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2020
Douglas Rodrigues e Eleandro Teixeira - On Farm Bio
DA FAZENDA PARA A REVENDA
Douglas foi um garoto humilde que começou a trabalhar desde cedo em uma fazenda, voltou aos estudos, passou por drama familiar, mas nunca deixou de lutar. Sócio de Eleandro, eles construíram a On Farm Bio, uma gigante do agronegócio que foca nas necessidades do produtor rural
A infância de ‘catador de latinhas’, a vida longe da mãe desde bem pequeno, a distância da escola, os obstáculos para cursar a faculdade e a perda precoce da esposa. Todos esses desafios foram superados por Douglas dos Santos Rodrigues, um dos sócios do Grupo On Farm Bio.
Filho de Elizabeth dos Santos Rodrigues, gaúcha de Santa Rosa, Douglas nasceu em 29 de setembro de 1992, em Sinop. Até os oito anos de idade, viveu com a mãe e o padrasto, que trabalhavam com reciclagem. Em 2000, foi morar com um casal de tios na Fazenda Beira Rio, em Ipiranga do Norte. O tio, casado com a irmã de sua mãe, lhe ensinou a dirigir trator desde pequeno. Enquanto aprendia com ele os afazeres da fazenda pela manhã, passava o período da tarde na cidade, a cerca de 90 km de distância, estudando. Nas férias escolares, ajudava o tio na plantação e na colheita. Foi desde cedo que Douglas pegou gosto pela agricultura. “Sempre considerei esse meu tio como um pai. Ele foi uma referência pra mim, tinha um carinho de pai, cuidava e ‘puxava a orelha’”, conta.
Douglas estudou até o primeiro ano do ensino médio. Em 2009, quando era um adolescente de 17 anos, foi trabalhar como operador de máquinas. Como já entendia do ramo, não queria mais estudar, queria apenas trabalhar, e então deixou a escola. Cinco meses após completar 18 anos, já começou a trabalhar em grandes empresas. A primeira foi a Guimarães, do Grupo Boa Esperança, em Sorriso. Ficou lá por 3 anos, na função de operador. Colhia e plantava algodão, passava veneno e já tinha o domínio das máquinas mais modernas.
Quando trabalhava como operador veneneiro, Douglas sempre recebe propostas. “Um oferecia mais do que o outro pra me contratar”, lembra. Ele gostava tanto do trabalho que podia deixa-lo na fazenda e voltar apenas no fim da safra. Mas, certo dia, em 2017, ele não queria mais essa vida. Com tantos anos na operação de máquinas, percebeu que ganhava o mesmo salário de pessoas sem experiência. Neste momento, sentiu-se desvalorizado. Além disso, tinha a percepção de que todo mundo viajava e ele nunca podia sair. Na época, até ganhava um bom salário. Segundo ele, chegou a receber até R$ 8 mil em um mês.
Certa vez, o filho de um produtor rural incentivou-o a estudar. Mas Douglas, disse que não gostava de estudar e criticou os agrônomos. Então, o amigo respondeu: “Esses agrônomos vêm aqui, ganham uns R$ 10 mil por mês e uns R$ 300 mil por ano”. Foi então que ele repensou. Como já estava descontente, pediu para sair da fazenda, negou uma proposta e foi para a cidade buscar emprego e estudar agronomia. Como tinha boa fama na cidade, de trabalhar bem, recebeu uma proposta da Agro Norte, em Sinop, convidando-o para trabalhar na fazenda. “Eu já tinha trabalhado em uma safra pra eles. Eu tinha acabado de sair de uma fazenda, que pagava bem e eu não queria mais. Então, pedi a eles uma vaga na cidade”, recorda-se.
