Valdemar rascunhou a logomarca da empresa, estabelecendo os traços que representa a madeireira até os dias atuais.
Dirce recebe bem a notícia de que a família iria se mudar para o Norte de Mato Grosso. “Eu sempre fui aventureira, gostava de desbravar novos lugares. Eu achei que iríamos ficar uns 5 anos em Sinop, como foi em Ponta Porã, e depois seguiríamos em frente, em busca de uma nova fronteira, mas não foi bem assim que aconteceu”, conta a pioneira.
Em maio de 1981, Dirce veio com Valdemar, em um voo fretado, para conhecer Sinop. Chegou em um fim de tarde e do aeroporto foram direto para o hotel, mas não haviam acomodações suficientes, neste instante um amigo que estava junto com o casal perguntou ao motorista se ele conhecia a professora Afani Stella, informando que era sua irmã, confirmando que sabia onde a mesma morava foram até a casa dela onde passaram a noite. Pela manhã Dirce e Afani fizeram um tour rápido pela redondeza, conhecendo apenas o mercado e a escola, a tarde foi conhecer o novo empreendimento, e no dia seguinte voltaram a Ponta Porã, “saímos do aeroporto para o hotel e para a casa da Afani, depois para a madeireira e para o aeroporto, sempre pela mesma rua!!” lembra ela.
Mesmo com essa primeira impressão, o casal veio de mudança para Sinop em 08 de julho de 1981. A bordo de um Fiat 147, com os dois filhos, Valdemar e Dirce partiram de Ponta Porã até Cuiabá, e depois até Sinop foram 2 dias de viagem. E, novamente, se hospedaram na casa da professora Afani, que depois se tornou vizinha da família e grande amiga da família.
Apesar da família trabalhar com madeira desde sempre, os Antoniolli precisaram reaprender o negócio. Começando pela falta de comunicação. Muitas das essências (espécies de árvores utilizadas) não eram conhecidas, e foi preciso um tempo para saber como cada tora deveria ser beneficiada e qual a melhor destinação. A cupiúba, por exemplo, era abundante em Sinop, mas difícil de negociar – já que seu outro nome era Peroba Bosta, atributo que remetia ao cheiro que a essência exalava mesmo após serrada.
Outro obstáculo era a logística. Valdemar conta que o frete para São Paulo era mais caro que a madeira em si. Logo, a Coimal descobriu os cedros amazonenses, madeira ideal para a fabricação de móveis, que resolviam tanto o problema da essência quanto do frete, em razão do alto valor de mercado. A comunicação foi resolvida com a instalação de um Telex na Coimal, que Valdemar sabia operar. “A mão de obra também era um aspecto difícil. Havia poucos funcionários que sabiam trabalhar com madeira e os poucos que tinham migravam demais de uma empresa para outra. Não havia estabilidade. Em 1982, trouxemos 35 famílias de mudança de Ponta Porã e Caarapó (MS) para Sinop, para trabalhar na serraria. Os funcionários vinham e as madeireiras construíam suas vilas, com casas para esses trabalhadores morarem. Era algo comum no setor madeireiro da época”, conta Valdemar.
Somente após se mudar para Sinop e conseguir circular pela cidade foi que Dirce pôde perceber que a cidade tinha comércios, mercados, farmácias, ou seja, uma boa estrutura, sendo assim “habitável”. Em 1982, ela começa a dar aulas de matemática e depois para as séries iniciais na Escola Nilza de Oliveira Pipino, dirigida pela Irmã Xaveris. “Era uma escola com boa estrutura e famosa pela qualidade de ensino. Muitos profissionais liberais que hoje são referência em Sinop iniciaram sua formação na Escola Nilza e conseguiram aprovação em faculdades em outras cidades do país”, pontuou Dirce.
Quanto ao mato, Sinop não decepcionou. Valdemar conta que a Coimal adquiriu dois caminhões Mercedes 1513 para puxar as toras da extração até o pátio. A área de coleta não ultrapassava os 30 quilômetros de distância da serraria. A matéria-prima era tão abundante que era possível colher árvores dentro da cidade. O empresário conta que, em 1983, comprou o mato onde hoje fica o Mondrian – o primeiro condomínio horizontal fechado de Sinop, aberto no ano de 2001. Nesse talhão de floresta encontrou um Angelim tão grande que nenhuma máquina conseguia carrega-lo. A solução foi abrir um buraco no chão com um trator de esteira para estacionar o caminhão dentro e então rolar a tora para carroceria. Uma tora lotou a carga e o Mercedes ia se arrastando ao longo do percurso de 10 quilômetros até chegar na serraria. “Foi preciso cortar a tora em 4 partes para não quebrar o carrinho da serra”, lembra Valdemar.