Foi então que Douglas arrumou trabalho no Centro de Pesquisa da Agro Norte, para passar veneno, operar máquinas, dentre outras funções. Já tinha um bom emprego, pensou que era hora de voltar a estudar. Nesse momento, ele visitou as faculdades para entender o caminho para ingressar no ensino superior. Porém, era preciso concluir o ensino médio completo. Procura a MSD, onde havia um curso EJA (Educação de Jovens e Adultos). Chegando lá, ficou agoniado quando soube que ainda faltavam dois anos para concluir. Entretanto, era possível estudar e pedir a antecipação de algumas matérias. Como havia abandonado o colégio durante o primeiro ano, precisou fazer o equivalente aos três anos completos. Todas as noites estudava e assistia os vídeos. Paralelamente ao EJA, entrou na CIENTEC (Centro Integrado de Ensino Técnico), em 2017. “Eu sempre gostei de estudar coisas relacionadas às máquinas. Quando dava código de erro, eu ia lá, lia e resolvia. Foi difícil no começo, porque tinham umas matérias pesadas, uns cálculos”, afirma. Com muito esforço, acabou concluindo o Ensino Médio em apenas seis meses, em 2018.
Nessa época, a chefe de Douglas no Centro de Pesquisa da Agro Norte, Joanna Amaral, já estava lá há 15 anos. Com pouco tempo de trabalho, chefe e subordinado se apaixonaram e logo começaram a namorar. Pouco tempo depois, começaram a morar juntos. Inteligente, ela já havia concluído pelo menos duas pós-graduações. Foi uma influência positiva para o namorado estudar, o ajudou muito na escola técnica. Então, ele foi conciliando o estudo com o trabalho, foi aprendendo toda a parte técnica de lavoura com a namorada, o posicionamento do produto, o princípio ativo, como posicionar, como avaliar doenças e pragas. “Eu tinha uma professora dentro de casa. (Na profissão) é preciso saber a parte técnica pra gente recomendar depois o produto que vai solucionar o problema”, conta Douglas.
Curioso desde aquela época, Douglas procurava sempre ser o melhor naquilo que fazia. Chegou até a ensinar o outro chefe do centro de pesquisa. Um ano e sete meses antes de concluir o curso técnico em agronomia, de dois anos, começou a ter bastante dúvidas, que não eram respondidas, pois os professores técnicos não se aprofundavam muito no assunto. Era tanta dúvida, que ele precisava tomar remédio para dormir. Questionava bastante a esposa, que chegou a lhe dizer: “Isso você não aprende em curso técnico. Se eu parar pra te explicar, eu demoraria dois anos. Isso aí é só agronomia (faculdade). Pra você entender uma folha, por exemplo, precisa cursar três matérias”. Foi então que a esposa sugeriu que ele fizesse a prova do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), estudasse durante o dia e arrumasse um serviço à noite.
Pouco antes de terminar o curso técnico, Douglas passou em segundo lugar na faculdade de agronomia da UFMT e decidiu cursar. Então, foi para Sorriso e Lucas (do Rio Verde) conhecer os campi. Angustiado, resolveu prestar também o vestibular da Unic (Universidade de Cuiabá), em Sinop. Algum tempo depois de fazer a prova, recebeu uma ligação da coordenadora do curso. Estava em cima de um trator, quando recebeu a notícia. Havia passado em primeiro lugar na Unic e ganhado um desconto de 100% na mensalidade. O valor era caro. Alguns colegas chegavam a pagar acima de R$ 1.000,00.
Porém, Douglas tinha um problema. Precisava conciliar o trabalho na Agro Norte e o início da faculdade com os últimos dois meses de curso técnico, que tinha aulas todos os dias. Então, ele foi conversar com a direção da CIENTEC e como faltavam poucas matérias a serem concluídas, conseguiu o diploma, em 2019, mesmo ano em que entrou na faculdade de Agronomia.
Formado pelo CIENTEC, tirou o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), mas ainda trabalhava como operador de máquinas. Então, após quatro anos trabalhando na Agro Norte, decidiu sair. A esposa Joanna ficou muito triste, pois além de tudo, Douglas a ajudava muito no trabalho. Paralelamente, ele ia se interessando cada vez mais pelos estudos no curso de Agronomia. No primeiro ano, teve aula de microbiologia, onde se aprofundou.
Após deixar a Agro Norte, após uma semana desempregado, Douglas recebeu uma ligação da Fazenda Alvorada para uma vaga de emprego. O serviço era cuidar dos produtos biológicos On Farm, técnica de produção que consiste em fornecer toda a assistência, maquinário e know-how para o produtor fazer seu produto biológico dentro da fazenda. A distância da cidade era de 50 km e no mínimo, duas vezes por semana, era preciso cursar a faculdade presencialmente. “Mas era um trabalho puxado, aguentei a safra. Levantava às 4 horas da manhã, o café da manhã às 5h e parava só à noite, por volta das 22h. Uma empresa tinha um sistema lá e na outra fazenda tinha outro sistema On Farm de outra empresa. O pessoal dessa outra empresa, que era de Minas Gerais, disse que tinham a intenção de abrir mercado no Mato Grosso e caso eu tivesse interesse para trabalhar no comercial, era só eu ligar”, conta.
Douglas gostou da ideia, pois estava difícil aguentar o ‘batidão’ na Fazenda Alvorada e, ao mesmo tempo, se manter na faculdade. Quando acabou a safra, ele ligou para a empresa mineira do sistema On Farm. Mas naquele momento, eles ainda não podiam investir no Mato Grosso. Então, desempregado, ele volta para a cidade e entrega o currículo para todas as revendedoras. Com o acerto da safra, consegue se manter financeiramente e fica estudando. Na época, porém, nenhuma revendedora o chamava para entrevista e ele não queria voltar para a Agro Norte. Então, Douglas consegue uma entrevista, onde lhe perguntaram se ele sabia vender. Honesto, respondeu que não, pois só tinha conhecimento da parte técnica. Naquele momento, ele percebe que precisava de um curso de vendas, pois nunca tinha tirado ‘da cabeça’ que os agrônomos ganhavam R$ 10 mil por mês e R$ 300 mil por ano.
Então, Douglas pediu um emprego de vendedor ao amigo Zucchi, da Malharia Zucchi. Então, começou a desenvolver, gostar do negócio e fazer curso de vendas pelo YouTube. Toda as vezes em que andava de carro, escutava cursos de técnicas de venda. Foi quando começou a ganhar boas comissões vendendo na malharia. “Eu era (bom vendedor) e não sabia. Comecei a entender as técnicas e então pensei em montar um negócio com o meu irmão, de chapeação”, lembra.
Pela primeira vez, Douglas decide buscar o empreendedorismo. Ao lado do irmão, monta uma estética automotiva, a Auto-Truck. Como tinha facilidade de venda, começou a adquirir clientes, o que, consequentemente, rendeu um bom faturamento.
Entretanto, em 2020, a empresa de Minas Gerais o convida para trabalhar, pois estavam iniciando no mercado de Sinop. Eis que surge a dúvida. Continuar tocando a estética automotiva ou trabalhar com o sistema On Farm? O negócio da chapeação estava se desenvolvendo, já havia serviço para produtores rurais, com pinturas de trator e colhedeira. A solução foi começar a representar a empresa e seguir cuidando do negócio. “Eles vieram aqui (em Sinop), me explicaram como funcionava e eu expliquei que naquele momento eu sabia vender. (Essa proposta) veio no momento certo, porque antes eu não sabia vender. Comecei a abrir mercado. Eu tinha um carro, pegava ele e deixava meu irmão cuidando do negócio”, conta.
Mas em determinado momento, Douglas não tinha mais tempo para conciliar entre a busca por clientes para a revendedora On Farm Bio e cuidar da estética automotiva, então, resolveu deixa-la com o irmão. “Mas acabou não dando certo (o negócio) e ele se mudou pra São Paulo”, explica. Então, Douglas continuou abrindo mercado. “No primeiro ano, o pessoal achou que eu fosse vender uns R$ 500 mil. Eu vendi R$ 3 milhões e tinha perspectivas de melhorar a partir do segundo ano. Então, comecei a enxergar o potencial de ganho. Por outro lado, pensei que não iria dar conta sozinho”, reconhece.