O casal poderia ter apenas tocado seus negócios, com Valdemar vendendo madeiras e Dirce dando aulas. Mas logo foram tocados pelo espírito sinopense que fez os pioneiros se envolverem com essa sociedade e se doarem para construir a cidade. Ainda em 1982, Dirce e Valdemar participaram da fundação do Rotary Club. A entidade, que encampou a luta para erradicação da poliomielite, acabou recrutando voluntários vocacionados de todo mundo. No interior de Mato Grosso, Valdemar, Jose Carlos Haas e Vilmar Ramos de Meira, também rotarianos, viajavam com a C10 de Haas até União do Sul para levar os imunizantes, fazendo as campanhas contra a Poliomelite e outras.
No mesmo ano, Valdemar foi presidente da AMIM (Associação dos Madeireiros do Interior de Mato Grosso). A entidade, criada em 1980, foi a primeira organização formal das indústrias madeireiras no Norte do estado, sendo a semente que germinou e se tornou o Sindusmad (Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado de Mato Grosso), instituição que tem grande peso junto à FIEMT. “A AMIM surgiu para tentar conseguir levar a rede de energia até às madeireiras e às casas nas vilas dos funcionários, seja com cobranças políticas ou através de parcerias, pagando a conta. Lá por volta de 1984, entendemos que precisávamos ter força sindical, estando filiados à FIEMT e à CNI. Então, montamos uma associação profissional para dar início ao processo de abertura do Sindusmad. Alguns madeireiros foram contra, acreditando que perderiam a voz e o poder de representatividade. Mas o que aconteceu foi justamente o oposto”, conta Valdemar.
Em 1985, Valdemar se tornou o primeiro presidente interino do Sindusmad, sendo depois eleito para um mandato de 3 anos, em uma eleição sem disputas, com candidato único, aclamado pelos demais. Concomitantemente, o empresário passou a ocupar uma cadeira na FIEMT, aumentando a representação da indústria de Sinop. “A primeira negociação para definir as convenções coletivas dos trabalhadores da indústria madeireira fizemos em um hotel, lá em Cuiabá. Eu e o presidente da Federação dos Trabalhadores discutimos no café do hotel os termos que deveriam ser seguidos por patrões e empregados. Nessa época, em 1986, o Sindusmad era a entidade que representava mais de 700 madeireiras”, revela Valdemar.
Enquanto isso, Dirce seguia com sua jornada. Em 1984, ela foi a primeira presidente da Casa da Amizade, estrutura integrada ao Rotary Club, participava do Clube de Mães Santo Antônio e Movimento Haydee Ribeiro de Oliveira, entidade que dava suporte à creche São Francisco de Assis. No ano seguinte, em 1985, nasce Juliano, o terceiro filho do casal e o primeiro sem o RS no RG. Após uma gestação complicada, com risco de parto pré-maturo, que colocou Dirce em repouso obrigatório por 90 dias, Juliano nasceu no Hospital Maternidade Celeste.
Valdemar também se entrelaçava cada vez mais na sociedade de Sinop. Em 1985, passou a fazer parte da Maçonaria. Ele também foi tesoureiro da Fundação de Saúde Comunitária de Sinop, que fundou o Hospital Santo Antônio.
Até 1986, a região viveu seu auge na indústria madeireira. Valdemar conta que o mercado estava aquecido, com tanta demanda quanto a oferta de matéria-prima nas florestas do Nortão. Em 1987, o cenário mudou. A mudança da moeda (de Cruzeiro para Cruzado), promovida pelo famoso plano Sarney, atingiu diretamente a atividade madeireira. “Nessa crise meu irmão mais velho disse que deveríamos voltar para Ponta Porã. Eu respondi para ele: ‘Não vamos! Aqui a gente veio e é aqui que a gente vai ficar’”, conta Valdemar, em decisão tomada em conjunto com Dirce.
Além da mudança no dinheiro, também havia entrado em vigor a Lei 7.511, de julho de 1986, que alterava o Código Florestal, proibindo o corte raso da floresta. A partir de 1987, a exploração florestal só poderia ocorrer a partir de manejo sustentado. Como o Estado ainda não estava pronto para lidar com essa nova burocracia, o impacto foi um apagão de madeira legal nos pátios da serraria, já que não haviam projetos de manejo aprovados que fossem suficientes para suprir a demanda da indústria.
Valdemar ainda guarda consigo uma cópia do documento que endereçou, como presidente do Sindusmad, para o então Ministro da Agricultura, Iris Resende, em junho de 1987, tratando da nova legislação. O documento é uma “pérola” que mostra os madeireiros do Norte de Mato Grosso já preocupados com a transição da economia para a agropecuária. “Hoje, a indústria da madeira é nossa atividade principal, porém, ela antecede a atividade agropastoril, que no amanhã será nosso objetivo principal. Diante do exposto, nós madeireiros e também agropecuaristas sugerimos, como alternativa à Lei 7.511, o corte raso para 50% da área e os outros 50%, manejo sustentado. Agindo assim, estaríamos preservando as florestas, abrindo novas fronteiras agropastoris sem prejuízo para a indústria madeireira, trazendo para a região progresso e desenvolvimento, criando condições para que os projetos de Colonização aprovados pelo INCRA não sofram retrocesso”, diz o trecho principal do documento.