Naquela época, Douglas tinha um ‘cliente chato’ que comprava para uma fazenda, chamado Eleandro Teixeira, de Sorriso. “Era meu pior cliente, era chato, questionava tudo. Mas eu o admirava muito, porque ele era bem técnico. Eu já havia chamado uma vez ele pra montar sociedade comigo e ele não quis. Mas quando chamei de novo, ele cogitou aceitar. Então, eu insisti e ele veio”, admite. Eleandro, à época, também não estava satisfeito com a vida na cidade vizinha e aceitou o desafio, em março de 2020, após uma reunião no aeroporto de Sinop.
Eleandro Teixeira, nasceu em Laranjeiras do Sul (PR), em 21 de março de 1980. De origem humilde, é filho de Dejalma Teixeira, funcionário de uma madeireira e da dona de casa, Bertulina Teixeira. Como morava era um lugar pequeno, pobre e com poucas perspectivas de vida, então, resolveu sair cedo de casa, aos 17 anos, em busca de melhores condições financeiras. Chegou ao Mato Grosso em 1997, em Cuiabá, onde já morava o irmão mais velho, que o incentivava a se mudar: “Eleandro, aí no Paraná não adianta (continuar)”. Como a família era muito simples, Eleandro aceitou o desafio. “Saí de casa atrás de oportunidade. A família era humilde, então para qualquer lugar que eu fosse, ia ser o lugar (certo)”, conta.
Em 1998, porém, os irmãos foram embora de Cuiabá. Eleandro, então, foi sozinho para Sinop. Trabalhou um tempo e ficou seis meses estudando. Porém, o agronegócio era mais forte em Sorriso. Então, resolveu se mudar para a cidade vizinha para trabalhar em lavoura. Lá, conheceu uma moça, constituiu família e ficou 13 anos casado. Deste casamento, teve as filhas, Maria, de 17 anos, e Lívia, de 8 anos. Na mesma cidade, formou-se como engenheiro agrônomo. Após se divorciar da primeira esposa, em 2016, decide voltar para Sinop, onde também percebia oportunidades de negócio. Ele admite que nunca havia pensado em voltar à cidade após 20 anos. “Eu era jovem, não tinha tanta amarra, estava trabalhando, bem estruturado, tinha uma vida boa”, lembra Eleandro. Casou-se com Rosiane, com quem teve o terceiro filho, José, de 8 anos. Também fez pós-graduação em gestão do agro.
Antes de retornar a Sinop, Eleandro estava cansado da vida em Sorriso. Embora não fosse ganhar um salário fixo, existiam os valores em comissão. Enquanto Douglas sairia em busca de novos clientes, ele ficaria encarregado de trabalhar com os que já estavam fechados. “Nós ganhávamos 20% do que era faturado, ou seja, a gente pedia uma entrada do produtor, de 30%. Se ele pagasse 30% antes do mês, nós já recebíamos os 20%”, esclarece Douglas.
Eleandro tinha a necessidade de levar algo diferente para o produtor em relação ao custo-benefício para a produção agrícola. Como trabalhava desde o ano 2000 diretamente com a agricultura, então já tinha uma bagagem de conhecimento, assim como Douglas, que embora fosse mais jovem, tinha já uma bagagem de conhecimento no agro. “Juntamos as ideias e vimos essa necessidade de trazer alguma coisa a um custo bacana e, por que não, cuidar do meio ambiente? Biológico, fazer uma pegada mais moderna”, explana.
No início da sociedade, o faturamento já era bom desde a primeira safra e Douglas garantiu a Eleandro que repartiria os ganhos dos clientes. “Falei pra ele que estávamos juntos, que ele iria receber de todos os clientes que eu abrisse. Então, ele saiu da fazenda”, relata. Eleandro se desligou da empresa que trabalhava e começou na On Farm Bio, em abril. “Eu tinha um bom salário, mas pedi para sair para fazer parte da On Farm, juntar CNP, com o Douglas e criar a empresa. Ele já tinha um mercado e a gente já vinha conversando, amadurecendo a ideia”, conta.
Em 2020, nasce a On Farm Bio Agro, logo após a chegada de Eleandro. No primeiro ano, foram vendidos R$ 20 milhões, na segunda safra. Na primeira safra, sozinho, Douglas vendera R$ 3 milhões. Quando chegou nesses números, ele percebeu os patamares altos do negócio. “Lembrei daquela conversa (dos ganhos de um agrônomo). Agora, quero ser dono de revenda. Nunca ninguém deu emprego pra mim em revenda, agora vou ser dono. Abrimos a revenda. Eu estava saindo fora, segunda-feira não ia trabalhar. Mas mesmo assim eu vendia”, revela.
Logo no início da sociedade, em 2020, veio a pandemia da Covid-19. Joanna, esposa de Douglas, que estava grávida, pegou a doença e precisou ser entubada. Na época, o marido tinha convicção que a esposa sobreviveria. Tanto que continuava tirando pedidos, trabalhando muito e quando era perguntado sobre a situação da esposa, desconversava. Mas, no dia 24 de abril de 2021, Joanna faleceu. Um baque enorme na vida de Douglas. “Ela era conhecida, bem renomada pela parte técnica. Então, o pessoal perguntava dela. Era o meu ponto de equilíbrio. Fiquei muito mal. Eu queria desistir de tudo, comecei a ficar depressivo, fui atrás de psicólogo, psiquiatra. Perdi a pessoa que me subiu na vida. Ela não me ensinou só a parte técnica, me ensinou a viver. Eu não sabia o que era comida japonesa, viajar, (ela) me ensinou muita coisa, a ter paciência, conversar. Eu era ignorante, peão de fazenda. Tanto pra eu me desenvolver como vendedor, ela teve que trabalhar minha mentalidade, a mexer com o dinheiro. Foi um baque pra mim”, desabafa.
Além de perder sua amada e parceira de vida, Douglas também perde sua então futura parceira de trabalho. “A Joanna iria trabalhar comigo, era o combinado nosso. O combinado meu e do Eleandro é que a gente ia trabalhar, estabilizar a empresa e quando ela desse uma renda boa, eu iria tirar ela (esposa) da Agro Norte pra trabalhar comigo. O nenê ia nascer, ela iria pegar licença-maternidade, pediria as contas e iria trabalhar comigo na On Farm. Tanto que eu cheguei a fazer propaganda para todos os clientes e todos gostaram porque ela era muito técnica”, ressalta.
Douglas até pensou em desistir do negócio, mas não o fez em respeito ao sócio, que o apoiou neste momento complicado. “Eu pensei: tirei o Eleandro da fazenda, tirei ele da família e agora largar dele? Eu iria largar tudo, fiquei bem angustiado. Mas, pensei que não podia fazer isso com ele. Decidi tentar. Então, eu me reergui por ele e pelo meu filho. Ele (Eleandro) e a esposa dele me deram muito apoio quando minha mulher morreu”, reconhece.
O ano de 2021 foi um ano conturbado para a empresa. A On Farm havia sido fundada em meio à Covid. Porém, a empresa atinge R$ 25 milhões em vendas. Mas num dia, veio uma carta para a revendedora de Sinop de que a matriz decidiu por não manter mais a representação, pois iriam colocar uma equipe própria para fazer as vendas. Entretanto, Douglas e Eleandro já haviam conquistado os clientes com a credibilidade. Pela necessidade, então, os sócios começaram a comprar produtos. “Teve dois produtores que começaram a comprar à vista pra nós, R$ 2 milhões, pra nós começarmos dar um giro do capital, investir”, cita Douglas.
No mesmo ano, Douglas conheceu Lídia Alves da Cruz Rodrigues, sua segunda esposa. Na época, a empresa só contava com uma funcionária: Rosiane, esposa de Eleandro. “A Lídia apareceu e me colocou no prumo de novo. Eu precisava de alguém pra ‘me puxar’. Ela foi outra pessoa que me apoiou. Quando ela entrou na minha vida, as coisas melhoraram muito. Então, começamos a trabalhar e ela veio me acompanhando na empresa”, explica.
Nasce a On Farm Bio
A On Farm Bio Agrícola foi a primeira empresa aberta de representação de Douglas, pois ele precisava de um CNPJ para receber os pagamentos. Com a vinda de Eleandro, o nome mudou para On Farm Bio Agro, com 50% das ações para cada um. A primeira dificuldade dos sócios foi quando perderam R$ 1,5 milhão com inox de má qualidade. Então, decidiram fabricar o próprio material. Surge, assim, a On Farm Bio Reatores, uma metal mecânica, que faz biorreatores.