A legislação acabou sendo revogada em 1989, se alinhando à sugestão dada pelo Sindusmad. Ainda pela entidade, Valdemar reivindicou para o então presidente da FIEMT, Otacílio Borges Canavarros, a implantação de uma sede para o SESI (Serviço Social da Indústria) em Sinop. “No dia que a estrutura foi inaugurada eu pedi para o presidente uma sede para o Senai”, comenta Valdemar. Ambas unidades foram erguidas.
O pleito para que se permitisse plantar e fazer pecuária em 50% das áreas e preservar a floresta em 50% para manejo refletia uma vontade de Valdemar de atuar nessas duas atividades. Lá no Paraguai e também em Ponta Porã, ele começou a mexer com a criação de gado. Mas quando chegou no Mato Grosso percebeu que as pastagens na região eram ineficientes para sustentar/nutrir os animais ao longo do ano, formado por colonião, que não lhe parecia nada próspero no período da seca. “O pessoal plantava arroz para reformar a pastagem, de tão ruim que era. O pasto não aguentava”, conta Valdemar.
Até que uma novidade deixou o cenário menos inóspito. O braquiarão, material genético desenvolvido pela Embrapa, chegou no Mato Grosso, e em meados da década de 1980 Valdemar começou a formar sua pastagem. O braquiarão era mais próspero que as variedades existentes até então, mas ainda sofria na seca. “Era a época do boi sanfona, que engordava na chuva e emagrecia na seca. Era preciso ser persistente”, conta o empresário, na época, um micro pecuarista com algumas cabeças de boi.
Sua vocação para a bovinocultura não o impediu de defender o manejo sustentável. Em 1992, a Coimal faz seu primeiro projeto para extração de baixo impacto com a floresta em pé. Em 2021, após o ciclo de 30 anos, os primeiros talhões do projeto voltaram a ser colhidos, fornecendo toras com até 70 centímetros de diâmetro, comprovando que o método mantém tanto a atividade madeireira quanto a floresta em pé. “A mata foi totalmente recomposta. E é por isso que sou um defensor do manejo florestal. O manejo vai garantir que o setor madeireiro perdure para sempre”, avalia Valdemar.
E quando as pressões externas obrigavam Valdemar a escolher entre a preservação do bioma ou o progresso, o empresário retrucava. Na década de 90, durante a visita do presidente Fernando Henrique Cardoso em Sinop, o então ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, que acompanhava a comitiva, veio com um discurso ensaiado. A ala política começou a criticar o desmatamento na região, impondo a pecha de que os madeireiros estavam destruindo a Amazônia. Em conversa com Sarney Filho, Valdemar pontuou: “Ministro, os madeireiros da nossa região não são nômades, estão aqui com suas famílias, estão cravados na terra. É gente que veio para construir e fazer o progresso acontecer”, discursou o empresário.
Sua liderança nata o conduziu para o posto de delegado e vice-presidente da FIEMT em 1997. No ano seguinte, Valdemar sentiu que era o momento de avançar com a agricultura e pecuária, mostrando na prática que era possível conciliar os sistemas de produção sem eliminar a floresta, que é o ‘supermercado’ da indústria madeireira. Ele adquire e começa a formar 2,4 mil hectares, que passam a ser chamados de Fazenda Platina, em Santa Carmem. Nessa área, Valdemar dá continuidade à criação de gado, começa a plantar soja, milho, capim e eucalipto. Atualmente, a fazenda produz soja e milho em sistema de rotação de culturas. Nos 1,1 mil hectares de pasto, são criadas 1,8 mil cabeças de gado Nelore, com alta qualidade genética, terminando a engorda no modelo de semiconfinamento. Todo rebanho é multiplicado com inseminação artificial. Há mais de 7 anos não tem um touro na propriedade. Pelo menos 4 leilões de gado já foram feitos exclusivamente com os animais da Fazenda Platina e convidados.
A propriedade, que se tornou uma referência de boas práticas, é frequentemente visitada por pessoas de outros países, conduzidas por técnicos da Embrapa que consideram a fazenda um modelo. Para além do sistema economicamente produtivo, ecologicamente correto e socialmente justo, quem visita a propriedade também tem a oportunidade de ver a sucessão em curso. Na fazenda, Giovani e Juliano, filhos de Dirce e Valdemar, gerenciam o negócio.
Atualmente, em 2024, a Fazenda Platina tem a mesma importância da Coimal para a Família Antoniolli. Isso porque a filosofia de “não ser um nômade extrativista” foi genuína e as duas atividades, que parecem antagônicas, foram tratadas com a mesma importância. Como dizia o documento de 1987, 50% para cada.
Em 1999, a Coimal importa uma plaina da Alemanha para produzir decks. O novo maquinário transforma as toras colhidas em Mato Grosso em um produto acabado, de alto valor agregado, que interessa ao mercado internacional. No mesmo ano, a indústria começa a vender para Espanha, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Alemanha, Portugal e Taiwan. Cerca de 40% da produção vai para exportação. “Atualmente, a Coimal produz peças beneficiadas e de alta qualidade.
A Coimal chegou tão bem ao final da década de 90 que já podia dar aula sobre exploração florestal. E foi o que aconteceu. Através de uma parceria com o Senai e o banco alemão KfW Bankengruppe, a madeireira instalou no meio da sua área de manejo a Escola de Floresta Jamanchin. Aberta no ano de 2000, a escola era um ponto para difusão do manejo florestal de baixo impacto e também um espaço para treinamento dos profissionais com as técnicas de exploração. Muitos “gringos” de diferentes países puderam olhar através da vitrine da Jamanchin e conhecer na prática como funcionava a indústria madeireira responsável do Norte de Mato Grosso, erradicando preconceitos e visões bitoladas de que o madeireiro era um destruidor da Amazônia. “A Escola de Floresta recebeu gente de vários lugares do país e do mundo. Nela, era possível ver na prática como o manejo florestal funciona e seu impacto na floresta. Não precisava camuflar nada, bastava ver a realidade. Em várias ocasiões, se deslocando para a área de extração, os visitantes se deparavam com animais silvestres. Caso se distanciassem do grupo, corriam o risco de se perder, porque era de fato uma mata fechada, mas ao mesmo tempo é o local onde a indústria madeireira retira sua matéria-prima”, conta Valdemar.
Quando Sinop foi alvo de uma saraivada de operações ambientais, entre 2004 e 2005, que contundiram o setor de base florestal, a Coimal se manteve. Apesar das perseguições e da instabilidade que o setor atravessou, Valdemar confessa que nunca pensou em parar. “As operações foram necessárias. Os malandros e os clandestinos fogem quando as operações aparecem. Sobram os que trabalham dentro das regras. Houve desmatamento? Sim, mas porque o Estado estava ausente. Sinop e todo o Norte de Mato Grosso não teriam sido construídos sem o setor madeireiro”, avalia Valdemar.
Passados 20 anos desde a última grande crise que redesenhou o setor, a atividade está mais profissional e limpa que no passado. Não é mais possível colher toras no centro de Sinop, mas a madeira que vem para a Coimal viaja 140 quilômetros pelo asfalto. Não há atoleiros ou buracos arrebentando a suspensão dos caminhões, nem cargas ficando pela estrada.
Em 2024, Valdemar e mais dois irmãos conduzem a madeireira, que emprega 65 funcionários.
A mão que cuida não é a mesma que aceita cuidado
Ao longo dos anos 90, a convite da então primeira-dama Maria José de Oliveira Barbosa passou a integrar o PRONAV/LBA (Programa Nacional de Voluntariado). Em 1996, através da Prefeitura passou a ministrar cursos de bordado a mão e arte culinária em diversos bairros e comunidades do Município.
Em 1998, Dirce começou a trabalhar na Prefeitura de Sinop como coordenadora da Creche Alvorada. No ano seguinte, prestou concurso para ser professora da rede municipal e passou em 3º lugar. Em 2002, conciliava a educação básica e servindo como Guardiã das Filhas de Jó.
No ano de 2005, as creches deixaram de ser uma competência da Assistência Social e migraram para a Secretaria de Educação. Nesse processo de transição, Dirce foi chamada para coordenar 10 creches. Na Ação Social ela também desenvolveu atividades no PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil), no Clube dos Idosos e no CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social).
No “Exército” do trabalho social, Dirce era um ‘soldado voluntário’, sempre demonstrando força e bagagem. Inabalável mesmo quando foi atingida no peito. Em 2014, ela descobriu que estava com câncer de mama. O diagnóstico foi revelado na véspera do casamento do filho Giovani. Ela não contou para ninguém, mantendo sua situação de saúde em segredo da família. Quem passou a vida ajudando os outros parecia não conseguir pedir ajuda para si.
Dias depois, ela viajou para Porto Alegre (RS) para iniciar o tratamento. Aceitou a companhia da irmã Névia, atendendo a recomendação médica de ter um familiar próximo. Dirce foi submetida a 3 cirurgias e 25 sessões de radioterapia. “Eu nunca tive medo. Chorei duas vezes. Mas tinha certeza que iria sair dessa, desde o começo”, revela Dirce.
No dia 12 de dezembro de 2014, Dirce encerra seu tratamento e retorna para Sinop. Em 2016 começa a servir como voluntária na Refeccs (Rede Feminina de Combate ao Câncer de Sinop). Ainda em 2024, Dirce se faz presente nas reuniões e atividades da entidade.
Em 2015, a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) fazia uma eleição para escolher a nova diretoria. Não houve candidatos para vice-presidente. Dirce, que desde 1998 fazia parte da diretoria, ofereceu seu nome. O que ela não esperava era de que o presidente recém-eleito se mudaria de Sinop, deixando a entidade em suas mãos.
A partir disso, foram 3 mandatos consecutivos na presidência da APAE. Em 2019, Dirce e sua equipe conseguiram concluir e entregar a sede nova da instituição. No ano de 2021, as duas últimas salas de madeira e a velha cozinha foram enfim aposentadas, substituídas por espaços novos.