Outro momento difícil foi em 2022, quando eles descobriram que a fábrica que anteriormente vendia para eles, estava fazendo vendas diretas para algumas fazendas da região. “Os donos foram na minha casa, conheceram minha família e fizeram isso conosco”, relembra Douglas, que logo pensou na forma de solucionar esse problema. Já formado como engenheiro agrônomo pela Unic, então, começou a fazer um curso de fabricação de fungo sólido e logo começaram a fabricar. Surge, assim, a On Farm Bio Insumos.
É neste momento que ocorre a verticalização da produção da On Farm Bio. A ideia era fabricar 100% do que necessário sem ficar dependendo da disponibilidade de fornecedores. “Para o produtor produzir na fazenda preciso de um reator, fornecer o equipamento, o bio insumo, o know how, tudo. A grande dificuldade era isso. Eram três ou quatro situações. Quando dava um problema, ninguém era o ‘pai da criança’. Por conta dessa necessidade, resolvemos verticalizar. A gente representava e o pessoal tentou derrubar a gente. Depois que tudo isso aconteceu, o jeito era produzir, verticalizar nosso negócio. Por que temos uma indústria de aço inox? Para produzir os fermentadores que a gente utiliza na fazenda. Tem a produção de bio insumos que não teve um fornecedor capaz de nos atender. Temos a revenda para dar assistência, então temos toda a cadeia. Hoje, o Grupo On Farm está virando um grupo econômico”, explica Eleandro.
Em suma, o grupo econômico nasceu no ano passado e é atualmente composto por quatro empresas: On Farm Bio Agro, On Farm Bio Insumos, On Farm Bio Reatores e On Farm Construções a Seco. O foco é a venda de insumos biológicos e tudo que o produtor rural precisa para multiplica-lo em sua propriedade.
A On Farm atua hoje no mercado de produtos biológicos e na fabricação de bio insumos. Segundo Eleandro, a empresa não vai ‘contra a química’, mas sim a favor do equilíbrio ambiental, até porque as doenças também têm se adaptado aos produtos químicos e, por isso, é necessário acionar o produto biológico. “Os químicos são necessários pra desenvolver. Temos esses níveis de produções graças à evolução dos produtos químicos, controle de pragas e doenças. Mas é um erro achar que a natureza também não evolui. Alguns produtos químicos já não estão performando como antigamente. É onde nós entramos com o produto biológico trazendo o equilíbrio novamente para o solo e o sistema. Mas sem tirar o químico, fazemos modelos híbridos, onde intercalamos aplicações de biológicos junto com produtos químicos”, afirma.
A On Farm desenvolve produtos de bio insumos, para controle de insetos, doenças, nematoides e de todo o ecossistema, trazendo a microbiologia tanto para o solo quanto para o sistema produtivo. “Chegamos por pura necessidade. Não tinham bons produtos no mercado quando a gente desenvolveu”, diz Eleandro.
Atualmente, o Grupo On Farm Bio conta com 85 funcionários divididos entre as quatro empresas já citadas. São, ao todo, 225 clientes. A holding atende três estados: Mato Grosso, Pará e Tocantins, com um giro em torno de R$ 35 milhões. O valor de mercado estimado da empresa é de R$ 90 milhões.
Erradicados em Sinop, eles classificam-na como uma terra de oportunidades, uma ‘potência’ com totais condições de se tornar a segunda maior e mais importante cidade do Estado do Mato Grosso. “Aqui tudo acontece, tudo é possível. É só ser honesto que você cresce aqui. Vai ser a segunda capital do Mato Grosso pelo número de habitantes, grandes indústrias e grandes empresas tecnológicas. É uma cidade bem localizada, plana e bem posicionada. Sinop é uma potência. Quem está aqui e quer crescer, pensa em longo prazo, mas tem que agir rápido”, ressalta Douglas.