No período de 2016 a 2024, Dirce e a Diretoria, com muito trabalho e dedicação, entre sonhos e desafios, firmamos grandes parcerias com empresas, cooperativas, comunidades, clubes e associações, bem como a ativa participação da sociedade sinopense, através de projetos construímos a sede administrativa, salas novas, piscina para terapia, revitalização externa da escola, salas de aula, sala de terapia ocupacional e a estrutura da equoterapia; implantação de energia solar, sistema de segurança. Através de Emenda Parlamentar, a instituição adquiriu um ônibus adaptado e realizou a implantação do Projeto de Combate a Incêndio e Pânico (PCI). Em 2024, a APAE atende 275 assistidos de 0 a 65 anos. A entidade é uma referência no atendimento de crianças e jovens com necessidades especiais.
“A cidade nos ofereceu tanto que essa é uma forma que encontramos de demonstrar a nossa gratidão. Acredito que se não estivesse em Sinop, não iria fazer um terço do que fizemos. Esse sentimento que tenho não é apenas meu, muitas pessoas compartilham dessa gratidão por Sinop e isso faz a cidade acontecer”, opina Dirce.
Para o futuro, o que Dirce e Valdemar desejam é que seus filhos, que já estão estabelecidos, continuem honestos e trabalhadores, que compreendam que há um legado que precisa ser preservado e que a melhor forma de fazer isso é levando para suas vidas os exemplos que o casal deu ao longo da sua jornada, demonstrando que o amor, perseverança e a união sempre conseguem vencer.
O mesmo poderia valer para a próxima geração de fazedores de Sinop.
1981
Cleber Geraldo Furlanetti
CONTABILIZANDO O QUE DEU CERTO
Embora tenha nascido em uma das cidades com maior progresso do Brasil, foi em Sinop que Cleber Geraldo Furlanetti encontrou seu lugar de prosperar. A priori, ainda em sua terra-natal, foi de funcionário de serraria a contador, atrelando sem parar o oficio que exercia com os estudos
- Faça as contas! Quanto custa para demitir todos os funcionários?
Cleber Geraldo Furlanetti escutou essa pergunta, todos os dias, da boca de diferentes empresários, nos meses após as operações ambientais que açoitaram o setor de base florestal do Norte de Mato Grosso. A matemática é de exatas, mas a vida é de humanas. Por trás de cada conta feita por um escritório de contabilidade há uma história, que pode continuar ou chegar ao fim. Ou ainda se recomeçar, de outra forma. É uma questão de sinergia e temperança – características que não aparecem por geração espontânea.
O contador dessa história nasceu em 1957, na cidade de Colatina. Naquele ano, a Revista Cruzeiro classificou Colatina como o município de maior progresso do Brasil. O município era o mais extenso do Espírito Santo, bem como o mais populoso (à época, com 157 mil habitantes). Colatina, quando Cleber veio ao mundo, era o maior produtor mundial de café conilon, mais robusto, usado nos cafés mais comerciais. Sua família, de classe média, operava uma oficina de móveis e depois uma madeireira, conduzida pelo pai.
Em 1969, ele, seus pais e os 3 irmãos, ainda pequenos, se mudaram para a recém-emancipada São Gabriel da Palha, distante 80 de Colatina. Na nova cidade, a empresa que o pai arrendava, com o tempo, acabou por fechar. Nestas circunstâncias, o salário que Cleber (na ordem, terceiro filho do casal) recebia ia direto para a mãe. Quando estava completando o ensino médio, aos 17 anos, conseguiu um emprego em um escritório de contabilidade da cidade. No novo ofício, ele deu sequência e concluiu o curso Técnico em Contabilidade, na Escola Cristo Redentor.
O ambiente de escritório, a necessidade da atenção frequente, a imensidão de números à mercê da correta organização e a meticulosidade para não deixar de aplicar nenhuma regra, ganharam a mente e o espírito do jovem Cleber que, sem intervalo, começou a formação em Ciências Contábeis na Faculdade de Ciências Econômicas de Colatina.
No ano em que estava concluindo a faculdade, um cliente do escritório onde trabalhava comprou uma serraria da Madenorte, em Sinop. Ele nunca tinha ouvido falar dessa cidade. Mesmo assim, foi incumbido a proceder com o processo de legalização da nova empresa.
Em outubro de 1980, ele visita Sinop pela primeira vez. Burocrático e metódico, se prende a tarefa dada ao escritório e regressa para o Espirito Santo. Em fevereiro de 1981, ele faz outra visita, a fim de finalizar o processo de regularização da empresa. Dizem que quem pisa em Sinop não deixa essa terra. Cleber foi exceção na primeira vez, mas não na segunda. Três meses após sua última visita à cidade, ele regressa para se estabelecer em definitivo.
Nesta tenacidade, Cleber havia recebido um convite para ser o contador dessa nova empresa. Viu a oportunidade de encerrar um ciclo na sua terra de origem e encarar um novo desafio. “Eu queria ter um escritório de contabilidade próprio para exercer minha profissão”, explicou o contador.
Assim, chega a Sinop em maio de 1981. De pronto, sente o choque cultural. A cidade era massivamente povoada por migrantes do Sul do país e ele era um raro capixaba perdido no Mato Grosso. Quase um item de gincana, do tipo, “quem achar em Sinop alguém que nasceu no Espírito Santo, marca um ponto”. A dimensão geográfica também era um exercício. Em seu estado de origem, viajar por 80 km era um grande trecho. No Mato Grosso, era preciso rodar 500 km para chegar no primeiro sinal de cidade grande.
O começo também foi mais áspero do que esperava. Uma crise repentina se abateu sobre a economia local. Muitas empresas fecharam as portas e profissionais liberais deixaram a cidade. Ele chegou em maio, mas só conseguiu receber seu primeiro pagamento em setembro. “Eu cheguei a ligar para o antigo escritório e falar sobre a possibilidade de voltar”, comenta Cleber.
Mas a “terra das oportunidades” faz jus ao nome. Meses depois de sua chegada, o jovem é convidado a assumir a contabilidade da Madenorte. Dois trabalhos e chance de receber em dobro. O novo cargo afasta a vontade do regresso e foi abrindo oportunidades. Lourival Tomelin, o dono da Madenorte, juntamente com seu irmão Comercindo Tomelin e a irmã Terezinha Tomelin Bogo, disponibilizou uma sala na empresa, permitindo que Cleber fosse absorvendo novos clientes. Na prática, ele era contratado pela Madenorte, mas tinha seu escritório sem ter, de fato, seu próprio endereço.
Aos poucos, o contador foi arrecadando novas empresas, crescendo profissionalmente. No campo do trabalho, as coisas estavam bem. Mas sua vida era demasiadamente solitária, estrita ao labor. Cleber era um homem “tradicional”, de hábitos reclusos, talvez até tímido, que não tinha por costume frequentar bar ou festa e se envolvia muito pouco no pouco de lazer que Sinop tinha a oferecer. No entanto, tinha por tradição ir à missa e passou a frequentar a Igreja Santo Antônio. Em um desses dias começou a trocar olhares discretos com uma bela moça que estava na missa. Era Marisa Zanella, que nasceu em Quilombo (SC) e migrou ainda pré-adolescente junto com seus pais e irmã que vieram desbravar o Norte de Mato Grosso. Um dia, Marisa e Cleber se aproximaram e começaram a namorar. Depois de dois anos e meio, eles se uniram em matrimônio.
Em 1986, dois anos após casarem, Cleber e Marisa tiveram o primeiro filho, Gustavo Zanella Furlanetti. Foi nesse mesmo ano que o escritório de contabilidade enxertado dentro da Madenorte começou a ficar pequeno. Cleber percebeu que, enfim, havia chegado o momento de ter o seu escritório de contabilidade. E Tomelin o incentivou a dar o passo. Cleber foi então até a Colonizadora Sinop. A empresa tinha uns terrenos à venda na Rua das Aroeiras, perto da Avenida dos Jacarandás, que serviriam bem à função. Na primeira visita, o lote custava 40 mil. Dias depois, quando voltou novamente à Colonizadora, o imóvel já estava custando 80 mil. Era uma época de inflação galopante, com 3 zeros sendo cortados do dinheiro a cada dois anos. Cleber declinou da compra e acabou narrando a situação para Tomelin, de forma trivial, sem o intuito de pedir apoio. O empresário puxou o telefone e ligou para Ênio Pipino, o dono da Colonizadora Sinop, empresa que fundou a cidade. Explicou a situação, falou um pouco em favor do seu contador e amoleceu o fundador. Quando desligou, pediu para Cleber falar com Ênio no dia seguinte. Acabou fechando a compra por 50 mil.
Com o terreno, Cleber tratou de construir seu escritório. Depois, comprou uma casa em frente ao escritório para morar. Faltava um nome para colocar na fachada do novo prédio. Sua esposa foi quem sugeriu CGF Escritório de Contabilidade, as iniciais de Cleber Geraldo Furlanetti.
Em 1988, nova parceria com a Madenorte – esta antecipou alguns pagamentos e, assim, a CGF comprou seu primeiro computador.
O escritório prosperou, e atrelado aos acontecimentos, Cleber e Marisa decidiram aumentar a família. Assim nasceu Thainá Marina Furlanetti em 1989. Todavia, Sinop ainda sofria, na esfera contábil, de carência de mão de obra especializada. Cleber precisou recrutar contadores no Espírito Santo para ampliar o atendimento da CGF. Até hoje, o escritório conta com uma equipe longeva, tendo funcionários com mais de 30 anos de casa. “A rotatividade de colaboradores é um veneno para qualquer empresa. No serviço técnico, como é a contabilidade, é pior ainda, porque gera descontinuidade. É muito melhor ter um quadro que acompanha aquele mesmo cliente há bastante tempo e já conhece as particularidades daquele negócio”, enfatiza o contador.