Eleandro segue a mesma linha do sócio e fala em gratidão pelo povo sinopense, que lhe acolheu desde quando chegou de Sorriso. Ele cita algumas das vantagens que Sinop tem em relação à cidade vizinha. “O que Sinop fez por mim, em relação a Sorriso, foi a acolhida. Lá (Sorriso) não é um mau lugar, mas é uma cidade muito fechada em relação a Sinop. Aqui tem muita oportunidade. Sorriso é mais madura no meio agrícola. Sinop é menos madura, mas vislumbra um horizonte maior, porque tem indústria, turismo e agricultura, enquanto Sorriso é só agricultura. Devido a essa acolhida, não me vejo voltando. E nem (morar) longe daqui. Uma parte do sucesso é devido à cidade. Essa ideia que tivemos teve sucesso porque foi aqui, porque se fosse em Sorriso não teria dado certo. O crescimento de Sinop está muito acelerado. Mesmo em meio a toda a crise que a gente vê pelo país, aqui não para. Está fora da curva. Amanhã, Sinop será a segunda maior cidade do estado. Não está longe disso”, aposta.
Sobre o futuro do Grupo On Farm Bio, Eleandro é otimista. A meta dos sócios é expandir fronteiras no País e aumentar o faturamento. “A gente está trabalhando para expandir as fronteiras (divisas) e conquistar espaço a nível Brasil”, diz Eleandro.
Douglas, por sua vez, vislumbra um aumento exponencial do valor eixo da empresa e do faturamento. “Meu sonho é chegar no valor eixo da empresa a R$ 1 bilhão e em cinco anos, quero chegar a R$ 500 mil (de faturamento) e que os clientes me indiquem”, afirma ele, que destaca a honestidade como fator preponderante para se destacar no mercado. “Desde a primeira tenda que tivemos na Agrishow, somos a única empresa que está até hoje. As outras trocam muito, porque prometem e não cumprem. Já tivemos prejuízo comprando aço, inox que não prestam, enferrujam. Mas fomos lá e trocamos com o produtor. Com isso, eu mantenho meus clientes e ganho credibilidade. Eu tenho cliente que está desde o começo comigo, há quatro, cinco anos”, completa.
Em relação ao sucesso da sociedade da On Farm, Douglas exalta a cumplicidade com Eleandro. “Às vezes acabamos discutindo algumas decisões, o que é normal, mas mesmo assim é muito difícil. Mas brigar mesmo, nunca. Ou ele cede ou eu acabo cedendo”, conclui. Além disso, a honestidade e a lealdade marcam o sucesso do grupo, que cresce no mesmo ritmo acelerado de Sinop.
2020
Visita do presidente Jair Bolsonaro

BOLSONARO VEM A SINOP
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Jair Bolsonaro é o quatro presidente da República a visitar SInop - depois de João Batista Figueiredo, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso
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Ele vem para participar da inauguração da INPASA, indústria agroindustrial de etanol e derivados extraídos do milho, considerada a maior indústria na América Latina
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Neste ano, em razão da pandemia do novo coronavírus (COVID 19), que assolou o Brasil e o mundo, provocando milhares de mortes, as comemorações do aniversário de Sinop foram suspensas
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Em 2020, o Hospital Regional de Sinop, referência para 14 outros municípios da Região, foi reformado e ampliado pelo Governo do Estado
POPULAÇÃO DE SINOP
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A prévia da contagem da população apontou 148.960 habitantes em Sinop em 2020
PIB PER CAPITA (2010-2021)
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2020: R$ 55.315,27
FROTA VEICULAR: 133.048 veículos
Automóvel: 44.496
Caminhão: 4.295
Caminhão trator: 2.464
Caminhonete: 15.119
Camioneta: 2.852
Ciclomotor: 728
Micro-ônibus: 161
Motocicletas: 34.153
Motoneta: 20.062
Ônibus: 265
Quadriciclo: 1
Reboque: 2.659
Semirreboque: 4.107
Sidecar: 4
Trator de esteira: 2
Trator de rodas: 16
Triciclo: 51
Utilitário: 1.606
Outros: 7