Nessa época, na metade da década de 90, a UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) iniciou o curso de Ciência Contábeis em Sinop para formar contadores. Cleber abriu a CGF, em período noturno, para que uma turma inteira do curso pudesse receber a formação de como operar um sistema de contabilidade, já que a universidade não tinha um laboratório de informática. “Nessa época, 4 funcionários da CGF eram alunos do curso de Ciências Contábeis. Mais tarde, também colaboramos com dois professores que passaram pela CGF para fazer suas dissertações de mestrado”, lembra Cleber. No título de Cidadão Mato-Grossense que o contador recebeu, uma das menções do serviço que prestou à comunidade é “fornecer suporte técnico e prático contábil, quando necessário para auditorias fiscais nos âmbitos federal, estadual e municipal em todas as instâncias administrativas inclusive judiciais”.
No seu ofício, o negócio mais familiar para Cleber foi a indústria madeireira. Ele já tinha operado no setor antes de ser contador e foi o primeiro tipo de negócio que assessorou assim que chegou em Sinop. Nos anos que se sucederam, a atividade de base florestal arvorou na região. A cidade começou a ter grandes indústrias do segmento, abastecidas pelo abundante bioma Amazônico e remuneradas pela sede da Europa e da Ásia pela madeira tropical. Ao longo da década de 90, a CGF passou a atender madeireiras com mais de 400 funcionários. No pico, o escritório chegou a fazer a folha de pagamento de mais de 5 mil funcionários por mês.
Mas uma chave virou na primeira metade dos anos 2000. Após uma sequência de operações ambientais, muitas indústrias madeireiras fecharam as portas. Aquelas que não foram trancadas por ordem judicial ou força policial, acabaram esmorecendo no passar dos meses com a inoperância do órgão ambiental regulador. As mesmas operações que prenderam empresários também detiveram funcionários do Ibama e da Sema, tornando essas repartições parcialmente operantes – seja falta de equipe ou por temor dos que restaram. Mesmo aquelas empresas que trabalhavam dentro da legalidade, acabaram sofrendo o impacto e algumas sucumbiram. Em um curto intervalo de tempo, só na CGF, o volume de folhas de pagamento foi reduzido para 46%. Ou seja, se eram 5 mil funcionários atendidos pelo escritório em 2004, depois da operação passaram para 2,3 mil. E esse número nunca voltou a crescer. “Me lembro de estar em uma manhã no escritório na qual recebi 3 clientes. Dois choraram na minha frente. Todos os dias alguém me pedia para fazer simulações de demissão. Muitos acabaram encerrando suas atividades. Quando uma empresa fecha é sempre muito triste, e é no escritório de contabilidade que se encerra um negócio. Não é algo bom de se fazer, porque cada cliente é um amigo, e é o contador que precisa lidar também com o pior momento de uma empresa para fazer o que é preciso”, explica Cleber.
Na época das operações ambientais, a CGF era o escritório que tinha o maior volume de documentos junto ao IBAMA, referente às prestações de contas das empresas que atuavam no setor madeireiros. Eram caixas e mais caixas de papel que atestavam as atividades. “Uma vez, um amigo ligou no final da tarde, apavorado, dizendo que tinha visto uma camionete da Polícia Federal e do Ibama em um hotel da cidade e que isso significava que ia ter operação. Eu respondi: ‘e daí? Quem fez, fez, que arque com a consequência’. Eu nunca perdi o sono com operação de qualquer natureza. Dormia tranquilo porque sabia do trabalho que havia sido feito. Se alguma empresa decidiu violar a norma e fazer errado, foi porque ignorou a orientação do escritório e fez diferente daquilo que recomendamos”, justifica Cleber.
O fundador da CGF acredita que o exercício da profissão de contador é obedecer a lei. O escritório deve defender o cliente, mas no limite da legalidade. A fiscalização, feita pelos órgãos responsáveis, é algo pedagógico e um contador consegue sempre ajudar na regularização do que está errado. Um bom contador, explica Cleber, faz o planejamento tributário para que a empresa pague o que for necessário, nem mais, nem menos – estritamente o que está previsto na coleção de leis e normas, que no Brasil mudam com mais frequência do que o presidente. “Antônio Hermínio de Moraes, presidente da Votorantin, dizia que conseguiria tocar uma empresa sem advogado e sem administrador, mas jamais sem contador”, cita.
Esse conjunto de valores e visão fizeram com que a CGF – um escritório de contabilidade que cresceu dentro de uma madeireira e se especializou nesse tipo de atividade – permanecesse vivo e crescesse mesmo com a mudança da economia local. Quando serrarias fechavam, a agricultura se erguia em Sinop e nos 32 municípios do seu entorno. Soja e milho, cotados em dólar, eram colhidos duas vezes por ano – ciclo bem menor que a floresta. Sinop se tornou um centro de serviços para toda região, especialmente com saúde e educação. Para Cleber, até a “cara” do empresariado local foi mudando. E assim como tudo, o escritório também mudou.
Clientes que migraram do setor madeireiro para a agricultura permaneceram com a CGF – inclusive a Madenorte, que enveredou para o plantio e criação, mas continuou sendo cliente do escritório. Outros novos foram chegando, mantendo a CGF ativa, grande e rentável. Segundo Cleber, no começo de 2024, o escritório conta com 70 colaboradores que atendem cerca de 350 clientes. São menos empresas, mas CNPJs maiores, que juntos movimentam mais de R$ 1 bilhão. Se no passado o perfil da clientela era madeireiro, agora são produtores rurais – embora o escritório também atenda empresas de outros segmentos.
A contabilidade feita na CGF não perde em nada para os grandes centros. Desde 2013, o escritório faz parte da GBrasil (Grupo de Empresas de Contabilidade), que é a maior associação de empresas de contabilidade do país, promovendo intercâmbio e troca de experiência, conectando os escritórios de grande porte de todos os estados. Mato Grosso tem apenas dois centros da GBrasil, em Sinop e em Cuiabá. “E pensar que no começo, quando vim para Sinop, a gente se atualizava das mudanças de normas por periódicos impressos que vinham pelos correios”, rememora Cleber.
Hoje, a CGF é especializada em contabilidade gerencial e online, com foco na gestão empresarial, demandas paralegais e agronegócio. O escritório se posiciona na vanguarda tecnológica e normativa, adotando padrões internacionais, como a ISSO 27001, além de tecnologia de ponta para garantir a integridade, confidencialidade e disponibilidade das informações. Inclua a rígida política de privacidade de dados. A equipe passa por capacitação contínua, e como frisa Cleber, sua rotatividade de colaboradores é baixa, evitando a evasão do conhecimento em seus quadros. Não por acaso, a CGF tem duas certificações internacionais. “Acredito que cada empresa deve trabalhar para ter o poder de escolher o cliente”, recitou Cleber.
Além da conta
Na sociedade de Sinop, Cleber foi um dos fundadores do Rotary Club. Ele também fez uma “contabilidade vocacional” como tesoureiro da Igreja Santo Antônio. O contador integrou a ACES (Associação Comercial de Sinop) e uma loja Maçônica da cidade.
No campo da contabilidade, foi membro fundador e primeiro presidente da Associação dos Contabilistas de Sinop, além de desempenhar a função de delegado do CRC (Conselho Regional de Contabilidade).
Cleber ainda fez uma pós-graduação em Gestão Empresarial pela UFMT. Sua esposa, Marisa, a quem o contador considera “o esteio de sua vida”, mais tarde graduou-se em Ciências Contábeis e pós-graduação em Didática do Ensino Superior e Psicopedagogia.
Contador e advogado, Gustavo, o filho mais velho, está dentro da CGF se preparando para fazer a sucessão no escritório. Thainá se formou em Medicina e atua em São Paulo como ginecologista e mastologista, e segue aprimorando-se na capital paulista. “Estou há 42 anos em Sinop e não penso em sair da cidade. Para mim é o melhor lugar do mundo”, finalizou Cleber.
A história de Cleber e da CGF é uma fonte de inspiração, que ilustra o impacto da perseverança, da ética e da busca pela excelência, estabelecendo um legado influente no setor contábil, tecnológico (incluindo inteligência artificial – IA) e além.
Cleber Geraldo Furlanetti se destaca no mundo contábil pela transformação de desafios em vitórias significativas. Fundador da CGF, ele não só traçou uma carreira exemplar como também infundiu valores como integridade e excelência na empresa. Sua jornada de Colatina a Sinop simboliza uma verdadeira metamorfose, marcada pela superação e pelo crescimento contínuo.
1981
Osvaldo Paula - 1º Administrador Municipal de Sinop.
FUNÇÃO DE GESTOR
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No início do ano de 1981 ocorreu a posse do 1º Administrador Municipal de Sinop
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Osvaldo Paula foi nomeado pelo governador Frederico Campos para instalar a Prefeitura Municipal e administrar o Município até 1982, quando foram realizadas as eleições para a escolha do 1º Prefeito e dos primeiros vereadores
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Estiveram presentes na posse e na instalação do Município os colonizadores Enio Pipino, Nilza de Oliveira Pipino, João Pedro Moreira de Carvalho, além de Frederico Campos e demais autoridades
DIVERSIFICAÇÃO DE PLANTIOS
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Com a frustração da lavoura cafeeira, os agricultores de Sinop e da Gleba Celeste passaram a se dedicar a outros tipos de lavoura em maior escala como arroz, mandioca, milho, pimenta do reino, cacau e guaraná
REDE TELEFÔNICA
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Neste ano, mais um fato de grande importância histórica para Sinop: a instalação da rede telefônica, que ligou a cidade ao resto do Brasil
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Também foi instalada a 1ª emissora de rádio (Rádio Nacional de Sinop) e a 1ª emissora de televisão (TV Nacional de Sinop)
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Esta divulgação país afora atraiu uma expressiva massa de gente vinda de todo canto. Os novos moradores eram agricultores, comerciantes, empresários da indústria madeireira e profissionais liberais